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a) A respeito das intervenções na propriedade privada almejadas pelo

Município (passagem de tubulação de gasoduto e retirada da propriedade


privada para transferência ao Município), descreva quais são os instrumentos
jurídicos adequados para essa finalidade e quais são as formalidades impostas
pela Constituição de 1988 e pela legislação aplicável à espécie para que sejam
implementados. Ainda, informar se é possível ao Município intervir em
propriedade do Estado pelo mesmo instrumento com que poderá intervir na
propriedade particular.

R: Em relação a retirada da propriedade privada para transferir para o


município, ocorrerá a desapropriação ordinária para fins necessidade ou
utilidade pública, conforme o artigo 5º, XXIV da CF/88, possuindo respaldo no
decreto de Decreto nº 3.365/1941. Já em relação a passagem de tubulação do
gasoduto, será usado o instrumento de servidão administrativa, derivada de
autorização publica para concessão de obras e serviços de interesse público.
Temos como basilar para a servidão administrava o art. Art. 5º, XXIII e Art.
170,III. Ao analisamos os conceitos da intervenção, a servidão administrativa
não poderá ocorrer do município para o estado, em decorrência do princípio da
hierarquia federativa.

b) Depois de adquirida toda a propriedade e realizada a obra necessária para


implantação do Parque Industrial, o Prefeito Municipal deseja transferir tal
propriedade para empresas privadas a explorarem com a implantação de
indústrias para o desenvolvimento da região. Considerando que os bens
públicos são, via de regra, inalienáveis, e que o Prefeito Municipal não
pretende doar tais imóveis às empresas, qual seria o instrumento jurídico que
viabiliza a utilização privativa do bem público por particulares, o qual garante
também segurança jurídica para aqueles que investirão na propriedade
pública? Responda justificadamente.
R: Para que haja a transferência dos bens para um particular, deverá ser
utilizado a concessão de uso, que consistirá em um contrato administrativo,
onde a administração pública através de licitação facultara a utilização privativa
do bem público para que o exerça conforme sua destinação. Esse contrato
poderá ser oneroso ou gratuito, por tempo determinado, objetivando o exercício
de maior vulto, onde sua outorga não será precária. Para casos como esse,
temos respaldo na Lei Federal n.º 8.987/95, a qual disserta que a concessão
possui segurança jurídica para tal ato.

2) O desastre ambiental pode ser conceituado como um acontecimento que


provoca uma alteração negativa no meio ambiente, tal como a desestabilização
da fauna e da flora, a morte e a deslocação de pessoas. Os desastres
ambientais tanto podem ter origem natural, como podem ocorrer por
intervenção humana. A poluição, a degradação do meio ambiente, a elevada
produção de resíduos sólidos e o desmatamento das florestas, por exemplo,
são fatores que podem contribuir para a ocorrência dessas catástrofes. Diante
destas informações e o que foi estudado nas aulas, responda ao que se segue:

Cite e explique qual a teoria utilizada na tutela do meio ambiente pertinente à


responsabilidade cível do agente poluidor. Utilize em sua resposta
fundamentação legal, jurisprudencial e doutrinária. Esse critério será utilizado
na valoração da resposta do aluno.

De acordo com ordenamento jurídico pátrio, em matéria ambiental, legitima a


teoria da responsabilidade civil objetiva artigo 927 do código civil em seu
paragrafo único junto a lei 6.938/81, no seu artigo 14, § 1º que haverá
obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” Está
lei é instituidora da Política Nacional do Meio Ambiente, responsabilidade
objetiva por danos ao meio ambiente.
Os requisitos para a reparação Civil, sem a necessidade de “culpa” do
causador, são duas:

1. Casos especificados em lei

2. Quando a atividade desenvolvida implicar riscos por sua natureza.

Para caracterizar Responsabilidade Civil Objetiva constará os seguintes


requisitos:

1. Ação/Omissão

2. Dano

3. Nexo de Causalidade ou elo de ligação entre o a “ação” e o “dano”.O


elemento “culpa” não se faz necessário para caracterizar a Responsabilidade
Civil objetiva.

A lei supra citada, n° 6.938/81, em seu artigo 14 dispõe que:

“Art. 14; Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal,
estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à
preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela
degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:

§ 1º – Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o


poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio
ambiente.”

Neste caso a clareza da redação e atribuir a responsabilidade objetiva,


independente da existência de culpa, ao causador do dano ambiental. Onde o
legislador brasileiro elege a teoria objetiva como sistema de prevenção e
repressão dos danos ambientais, pois essa tende a suprir a necessidade de
certos danos, que não seriam reparados pelo critério tradicional da culpa (teoria
subjetiva)
A Constituição Federal consagra em seu artigo 225, § 3º, a Responsabilidade
Civil Objetiva no âmbito do Ambiente, uma vez que dispõe sobre a
responsabilidade dos causadores do dano, independente da obrigação de
reparar o dano. Ela estabelece como forma de reparação do dano ambiental
três tipos de responsabilidade, civil, penal e administrativa, todas
independentes e autônomas entre si.Com uma única ação ou omissão pode-se
cometer os três tipos de ilícitos autônomos e também receber as sanções
cominadas. Pois a todo cidadão confere, sem exceção, direito subjetivo público
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, oponível ao Estado que
responderá por danos causados ao ambiente, só, ou solidariamente, caso o
dano seja decorrência de entidade privada, por ele não policiada.

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as
presentes e futuras gerações.

§ 3º – As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente


sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.”

O Poluidor

“Não se aprecia subjetivamente a conduta do poluidor, mas a ocorrência do


resultado é prejudicial ao homem e seu ambiente. A atividade poluente acaba
sendo uma apropriação pelo poluidor dos direitos de outrem, pois na realidade
a emissão poluente representa um confisco do direito de alguém respirar ar
puro, beber água saudável e viver com tranqüilidade(…)”(MACHADO, 2000.
p.273).

O Poluidor é obrigado, independentemente da existência da culpa, a indenizar


ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por
sua atividade”.

Segundo Antônio Herman V. Benjamin[14], "O princípio poluidor-pagador não é


um princípio de compensação dos danos causados pela poluição. Seu alcance
é mais amplo, incluídos todos os custos da proteção ambiental, e ‘quaisquer
que eles sejam’, abarcando, a nosso ver, os custos de prevenção, de
reparação e de repressão do dano ambiental, assim como aqueles outros
relacionados com a própria utilização dos recursos ambientais, particularmente
os naturais, que ‘têm sido historicamente encarados como dádivas da natureza,
de uso gratuito ou custo marginal zero.’".

A Lei 6.938/1981, é expressa no tocante à responsabilidade do causador do


dano ambiental, em decorrência do princípio do poluidor-pagador, no seu art.
4°, VII: A Política Nacional do Meio Ambiente visará à imposição, ao poluidor e
ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e,
ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos. ”

O Princípio do Poluidor Pagador pode ter duas aplicações práticas sendo a


primeira é na fase preventiva do dano. Onde se busca inibir condutas e práticas
lesivas ao meio ambiente, com o caráter psico-pedagógico da possível punição
.E a segunda é através da recomposição ou reparação do dano.

“O princípio do poluidor-pagador, a par de exigir a recomposição do dano,


possui, em última analise, efeito preventivo, pois coíbe a prática de condutas
lesivas ao ambiente”, MILLARÉ, (2011, Pg.1.251).
Tribunal de Justiça de Minas Gerais TJ-MG - Apelação Cível: AC
10521170015148001 MG

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO AMBIENTAL. EMBARGOS À


EXECUÇÃO. ATIVIDADE DE EXTRAÇÃO DE AREIA. DESCUMPRIMENTO
DO TAC. DANO AMBIENTAL COMPROVADO. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-
PAGADOR. MULTA. POSSIBILIDADE. ÔNUS DO POLUIDOR. SENTENÇA
MANTIDA.

A teor do § 3º, do art. 225, da Constituição Federal, as condutas e atividades


consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados. Uma vez identificado, o poluidor deve
suportar as despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos
ambientais. Em consonância com o princípio do poluidor pagador, deve o
poluidor arcar com os custos da degradação causada pela atividade impactante
de extração de areia, inclusive pagamento da multa, em virtude do
descumprimento do TAC. A multa representa medida coercitiva de notória
eficácia, sendo plenamente cabível na espécie, entretanto, deve ser compatível
com o caso concreto, devendo, ainda, ser estabelecido o seu limite. Recurso
conhecido e não provido.

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