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Aula 7 - Direito Probatório (parte I)

- Com saneamento e organização do processo, o juiz decide se vai colher a prova oral
ou se vai continuar o processo independente da instrução.
 Necessidade de observação da produção de prova como um todo.

1. Conceito e objeto da prova:


 Estudo da prova;
 Prova é todo elemento, dado ou informação do processo que atua na formação
do convencimento do juiz sobre as alegações de fato das partes;
 Fatos incontroversos: não são objeto de prova;
 Fatos notórios: não são objeto de prova;
 Reconstrução subjetiva de prova: convencimento de alguém da veracidade das
alegações;
 Sentido objetivo da prova: é o dado ou elemento trazido ao processo que
sustenta materialidade a prova (Ex.: documento, laudo, depoimento etc.)
 Presume-se que o Direito é conhecido pelo juiz, portanto, as alegações de direito
não são objetos de prova, mas isso não é uma regra absoluta.
 A prova das alegações do direito aparece quando a causa apresenta alguma
perspectiva do direito estrangeiro, que o juiz brasileiro não tenha a obrigação de
saber por inteiro.
 O que orienta o estudo subjetivo da prova é convencer o juiz, materialmente se
sustenta a ideia de laudo, documento, etc.

2. Princípio do contraditório
 O direito civil italiano entende que todo o processo é um permanente
contraditório.
 Direito constitucional ao contraditório: todas as pessoas que tenham alegações
de fatos de direitos contra si, também devem ter a oportunidade nos autos de
apresentar as suas razoes, de contraditar aquelas alegações colocadas, presunção
de que não existe uma verdade a priori, ela é construída no curso do processo;
 Direito das partes em influir (tender) na convicção e formação do
convencimento do juiz;
 Direito a produção de provas admitidas no ordenamento jurídico;
 Destinatários da prova:
a) Destinatário direto: o juiz de primeiro grau e excepcionalmente o de segundo
grau;
b) Destinatário indireto: as partes e demais interessados do processo;
c) Poder de iniciativa instrutória: juiz ou a parte?
 Condições cooperativas de produção da prova: tanto as partes quanto o juiz
devem colaborar com a produção da verdade dos fatos;
 Indeferimento e reexame da prova pela instância superior é sempre possível,
porque o juiz pode examinar incorretamente e de alguma maneira errar. Tem
relação com o principio do contraditório porque a prova tem um folego de
discussão muito elevado e longo.

3. Critérios para a valoração da prova


 Critério da prova legal: prova produzida de forma estritamente vinculada;
 Fato provado: quando o juiz aceita as alegações do réu ou do autor.
 Fato provando: ainda precisa de uma produção de provas para se saber se ela
pode deixar de ser controversa.
 Alegação de fato: não tem a menor relevância;
 Antigamente o que prevalecia era o critério da prova legal, ela precisava ser
produzida de maneira totalmente vinculada a lei, o juiz não poderia expressar as
suas convicções. Embora a lei tenha a sua importância, hoje entendemos que
existem outros critérios.
 Critério da intima convicção do juiz: livre apreciação das provas sem
fundamentação objetiva, subjetivismo. Opera no sentido oposto da prova legal,
entende que o juiz pode apreciar a prova subjetivamente a partir do critério que
bem entender, livre para apreciação das provas tendo ou não fundamento dos
autos;
 Critério do livre convencimento motivado (predominantemente no CPC/73),
parte da doutrina entende que esse critério pode dar margem a uma
discricionariedade, no sentido de que o juiz pode fundamentar valoração da
prova, mas extrapolar os critérios de legalidade e, de forma discricionária,
tomar uma decisão.
a) Fundamentar a valoração da prova;
b) Indicar a motivação do convencimento judicial;
c) Liberdade e legalidade na apreciação das provas: discricionariedade.
 Critério do convencimento motivado (predominante no CPC/15): não há
liberdade absoluta, não deve ser nem estritamente vinculado e nem
subjetivista, mas é preciso motivar com base no processo a valoração das
provas, por isso se diz que por esse critério se busca a verdade processualmente
possível. O que está nos autos e foi produzido como prova é o que deve
significar convencimento e apreciação da prova.
 Ele é contrario ao voluntarismo e a discricionariedade. Trabalha com a ideia de
que a motivação e a fundamentação do processo de apreciação das provas feito
pelo juiz deve ser democrático e aberto às partes, construído no próprio
processo.
a) A busca da verdade processualmente possível;
b) Decisões fundamentadas com alta probabilidade e plausibilidade;
c) Contrário ao voluntarismo e a discricionariedade judicial.

4. Ônus da prova
 Ônus tem a ver com a quem pertence a produção das provas;
 Conduta imperativa das partes de produzir a prova de suas alegações;
 Dinâmica da distribuição do ônus da prova entre as partes:
a) Suficiência do material probatório produzido – contribui para o julgamento
favorável das alegações de fato;
b) Insuficiência do material probatório – contribui para o julgamento desfavorável
das alegações de fato;
c) Allegatio et non probatio, quase non probatio – alegação sem prova não é
prova;
d) Ônus da prova do autor: prova das alegações de fatos constitutivos;
e) Ônus da prova do réu: prova de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do autor.

5. Inversão e redistribuição do ônus da prova


 Inversão do ônus da prova;
 O encargo de produção da prova é invertido do autor para o réu;
 O ônus da prova é invertido por lei ou por decisão;
 Exemplos clássicos: art. 6º do Código de Defesa do Consumidor e art. 1597, II,
CC – investigação de paternidade;
 Momento de redistribuição do ônus da prova pelo juiz: antes da sentença e na
fase de saneamento e organização do processo;
 Negócio processual e distribuição do ônus da prova:
a) Livre convenção dos encargos probatórios;
b) Impossível quando se trata de direitos indisponíveis;

6. Meios de prova e prova emprestada


 Meio de prova é o mecanismo de levar prova ao processo;
 Meio de provas típicos: previstos expressamente na lei processual civil; orais,
documentais ou técnicas;
 Meios de prova atípicas: não prevista expressamente em lei processual (ex.:
prova de informações públicas ou privadas, prova testemunhal por escrito;
 Prova emprestada:
a) É a prova de um processo aproveitada em outro;
b) Prova trazida por empréstimo observando o contraditório na admissibilidade;
c) Contraditório no processo de origem e no processo de destino;
d) O documento que materializa a prova emprestada deve estar disponível para
todos os interessados no processo.

7. Demandas probatórias autônomas e produção antecipada de prova


 Demanda autônoma cautelar de preservação ou ‘asseguração’ das provas:
a) Pressuposto: risco de não colher a prova em razão de demora no processo. Ex.:
antecipação do depoimento de testemunha gravemente doente;
b) Busca-se a segurança de produção antecipada e autônoma de prova para não se
perder o proveito delas em futuro processo;
 Descoberta da prova (origem no direito inglês):
a) A produção antecipada de prova com possibilidade de produzir solução
consensual e prevenir o litigio. Ex.: perícia em vazamento de água no
condomínio ou no apartamento individual antes de ajuizar a demanda;
 Arrolamento de bens
a) Listar de forma documental os bens de alguém para que isso seja utilizado no
futuro do processo. Ex.: separação judicial: arrolar os bens para se saber quais
são os bens do casal ou dos cônjuges em particular.
 Justificação: produção autônoma de provas através de jurisdição voluntária ou
equivalente. Ex.: prova testemunhal da união estável. Prova de fato
previdenciário.
 Algumas generalidades:
 A competência do juízo para apreciar e julgar a demanda probatória autônoma
ou a produção antecipada de prova não pré-fixada nem fia a competência futura;
 O processo pode ou não ter curso no mesmo juízo em que ocorreu a demanda
probatória autônoma.

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