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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem

Direito Administrativo

Direito Administrativo
Profª. Franciele Kühl
Prof. Matheus DeGregori
Profª. Maria Valentina de Moraes

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

1ª FASE OAB | Intensivo de Emergência | XXXV EXAME

Direito Administrativo
Professores: Franciele Kühl, Matheus De
Gregori e Maria Valentina de Moraes

SUMÁRIO
01. Função do Estado e Organização da Administração Pública .......................................................3
02. Princípios da Administração Pública ...............................................................................................10
03. Serviços Públicos ...............................................................................................................................16
04. Atos Administrativos ..........................................................................................................................23
05. Poderes Administrativos....................................................................................................................32
06. Agentes Públicos ................................................................................................................................37
07. Improbidade Administrativa ..............................................................................................................45
08. Penalidades e Processo Administrativo Disicplinar ......................................................................50
09. Controle da Administração Pública e Práticas de Compliance ...................................................56
10. Responsabilidade Civil do Estado ...................................................................................................62
11. Bens Públicos .....................................................................................................................................66
12. Licitações I...........................................................................................................................................69
13. Licitações II..........................................................................................................................................82
14. Contratos Administrativos .................................................................................................................86
15. Intervenção do Estado na Propriedade E Domínio Econômico..................................................97

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para a
1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, recomenda-
se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe Ceisc.


Atualizado em abril de 2022.

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Direito Administrativo

01. Função do Estado e Organização da Administração Pública

Prof. Franciele Kühl


@prof.frankuhl

Os Três Poderes
* Para todos verem: esquema

Poder Legislativo
•Função típica: produção de regras gerais e abstratas (as leis) e de fiscalizar o Poder Executivo.
•Função atípica: funções administrativas como gestão de bens, pessoal e serviços; ou jurisdicional como o julgamento
de crimes de responsabilidade.

Poder Judiciário
•Função típica: solução de conflitos e aplicação da lei.
•Função atípica: funções administrativas como gestão de bens, pessoal e serviços; legislativa na elaboração de
regimentos internos.

Poder Executivo
•Fução típica: satisfação das necessidades coletivas mediante atos concretos.
•Função atípica: função legislativa quando expede medida provisória, dá início a projeto de lei ;

Atividade Administrativa

Quem estuda? O
Direito
Administrativo

Quais as fontes?
Lei,
Tem limitação?
jurisprudência,
Sim, através dos
doutrina,
poderes
costume e práxis
administrativas
Atividade
administrativa

Quem
Como? Por atos desempenha? A
administrativos Administração
Pública

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Fontes
* Para todos verem: esquema

Lei

Primárias Princípios

Decisões com efeitos vinculantes


Fontes
Jurisprudência

Doutrina
Secundárias
Costume

Práxis administrativa

Administração Direta e Indireta


* Para todos verem: esquema

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Criação de Entidades Administrativas


* Para todos verem: esquema

Lei específica
Autarquia e Fundação
Pública de Direito Público
A própria lei é o ato constitutivo.

Criação
Lei específica apenas autoriza

Fundação Pública de
Direito Privado/ S.E.M/ E.P Deve o Poder Executivo
providenciar a sua criação no
registro público.

Agência Executiva
* Para todos verem: esquema

Autarquias,
fundações ou órgãos
qualificados como
agência executiva

Qualificação é
realizada por decreto
Busca melhorar a
do Presidente da
eficiência e reduzir
República ou portaria
custos.
expedida por
Ministro do Estado
Agência
executiva

Celebram contrato
Possuem plano
de desempenho ou
estratégico de
mais conhecido
reestruturação e
como contrato de
desenvolvimento
gestão, válido por
funcional.
um ano.

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Agência Reguladora
* Para todos verem: esquema

Autarquias especiais
criadas como agências
reguladoras

São dirigidos por um


colegiado. Os dirigente
Responsáveis pela
possuem um mandato
regulamentação,
de 5 anos e quando
controle e fiscalização
termina devem passar
de determinado setor
por 6 meses de
quarentena.
Agência
reguladora

Podem editar normas,


fiscalizar, aplicar
Nem toda autarquia
sanções e
especial é uma
regulamentar
agência reguladora
determinado setor do
mercado

* Para todos verem: quadro comparativo

Fundações
Fundações Públicas
Características Autarquias Públicas de Direito
de Direito Público
Privado
Banco Central do Brasil
(BACEN); Instituto
FUNPRESP
Nacional de Seguro
(Fundação de
Social (INSS); Instituto
previdência
Nacional de
complementar para
Colonização e Reforma
servidores públicos
Agrária (INCRA);
Exemplos FUNAI; IBGE federais – Veja que
Instituto Brasileiro de
a fundação pública
Meio Ambiente e dos
privada sobrevive
Recursos Naturais
com o dinheiro do
Renováveis (IBAMA);
terceiro, não do ente
Conselho Federal e
federativo.
Regionais de Medicina
(CRM); Conselho

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Federal de Odontologia
(CRO);
Lei autoriza a
criação, mas o
Poder Executivo
deve providenciar a
Criação e extinção Criada por lei específica.
sua criação no
registro público (art.
45, do CC e art. 5º,
§3º, do Decreto-Lei
200/1967)

Iniciativa da lei – Art.


Chefe do Executivo (salvo se for entidade vinculada ao Poder
61, §1º, inciso II,
Legislativo ou Judiciário).
alínea “e”, da CF1

Bens privados.
Exceto se a lei que
autorizou a criação
da fundação prever
Patrimônio Bens Públicos (art. 98, do CC)
restrições e
impedimentos
quanto a gestão
desses bens.
Pessoa jurídica de
Natureza jurídica Pessoa jurídica de direito público direito privado com
caráter híbrido.
Responsabilidade
Direta e objetiva, art. 37, §6º, da CF.
Civil
Regime único2 (exceto para as Associações
Regime de pessoal Públicas, que será celetista obrigatoriamente, Celetista
art. 6º, §2º, da Lei 11.107/05).
Licitações Estão obrigadas a realizar.
Atos são de direito
privado, em regra
(exceto aqueles
praticados no
Atos e contratos Direito público exercício de função
delegada). Já os
contratos são
regidos pela lei de
licitações.
Regra: Justiça
Autarquia Federal: Justiça Federal, art. 109, inciso I e
Estadual. Ações
Competência VIII, da CF. Autarquia Estadual e Municipal: Justiça
trabalhistas: Justiça do
Estadual.
Trabalho.

1 Mesmo o artigo tratando sobre órgãos, a doutrina e jurisprudência são unanimes em afirmar que a palavra órgãos nesta ocasião é em
sentindo amplos, não técnico estudado no direito administrativo, portanto se refere também às entidades da administração público
indireta.
2 No âmbito da União, estados e DF é estatutário o regime adotado. Lides envolvendo os estatutários será a justiça comum, já dos

empregados públicos será da justiça do trabalho (Art. 114, da CF).

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Prazo em dobro, art. 183, do CPC; Isenção de custas


judiciais, art. 4º, Lei 9.289/96; Dispensa de preparo e
Privilégios processuais depósito prévio em recurso, art. 1007, §1º, CPC;
Sujeitas a duplo grau de jurisdição, art. 496, CPC);
Pagamento por precatórios, art. 100, CF.

* Para todos verem: quadro comparativo

Sociedade de
Características Empresas Públicas
Economia Mista
Caixa Econômica
Federal; Correios;
Banco Nacional de
Desenvolvimento
Econômico (BNDES); Petrobras, o Banco do
Empresa Brasileira de Brasil, o Banco do
Pesquisa Agropecuária Nordeste, Telebras,
Exemplos
(Embrapa) e a Furnas e a Eletrobras.
Empresa Brasileira de
Infraestrutura
Aeroportuária
(Infraero).
Pessoa jurídica de
Pessoa jurídica de
direito privado;
direito privado;
entidade administrativa
entidade
pertencente a
administrativa
administração indireta.
Características pertencente a
É composta por capital
administração
exclusivamente público,
indireta. É criada com
sob qualquer
capital misto e na
modalidade
modalidade S/A.
empresarial.
A lei autoriza a criação, mas ela por si só não é
suficiente para o nascimento da entidade, o
Estado deverá providenciar a elaboração do ato
que traduza seu estatuto ou do ato constitutivo,
para a inscrição no registro próprio. A
Criação e extinção autorização será necessária para serem
extintas. Essa regra para criação se aplica
também às subsidiárias, entretanto, não é
necessária autorização legislativa para à venda
das subsidiárias e controladas, nem precisa de
licitação, exceto para a matriz (STF, ADI n.
5.624).
Havia discussões, pois o Decreto-lei 200/67 traz
que essas entidades se destinam à exploração
Objeto de atividade econômica (Art. 5º, II e III), mas a
CF, em seu art. 173, §1º, alude também a
prestação de serviços, assim pacificou o

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entendimento das duas possibilidades pela


doutrina.
Se prestam serviço público, os bens são
privados, mas com algumas prerrogativas de
Patrimônio
públicos. Agora, se exploram atividade
econômica, os bens são privados.

Natureza jurídica Personalidade jurídica de direito privado.

Se presta serviço público, a responsabilidade é


objetiva; O Estado responde subsidiariamente.
Responsabilidade Civil
Mas se explora atividade econômica, a
responsabilidade é subjetiva.

Celetista, não possuem estabilidade os


empregados públicos, devendo a demissão
Regime de pessoal
apenas ser motivada (Informativo n. 919, do
STF).

Consórcios Públicos
Federalismo cooperativo

• Consórcio público de direito público: associação pública, espécie de autarquia, pertence a


administração indireta dos entes consorciados
Atividade típica estatal
Natureza de autarquia

• Consórcio público de direito privado: não faz parte da administração indireta

Atividade típica de fomento


Natureza de associação

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02. Princípios da Administração Pública

Prof. Maria Valentina de Moraes


@mvalentina_moraes

Princípios da Administração Pública


* Para todos verem: esquema

Princípio da
Supremacia do
Interesse Público
Supraprincípios da
Administração
Princípio da
Indisponibilidade do
Interesse Público

Princípio da
Legalidade
Artigo 37, caput, CF

Princípio da
Princípios Básicos

Impessoalidade
Princípio da
Moralidade
Princípio da
Publicidade
Princípio da
Eficiência

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Princípio da Ampla Defesa e Art. 5º, inciso LV e Lei n.º


Contraditório 9.784/1999

Princípio da Autotutela Art. 53 da Lei n.º 9.784/1999

Princípio da
Art. 175/CF e Lei n.º
Continuidade/Permanência
8987/1995
do Serviço Público

Princípio da Razoabilidade e
Art. 2º da Lei n.º 9.784/1999
da Proporcionalidade

Supraprincípios da Administração Pública


* Para todos verem: quadro comparativo

Princípio da Supremacia do Interesse Princípio da Indisponibilidade do


Público Interesse Público

Implícito no ordenamento jurídico; Implícito no ordenamento jurídico;


Interesse coletivo, público, se sobrepõe a Em razão da supremacia do Interesse
interesses meramente individuais e, por tal Público, não cabe aos agentes públicos
razão, a Administração possui poderes dispor desse interesse em nome de
especiais em relação aos particulares. interesses particulares.
Como exemplos dessa supremacia pode a A atuação da Administração deve ser guiada
Administração realizar o Poder de polícia, com base na lei e não em interesses próprios
intervir na propriedade, editar medidas dos agentes.
restritivas à direitos (pandemia)...
Implícito no ordenamento jurídico; É vedada, assim, a renúncia aos poderes
legalmente conferidos aos agentes públicos
Implícito no ordenamento jurídico;

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L EGALIDADE
I MPESSOALIDADE
MORALIDADE
P UBLICIDADE
E FICIÊNCIA
Princípio da Legalidade
“Na relação administrativa, a vontade da Administração Pública é a que decorre da lei” – Di
Pietro.
Para particulares, diferentemente, o princípio que rege sua atuação é a autonomia da vontade;
A administração não pode agir senão em virtude da lei, portanto, só pode atuar (criando
obrigações, definindo impostos, realizando pagamentos...) quando existe lei que permita sua
atuação  Só pode fazer aquilo que a lei determine ou autorize.
E quando os atos forem contrários à legalidade (lei)?
• Anulados pela própria Administração (princípio da Autotutela)
• Anulados pelo Poder Judiciário, quando provocado.

Princípio da Impessoalidade
* Para todos verem: esquema

Impessoalidade

Vedação da obtenção de benefício ou promoção


Finalidade de toda atuação administrativa pessoal

Súmula vinculante n.º 13 – Nepotismo


Exemplos: exigência de licitações (art. 37, XXI/CF), imposição de concurso público (37, II/CF)...

Princípio da Moralidade
Moral administrativa – condiciona a utilização dos poderes da administração, mesmo quando
discricionário.
Moral institucional, contida na lei e moral comum.

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Relacionada com:
Ética, honestidade, boa-fé e probidade.
• Lei n.º 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa) e Lei n.º 14.230/21 (alteração)
Ato contrário a moral é nulo, não apenas inconveniente ou inoportuno.

Princípio da Publicidade
* Para todos verem: esquema

Publicidade

Exigência de publicação em órgão oficial Transparência da atuação da


Administração

• Lei de acesso à informação (LAI) – Lei n.º 12.527/11, Decreto n.º 7.724 (regulamenta a
LAI).
Não é absoluto: acesso à informação x privacidade, intimidade, segurança nacional.

Princípio da Eficiência

Art. 37

A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência (inserido com a EC. 19/98).

Boa prestação de serviços, de forma mais simples, menos custosa (econômica), rápida,
buscando a concretização do interesse público da melhor maneira.
Exemplo: avaliações periódicas de desempenho do servidor (art. 41, §1º/CF)...
Não é absoluto, pois não tem força para afastar outros princípios que regem a administração
pública, como o da legalidade (pular etapas definidas em lei) e da publicidade (não realizar
publicações para diminuir custos e tempo).

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Princípio da Ampla Defesa e Contraditório

Art. 5º, LV, CF

Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

• Lei n. 9.784/99 – Processo Administrativo Federal;

Súmula Vinculante n.º 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não
ofende a Constituição.

Art. 3º, Lei n.º 9.874 – assistência por advogado é facultativa, salvo casos de obrigatória representação.

Súmula Vinculante nº 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou


bens para admissibilidade de recurso administrativo.

Princípio da Autotutela
A Administração Pública pode rever os seus atos, sem necessitar do Poder Judiciário para
tanto.

Art. 53, Lei n.º 9.874:

A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

Súmula 346: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.
• Anulação – vício de legalidade;
• Revogação – (in)conveniência e (in)oportunidade

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Princípio da Continuidade/Permanência do Serviço Público


Ar. 175, IV, CF: a obrigação de manter serviço adequado.

Art. 5º, LV, CF

Art. 6º , Lei n. 8.987: Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno
atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo
contrato.

§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança,


atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou


após prévio aviso, quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,

II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade

§ 4º A interrupção do serviço na hipótese prevista no inciso II do § 3º deste artigo não poderá iniciar-se na
sexta-feira, no sábado ou no domingo, nem em feriado ou no dia anterior a feriado.

E o direito de greve? Não fere o princípio, desde que parcial (termos e limites definidos em lei)

Princípio da Razoabilidade e da Proporcionalidade


Implícito na Constituição Federal.
Expresso na Lei n.º 9.784/99 - Art. 2º: A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções
em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;
• Coerência, equilíbrio, na tomada de decisões e realização das atribuições, mesmo em
atos discricionários.
Exemplos: Tatuagem como impeditivo para aprovação em concurso público; definição de
altura e peso em editais de concursos públicos (salvo quando razoável)...

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03. Serviços Públicos

Prof. Maria Valentina de Moraes


@mvalentina_moraes

“Não é tarefa fácil definir o serviço público, pois a sua noção sofreu consideráveis
transformações no decurso do tempo, quer no que diz respeito aos seus elementos
constitutivos, quer no que concerne à sua abrangência. Além disso, alguns autores
adotam conceito amplo, enquanto outros preferem um conceito restrito. Nas duas hipóteses,
combinam-se, em geral, três elementos para a definição: o material (atividades de interesse
coletivo), o subjetivo (presença do Estado) e o formal (procedimento de direito público)”. (DI
PIETRO)

Hely Lopes Meirelles define o serviço público como:


“todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e
controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da
coletividade, ou simples conveniências do Estado”

Delegação/descentralização por
Outorga/descentralização por colaboração ou delegação negocial
serviço

Administração Administração
Particulares
Indireta Direta

• Transferência da titularidade e execução • Transferência apenas da execução


• Por lei • Por contrato (concessão e permissão) ou
• Prazo indeterminado por ato administrativo (autorização)
• Prazo determinado
Competências serviço público

Quem é competente para prestar?


• União: art. 21/CF, incisos X, XI, XII;
• Estados: art. 25/CF, § 2º;
• Distrito Federal: art. 32/CF, §1º;

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• Municípios: art. 30/CF, V, VI, VII;

Art. 236/CF – Serviço notarial é serviço público por delegação.


(CUIDADO: Notarial, mesmo fazendo concurso público, não é servidor público)
Uber, taxi, Cabify... – Considerados prestação de serviço público de transporte coletivo.

Competências Serviço Público


Art. 21. Compete à União:
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação
de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de
água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais,
ou que transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

Classificações
* Para todos verem: esquema

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Destinatários * gerais/coletivos/uti universi - Cobrados por impostos ou contribuições

* individuais/uti singuli - Cobrados por taxa, tarifa ou preço público

Titularidade * Federais (União), estaduais (estados), distritais (DF), municipais (município) ou comuns

Objeto * administrativos: atividades que atendam necessidades internas

* industriais/comerciais: dão lucro/renda – podem ser delegados a particulares

* sociais: visam atender a prestação de direitos fundamentais sociais – podem ser delegados a
particulares

Essencialidade * essenciais – indispensáveis, necessidade pública – Execução privativa da Administração


Pública (exceção: art. 30, V, CF)

* não essenciais – de utilidade pública – Podem ser prestados por particulares (ex. serviço
funerário)

Titularidade * próprios – de titularidade exclusiva do Estado – execução pode ser delegada por concessão
ou permissão;
estatal
* impróprios ou virtuais – atividades com relevância pública, nas quais os titulares são
particulares – se submetem aos princípios do serviço público e ao Poder de Polícia;
(ex: compensação bancária – art. 10, XI, Lei n.º 7.783/89 (não cabe greve)

Criação * opção legislativa – descritos em lei ou na Constituição Federal;

* inerente – mesmo sem estarem expressos em lei, são serviços públicos por suas
características

Princípios Serviço Público:


Art. 6º, Lei n.º 8.987/95
• Princípio da continuidade;
• Princípio da Igualdade;

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• Princípio da Regularidade (exatidão/pontualidade)


• Princípio da Eficiência
• Princípio da Segurança (dos usuários e não usuários)
• Princípio da Contemporaneidade/atualidade
• Princípio da Generalidade/universalidade (igualdade e isonomia)
• Princípio da Cortesia
• Princípio da Modicidade das Tarifas (arts. 11 e 17, Lei n.º 8.987/95)
• Princípio da transparência e participação do usuário

Princípio da Continuidade
Art. 6º , Lei n. 8.987: Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço
adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
pertinentes e no respectivo contrato.
§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência,
segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de
emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade
§ 4º A interrupção do serviço na hipótese prevista no inciso II do § 3º deste artigo não poderá
iniciar-se na sexta-feira, no sábado ou no domingo, nem em feriado ou no dia anterior a feriado.

ATENÇÃO: STJ proíbe a interrupção de serviço essencial:


• Mesmo quando há falta de pagamento, mas é necessário para a sobrevivência da
pessoa;
• Quando a Administração Pública não pagar a conta de serviço essencial prestado;

Concessão, Permissão e Autorização


* Para todos verem: esquema

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Autorização

Características:
• Ato unilateral da Administração Pública;
• Discricionário;
• Precário (pode ser revogada ou alterada a qualquer tempo);
• Sem exigência de licitação;
• Formalizada por decreto ou portaria;

Concessão especial

Concessão Patrocinada:
• Contraprestação pecuniária do concedente + tarifa paga pelo usuário
• Aplicação subsidiária da Lei n.º 8.987/95
• Responsabilidade direta e solidaria (repartição de responsabilidades no contrato)

Concessão Administrativa:
• Prestação de serviço em que a Administração Pública é usuária direta ou indireta;
• Pode envolver a execução de obra ou fornecimento/instalação de bens;
Concessão de obra pública:
• Disciplinada nas Leis n.º 8.987 e 11.079;

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Direito Administrativo

Concessão Comum
• Por contrato, com tarifa fixada no contrato;
• Executada em nome próprio;
• Poder concedente fiscaliza (cabe ocupação temporária) e pode aplicar penalidades
(previstas no contrato – Poder disciplinar);
• Poder concedente segue como titular (transfere apenas a execução);
• Possível a subconcessão (art.26, prévia licitação e autorização do concedente);
• Responsabilidade objetiva e direta (Poder concedente responde apenas de forma
subsidiária);
• Terceirização da atividade meio (art. 25, § 1º e 2º)
• Administração Pública não responde por débitos trabalhistas da concessionária;

Extinção da concessão
Art. 3º, Lei n.º 11.079:
• Advento do termo contratual (fim do contrato);
• Encampação (retomada pela Administração – Precisa autorização legislativa e
indenização prévia);
• Caducidade (rescisão unilateral da Administração por descumprimento das
cláusulas contratuais – após processo e decreto)
Art. 27 – ato vinculado
Art. 38 – discricionário
• Rescisão (judicial ou amigável)
• Anulação (vício de legalidade no contrato);
• Extinção da concessionária (falência/extinção da empresa ou
falecimento/incapacidade do titular)

Permissão
• Disciplinada nos artigos 2º e 40 da Lei n.º 8.987;
• Por contrato;
• Apenas para serviço público e não obra pública;
• Sem prazo – caso fixado, cabe indenização se revogado antes;
• Precária (pode ser revogada ou alterada a qualquer tempo);
• Poder concedente fiscaliza;
• Possibilidade de busca da responsabilidade civil do permissionário;
* Para todos verem: esquema

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Concessão Permissão

A título precário (administração pública pode


A título não precário - Mais segura
terminar o contrato a qualquer tempo)

Licitação apenas nas modalidades


Licitação em qualquer modalidade
concorrência ou diálogo competitivo

Concessão ocorre apenas para pessoa jurídica Permissão ocorre para pessoa física ou
ou consórcio de empresas jurídica (autorização também)

Prazo pode variar de acordo com o serviço,


Sem prazo (doutrina aceita), caso haja e tenha
sendo vedada a renovação automática (RE.
rescisão anterior, cabe indenização
455.591)

Pode envolver obra pública Não pode envolver obra pública

Direitos dos Usuários


• Aplica-se a Lei n.º 13.460/2017 – principais artigos: 2º, 5º, 6º, 7º, 8º e 23.
• CDC é aplicado apenas de forma subsidiária;

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04. Atos Administrativos

Prof. Matheus DeGregori


@matheusdegre

Conceito
Hely Lopes Meirelles (2016, p. 173):
toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa
qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar
direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.

* Para todos verem: esquema

Atos da
administração

Atos políticos Atos Contratos ATOS


Atos privados Atos materiais
ou de governo jurisdicionais administrativos ADMINISTRATIVOS

Elementos do Ato Administrativo

1. Competência
“O círculo definido por lei dentro do qual podem os agentes exercer legitimamente sua
atividade”
• Arts. 11 ao 17 da Lei 9784/99: Inderrogabilidade; Improrrogabilidade; Irrenunciabilidade;

Elemento sempre vinculado.

Delegação da competência: possível se não houver vedação legal. Horizontal ou vertical.

É VEDADA A DELEGAÇÃO:

Matérias de
Atos Decisão de
competência
normativos; recursos;
exclusiva;
Avocação da competência: excepcional e sempre temporária. Só vertical.

23
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Vício: abuso na modalidade excesso de poder.

2. Finalidade
“Razão genérica do ato”: sentido amplo (fim mediato) sempre o interesse público.
Em sentido estrito: finalidades específicas (fim imediato do ato).
Elemento sempre vinculado.

Desvio de finalidade:

* “quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto,


explícita ou implicitamente, na regra de competência” (Lei 4715/65).

Vício: abuso na modalidade desvio de poder.

3. Forma
A forma ou elemento formal, é o modo como a vontade do ato se exterioriza na realidade.
Constitui requisito vinculado e necessário para sua perfeição.
Princípio do formalismo moderado ou da “instrumentalidade das formas”;

Lei 9784/99, art. 22: “Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada
senão quando a lei expressamente a exigir”.
Lei 14.133/21, art. 12, III: “o desatendimento de exigências meramente formais que não
comprometam a aferição da qualificação do licitante ou a compreensão do conteúdo de sua
proposta não importará seu afastamento da licitação ou a invalidação do processo”;

4. Motivo
“Situação de fato ou de direito que gera a vontade do agente quando pratica o ato administrativo”;

É a causa imediata do ato, seu elemento causal.


Ou seja, são os pressupostos no mundo dos fatos e do direito que fundamentam a prática
do ato. É o suporte fático abstrato (previsão na lei) e o suporte fático concreto (no mundo real),
que determinam ou autorizam que o ato seja praticado (subsunção).
Elemento vinculado OU discricionário;
Vício: “se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é
materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido” (art. 2º, Lei
4715/65).

A motivação é a fundamentação do ato administrativo, constituindo parte do elemento forma.


Ela é a descrição do motivo, mas não se confunde com este!
A motivação, quando obrigatória, é a exteriorização formal do elemento motivo, de modo que
sua ausência nesse caso representa vício formal.

24
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Teoria dos Motivos Determinantes

Explicitar que a administração pública está sujeita ao controle administrativo e judicial (portanto, controle
de legalidade ou legitimidade) relativo à existência e à pertinência ou adequação dos motivos – fático e
legal – que ela declarou como causa determinante da prática de um ato (Alexandrino; Paulo, 2016, p. 533).

Ou seja, a motivação deve ser verdadeira! Deve corresponder ao real motivo (fático e jurídico),
e mesmo quando não for obrigatória, caso seja realizada, a motivação expressa deve ser idônea.

5. Objeto
O objeto é o conteúdo material do ato, é a “própria alteração no mundo jurídico que o ato
provoca, é o efeito jurídico imediato que o ato produz”.
Ex: em um ato de nomeação, a nomeação em si é o objeto do ato; em um ato de concessão de
licença, a licença em si é o objeto do ato.
Elemento vinculado OU discricionário;

Vício: “a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei,
regulamento ou outro ato normativo” (art. 2º, Lei 4715/65).

“COFIFOMOBI”

* Para todos verem: esquema

25
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

ELEMENTOS DOS ATOS


ADMINISTRATIVOS

COMPETÊNCIA FINALIDADE FORMA MOTIVO OBJETO

Mérito Administrativo
* Para todos verem: esquema

ATOS
ATOS DISCRICIONÁRIOS
VINCULADOS

competência competência
(vinculado) (vinculado)

finalidade finalidade
(vinculado) (vinculado)

forma forma
(vinculado) (vinculado)

motivo MOTIVO
(vinculado) (discricionário) Essa margem de liberdade é
chamada de

MÉRITO ADMINISTRATIVO.
objeto OBJETO
(vinculado) (discricionário)

Os elementos motivo e objeto são os únicos que podem ser discricionários. Discricionariedade é
aquela margem de liberdade, conferida pelo legislador, para que o agente público avalie a
conveniência e a oportunidade para prática do ato, desde que preenchidos os requisitos e nos

26
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

limites da lei (é uma autorização para prática do ato). Nos atos vinculados, onde não há essa
liberdade, todos os elementos são vinculados (é uma determinação para a prática do ato).

OBS: Não confundir com arbitrariedade!

Atributos do ato administrativo

1. Presunção De Legalidade
Atributo que manifesta duas faces:
* Para todos verem: esquema

A PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE (o ato está de acordo com a lei); e

A PRESUNÇÃO DE VERACIDADE (os fatos alegados no ato são verdadeiros).

Está presente em todos os atos administrativos.


Trata-se de presunção relativa (juris tantum),
ou seja, cabe prova em contrário, mas o ônus é do administrado.

2. Imperatividade
Trata-se da característica oriunda do aspecto imperativo dos atos administrativos, que se
manifesta na possibilidade de criar obrigações aos administrados unilateralmente.
Decorre do Jus Imperii (poder de império) estatal ou PODER EXTROVERSO.
Não está presente em todos os atos.
Está presente nos atos em que não há necessidade de
anuência do administrado para que sejam realizados
(ex: poder de polícia ou atos punitivos).

3. Autoexecutoriedade
Trata-se da característica que permite a administração colocar em prática (ou seja, executar),
diretamente, inclusive mediante o uso da força, o ato administrativo, sem necessidade de
autorização judicial prévia.
(Ex: interdição de estabelecimento, remoção de pessoas e coisas, apreensão de mercadorias,
cassação de licença)

Não está presente em todos os atos, mas apenas nos casos de:
• Previsão legal expressa
• Urgência

4. Tipicidade
Trata-se, em verdade, de desdobramento do princípio da legalidade da administração pública.

27
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Todo ato administrativo dever ter previsão legal, ou seja, deve ser um “ato típico”,
fundamentado na lei, seja porque a lei determina (ato vinculado) seja porque autoriza (ato
discricionário).
Está presente em todos os atos administrativos.

Notem a diferença!

Legalidade “do cidadão” (art. 5º, CF/88): tudo que não está proibido pela lei está permitido.

Legalidade “da administração” (art. 37, caput, CF/88): só se pode agir se a lei determina ou autoriza.

Classificações dos atos administrativos


Atos gerais (genéricos e abstratos, sem destinatários determinados, como uma
Resolução) e individuais (com destinatários determinados e efeitos concretos, como uma
Portaria de nomeação).
Atos vinculados (caso preenchidos os requisitos legais, devem ser praticados: a lei
determina sua edição) e discricionários (caso preenchidos os requisitos legais, podem ser
praticados: a lei autoriza sua edição, segundo critério de conveniência e oportunidade do
agente público competente).
Atos internos (só produzem efeitos dentro da estrutura da administração pública) e atos
externos (destinam-se aos administrados em geral, produzindo efeitos para além da estrutura
do órgão).

• Ato Simples: o que decorre de uma única manifestação de vontade, seja de um único
órgão ou agente (ato simples singular) ou de vários agentes em conjunto enquanto órgão
colegiado (ato simples colegiado).

• Ato Complexo: o que decorre de duas ou mais manifestações de vontade de diferentes


órgãos ou autoridades para que sua formação esteja completa. Trata-se de um único ato que
se compõe de mais de uma manifestação de vontade.

• Ato Composto: trata-se de ato que necessita de uma manifestação de vontade


principal, quanto ao conteúdo, e outra manifestação de vontade que autorize ou aprove essa
manifestação. Nesse caso temos dois atos: um principal (conteúdo do ato) e outro acessório
ou instrumental (tais como ratificação, homologação, aprovação).

• Ato Válido: o que está de acordo com a legislação, respeitou todos os requisitos de
formação e não contém vícios em seus elementos;

• Ato Nulo: está em desacordo com o ordenamento, é ato ilegal ou ilegítimo, possui vício
insanável em algum dos seus elementos; deve ser anulado, produzindo efeitos ex tunc
(retroativos) a anulação, declarando inválidos todos os efeitos eventualmente produzidos
(contraditório no caso de terceiros interessados de boa-fé);

28
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

• Ato Anulável: está em desacordo com o ordenamento, é ato ilegal ou ilegítimo, mas
possui vício sanável em algum dos seus elementos, podendo ser convalidado pela
administração OU anulado; (convalidar ou anular é decisão discricionária);

• Ato Inexistente: possui apenas aparência de ato administrativo, mas na verdade não
se originou de agente público; é o caso dos atos realizados pelo “usurpador de função”, que
se faz passar por agente público diante de um cidadão. Não há prazo para que se desconstituam
os efeitos do ato inexistente, mas é possível a responsabilidade civil da administração por culpa
in vigilando, por danos causados pelo usurpador (Ex: médico fake em hospital público).

Espécies de Atos Administrativos


Atos normativos: são atos com generalidade e abstração, sem destinatários determinados
(ex: decretos, resoluções, instruções normativas);

Atos ordinatórios: decorrentes do poder hierárquico (ex: memorandos, ofícios, portarias);

Atos negociais: mediante solicitação do particular. OBS: Não são contratos!


podem ser:
• vinculados e definitivos (ex: licença) ou
• discricionários e precários (ex: autorizações);

Atos enunciativos: não contêm manifestação de vontade da administração.


• declaratórios (ex: certidões e atestados) ou
• opinativos (ex: pareceres);

Atos punitivos: imposição de sanções. Fundados no:


• poder disciplinar (servidores ou particulares com vínculo específico com a adm.) ou
• poder de polícia (particulares em geral);

Extinção dos atos administrativos


Princípio da autotutela:

STF, Súmula 473

29
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Anulação
É controle de legalidade, pela administração ou judiciário. Sejam atos nulos (vícios
insanáveis) ou anuláveis (vícios sanáveis). Se tiver efeitos favoráveis ao administrado deve ser
dado contraditório.

Revogação
É controle de mérito, pela própria administração, jamais pelo judiciário. Não se trata de ato
viciado. É ato válido, que por conveniência e oportunidade, será revogado pela autoridade
competente.

NÃO podem ser revogados:


• Atos consumados;
• Atos vinculados;
• Atos c/ direitos adquiridos;
• Atos preclusos no proc. adm;

Lei nº 9.784/99, art. 54.

O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários DECAI EM CINCO ANOS, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida (inclusive instauração de processo


administrativo) de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.

• boa fé: prazo decadencial de 5 anos.


• má-fé: não existe prazo decadencial.

Artigos

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

LINDB, art. 21: A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de
ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas
consequências jurídicas e administrativas.

LINDB, art. 22, § 1º: Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste,
processo ou norma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto,
limitado ou condicionado a ação do agente.

Cassação: extinção do ato quando o beneficiário deixa de cumprir os requisitos que deveria
permanecer atendendo como exigência para manutenção do ato. (ex: cassação de um
alvará/licença);

Caducidade: uma mudança na legislação impede a permanência do ato. A norma que fundava
o ato extingue-se e a nova lhe é contrária.

Outras Formas De Extinção: natural (pelo fim do prazo), subjetiva (morte do beneficiário) ou
objetiva;

Convalidação:
Ato administrativo discricionário que suprime um defeito (sanável) de ato administrativo
anteriormente editado (discricionário ou vinculado), desde que não prejudique interesse público
ou terceiros;
Ex tunc: retroagem efeitos a partir da data da edição do ato administrativo convalidado;
Alguns vícios de forma e competência sanáveis (anuláveis), pode anular ou convalidar.
Se for vício insanável não pode convalidar (nulos), deve anular!

Conversão:
Aproveitamento de ato nulo de determinada espécie, pela transformação, retroativa, em ato
válido de outra categoria. (difícil aplicação).

31
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

05. Poderes Administrativos

Prof. Maria Valentina de Moraes


@mvalentina_moraes

Poderes Administrativos
* Para todos verem: esquema

Vinculado

Polícia Discricionário

Poderes

Disciplinar Regulamentar

Hierárquico

Poder Vinculado
O Poder Vinculado é aquele conferido à Administração para praticar atos que sejam de sua
competência, mas com limitado espaço de atuação – a liberdade do agente é mínima.
É também chamado de regrado, estando o agente limitado no que se refere aos elementos do
ato administrativo (finalidade, competência, forma, motivo, objeto);

Art. 36, Lei n.º 8112 – Remoção.

III - a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da Administração:


a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do DF e dos Municípios...;
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu
assentamento funcional...;
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior ao número
de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade...

32
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Discricionário
Ao contrário do poder vinculado, concede maior espaço de atuação e liberdade de escolha ao
Administrador, o qual deve decidir com base na conveniência e oportunidade.

Há possibilidade de escolha, devendo sempre ser observado o melhor atendimento do interesse


público;

Não se confunde com arbitrariedade, pois mesmo com espaço de decisão, só é permitido à
Administração fazer aquilo que a lei determinar e autorizar.

Exemplo:

Art. 36, Lei n.º 8112 – Remoção

é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se por modalidades de remoção:
II - a pedido, a critério da Administração;

Regulamentar (normativo)

É o poder de editar decretos e regulamentos que visem possibilitar a implementação de leis,


complementá-las, conferido aos chefes do Executivo (em todas as esferas – Princípio da
Simetria + outras autoridades e entidades).
Os decretos e regulamentos não podem, no entanto, alterar, contrariar ou modificar
disposições legais;

ATENÇÃO.

Não confundir com o poder de editar leis, enquanto função do Poder Legislativo;
Aqui, trata-se de função atípica da Administração Pública.

Art. 84, CF

Compete privativamente ao Presidente da República:


IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
execução;

33
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Hierárquico
O Poder hierárquico tem como objetivo:

• Ordenar, controlar, coordenar e corrigir atividades administrativas na esfera interna da


Administração Pública

ATENÇÃO.

Não há hierarquia entre membros dos Poderes Legislativo (parlamentares) e Judiciário (magistratura), em
suas funções típicas, bem como entre a Administração Direta e Indireta.
Poderá haver, contudo, quando desempenhadas funções administrativas (atípicas) em cada um deles.

• Há vínculo de subordinação entre os agentes públicos e os cargos públicos, devendo os


subordinados cumprirem as determinações dos superiores – salvo quando manifestamente
ilegais.

Disciplinar
O Poder Disciplinar se relaciona e é voltado para a estrutura interna da Administração Pública.
É o poder exercido com a finalidade de apurar infrações e também aplicar penalidades,
quando necessário, impondo as sanções previstas.
Em quem?

Servidores e também particulares que estejam sujeitas a mesma disciplina administrativa,


como, por exemplo, alunos de uma escola pública, empregados de empresas privadas à serviço
da Administração...

Poder-dever

Art. 143, Lei n.º 8.112/90

A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração
imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla
defesa.

Polícia
• Polícia Judiciária: atividade mais repressiva, que atua na esfera dos ilícitos penais e é
realizada por órgãos de segurança;

34
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

• Polícia Administrativa: atividade mais preventiva, que atua na esfera individual em nome
da coletividade, executada por órgãos administrativos;

O que é?

Art. 78, CTN

Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito,
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Quem é competente?

• Arts. 22 e 24/CF – União


• Art. 25, § 1º/CF – Estado
• Art. 32, §1º/CF – Municípios

Quais as características/atributos?

• Discricionariedade – oportunidade/conveniência ao aplicar


• Auto-executoriedade – execução direta de suas decisões
• Coercibilidade – imposição das medidas

Sanções administrativas, impostas em procedimentos administrativos, como multas,


apreensões de objetos, interdições de locais...

Poder de Polícia é delegável? Em regra, não. A exceção é no que se refere a atos materiais:

Normatizar e sancionar – não cabe x Consentir (licença, alvará, autorização) e fiscalizar –


cabe.

35
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Tese de repercussão geral STF: É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas
jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente
público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não
concorrencial.

Prazo prescricional das sanções: Lei n.º 9873/99.

Art. 1º

5 anos;
§ 1º - prescrição intercorrente 3 anos;
§ 2º - ilícito penal, prazo da lei penal;

Abuso de poder: excesso de poder (fora dos limites) x desvio de poder (finalidade diversa)

36
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

06. Agentes Públicos

Prof. Maria Valentina de Moraes


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* Para todos verem: esquema

Serviço Público e Emprego Público


* Para todos verem: esquema

37
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Servidores públicos Empregados públicos


(Estatutários) (celetistas)
Lei n.º 8.112/90 CLT

Cargo Público Cargo em Comissão Emprego Público

Livre nomeação e
Concurso concurso
exoneração

Exceção: Lei 11.107/2005 – art. 6º, § 2º: Consórcios Públicos, mesmo quando tiverem
personalidade jurídica de direito público (associações públicas), o regime é CLT.

Servidor público, cargo público e função de confiança


• Lei n. 8.112/90

Artigos

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público.
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional
que devem ser cometidas a um servidor.

* Para todos verem: esquema

38
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Artigos e súmulas importantes


• Art. 37, V, CF – função de confiança e cargo em comissão
• Art. 37, II, CF – Exigência de concurso público
• Lei n.º 8.112/90:
• Art. 3º - características cargos públicos;
• Art. 3º, p. único – podem ser ocupados por brasileiros natos, naturalizados e
estrangeiros;
• Art. 5º – requisitos para investidura em cargo público;
• Súmula 266/STJ: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser
exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.
• Art. 5º,§ 2º - reserva de vagas para pessoas com deficiência → Súmulas STJ 377 e
552;
• Lei 12.990/14 – reserva de 20% das vagas para pessoas negras.

Provimento
Ato pelo qual o particular vincula-se à Administração Pública ou a um novo cargo desta;

Formas:

39
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

* Para todos verem: esquema

NOMEAÇÃO PROMOÇÃO APROVEITAMENTO READAPTAÇÃO

REVERSÃO REINTEGRAÇÃO RECONDUÇÃO

• Ascenção e transferência não existem mais;


• Remoção não é forma de provimento;

Súmula vinculante 43/STF: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor
investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não
integra a carreira na qual anteriormente investido.

Nomeação
Forma originária de provimento, podendo ser em comissão (CC) ou em caráter efetivo (com
aprovação em concurso público)
* Para todos verem: esquema

Concurso Posse Estabilidade

Nomeação Exercício (estágio


probatório)

• Concurso: art. 11 e 12, Lei 8.112:


§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior
com prazo de validade não expirado.
• Art. 37, IV – prioridade do aprovado anterior sobre os novos;
• Súmulas 686/STF e 15/STF
Tese de repercussão geral – dentro do número de vagas, direito subjetivo à nomeação;

40
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Posse, exercício e estágio probatório


• Posse: art. 13 e Súmula 16/STF (direito à posse)
• Investidura ocorre com a posse e não com a nomeação;
• Exercício: efetivo desempenho das atribuições – art. 15 e ss.
• Estágio probatório: art. 20

ATENÇÃO.

Prazo do artigo foi declarado INCONSTITUCIONAL à é de 3 anos, conforme o art. 41/CF

Se não aprovado no estágio probatório será exonerado; se estável (por conta de outro cargo)
será reconduzido ao cargo anteriormente ocupado.

Estabilidade
• Art. 41/CF: a partir de 3 anos de exercício;

ATENÇÃO.

Estabilidade de 2 anos do estatuto é INCONSTITUCIONAL.

Requisitos:
• Aprovação em concurso público;
• Nomeação para cargo público efetivo;
• Três anos de efetivo exercício
• Avaliação especial de desempenho

Perda do cargo: art. 4, §1º, O servidor público estável só perderá o cargo:


I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa.
+ art. 169/CF – despesa de pessoal acima dos limites legais.

41
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Readaptação e Reversão
• Readaptação: art. 37, §13º/CF e art. 24, Lei n.º 8.112.
Servidor passa a ter alguma limitação, verificada em inspeção médica, que impede que o
mesmo cumpra as atividades e atribuições do cargo que ocupava;
• Caso não haja vaga, exerce as atribuições como excedente até o surgimento da vaga;
• Caso seja julgado incapaz, será aposentado por incapacidade permanente;

• Reversão: art. 25, Lei n.º 8.112.


O retorno (a volta) do servidos aposentado à atividade.
I – De ofício, no caso de aposentadoria por invalidez quando não existirem mais os motivos da
aposentadoria;
II – a pedido, no interesse da Administração

Reintegração e Recondução
• Reintegração: art. 41, §2º/CF e art. 28, Lei n.º 8.112.
Servidor foi demitido ilegalmente e há a anulação do ato de demissão;
• Ressarcido de todas as vantagens do período afastado;
• Se o cargo tiver sido extinto, ficará em disponibilidade (art. 41, §3º,CF);

Recondução: art. 29, Lei n.º 8.112.


Retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado, quando há inabilitação em
estágio probatório ou reintegração do ocupante anterior;

Aproveitamento e Promoção
• Aproveitamento: art. 30, Lei n.º 8.112.
Retorno do servidor em disponibilidade

Súmula 39/STF: À falta de lei, funcionário em disponibilidade não pode exigir, judicialmente, o seu
aproveitamento, que fica subordinado ao critério de conveniência da administração.

• Promoção: progresso do servidor, dentro da mesma carreira.


Só poderá ocorrer em cargos com plano de carreira;

42
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Critérios: merecimento e a antiguidade;

Remoção
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo
quadro, com ou sem mudança de sede.
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se por modalidades de remoção:
I - de ofício, no interesse da Administração;
II - a pedido, a critério da Administração;
III - a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da Administração:
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi
deslocado no interesse da Administração; b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge,
companheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento
funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial; c) em virtude de processo
seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior ao número de
vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam
lotados.
• Não é forma de provimento!

Redistribuição e Substituição

Artigos

Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do
quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder;
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de direção ou chefia e os ocupantes de cargo de
Natureza Especial terão substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, previamente
designados pelo dirigente máximo do órgão ou entidade.

Teto remuneratório
• Conceitos importantes, Lei n.º 8.112:
• Vencimento: art. 40;
• Remuneração: art. 41;
• Subsídio: art. 39,§ 4º;
• Provento: pagamento do servidor aposentado ou em disponibilidade + art. 144, § 9º e
39, § 8º.

43
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

* Para todos verem: esquema

Quem Âmbito Subteto

Geral – menos o
Agentes municipais Prefeito
Procurador

Agentes estaduais e DF Poder Executivo Governador

Poder Legislativo Deputado estadual e distrital

Poder Judiciário Desembargadores do TJ

Resumo:

O teto é valido:
- Agentes sob regime remuneratório ou subsídio;
- Servidores da Administração direta, autárquica e fundacional;
- Agentes públicos vinculados às sociedades de economia mista e empresas públicas que
recebam recursos da Fazenda Pública – art. 37, §9º;
- Parlamentares de estados e municípios – leitura conjunta com os arts. 27, §2 e 29,
VI/CF.
- Proventos dos aposentados e pensões dos dependentes do servidor falecido

Acumulação de Cargos Públicos

Art. 37, XVI, CF:

É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de


horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;

OBS: Teto remuneratório, por entendimento do Supremo Tribunal Federal, vale para cada
cargo de forma isolada e não em relação ao montante final das duas remunerações.

44
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Direito à sindicalização e greve:

O artigo 37, em seu inciso VI, dispõe sobre a possibilidade de que o servidor público tenha garantido seu
direito de livre associação sindical. A exceção refere-se aos militares, por força do artigo 142, inciso IV,
estes estão proibidos de sindicalizar-se, bem como de entrarem em greve.

Em relação à greve, traz o inciso VII do artigo 37 que “o direito de greve será exercido nos termos e nos
limites definidos em lei específica”. Diante da ausência de lei eu o regulamente, o Supremo Tribunal
Federal firmou entendimento que, em razão da omissão legislativa existente, se aplicam aos servidores
da Administração Pública as disposições da Lei n.º 7.783/89, que é a lei de greves aplicada aos
trabalhadores em geral.

07. Improbidade Administrativa

Prof. Franciele Kühl


@prof.frankuhl

Art. 37 da CF.

A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
e eficiência e, também, ao seguinte:

§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da


função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em
lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

• Conduta dolosa
• Tipificada nos artigos 9, 10 e 11 da Lei de Improbidade Administrativa.

Art. 37 da CF.

45
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10
e 11 desta Lei, não bastando a voluntariedade do agente.

§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de competências públicas, sem comprovação de ato


doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa.

ATENÇÃO

A ação ou omissão decorrente de divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência,


ainda que não pacificada, mesmo que não venha a ser posteriormente prevalecente nas decisões
dos órgãos de controle o dos tribunais do Poder Judiciário, não é ato de improbidade.

Polo passivo do ato

Art. 37 da CF.

§ 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organização do Estado e no exercício de suas funções e


a integridade do patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como da
administração direta e indireta, no âmbito da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de
entidade privada que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes públicos ou
governamentais, previstos no § 5º deste artigo.

§ 7º Independentemente de integrar a administração indireta, estão sujeitos às sanções desta Lei os atos
de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade privada para cuja criação ou custeio o erário
haja concorrido ou concorra no seu patrimônio ou receita atual, limitado o ressarcimento de prejuízos,
nesse caso, à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

* Para todos verem: esquema

46
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Polo ativo

Agente público

Agente público Servidor público


(art. 2º)

Todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou


sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função.

Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de pessoa

Particular (art. 3º)


jurídica de direito privado não respondem pelo ato de improbidade
que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se,
comprovadamente, houver participação e benefícios diretos, caso
em que responderão nos limites da sua participação.

ATENÇÃO.

Art. 3º, § 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato de improbidade
administrativa seja também sancionado como ato lesivo à administração pública de que trata a Lei nº
12.846, de 1º de agosto de 2013.

Art. 12 § 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de
agosto de 2013, deverão observar o princípio constitucional do non bis in idem.

* Para todos verem: esquema

Atos de improbidade
Art. 9º Constitui ato de Art. 10. Constitui ato de
Art. 11. Constitui ato de
improbidade administrativa improbidade administrativa que
improbidade administrativa que
importando em enriquecimento causa lesão ao erário qualquer
atenta contra os princípios da
ilícito auferir, mediante a prática ação ou omissão dolosa, que
administração pública a ação ou
de ato doloso, qualquer tipo de enseje, efetiva e
omissão dolosa que viole os
vantagem patrimonial indevida comprovadamente, perda
deveres de honestidade, de
em razão do exercício de cargo, patrimonial, desvio,
imparcialidade e de legalidade
de mandato, de função, de apropriação, malbaratamento
[...]
emprego ou de atividade nas ou dilapidação dos bens ou

47
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

entidades referidas no art. 1º haveres das entidades referidas


desta Lei [...] no art. 1º desta Lei [...]
Perda dos bens ou valores Perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, perda da função patrimônio, se concorrer esta
Pagamento de multa civil de até
pública, suspensão dos direitos circunstância, perda da função
24 (vinte e quatro) vezes o valor
políticos até 14 (catorze) anos, pública, suspensão dos direitos
da remuneração percebida pelo
pagamento de multa civil políticos até 12 (doze) anos,
agente e proibição de contratar
equivalente ao valor do pagamento de multa civil
com o poder público ou de
acréscimo patrimonial e equivalente ao valor do dano e
receber benefícios ou incentivos
proibição de contratar com o proibição de contratar com o
fiscais ou creditícios, direta ou
poder público ou de receber poder público ou de receber
indiretamente, ainda que por
benefícios ou incentivos fiscais benefícios ou incentivos fiscais
intermédio de pessoa jurídica
ou creditícios, direta ou ou creditícios, direta ou
da qual seja sócio majoritário,
indiretamente, ainda que por indiretamente, ainda que por
pelo prazo não superior a 4
intermédio de pessoa jurídica intermédio de pessoa jurídica
(quatro) anos;
da qual seja sócio majoritário, da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo não superior a 14 pelo prazo não superior a 12
(catorze) anos; (doze) anos;

Procedimento Administrativo
Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa (art. 14)
A comissão do P.A dará conhecimento ao MP e o TC ou Conselho de Contas (art. 15)

Indisponibilidade de bens (art. 16)


• Antecedente ou incidental
• Para garantir a integral recomposição do erário ou do acréscimo patrimonial resultante
de enriquecimento ilícito.
• Poderá ser decretada sem a oitiva do réu.
• Aplica-se o regime de tutela provisória de urgência.
• Da decisão caberá agravo de instrumento.

ATENÇÃO:

§ 11. A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar veículos de via terrestre, bens imóveis, bens
móveis em geral, semoventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades simples e empresárias,
pedras e metais preciosos e, apenas na inexistência desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a
garantir a subsistência do acusado e a manutenção da atividade empresária ao longo do processo.

É vedada a decretação de indisponibilidade:

48
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Da quantia até 40 S.M depositados em poupança, em outras aplicações financeiras ou em


contracorrente.
Bem de família, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial
indevida.

Processo Judicial
Ação é proposta pelo MP, somente!
Segue o procedimento comum do CPC.
Poderá requerer tutelas provisórias necessárias.
Prazo de contestação: 30 dias.

ATENÇÃO.

§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, poderão as partes requerer ao juiz a interrupção do
prazo para a contestação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias.

§ 10-D. Para cada ato de improbidade administrativa, deverá necessariamente ser indicado apenas um tipo
dentre aqueles previstos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei.

Artigo

§ 19. Não se aplicam na ação de improbidade administrativa:

I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em caso de revelia;

II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de
março de 2015 (Código de Processo Civil);

III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade administrativa pelo mesmo fato, competindo ao
Conselho Nacional do Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre membros de Ministérios
Públicos distintos;

IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou de extinção sem resolução de mérito.

Observações importantes:
• O sucessor ou herdeiro responde até o limite da herança (art. 8º)

49
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

• A perda da função e a suspensão dos direitos só se efetivam com o trânsito em julgado


da sentença (art. 20)
• Prescrição: 8 anos (art. 23)
• A instauração do inquérito civil ou processo administrativo suspende a prescrição em
180 dias.
• Interrompe o prazo prescricional: ajuizamento de ação (entre outros)

08. Penalidades e Processo Administrativo Disicplinar

Prof. Maria Valentina de Moraes


@mvalentina_moraes

50
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Penalidades
Art. 127. São penalidades disciplinares:
* Para todos verem: esquema

I - advertência;

II - suspensão;

III - demissão;

IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;

V - destituição de cargo em comissão;

VI - destituição de função comissionada.

Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de proibição
constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em
lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave.
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com
advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a
penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamente,
recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade competente,
cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser
convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou
remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.
Art. 131: As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros cancelados,
após o decurso de 3 (três) – advertência
e 5 (cinco) anos – suspensão
de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova
infração disciplinar.

Que é competente para aplicar penalidades? Art. 141, Lei. N.º 8112

51
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

* Para todos verem: esquema

I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo
Procurador-Geral da República, quando se tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de
servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;

II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior
quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;

III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos
casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;

IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de destituição de cargo em comissão.

Prescrição das Penalidades


A aplicação de qualquer penalidade depende de sindicância ou de Processo Administrativo
Disciplinar (PAD)

Prescrição das penalidades impostas:

Art. 142.

A ação disciplinar prescreverá:


I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou
disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.

Súmula 635/STJ - Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei n. 8.112/1990 iniciam-se na data em
que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato,
interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo
disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.

Demissão – art. 132, Lei n.º 8,112/90


Art. 132: A demissão será aplicada nos seguintes casos:

52
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

I - crime contra a administração pública;

II - abandono de cargo;

III - inassiduidade habitual;

IV - improbidade administrativa;

V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;

VI - insubordinação grave em serviço;

VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;

VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;

IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;

X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;

XI - corrupção;

XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;

XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.

3 modalidades:
Leves – sem impedimento

Impede provimento em novo cargo público por 5 anos

Impede provimento em novo cargo público

Artigos

Art. 137: A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI,
incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos
Art. 117: IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da
função pública;
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada,
exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de
benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;

53
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

ADI 2975: “2. Art. 137, parágrafo único, da Lei 8.112/1990. 3. Direito Administrativo Disciplinar. Sanção
perpétua. Impossibilidade de retorno ao serviço público. 4. Inconstitucionalidade material. Afronta ao
artigo 5º, XLVII, "b", da Constituição da República. Norma impugnada que, ao impedir o retorno ao serviço
público, impõe sanção de caráter perpétuo. 5. Ação direta julgada procedente para declarar a
inconstitucionalidade da norma questionada, sem pronúncia de nulidade. 6. Comunicação ao Congresso
Nacional, para que eventualmente delibere sobre o prazo...”.

Demissão/Sindicância

Súmula 650/STJ: A autoridade administrativa não dispõe de discricionariedade para aplicar ao servidor
pena diversa de demissão quando caracterizadas as hipóteses previstas no art. 132 da Lei nº 8.112/90.

Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a
promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo
disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde que contenham
a identificação e o endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a
autenticidade.

Súmula 611/STJ: Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é
permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do
poder-dever de autotutela imposto à Administração.

Sindicância

Artigos

54
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Art. 145. Da sindicância poderá resultar:


I - arquivamento do processo;
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trinta) dias;
III - instauração de processo disciplinar.
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser
prorrogado por igual período, a critério da autoridade superior.
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição de penalidade de suspensão por
mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de
cargo em comissão, será obrigatória a instauração de processo disciplinar.
Art. 147 – Afastamento preventivo

• Pode haver PAD sem sindicância prévia? Sim!

Processo Administrativo Disciplinar

Fases:

Art. 151.

O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases:


I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão;
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório;
III - julgamento.

• Instauração: art. 149 e 150


• Inquérito: 153 a 166
• Julgamento: 167 a 171

Súmula 592/STJ: O excesso de prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar só causa
nulidade se houver demonstração de prejuízo à defesa.

Revisão do PAD

Artigos

55
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se
aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da
penalidade aplicada.
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao requerente.
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não constitui fundamento para a revisão, que
requer elementos novos, ainda não apreciados no processo originário.
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade, nos termos do art. 141.
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo,
no curso do qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências.
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-
se todos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será
convertida em exoneração.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade.

09. Controle da Administração Pública e Práticas de Compliance

Prof. Franciele Kühl


@prof.frankuhl

* Para todos verem: esquema

56
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Instrumento jurídico de fiscalização sobre a atuação dos agentes, órgãos e entidades


O que é
da Administração Pública
Natureza Natureza jurídica de princípio fundamental da administração pública
Administrativo Legislativo ou parlamentar Judicial
Pode ocorrer de ofício Pode ser político. Exemplo: quando
ou mediante o Congresso susta um ato
Órgão provocação normativo do Executivo, por
controlador Fundado no poder da exorbitar o Poder Regulamentador; Somente se for
autotutela Pode ser financeiro: como a provocado.
Pode ser pela fiscalização contábil, financeira e
supervisão orçamentária exercida com auxílio
ministerial/secretarial do Tribunal de Contas.
Prévio. Exemplo:
Concomitante. Exemplo: Posterior. Exemplo:
Momento de parecer da advocacia
fiscalização/auditoria de obras em julgamento pelo
controle pública orientando
execução. Tribunal de Contas.
gestor.
Interno: dentro do
Popular: realizado
mesmo Poder,
pelo povo, como pela
Origem do exemplo controle Externo: um Poder sobre o outro,
denúncia de
controle ou exercido pelas chefias exemplo, quando o judiciário anula
irregularidade perante
a extensão sobre seus ato ilegal do Executivo
o Tribunal de Contas
subordinados, dentro
da União
do mesmo órgão
Obs: O Poder
Legalidade (ou
Mérito: praticado apenas pela Judiciário pode
legitimidade):
Administração, podendo revogar revogar atos em razão
realizado pela própria
Quanto ao atos por inconveniência ou de mérito quando se
Administração, em
aspecto inoportunidade. Exemplo: tratar de seus próprios
razão do princípio da
revogação de férias de servidor por atos, no exercício da
autotutela, ou pelo
situação de calamidade pública função atípica
judiciário
administrativa.

Ações de Mandado de Segurança, Habeas Corpus, Ação Civil Pública, Ação


Popular, Mandado de Injunção, Habeas Data, Ação de Improbidade
controle Administrativa, Ação Direta de Inconstitucionalidade
Prescrição Regra é de 5 anos
Hierárquico
Obs: No Brasil não é
Hierárquico próprio: impróprio: para outra
exigido esgotamento
para a autoridade autoridade não é
da via administrativa
Recurso superior àquela que superior àquela que
para acesso ao
praticou o ato praticou o ato
Poder Judiciário (art
recorrido recorrido. Exige
5º, XXXV, da CF)
previsão legal.

• Súmula 346 do STF


• Súmula 473 do STF
* Para todos verem: esquema

57
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Atos eivados de
Poder-dever Anular
vício/ilegais
Administração
Atos legais, por
Pode Revogar conveniência ou
oportunidade

No Direito Administrativo aplicamos a coisa julgada de forma diferente do Direito Judiciário.


Na esfera administrativa ocorre a coisa julgada formal, não existe coisa julgada material. Isso
significa que a decisão se tornou irretratável pela própria Administração, mas poderá ser
passível de apreciação pelo Poder Judiciário (DI PIETRO, 2020, p. 941).

Controle pelo Poder Legislativo

Em relação ao Executivo
Julgamento de contas do gestor (art. 71, I, CF)
Aprovação pelo Supremo Tribunal Federal da escolha dos chefes de missão diplomática de
caráter permanente (art. 52, IV, CF)
Possibilidade do Congresso Nacional de sustar atos que exorbitem o poder regulamentar (art.
49, V, CF)

Em relação ao Judiciário
Aprovação dos ministros do STF (art. 52, III, a, CF)

Controle pelo Poder Judiciário

Em relação ao Executivo
Ação popular; Ação Civil Pública; Mandado de Segurança
Inclusive atos políticos que causem lesão a direitos individuais e coletivos

Em relação ao Legislativo
Controle de constitucionalidade

58
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Controle pelo Poder Executivo

Em relação ao Judiciário
Presidente da República indica os ministros do STJ e STF

Em relação ao Legislativo
Veto de ato normativo de iniciativa do Poder Legislativo
Ações (por meio da Advocacia Pública) questionando atos da autoridade do Poder Legislativo

Prática de compliance na Administração


• Lei anticorrupção – Lei 12846/13
• Legislação de compliance
• Lei de Improbidade Administrativa
• Lei Anticorrupção Empresarial
• Lei Empresa Limpa

Lei 12846/13

Art. 28. Esta Lei aplica-se aos atos lesivos praticados por pessoa jurídica brasileira contra a administração
pública estrangeira, ainda que cometidos no exterior.

Atos lesivos

Atos que atentem contra:


• Patrimônio público nacional ou estrangeiro
• Contra princípios da administração
• Compromissos internacionais assumidos pelo Brasil

Responsabilidade
* Para todos verem: esquema

59
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Responsabilidade

Objetiva Subjetiva

Dirigentes ou
Pessoas jurídicas
administradores

Ou de qualquer pessoa
natural que participe
como autora, coautora
ou partícipe

Sanções
Esfera administrativa

Art. 6º

Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas jurídicas consideradas responsáveis pelos atos lesivos
previstos nesta Lei as seguintes sanções:

I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento) do faturamento bruto do último
exercício anterior ao da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será
inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação; e

II - publicação extraordinária da decisão condenatória.

Esfera Judicial

Art. 19.

60
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta Lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, por meio das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação judicial, ou
equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar ação com vistas à aplicação das seguintes sanções às
pessoas jurídicas infratoras:

I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou
indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;

II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades;

III - dissolução compulsória da pessoa jurídica;

IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou


entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo
mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.

Acordo de leniência – Requisitos


O acordo de leniência é celebrado desde que a colaboração resulte (art. 16):
I – a identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; e
II – a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob apuração.

Art. 6º

§ 1º O acordo de que trata o caput somente poderá ser celebrado se preenchidos, cumulativamente, os
seguintes requisitos:

I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu interesse em cooperar para a apuração do ato
ilícito;

II - a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento na infração investigada a partir da data de
propositura do acordo;

III - a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as
investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a
todos os atos processuais, até seu encerramento.

Prescrição
• Da possibilidade de exercer a pretensão punitiva
• 5 anos
• Contados da data da infração
• De quando tiver cessado: se infração permanente ou contínua
• Interrompe a prescrição: instauração do processo administrativo ou judicial

61
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

10. Responsabilidade Civil do Estado

Prof. Franciele Kühl


@prof.frankuhl

Responsabilidade Civil do Estado


ATENÇÃO!!!

62
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

A § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Estado

Vítima Agente

A ação que deve ser ajuizada pela vítima contra o Estado, trata-se de uma ação indenizatória
ou de responsabilidade civil do Estado, cuja responsabilidade é objetiva como regra, já a
relação entre o Estado e o Agente Público é de uma ação regressiva, cuja responsabilidade
requer a demonstração do dolo ou culpa do agente (ambas ações de conhecimento do
procedimento comum, reguladas pelo CPC).

Teoria do Risco Administrativo


• Possui excludentes
• Eventos da natureza (força maior) – art. 393, CPC
• Eventos causados pelo homem (caso fortuito)
• Culpa exclusiva da vítima
• Culpa exclusiva de terceiros

* Para todos verem: esquema

Atos unilaterais

Atos omissivos RESPONSABILIDADE Atos comissivos


PODE SER POR:

Atos lícitos Atos ilícitos


63
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Teoria do Risco Integral


Dano ambiental: art. 14, §1º, da Lei 6.938/81, art. 225, §2º e §3º, da CF e entendimento do
Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial 1373788/SP), todos os poluidores responderão
objetivamente. Entretanto, em concursos públicos já foi cobrado como teoria do risco
administrativo.

Atividade nuclear: Art. 4º e 8º, da Lei 6.453/77, art. 21, XXIII, “d”, CF e entendimento do
Superior Tribunal de Justiça. Neste caso, se ocorrer um dano provocado por atividades que
exploram serviços e instalações nucleares de qualquer natureza, a industrialização e o
comércio de minérios nucleares e seus derivados, a responsabilidade será objetiva, sem a
possibilidade de nenhuma das excludentes vistas anteriormente. Entretanto, há
administrativistas que entendem que na verdade trata-se de teoria do risco administrativo.

Queda de aeronaves por atentado terrorista: por ataque terrorista ou por guerra – Lei
10.744/03 e D. 5.035/2004, nestes casos a União assume a responsabilidade, de atos
terroristas ou de guerra, ocorridos em aeronaves de tenham matrícula brasileiras e operada por
empresa brasileiras. O ato pode ocorrer no Brasil ou no Exterior. Excluída as empresas de taxi
aéreo.

Indenização coberta pelo seguro obrigatório para automóveis (DPVAT): segundo o artigo
5º, da Lei 6.194/1974, o pagamento ocorrerá independente de culpa, haja ou não resseguro,
vedada qualquer franquia de responsabilidade do segurado, desde que mediante simples prova
do acidente e do dano decorrente (MAZZA, 2021, p. 228).

Teses de repercussão geral


* Para todos verem: quadro

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


Data de
Tema Recurso Tese de repercussão geral
julgamento

64
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado 26/08/2009


RE prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros
130
591874 usuários e não usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, §
6º, da Constituição Federal.
Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema 16/02/2017
normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de
humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua
RE
365 responsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, a
580252
obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais,
comprovadamente causados aos detentos em decorrência da
falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento.
Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção 30/03/2016
RE
592 previsto no art. 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado
841526
é responsável pela morte de detento.
RE É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública 03/02/2016
666
669069 decorrente de ilícito civil.
O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e 27/02/2019
registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem
RE
777 dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o
842846
responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de
improbidade administrativa.
A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a 14/08/2019
ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada
RE contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora
940
1027633 de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do
ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.

Responsabilidade subjetiva
Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista que explora atividade econômica
Não está previsto no art. 37, §7º
• Art. 173, §1º da CF
• Art. 186 e 927 do CC

O Estado na posição de garantidor de integridade de coisas e pessoas sob sua custódia


– responsabilidade objetiva como regra
• Suicídio do preso
• Aluno esfaqueado
• Paciente agredido ou morto por um terceiro dentro de hospital público
• Tratamento desumano e degradante e a falta de requisitos básicos de saúde e higiene
nos presídios – Art. 5º, III, X, XLIX da CF e art. 1º da Lei de Execuções Penais
• Bem privado danificado no galpão da Receita Federal

65
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Responsabilização decorrente de obra


Má execução da obra: obra efetuada diretamente pelo Poder Público – Responsabilidade
objetiva
• Contratados: art. 70 da Lei 8666/93 – SUBJETIVA
• Contratados: art. 120 da Lei 14.133/21 – OBJETIVA
Responsabilidade pelo simples fato da obra: a responsabilidade é objetiva
Contudo, será necessário demonstrar que existe um dano anormal, extraordinário ou específico

11. Bens Públicos

Prof. Franciele Kühl


@prof.frankuhl

• Art. 98 do Código Civil


• Art. 103 do Código Civil
• Art. 99 do Código Civil
* Para todos verem: quadro

66
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Bens de uso comum


Bens de uso especial Bens dominicais
do povo
• São os bens que • São destinados às • São os que
todos podem usar, instalações e aos pertencem ao
como as ruas e serviços públicos, acervo do poder
praças. como os prédios público, sem
das repartições ou destinação
escolas públicas. especial.

Desafetação
• Lei
• Ato administrativo
Tácita: fato administrativo – incêndio causado por raio que destrói obras públicas

Quando a disponibilidade

Bens indisponíveis por natureza:


• Uso comum do povo
• Insuscetíveis de alienação
• Não possuem natureza patrimonial
Ex: mar, rio

Bens patrimoniais indisponíveis


• Possuem natureza patrimonial
• Afetação
• Bens de uso especial e uso comum
Ex: imóveis, veículos, hospitais, praça

Bens patrimoniais disponíveis


• Possuem natureza patrimonial
• Não estão afetados
Ex: ambulância desafetada

67
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Características, garantias ou atributos

Inalienabilidade:
Significa que bens públicos não podem ser vendidos livremente, mas essa regra não é
absoluta!
Os bens de uso especial e os bens de uso comum são inalienáveis (são bens fora do
comércio), essa é a regra.
• Art. 100 e 101 do Código Civil

Impenhorabilidade
Os bens públicos não podem ser objeto de uma constrição judicial, de uma execução.
A penhora e arrematação
Não poder ser objeto de garantia
Ela se justifica pelo fato de que as dívidas da Fazenda Pública são pagas em forma de
precatórios e RPV (requerimento de pequeno valor), na forma do artigo 100, da CF.

ATENÇÃO

De acordo com a decisão do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário 851.711, julgado
em 12 de dezembro de 2017, os bens das empresas públicas, sociedade de economia mista e
concessionárias que estejam afetados à prestação de serviço público também são impenhoráveis.

Imprescritibilidade
Trata-se da prescrição aquisitivas (usucapião)
Nesse sentido, os bens públicos não podem ser adquiridos pela posse mansa e pacífica por
determinado espaço de tempo continuado, no moldes da legislação civil.
Importante salientar que a imprescritibilidade atinge inclusive os bens não afetados, não sendo
testes, também, passíveis de usucapião (art. 183, §3º e 191, parágrafo único, ambos da
Constituição Federal).
• Art. 191 e 183 da CF

68
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Não onerabilidade
Os bens públicos não podem ser objetos de direito real de garantia, ou seja, não fica sujeito à
instituição de penhor, anticrese ou hipoteca para garantir débitos do ente estatal.

Requisitos para alienação


• A demonstração do interesse público na alienação
• A avaliação prévia
• A realização de regular procedimento licitatório, prévio à alienação (exceto quando a lei
trouxer a desnecessidade expressa)
• Autorização legislativa nos casos de bens imóveis
Art. 76, §1º, da Lei 14.133/21

Concessão, permissão e autorização de uso


* Para todos verem: quadro

Autorização de uso

• Ato administrativo discricionário, unilateral, precário e que não depende de


licitação. Por prazo determinado como regra.

Permissão de uso

• Também é ato unilateral, discricionário e precário, exige licitação, é por prazo


indeterminado como regra (permissão comum), mas pode ser por prazo
determinado (permissão anômala).

Concessão de uso

• Por meio de contrato.


• Concessão de uso especial para fins de moradia: prevista na MP 2.220/01

12. Licitações I

Prof. Matheus DeGregori


@matheusdegre

Conceito
Hely Lopes Meirelles (2016, p. 310):

69
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona


a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse, inclusive o da promoção do
desenvolvimento econômico sustentável e fortalecimento de cadeias produtivas de bens e
serviços domésticos. Como procedimento, desenvolve-se através de uma sucessão ordenada
de atos vinculantes para a: Administração e para os licitantes, o que propicia igual oportunidade
a todos os interessados e atua como fator de eficiência e moralidade nos negócios
administrativos. Tem como pressuposto a competição.

Lei 14.133 de 1º de abril de 2021


“Nova Lei de Licitações e Contratos”, define normais gerais de licitação e contratação para
administrações públicas diretas, autárquicas e funcionais da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.

Altera:
• Lei nº 13.105/15 (Código de Processo Civil);
• Lei nº 8.987/1995 (Concessões públicas);
• Lei nº 11.079/04 (PPP’s);
• Decreto-Lei nº 2.848/1940 (Código Penal).

Revoga:
• Lei nº 8.666/1993 (LGLC);
• Lei nº 10.520/02 (Pregão);
• Lei nº 12.462/11 (RDC).

Não se aplica:
Às empresas públicas, as sociedades de economia mista e as suas subsidiárias, regidas pela
Lei 13.303/16, ressalvado o disposto no art. 178 desta Lei (crimes);
Contratações realizadas no âmbito das repartições públicas sediadas no exterior: obedecerão
às peculiaridades locais e aos princípios básicos estabelecidos na Lei;
Segue aplicando:
• 42 a 49 da LC 123/06 (benefícios à ME e EPP);
• Lei 14.133 de 1º de abril de 2021

Art. 191

70
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Até o decurso do prazo de [02 anos] a Administração poderá OPTAR por licitar ou contratar diretamente de
acordo com esta Lei OU de acordo com às [Leis nº 8.666/93, 10.520/02 (Pregão) e Lei nº 12.462/11 (RDC)],
e a opção escolhida deverá ser indicada expressamente no edital ou no aviso ou instrumento de
contratação direta, VEDADA A APLICAÇÃO COMBINADA desta Lei com as citadas no referido inciso.

Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, se a Administração optar por licitar de acordo com as
leis citadas no inciso II do caput do art. 193 desta Lei, o contrato respectivo será regido pelas regras nelas
previstas durante toda a sua vigência.

Normas aplicáveis
Normas Em Processo De Revogação (vigência até 01 de abril de 2023):
• Lei 8666/93;
• Lei 10520/02 (pregão);
• Lei 12.462/11 (RDC);
Obs:
• Arts. 89 a 108 da 8.666/93
• (crimes) já revogados!

Lei 14.133/21 – art. 5º Princípios


1) Legalidade;
2) Impessoalidade;
3) Moralidade;
4) Publicidade;
5) Eficiência;
6) Interesse Público;
7) Probidade Administrativa;
8) Igualdade;
9) Planejamento;
10) Transparência;
11) Eficácia;
12) Segregação de funções;

71
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

13) Motivação;
14) Vinculação ao edital;
15) Julgamento objetivo;
16) Segurança jurídica;
17) Razoabilidade;
18) Competitividade;
19) Proporcionalidade;
20) Celeridade;
21) Economicidade;
22) Desenvolvimento Nacional Sustentável.

Lei 14.133/21 – art. 11 ao 88


TÍTULO II – Das Licitações
CAPÍTULO I – Do processo licitatório
CAPÍTULO II – Da fase preparatória
Seção I – da instrução do processo licitatório
Seção II – das modalidades de licitação
Seção III – dos critérios de julgamento
Seção IV – disposições setoriais
CAPÍTULO III – Da divulgação do edital de licitação
CAPÍTULO IV – Da apresentação de propostas e lances
CAPÍTULO V – Do julgamento
CAPÍTULO VI – Da habilitação
CAPÍTULO VII – Do encerramento da licitação
CAPÍTULO VIII – Da Contratação Direta
CAPÍTULO IX – Das Alienações
CAPÍTULO X – Dos Instrumentos Auxiliares

Lei 14.133/21 – Objetivos

Artigos

72
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Art. 11.O processo licitatório tem por objetivos:


I - assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de contratação mais vantajoso para a
Administração Pública, inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto;
II - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes, bem como a justa competição;
III - evitar contratações com sobrepreço ou com preços manifestamente inexequíveis e superfaturamento
na execução dos contratos;
IV - incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sustentável.
Art. 12. III - o desatendimento de exigências meramente formais que não comprometam a aferição da
qualificação do licitante ou a compreensão do conteúdo de sua proposta não importará seu afastamento
da licitação ou a invalidação do processo; (Formalismo moderado)

Lei 14.133/21 – art. 8º Agentes Públicos

Art. 8º

A licitação será conduzida por AGENTE DE CONTRATAÇÃO, pessoa designada pela autoridade competente,
entre servidores efetivos ou empregados públicos dos quadros permanentes da Administração Pública,
para tomar decisões, acompanhar o trâmite da licitação, dar impulso ao procedimento licitatório e
executar quaisquer outras atividades necessárias ao bom andamento do certame até a homologação.
§ 1º O agente de contratação será auxiliado por equipe de apoio e responderá individualmente pelos atos
que praticar, salvo quando induzido a erro pela atuação da equipe.
§ 2º Em licitação que envolva bens ou serviços especiais, desde que observados os requisitos
estabelecidos no art. 7º desta Lei, o agente de contratação poderá ser substituído por comissão de
contratação formada por, no mínimo, 3 (três) membros, que responderão solidariamente por todos os
atos praticados pela comissão, ressalvado o membro que expressar posição individual divergente
fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que houver sido tomada a decisão.
§ 5º Em licitação na modalidade pregão, o agente responsável pela condução do certame será designado
pregoeiro.

Lei nº 14.133/21 – Modalidades

Art. 28.

73
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

São modalidades de licitação:


I - PREGÃO;
II - CONCORRÊNCIA;
III - CONCURSO;
IV - LEILÃO;
V - DIÁLOGO COMPETITIVO.
§ 1º Além das modalidades referidas no caput deste artigo, a Administração pode servir-se dos
procedimentos auxiliares previstos no art. 78 desta Lei.
§ 2º É VEDADA a criação de outras modalidades de licitação ou, ainda, a combinação daquelas referidas no
caput deste artigo.

Lei nº14.133/21 – art. 6º Definições


* Para todos verem: quadro

74
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

PREGÃO:

•obrigatória para aquisição de BENS E SERVIÇOS COMUNS, cujo critério de julgamento poderá ser o de menor preço ou o de
maior desconto;

CONCORRÊNCIA:

•contratação de BENS E SERVIÇOS ESPECIAIS e de OBRAS e SERVIÇOS comuns e especiais de ENGENHARIA, cujo critério de
julgamento poderá ser: a) menor preço; b) melhor técnica ou conteúdo artístico; c) técnica e preço; d) maior retorno
econômico; e) maior desconto;

CONCURSO:

•escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, cujo critério de julgamento será o de melhor técnica ou conteúdo artístico,
e para concessão de prêmio ou remuneração ao vencedor;

LEILÃO:

•alienação de bens imóveis ou de bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos a quem oferecer o maior lance;

DIÁLOGO COMPETITIVO:

•modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza diálogos com
licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas
capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o encerramento dos diálogos;

OBRA:

•toda atividade estabelecida, por força de lei, como privativa das profissões de arquiteto e engenheiro que implica intervenção
no meio ambiente por meio de um conjunto harmônico de ações que, agregadas, formam um todo que inova o espaço físico
da natureza ou acarreta alteração substancial das características originais de bem imóvel;

SERVIÇO DE ENGENHARIA:

•toda atividade ou conjunto de atividades destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou material, de interesse para
a Administração e que, não enquadradas no conceito de obra a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, são
estabelecidas, por força de lei, como privativas das profissões de arquiteto e engenheiro ou de técnicos especializados, que
compreendem:
•a) serviço comum de engenharia: todo serviço de engenharia que tem por objeto ações, objetivamente padronizáveis em
termos de desempenho e qualidade, de manutenção, de adequação e de adaptação de bens móveis e imóveis, com
preservação das características originais dos bens;
•b) serviço especial de engenharia: aquele que, por sua alta heterogeneidade ou complexidade, não pode se enquadrar na
definição constante da alínea “a” deste inciso;

OBRAS, SERVIÇOS E FORNECIMENTOS DE GRANDE VULTO:

•aqueles cujo valor estimado supera R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de reais);

Lei nº 14.133/21 – Modalidades

Art. 29

75
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

A CONCORRÊNCIA e o PREGÃO seguem o rito procedimental comum a que se refere o art. 17 desta Lei, adotando-se o
pregão sempre que o objeto possuir padrões de desempenho e qualidade que possam ser objetivamente definidos
pelo edital, por meio de especificações usuais de mercado.
Parágrafo único. O pregão não se aplica às contratações de serviços técnicos especializados de natureza
predominantemente intelectual e de obras e serviços de engenharia, exceto os serviços de engenharia [comuns];

Art. 32.

A modalidade DIÁLOGO COMPETITIVO é restrita a contratações em que a Administração:


I - vise a contratar OBJETO que envolva as seguintes condições:
a) inovação tecnológica ou técnica;
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções
disponíveis no mercado; e
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com precisão suficiente pela
Administração;
II - verifique a necessidade de DEFINIR E IDENTIFICAR OS MEIOS E AS ALTERNATIVAS que possam
satisfazer suas necessidades, com destaque para os seguintes aspectos:
a) a solução técnica mais adequada;
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida;
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato;
1º Na modalidade diálogo competitivo, serão observadas as seguintes disposições:
I - a Administração apresentará, por ocasião da divulgação do edital em sítio eletrônico oficial, suas
necessidades e as exigências já definidas e estabelecerá prazo mínimo de 25 (vinte e cinco) dias úteis
para manifestação de interesse na participação da licitação;
II - os critérios empregados para pré-seleção dos licitantes deverão ser previstos em edital, e serão
admitidos todos os interessados que preencherem os requisitos objetivos estabelecidos;
VIII - a Administração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos autos do processo
licitatório os registros e as gravações da fase de diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de
edital contendo a especificação da solução que atenda às suas necessidades e os critérios objetivos a
serem utilizados para seleção da proposta mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias
úteis, para todos os licitantes pré-selecionados na forma do inciso II deste parágrafo apresentarem suas
propostas, que deverão conter os elementos necessários para a realização do projeto;

Lei 14.133/21 – Fases da licitação

Art. 17.

76
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

O processo de licitação observará as seguintes fases, em sequência:


I - preparatória;
II - de divulgação do edital de licitação;
III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;
IV - de julgamento;
V - de habilitação;
VI - recursal;
VII - de homologação.
§ 2º As licitações serão realizadas preferencialmente sob a forma eletrônica, admitida a utilização da forma
presencial, desde que motivada, devendo a sessão pública ser registrada em ata e gravada em áudio e
vídeo.

Lei nº 14.133/21 – Fase preparatória

Art. 18

A FASE PREPARATÓRIA do processo licitatório é caracterizada pelo planejamento e deve compatibilizar-se


com o plano de contratações anual de que trata o inciso VII do caput do art. 12 desta Lei, [...]:

• descrição da necessidade da contratação fundamentada em estudo técnico preliminar;


• definição do objeto (termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto
executivo);
• condições de execução e pagamento, das garantias exigidas e ofertadas e das
condições de recebimento;
• elaboração do edital de licitação e minuta do contrato;
• a análise dos riscos que possam comprometer o sucesso da licitação e a boa execução
contratual;

Artigos

77
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Art. 24. O ORÇAMENTO ESTIMADO da contratação poderá ter CARÁTER SIGILOSO (salvo para
os órgãos de controle interno e externo);
Art. 25, § 9º
EDITAL PODERÁ exigir que percentual mínimo da mão de obra responsável pela execução do
objeto da contratação seja constituído por:
I - mulheres vítimas de violência doméstica;
II - oriundos ou egressos do sistema prisional.
Art. 26. MARGEM DE PREFERÊNCIA para:
I - bens manufaturados e serviços nacionais que atendam a normas técnicas brasileiras;
II - bens reciclados, recicláveis ou biodegradáveis, conforme regulamento.

Art. 41.

licitação que envolva o fornecimento de bens, a Administração poderá excepcionalmente:


I - indicar uma ou mais MARCAS OU MODELOS, desde que formalmente justificado, nas seguintes
hipóteses:
a) em decorrência da necessidade de padronização do objeto;
b) em decorrência da necessidade de manter a compatibilidade com plataformas e padrões já adotados
pela Administração;
c) quando determinada marca ou modelo comercializados por mais de um fornecedor forem os únicos
capazes de atender às necessidades do contratante;
d) quando a descrição do objeto a ser licitado puder ser mais bem compreendida pela identificação de
determinada marca ou determinado modelo aptos a servir apenas como referência;
III - vedar a contratação de marca ou produto, quando, mediante processo administrativo, restar
comprovado que produtos adquiridos e utilizados anteriormente pela Administração não atendem a
requisitos indispensáveis ao pleno adimplemento da obrigação contratual;

Lei 14.133/21 – Divulgação do edital

Art. 54.

78
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

A publicidade do edital de licitação será realizada mediante divulgação e manutenção do inteiro teor do ato
convocatório e de seus anexos no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP).
§ 1º (VETADO).
§ 2º É facultada a divulgação adicional e a manutenção do inteiro teor do edital e de seus anexos em sítio
eletrônico oficial do ente federativo do órgão ou entidade responsável pela licitação ou, no caso de
consórcio público, do ente de maior nível entre eles, admitida, ainda, a divulgação direta a interessados
devidamente cadastrados para esse fim.

Lei 14.133/21 – Apresentação de propostas e lances

Art. 56.

O modo de disputa poderá ser, isolada ou conjuntamente:


I - aberto, hipótese em que os licitantes apresentarão suas propostas por meio de lances públicos e
sucessivos, crescentes ou decrescentes;
II - fechado, hipótese em que as propostas permanecerão em sigilo até a data e hora designadas para sua
divulgação.
Art. 58. Poderá ser exigida, no momento da apresentação da proposta, a comprovação do recolhimento de
quantia a título de garantia de proposta, como requisito de pré-habilitação.
§ 1º A garantia de proposta não poderá ser superior a 1% (um por cento) do valor estimado para a
contratação.

Lei 14.133/21 – Fase de julgamento

Art. 59.

Serão desclassificadas as propostas que:


I - contiverem vícios insanáveis;
II - não obedecerem às especificações técnicas pormenorizadas no edital;
III - apresentarem preços inexequíveis ou permanecerem acima do orçamento estimado para a
contratação;
IV - não tiverem sua exequibilidade demonstrada, quando exigido pela Administração;
V - apresentarem desconformidade com quaisquer outras exigências do edital, desde que insanável.

Art. 60. Em caso de EMPATE entre duas ou mais propostas, serão utilizados os
seguintes critérios de desempate, nesta ordem:

79
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

* Para todos verem: esquema

DISPUTA FINAL, hipótese em que os licitantes empatados poderão apresentar


nova proposta em ato contínuo à classificação;

avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, para a qual deverão


preferencialmente ser utilizados registros cadastrais para efeito de atesto de
cumprimento de obrigações previstos nesta Lei;

desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade entre homens e


mulheres no ambiente de trabalho, conforme regulamento;

desenvolvimento pelo licitante de programa de integridade, conforme


orientações dos órgãos de controle.

§ 1º Em igualdade de condições, SE NÃO HOUVER DESEMPATE, será assegurada


PREFERÊNCIA, sucessivamente, aos bens e serviços produzidos ou prestados por:
1. empresas estabelecidas no território do Estado ou do Distrito Federal do órgão;
2. empresas brasileiras;
3. empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País;
4. empresas que comprovem a prática de mitigação (CO² - PNMC);
• Sem prejuízo do art. 44 da LC 123/06:

Preferência de contratação para ME e EPP:


Empate “ficto”: Proposta da ME ou EPP seja até 10% superiores à proposta mais bem classificada (no
pregão é 5%).

Lei 14.133/21 – Habilitação e encerramento


Art. 62. A habilitação: capacidade do licitante de realizar o objeto da licitação.
I. jurídica;
II. técnica;
III. fiscal, social e trabalhista;
IV. econômico-financeira

Art. 71. Encerramento (pós recursos) autoridade superior pode:


I. determinar o retorno dos autos para saneamento de irregularidades;

80
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

II. revogar a licitação (conveniência e oportunidade);


III. anular a licitação (ilegalidade insanável);
IV. adjudicar o objeto e homologar a licitação.

§ 1º Ao pronunciar a nulidade, a autoridade indicará expressamente os atos com vícios


insanáveis, tornando sem efeito todos os subsequentes que deles dependam, e dará ensejo à
apuração de responsabilidade de quem lhes tenha dado causa.
§ 2º O motivo determinante para a revogação do processo licitatório deverá ser resultante de
fato superveniente devidamente comprovado.
(prévia manifestação dos interessados)
* Para todos verem: esquema

REVOGAÇÃO ANULAÇÃO

• Fato superveniente; • Vício insanável;


• Interesse público; • Ilegalidade;
• Total apenas; • Total ou parcial;
• Vedada após assinatura do • Possível mesmo após contrato;
contrato;

Lei 14.133/21 – Contratação Direta

Art. 73.

Na hipótese de contratação direta indevida ocorrida com dolo, fraude ou erro grosseiro, o contratado e o
agente público responsável responderão solidariamente pelo dano causado ao erário, sem prejuízo de
outras sanções legais cabíveis.

81
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

13. Licitações II

Prof. Matheus DeGregori


@matheusdegre

Lei 14.133/21 – Inexigibilidade

Art. 74

É inexigível a licitação quando inviável a competição, em especial nos casos de:


I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou contratação de serviços com [FORNECEDOR]
EXCLUSIVO;
II - contratação de PROFISSIONAL DO SETOR ARTÍSTICO, diretamente ou por meio de empresário
exclusivo, desde que CONSAGRADO pela crítica especializada ou pela opinião pública;
III - contratação dos seguintes SERVIÇOS TÉCNICOS ESPECIALIZADOS de natureza predominantemente
intelectual com profissionais ou empresas de NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO, vedada a inexigibilidade para
serviços de publicidade e divulgação: [...]
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de CREDENCIAMENTO;
V - aquisição ou locação de IMÓVEL cujas características de instalações e de localização tornem necessária
sua escolha.

82
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Lei 14.133/21 – Dispensa

Art. 74

Art. 75. É dispensável a licitação:


I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e
serviços de engenharia ou de serviços de manutenção de veículos automotores;
II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), no caso de
outros serviços e compras;
III - para contratação que mantenha todas as condições definidas em edital de licitação realizada há
menos de 1 (um) ano, quando se verificar que naquela licitação:
a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas propostas válidas (DESERTA);
b) as propostas apresentadas consignaram preços manifestamente superiores aos praticados no
mercado ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes (FRACASSADA);
IV - para contratação que tenha por objeto:
e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no período necessário para a realização dos
processos licitatórios correspondentes, hipótese em que a contratação será realizada diretamente com
base no preço do dia;
f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País que envolvam, cumulativamente, alta complexidade
tecnológica e defesa nacional;
g) materiais de uso das Forças Armadas, [...]
j) coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em
áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, realizados por associações ou cooperativas formadas
exclusivamente de pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de
materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de
saúde pública;
k) aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que
inerente às finalidades do órgão ou com elas compatível;
m) aquisição de medicamentos destinados exclusivamente ao tratamento de doenças raras definidas
pelo Ministério da Saúde;

Art. 74

83
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio, intervenção federal ou de grave perturbação
da ordem;
VIII - nos CASOS DE EMERGÊNCIA OU DE CALAMIDADE PÚBLICA, quando caracterizada urgência de
atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços
públicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares,
e somente para aquisição dos bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e
para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, contado
da data de ocorrência da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação dos respectivos contratos
e a recontratação de empresa já contratada com base no disposto neste inciso;
§ 6º [...] considera-se emergencial a contratação por dispensa com objetivo de manter a continuidade do
serviço público, e deverão ser observados os valores praticados pelo mercado e adotadas as providências
necessárias para a conclusão do processo licitatório, sem prejuízo de apuração de responsabilidade dos
agentes públicos que deram causa à situação emergencial.

Lei 14.133/21 – Alienações


Sempre LEILÃO (bens móveis ou imóveis).
* Para todos verem: esquema

AUTORIZAÇÃO
LEGISLATIVA
(exceto origem judicial DISPENSADA:
ou dação)
IMÓVEIS - Dação;
- Doação ou venda
para outra adm;
LICITAÇÃO LEILÃO
-Permuta outro
ALIENAÇÃO DE imóvel;
BENS Etc.
Interesse público
+ avaliação DISPENSADA:
MÓVEIS - Doação social;
LICITAÇÃO - Permuta adm;
LEILÃO
-Venda ações e
títulos;
Etc.

Lei 14.133/21 – Procedimentos Auxiliares

Art. 78

84
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

São procedimentos auxiliares das licitações e das contratações regidas por esta Lei:
I - credenciamento;
II - pré-qualificação;
III - procedimento de manifestação de interesse;
IV - sistema de registro de preços;
V - registro cadastral.

Infrações e Sanções Administrativas

Art. 155

O licitante ou o contratado será responsabilizado administrativamente pelas seguintes infrações:

Exemplos:
• Dar causa à inexecução parcial ou total do contrato
• Descumprir proposta (salvo justificativa)
• Documentação (não entregar)
• Atraso sem motivo
• Fraudes
• Praticar ato lesivo previsto no art. 5º da Lei nº 12.846/13 (Lei Anticorrupção)

Art. 156.

Sanções:
I - advertência;
II – multa (0,5% > 30% do valor do contrato);
III - impedimento de licitar e contratar (>3 anos);
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar (3>6 anos);
§ 1º Na aplicação das sanções serão considerados:
I - a natureza e a gravidade da infração cometida;
II - as peculiaridades do caso concreto;
III - as circunstâncias agravantes ou atenuantes;
IV - os danos que dela provierem para a Administração Pública;
V - a implantação ou o aperfeiçoamento de programa de integridade, conforme normas e
orientações dos órgãos de controle.

Prescrição: 5 (cinco) anos, contados da ciência da infração.


• Interrompe instauração do processo adm;

85
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

• Suspende pela celebração de acordo de leniência (Lei 12.846/13);


• Suspende por decisão judicial que inviabilize a conclusão da apuração administrativa.

Art. 159.

Os atos previstos como infrações administrativas nesta Lei ou em outras leis de licitações e contratos da
Administração Pública que também sejam tipificados como atos lesivos na Lei nº 12.846/13 (Lei
anticorrupção) serão apurados e julgados conjuntamente, nos mesmos autos, observados o rito
procedimental e a autoridade competente definidos na referida Lei.

Impugnações e Recursos

Artigos

Art. 164. Qualquer pessoa pode IMPUGNAR EDITAL de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei
ou para solicitar esclarecimento sobre os seus termos, devendo protocolar o pedido até 3 (três) dias úteis
antes da data de abertura do certame.
Art. 165. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação desta Lei cabem:
I - RECURSO, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação ou de lavratura da ata, em face
de:
a) ato que defira ou indefira pedido de pré-qualificação de interessado ou de inscrição em registro
cadastral, sua alteração ou cancelamento;
b) julgamento das propostas;
c) ato de habilitação ou inabilitação de licitante;
d) anulação ou revogação da licitação;
e) extinção do contrato, quando determinada por ato unilateral e escrito da Administração;
II - PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação,
relativamente a ato do qual não caiba recurso hierárquico.

Lei 13.303/16
• Disposições aplicáveis às Estatais (Empresa pública e Sociedades de economia mista)
• Arts. 28 ao 67 (Licitações).

14. Contratos Administrativos

Prof. Matheus DeGregori

86
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

@matheusdegre

Conceito
Hely Lopes Meirelles (2016, p. 239):
Contrato administrativo é o ajuste que a Administração Pública, agindo nessa
qualidade, firma com particular ou outra entidade administrativa para a consecução de
objetivos de interesse público, nas condições estabelecidas pela própria
Administração.

Lei 14.133 de 1º de abril de 2021

Art. 191.

Até o decurso do prazo de [02 anos] a Administração poderá OPTAR por licitar ou contratar diretamente de
acordo com esta Lei OU de acordo com às [Leis nº 8.666/93, 10.520/02 (Pregão) e Lei nº 12.462/11 (RDC)],
e a opção escolhida deverá ser indicada expressamente no edital ou no aviso ou instrumento de
contratação direta, VEDADA A APLICAÇÃO COMBINADA desta Lei com as citadas no referido inciso.
Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, se a Administração optar por licitar de acordo com as
leis citadas no inciso II do caput do art. 193 desta Lei, o contrato respectivo será regido pelas regras nelas
previstas durante toda a sua vigência.

Normas aplicáveis
NORMAS EM PROCESSO DE REVOGAÇÃO (vigência até 01 de abril de 2023):
• Lei 8666/93;
• Lei 10520/02 (pregão);
• Lei 12.462/11 (RDC);

Obs: arts. 89 a 108 da 8.666/93 (crimes) já revogados!

Lei 14.133/21 – art. 89 ao 154


Título III - DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Capítulo I - Da Formalização Dos Contratos
Capítulo II - Das Garantias
Capítulo III - Da Alocação de Riscos
Capítulo IV - Das Prerrogativas da Administração

87
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Capítulo V - Da Duração dos Contratos


Capítulo VI - Da Execução dos Contratos
Capítulo VII - Da Alteração dos Contratos e Dos Preços
Capítulo VIII - Das Hipóteses de Extinção dos Contratos
Capítulo IX - Do Recebimento do Objeto do Contrato
Capítulo X - Dos Pagamentos
Capítulo XI - Da Nulidade dos Contratos
Capítulo XII - Dos Meios Alternativos de Resolução de Controvérsias

Formalização dos contratos

Artigos

Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito
público, e a eles serão aplicados, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as
disposições de direito privado.
Art. 95. O instrumento de contrato é obrigatório, salvo nas seguintes hipóteses (ex: carta-contrato, nota de
empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço):
I - dispensa de licitação em razão de valor;
II - compras com entrega imediata e integral dos bens adquiridos e dos quais não resultem obrigações
futuras, inclusive quanto a assistência técnica, independentemente de seu valor.
§ 2º É nulo e de nenhum efeito o CONTRATO VERBAL com a Administração, salvo o de pequenas compras
ou o de prestação de serviços de pronto pagamento (até R$ 10mil).

Formalização dos contratos

Art. 94.

88
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

A divulgação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) é condição indispensável para a eficácia
do contrato e de seus aditamentos e deverá ocorrer nos seguintes prazos, contados da data de sua
assinatura:
I - 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação;
II - 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação direta.
§ 1º Os contratos celebrados em caso de urgência terão eficácia a partir de sua assinatura e deverão ser
publicados nos prazos previstos nos incisos I e II do caput deste artigo, sob pena de nulidade.

Garantias – art. 96
Poderá ser exigida (no edital) PRESTAÇÃO DE GARANTIA nas contratações de obras,
serviços e fornecimentos.
§ 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de garantia:
* Para todos verem: esquema

I - caução em
dinheiro ou em
II - seguro-garantia; III - fiança bancária;
títulos da dívida
pública [...];

Alocação de riscos – art. 103

Art. 94.

Art. 103. riscos contratuais previstos e presumíveis e prever MATRIZ DE ALOCAÇÃO DE RISCOS, alocando-os
entre contratante e contratado, mediante indicação daqueles a serem assumidos pelo setor público ou pelo
setor privado ou daqueles a serem compartilhados.
§ 4º A matriz de alocação de riscos DEFINIRÁ O EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO INICIAL do contrato
em relação a eventos supervenientes e deverá ser observada na solução de eventuais pleitos das partes.

§ 5º Sempre que atendidas as condições do contrato e da matriz de alocação de riscos,


será considerado mantido o equilíbrio econômico-financeiro, renunciando as partes aos
pedidos de restabelecimento do equilíbrio relacionados aos riscos assumidos, exceto no que se
refere:
• Alterações unilaterais pela Administração (art. 124, I);

89
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

• Aumento ou à redução, por legislação superveniente, dos tributos diretamente pagos


pelo contratado em decorrência do contrato.

Prerrogativas da adm – art. 104

• Exigência de garantia;
cláusulas • Restrição à oposição de exceção do contrato
exorbitantes não cumprido (art. 137, IV);
• Medidas de compensação (art. 26, §6º)

Modificação
Ocupação
Fiscalização e extinção Sanções
provisória
unilateral

Duração dos contratos – art. 106


Previsão no edital;
Serviços e fornecimentos contínuos: 5 anos (prorrogável até 10 anos);
Prazo de até 10 anos para:
• alta complexidade tecnológica e defesa nacional;
• materiais de uso das Forças Armadas, para fins de padronização (com exceções);
• inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo;
• comprometimento da segurança nacional;
• transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde
(SUS);
• insumos estratégicos para a saúde.

Sistemas estruturantes de tecnologia da informação: 15 anos;


Prazo indeterminado: usuária de serviço público em monopólio;
contratação que gere receita e contrato de eficiência que gere economia:
• até 10 anos, contratos sem investimento
• até 35 anos, com investimento

Duração dos contratos – art. 106


* Para todos verem: esquema

90
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

• serviços e fornecimentos contínuos;


5+5

•alta complexidade tecnológica e defesa nacional; materiais de uso das Forças Armadas, para fins de
padronização;
10 •inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo; comprometimento da segurança
nacional;
•transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o (SUS); insumos estratégicos para a saúde.

15 • Sistemas estruturantes de tecnologia da informação

10/35 • Contratação que gere receita e contrato de eficiência que gere economia

• usuária de serviço público em monopólio;

Execução dos contratos


Art. 116. Ao longo do contrato, o contratado deverá cumprir a reserva de cargos prevista em
lei para:
• pessoa com deficiência;
• reabilitado da Previdência Social;
• aprendiz;
• entre outras reservas de cargos previstas em normas específicas.

OBS:
• o atendimento da reserva de cargos é requisito de habilitação (art. 63, IV);
• não atendimento será motivo para extinção do contrato (art. 137, IX);

Execução dos contratos

Artigos

91
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Art. 117: fiscal do contrato (preferencialmente servidor efetivo);


Art. 118. O contratado deverá manter preposto aceito pela Administração no local da obra ou do serviço
para representá-lo na execução do contrato.
Art. 120. O contratado será responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a terceiros
em razão da execução do contrato, e não excluirá nem reduzirá essa responsabilidade a fiscalização ou o
acompanhamento pelo contratante.
Art. 122. Na execução do contrato e sem prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, o contratado
poderá subcontratar partes da obra, do serviço ou do fornecimento até o limite autorizado, em cada caso,
pela Administração.

Execução dos contratos

Artigos

Art. 121. Somente o contratado será responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e
comerciais resultantes da execução do contrato.
§ 1º A inadimplência do contratado em relação aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não
transferirá à Administração a responsabilidade pelo seu pagamento e não poderá onerar o objeto do
contrato nem restringir a regularização e o uso das obras e das edificações, inclusive perante o registro de
imóveis, ressalvada a hipótese prevista no § 2º deste artigo:

Contratações de SERVIÇOS CONTÍNUOS com REGIME DE DEDICAÇÃO EXCLUSIVA DE


MÃO DE OBRA, a Administração responderá:
• SOLIDARIAMENTE pelos encargos PREVIDENCIÁRIOS;
• SUBSIDIARIAMENTE pelos encargos TRABALHISTAS.
• Se comprovada falha na fiscalização do cumprimento das obrigações do contratado
(culpa in vigilando);

Alteração dos Contratos e Preços


* Para todos verem: esquema

92
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

+ 25%
+50%
VALOR (reforma)
CONTRATUAL

UNILATERAL
- 25%
(pela Adm)

PROJETO OU
ESPECIFICAÇÕES

TEORIA DA IMPREVISÃO

Art. 124. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas,
II - por acordo entre as partes:
d) para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em caso de força maior,
caso fortuito ou fato do príncipe ou em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de
consequências incalculáveis, que inviabilizem a execução do contrato tal como pactuado,
respeitada, em qualquer caso, a repartição objetiva de risco estabelecida no contrato.
§ 2º Será aplicado o disposto na alínea "d" do inciso II do caput deste artigo às contratações de
obras e serviços de engenharia, quando a execução for obstada pelo atraso na conclusão de
procedimentos de desapropriação, desocupação, servidão administrativa ou licenciamento
ambiental, por circunstâncias alheias ao contratado.

* Para todos verem: esquema

93
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

SUBSTITUIÇÃO DA
GARANTIA DA
EXECUÇÃO

REGIME DE EXECUÇÃO

FORÇA MAIOR ou
BILATERAL
CASO FORTUITO
FORMA DE
PAGAMENTO

FATO DO PRÍNCIPE

REEQUILÍBRIO
(Teoria da Imprevisão)
FATOS IMPREVISÍVEIS
ou de consq. incalc.

ATRASO em
desapropriação,
desocupação, licenc.
(sem culpa)

Artigos

Art. 131. A extinção do contrato não configurará óbice para o reconhecimento do desequilíbrio econômico-
financeiro, hipótese em que será concedida indenização por meio de termo indenizatório.
Parágrafo único. O pedido de restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro deverá ser formulado
durante a vigência do contrato e antes de eventual prorrogação nos termos do art. 107 desta Lei.
Art. 134. Os preços contratados serão alterados, para mais ou para menos, conforme o caso, se houver,
após a data da apresentação da proposta, criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos
legais ou a superveniência de disposições legais, com comprovada repercussão sobre os preços
contratados.

Extinção dos contratos – art. 137


ADM. PODE EXTINGUIR (motivação + contraditório):

94
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

• Descumprir do edital e contrato; Desatender determinações;


• Alterar empresa (afetando contrato);
• Falência, insolvência, dissolução da sociedade ou falecimento do contratado;
• caso fortuito ou força maior, regularmente comprovados;
• Atraso na obtenção da licença ambiental, desapropriação, a desocupação ou a servidão;
• Interesse público, justificadas pela autoridade máxima do contratante;
• Descumprir reserva de cargos (PcD, reabilitado e aprendiz);

§ 2º O CONTRATADO TERÁ DIREITO à extinção:


• Supressão além do limite do art. 124;
• Suspensão de execução acima de 3 meses;
• Repetidas suspensões que totalizem 90 dias úteis;
• Atraso superior a 2 meses no pagamento;
• Não liberação de área, local ou objeto, para execução de obra, serviço ou fornecimento,
e de fontes de materiais naturais especificadas no projeto, inclusive devido a atraso ou
descumprimento das obrigações atribuídas pelo contrato à Administração relacionadas a
desapropriação, a desocupação de áreas públicas ou a licenciamento ambiental.

* Para todos verem: esquema

UNILATERAL motivado por


(Adm) escrito

Conciliação ou
mediação
BILATERAL
EXTINÇÃO (consensual) Comitê de
resolução de
disputas

JUDICIAL

DETERMINADA

ARBITRAL

Extinção Unilateral:

Artigos

95
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por ato próprio da
Administração;
II - ocupação e utilização do local, das instalações, dos equipamentos, do material e do pessoal
empregados na execução do contrato e necessários à sua continuidade;
III - execução da garantia contratual para:
a) ressarcimento da Administração Pública por prejuízos decorrentes da não execução;
b) pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e previdenciárias, quando cabível;
c) pagamento das multas devidas à Administração Pública;
d) exigência da assunção da execução e da conclusão do objeto do contrato pela seguradora, quando
cabível;
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à Administração
Pública e das multas aplicadas.

Nulidade dos Contratos


• Capítulo IX - Do Recebimento do Objeto do Contrato
• Capítulo X - Dos Pagamentos
• Capítulo XI - Da Nulidade dos Contratos

Artigos

Art. 147. Constatada irregularidade no procedimento licitatório ou na execução contratual, caso não seja
possível o saneamento, a decisão sobre a suspensão da execução ou sobre a declaração de nulidade do
contrato somente será adotada na hipótese em que se revelar medida de interesse público, [...]
§ 2º Ao declarar a nulidade do contrato, a autoridade, com vistas à continuidade da atividade
administrativa, poderá decidir que ela só tenha eficácia em momento futuro, suficiente para efetuar nova
contratação, por prazo de até 6 (seis) meses, prorrogável uma única vez.
Art. 149. A nulidade não exonerará a Administração do dever de indenizar o contratado [...]

Meios alternativos de resolução de controvérsias

Artigos

96
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Art. 151. Nas contratações regidas por esta Lei, poderão ser utilizados meios alternativos de prevenção e
resolução de controvérsias, notadamente a conciliação, a mediação, o comitê de resolução de disputas e a
arbitragem.
Parágrafo único. Será aplicado o disposto no caput deste artigo às controvérsias relacionadas a direitos
patrimoniais disponíveis, como as questões relacionadas ao restabelecimento do equilíbrio econômico-
financeiro do contrato, ao inadimplemento de obrigações contratuais por quaisquer das partes e ao cálculo
de indenizações.
Art. 152. A arbitragem será sempre de direito e observará o princípio da publicidade.
Art. 153. Os contratos poderão ser aditados para permitir a adoção dos meios alternativos de resolução de
controvérsias.
Art. 154.O processo de escolha dos árbitros, dos colegiados arbitrais e dos comitês de resolução de
disputas observará critérios isonômicos, técnicos e transparentes.

Lei 13.303/16
• Disposições aplicáveis às Estatais (Empresa pública e Sociedades de economia mista)
• Arts. 68 ao 84 (Contratos).

15. Intervenção do Estado na Propriedade e Domínio Econômico

Prof. Matheus DeGregori


@matheusdegre

97
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Conceito
Hely Lopes Meirelles (2016, p. 722):
Para o uso e gozo dos bens e riquezas particulares o Poder Público impõe normas e
limites e, quando o interesse público o exige, intervém na propriedade privada e na
ordem econômica, através de atos de império tendentes a satisfazer as exigências
coletivas e a reprimir a conduta antissocial da iniciativa particular.

Intervenção na Propriedade
* Para todos verem: esquema

Supressiva: Desapropriação

Servidão
Administrativa;
MODALIDADES:
Requisição;

Ocupação
Restritiva:
Temporária;

Limitações
Administrativas;

Tombamento.

Desapropriação

1. Desapropriação ordinária
Fundamento:

CF/88, art. 5º, XXIV

98
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição;

• Utilidade ou necessidade pública: DL nº 3.365/41


• Interesse social: Lei 4132/62

Competência para legislar: União;


Competência declaratória (ut. Pública/int. social): comum (todos os entes) + DNIT e ANEEL
Competência executória: ente que declarou + concessionários/delegatários (autorização);

2. Desapropriação Urbanística
Fundamento:

CF/88, art. 182, § 4º

É facultado ao PODER PÚBLICO MUNICIPAL, mediante lei específica para área incluída no plano diretor,
exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - DESAPROPRIAÇÃO com pagamento mediante TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

3. Desapropriação Rural
Fundamento:

CF/88, art. 5º, XXIV

99
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

CF/88, art. 184: Compete à UNIÃO DESAPROPRIAR POR INTERESSE SOCIAL, para fins de REFORMA
AGRÁRIA, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante PRÉVIA E JUSTA
INDENIZAÇÃO EM TÍTULOS DA DÍVIDA AGRÁRIA, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no
prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
§ 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a
União a propor a ação de desapropriação.
§ 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
processo judicial de desapropriação. (LC 76/93)

4. Desapropriação “Confiscatória”
Fundamento:

CF/88, art. 243

As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de
plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei SERÃO EXPROPRIADAS e
destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, SEM QUALQUER INDENIZAÇÃO ao
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no
art. 5º.

• Lei 8257/91

Bens desapropriáveis:
Móveis e imóveis;
Imóveis só pelo ente onde estão situados;

Bens públicos:
Só pelo ente de maior abrangência;
Autorização por lei (ou acordo);

* Para todos verem: esquema

100
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

ESTADO
UNIÃO

DF
Estados

Municípios Municípios

Procedimento
1. Fase declaratória:
• decreto expropriatório; início do prazo caducidade (2 ou 5);
• direito de penetrar no bem;

2. Fase executória:
1. Processo administrativo (se houver acordo = FIM); ou
2. Ação de desapropriação: discussão (mérito) sobre o valor da indenização apenas;
Imissão provisória na posse: urgência + depósito de valor arbitrado pelo Juiz;

Servidão Administrativa
• Direito real público (ônus real);
• Execução de obras e serviços de interesse coletivo;
• Sobre bens imóveis;
• Definitividade;
• Mediante acordo ou decisão judicial;
• Indenização prévia (se houver prejuízo);

CF/88, Art. 5º, XXV

101
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

Requisição
• Direito pessoal da Adm;
• Perigo público iminente;
• Sobre bens móveis, imóveis e serviços;
• Transitoriedade;
• autoexecutória;
• Indenização ulterior (se houver prejuízo);

Ocupação temporária
• Direito pessoal da Adm;
• Necessidade de obras e serviços (sem urgência);
• Sobre bens imóveis;
• Transitoriedade;
• autoexecutória;
• Gratuita ou remuneração/indenização;

Limitações administrativas
• Atos normativos de caráter geral;
• Derivam do poder de polícia;
• Destinatários indeterminados;
• Interesse público abstrato;
• Sobre bens móveis ou imóveis;
• Definitividade;
• Sem indenização;

Tombamento
• Proteção do patrimônio cultural;
• Voluntário ou compulsório;
• Provisório ou definitivo;
• Bem móveis, imóveis, bairros e cidades;
• Bens públicos (“reciprocamente”);
• Processo adm. Prévio;
• Regime especial de propriedade (várias restrições);
• DL 25/37

102
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Intervenção do Estado no domínio econômico

Artigos – Constituição Federal

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica
pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da
concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a
responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados
contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
Art. 174. Como AGENTE NORMATIVO E REGULADOR da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma
da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público
e indicativo para o setor privado.

Abuso do poder econômico


Hely Lopes Meirelles (2016, p. 774):
O abuso do poder econômico pode assumir as mais variadas modalidades, visando
sempre ao açambarcamento dos mercados, à eliminação da concorrência e ao
aumento arbitrário dos lucros, neste caso mediante um excessivo e injustificável
aumento de preços.

As formas usuais de dominação dos mercados são os trustes e cartéis.


O truste é a imposição das grandes empresas sobre os concorrentes menores, visando a
afastá-los do mercado ou obrigá-los a concordar com a política de preços do maior vendedor; o
cartel é a composição voluntária dos rivais sobre certos aspectos do negócio comum.

Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência


• Lei 12.529/11 (SBDC)
CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica;
Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda.

Art. 31

103
1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

Esta Lei aplica-se às pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado, bem como a quaisquer
associações de entidades ou pessoas, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente, com
ou sem personalidade jurídica, mesmo que exerçam atividade sob regime de monopólio legal.

• Infrações à ordem econômica (art. 36);


• Penas (arts. 37 ao 45);

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1ª Fase | XXXV Exame de Ordem
Direito Administrativo

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