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Nesse sentido, pode-se citar o §1°, IV, do art. 225 da CF/88, aonde se lê que
incumbe ao Poder Público: “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio
de impacto ambiental, a que se dará publicidade”.
1
Estudante da Graduação. Matrícula: 180132105.
2
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 21. ed. São Paulo: Malheiros Editores,
2013. 1301 pág.
3
SARLET, Ingo Wolfgang; FENSTERSEIFER, Tiago. Curso de Direito Ambiental. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2021, p. 624-625; p. 1190-1192.
Diversidade Biológica 4, a Convenção-Quadro das Nações Unidas 5 e a Declaração do Rio
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 6.
Entende-se que não cabe à sociedade provar que determinada atividade causa
riscos de danos e é potencialmente danosa, pois a coletividade, além de ser uma das
principais afetadas pela atividade, não aufere ganhos dessas atividades, que concentram
seus benefícios em poucos sujeitos privados. Isso em detrimento do público.
4
“Observando também que, quando exista ameaça de sensível redução ou perda de diversidade biológica,
a falta de plena certeza científica não deve ser usada como razão para postergar medidas para evitar ou
minimizar essa ameaça” [Assinada no Rio de Janeiro em 5.6.1992, ratificada pelo Congresso Nacional pelo
Decreto Legislativo 2, de 3.2.1994, tendo entrado em vigor para o Brasil em 29.5.1994 e promulgada pelo
Decreto 2.519, de 16.3.1998 (D O U 17.3.1998) ].
5
“Princípios - 3. As Partes devem adotar medidas de precaução para prever, evitar ou minimizar as causas
da mudança do clima e mitigar seus efeitos negativos. Quando surgirem ameaças de danos sérios ou
irreversíveis, a falta de plena certeza científica não deve ser usada como razão para postergar essas
medidas, levando em conta que as políticas e medidas adotadas para enfrentar a mudança do clima devem
ser eficazes em função dos custos, de modo a assegurar benefícios mundiais ao menor custo possível”
[Decreto 2.652, de 1.7.1998, promulgando a Convenção (D O U 2.1.1999) ]
6
Princípio 15: “Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente
observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou
irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de
medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental”.
7
Nesse sentido, afirma o art. que “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
Nesse sentido, são vedadas intervenções no meio ambiente, salvo casos em que
resta comprovada a segurança das atividades praticadas. Isto para que as atividades
possivelmente poluidoras ou degradantes sejam retardadas até que exista consenso sobre
seus impactos e riscos ao meio ambiente.
Outrossim, pela interpretação do art. 6º, VIII, da Lei n. 8.078/1990 (CDC) c/c o
art. 21 da Lei n. 7.347/1985 (Lei das Ações Civis Públicas), a inversão do ônus da prova
é justificável pela transferência do ônus de demonstrar a segurança do empreendimento
ao responsável pela atividade potencialmente lesiva.
8
Nesse sentido: AgInt no AREsp 1.311.669/SC; o REsp 1060753/SP; e o REsp 883656/RS.
9
A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental (Súmula n. 618/STJ).
10
Declaração de Wingspread, janeiro de 1998, Wisconsin. Segundo Cezar e Abrantes, a Declaração de
Wingspread comporta quatro elementos: I - ameaça de dano; II - inversão do ônus da prova; III- incerteza
científica e IV- medidas de precaução. Frederico G. Cezar, Paulo César C. Abrantes. Princípio…, 2003.
11
The First European Seas at Risk Conference, Copenhagen, 26–28 October 1994.
12
Carolyn Raffensperger, Joel Tickner (orgs). Protecting…, 1997.
3. Esferas de Responsabilização
A precaução, como dito, age no sentido de evitar os danos que não se sabe se
podem ocorrer 13. Essa segurança reforçada ao meio ambiente, por conseguinte, não deve
ser feita apenas por uma das esferas de responsabilização do Estado, mas por todas.
Dessa forma, a responsabilidade pelo dano ambiental está calcada sob uma
tríplice vertente de responsabilização: Civil, Administrativa e Penal, todas independentes
entre si.
Isto posto, dita independência entre as esferas justifica-se por mais de uma razão.
Entre as esferas administrativa e judicial, por exemplo, isso ocorre porque prevalece a
unidade da jurisdição (ou modelo anglo-americano). De acordo com ela, todo ato da
administração pública pode ser levado ao Poder Judiciário, que é o único a quem cabe o
exercício da atividade jurisdicional no Estado 14.
Nesse sentido, vê-se o art. 5°, XXXV, da CF, segundo o qual: “a lei não excluirá
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Exatamente por isso, cabe
ao Judiciário a revisão do mérito do ato administrativo para o devido controle de
legalidade, incluindo a possibilidade de responsabilização em ambas as esferas pelo
cometimento de atos ilícitos.
13
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Direito Ambiental esquematizado. 8ª ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2021.
14
Celso Antônio B. de Mello. Curso…, 2015.
15
REsp 1.198.727/MG
urgentes, tanto para sanar lesões incertas às populações quanto para se precaver de danos
futuros ao meio ambiente.
4. Tutela Coletiva
Inicialmente pensado para a resolução de litígios individuais, o Direito
Processual Civil, com o advento do Estado Social, adequa-se para tutelar também
demandas de natureza coletiva, de modo que, cada vez mais, passa a se ocupar da tutela
de interesses de grupos específicos (consumidores, por exemplo) ou da sociedade
enquanto coletividade 16.
Sendo assim, as ações coletivas atuam para: 1) garantir uma uniformização das
decisões em relação a determinado evento (como, por exemplo, a quebra de uma
barragem); 2) garantir uma representação adequada de um grupo de sujeitos
indeterminado; e 3) reunir as demandas em um único juízo, que poderá desafogar o
16
Humberto Theodoro Júnior. Algumas…, 2001; José Carlos Barbosa Moreira.
17
Marcos de Araújo Cavalcanti. A Questão…, 2014.
judiciário de milhares de ações ordinárias individuais e, desse modo, garantir uma maior
racionalidade para o processo.
Assim, mostra-se uma preocupação com causas pequenas em que os lesados, por
sua dispersão e vulnerabilidade, não se habilitariam para ajuizar demandas individuais.
Evidencia-se, portanto, uma notória democratização do direito processual civil.
5. Referências
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 21. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2013. 1301 pág.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 32ª. ed. São
Paulo: Malheiros, 2015.
RAFFENSPERGER, Carolyn; TICKNER, Joel (orgs). Protecting public health and the
environment: implementing the precautionary principle. Washington: Island Press, 1999,
p. 353-4. E GIRAUD, Catherine: Le Droit et le príncipe de précaution: Leçons
d'Australie. Revue juridique de l’environnemen., n. 1, p. 15, 1997.
18
Edilson Vitorelli. Devido Processo…, 2019.
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Direito Ambiental esquematizado. 8ª ed. São Paulo:
Saraiva Educação, 2021.
The First European Seas at Risk Conference, Copenhagen, 26–28 October 1994.
VITORELLI, Edilson. Devido Processo Legal Coletivo: dos direitos aos litígios coletivos
[livro eletrônico]. -- 2. ed. -- São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019.