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DIREITO AMBIENTAL

AULA 01

DICAS DO PROFESSOR

O professor indicou a leitura de algumas ocorrências para conhecimento, a


saber:
1ª Ocorrência: ocorreu o rompimento da barragem sentido Rio Muriaé em
Minas Gerais no ano de 2007, mas o caso chegou em 2014 no STJ (RREsp
1.374.284/MG).
A empresa alegou força a natureza porque disse que choveu 50 dias sem parar
na cidade, mas apesar disso o STJ entendeu que ao caso se aplica a teoria do risco
integral, não sendo possível alegar força da natureza.
EMENTA
RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL. RECURSO ESPECIAL
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. DANOS
DECORRENTES DO ROMPIMENTO DE BARRAGEM. ACIDENTE AMBIENTAL
OCORRIDO, EM JANEIRO DE 2007, NOS MUNICÍPIOS DE MIRAÍ E MURIAÉ,
ESTADO DE MINAS GERAIS. TEORIA DO RISCO INTEGRAL. NEXO DE
CAUSALIDADE.
1. Para fins do art. 543-C do Código de Processo Civil: a) a responsabilidade por
dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o
nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na
unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo
dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar sua
obrigação de indenizar; b) em decorrência do acidente, a empresa deve
recompor os danos materiais e morais causados e c) na fixação da indenização
por danos morais, recomendável que o arbitramento seja feito caso a caso e
com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao nível socioeconômico
do autor, e, ainda, ao porte da empresa, orientando-se o juiz pelos critérios
sugeridos pela doutrina e jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua
experiência e bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada
caso, de modo que, de um lado, não haja enriquecimento sem causa de quem
recebe a indenização e, de outro, haja efetiva compensação pelos danos morais
experimentados por aquele que fora lesado.
2. No caso concreto, recurso especial a que se nega provimento.
2ª Ocorrência: rompimento de barragem em Mariana/MG. Aqui a empresa
alegou tremor ao justificar o rompimento da barragem. Também caiu no risco integral,
porque sabe-se que minas tem tremores, e as empresas deveriam ter previsto isso e
construído estrutura que aguentasse.
3ª Ocorrência: rompimento de barragem em Brumadinho/MG.
Quais são os problemas que temos no caso de Brumadinho?
O primeiro é o Modelo de exploração = alteamento a montante. Apesar de ser
uma alternativa mais barata para a empresa, é a opção mais perigosa para o meio
ambiente;
O segundo é o Licenciamento ambiental, que é o estado que faz. No entanto, a
Lei nº 13.575/17 criou a Agência Nacional de Mineração - ANM que tem competência
para fiscalizar as empresas, segundo o art. 2º, XI:
Art. 2o A ANM, no exercício de suas competências, observará e implementará
as orientações e diretrizes fixadas no Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de
1967 (Código de Mineração), em legislação correlata e nas políticas
estabelecidas pelo Ministério de Minas e Energia, e terá como finalidade
promover a gestão dos recursos minerais da União, bem como a regulação e a
fiscalização das atividades para o aproveitamento dos recursos minerais no
País, competindo-lhe:
XI - fiscalizar a atividade de mineração, podendo realizar vistorias, notificar,
autuar infratores, adotar medidas acautelatórias como de interdição e
paralisação, impor as sanções cabíveis, firmar termo de ajustamento de
conduta, constituir e cobrar os créditos delas decorrentes, bem como
comunicar aos órgãos competentes a eventual ocorrência de infração, quando
for o caso;

A Lei 12.334/10 (Lei de Política Nacional de Segurança de Barragens), em seu


art. 5º, informa de quem é a competência para fiscalizar as barragens, bem como a Lei
Complementar 140/11, em seu art. 17, §1º:
Art. 5o A fiscalização da segurança de barragens caberá, sem prejuízo das ações
fiscalizatórias dos órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (Sisnama):
I - à entidade que outorgou o direito de uso dos recursos hídricos, observado o
domínio do corpo hídrico, quando o objeto for de acumulação de água, exceto
para fins de aproveitamento hidrelétrico;
II - à entidade que concedeu ou autorizou o uso do potencial hidráulico, quando
se tratar de uso preponderante para fins de geração hidrelétrica;
III - à entidade outorgante de direitos minerários para fins de disposição final
ou temporária de rejeitos;
IV - à entidade que forneceu a licença ambiental de instalação e operação para
fins de disposição de resíduos industriais.
Assim, tem que ter fiscalização estadual e federal, e quem emite a licença tem
que obrigatoriamente fiscalizar. Só o município pode alegar que não precisa fiscalizar,
apesar de poder.
Existem vários tipos de licenciamentos. A legislação de minas permite a licença
simplificada, de uma vez só, para as empresas de barragem.
Importante se atentar também ao Art. 40 da Lei da Política Nacional dos
Resíduos Sólidos. Esse artigo diz que quando tem um licenciamento de atividade que
opera com resíduos sólidos, o órgão licenciador PODE existir a contratação de seguro
de responsabilidade civil por danos causados do meio ambiente. Não é deve, é pode.
Teria que substituir o pode por deve. Infelizmente isso não passa no congresso.
Art. 40. No licenciamento ambiental de empreendimentos ou atividades que
operem com resíduos perigosos, o órgão licenciador do Sisnama pode exigir a
contratação de seguro de responsabilidade civil por danos causados ao meio
ambiente ou à saúde pública, observadas as regras sobre cobertura e os limites
máximos de contratação fixados em regulamento.
Parágrafo único. O disposto no caput considerará o porte da empresa,
conforme regulamento.

A última coisa importante é a fiscalização. Atualmente, a ANM tem apenas 25


agentes fiscalizadores, o que inviabiliza a devida fiscalização, pois temos 25 mil
barragens no brasil. Apenas 3% delas são fiscalizadas por ano. Se contarmos todas a
barragens que existem no país, leva 33 anos para uma barragem ser fiscalizada
novamente.

TUTELA CONSTITUCIONAL

Antes de 1980 existiam leis esparsas ambientais, sem terem ligação sistêmica
não havia uma lei orgânica, que tratasse o ambiente como um todo.
*Estudar os princípios da lei de Estocolmo.
SISNAMA é uma lei maravilhosa, estruturante, principiológica. Deve ler inteira,
pois é muito importante.
Até 1980 há uma proteção reflexa, não sistêmica, partir de 1980 tem uma
proteção sistêmica legal, e a partir de 1988 há uma proteção constitucional.
PROTEÇAO AMBIENTAL
Antes de 1980 (proteção ambiental Após 1980 (proteção ambiental direta)
indireta)
-O primeiro Código Florestal, vigente até No ano de 1981 a Lei 6.938/81 criou o
hoje, foi criado em 1934 denominado de SISNAMA. (Proteção sistêmica e legal do
Código de Águas; meio ambiente).
-Em 1937 surgiu o Decreto Lei 25/37 que -A CF/88 eleva o meio ambiente na
trata de Tombamento; categoria de direito fundamental.
-Lei 4.771/65 -> 2º Código Florestal (Proteção ambiental prevista no texto
-Lei 6.766/79 -> Lei do Parcelamento do constitucional).
Solo Urbano -Em 2018, até dia 01º de Agosto, no
-Declaração de Estocolmo em 1972 que Brasil já tinham sido esgotados o 100%
criou alguns princípios ambientais. do meio ambiente,

Em 1980 a Global Footprint Network apurou que esse foi o último ano que foram
gastos e recuperados 100% do meio ambiente.

Antes de 1980 existiam leis esparsas ambientais, sem terem ligação sistêmica
não havia uma lei orgânica, que tratasse o ambiente como um todo.

1. Introdução

Não temos um conceito de meio ambiente em nossa Carta Magna, mas no Art.
3º, I da lei 6938/81 define meio ambiente como:

Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de


ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas.

Nesse conceito o legislador acabou limitando o meio ambiente como algo físico
e natural ao falar apenas que ele é constituído do solo, ar, água, fauna e flora. Ele
poderia ter ido além, pois nessa época já se falava no Princípio nº 15 da Declaração de
Estocolmo de 1972, que versa sobre o meio ambiente artificial urbano, a urbanização.
Por isso conceito dessa lei é considerado restrito.
Espécies de Bens ambientais:
O meio ambiente não se limita aos recursos naturais, e engloba também todos
os elementos que contribuem para o bem estar e felicidade humana.
Pela CF o conceito de MA é diferente, é mais amplo. A CF/88 trouxe espécies e
aspectos do meio ambiente, uma visão múltipla sobre o meio ambiente, informando
que ele é dividido em:
a) Físico/ natural, Art. 225, CF, consiste nos elementos que existem mesmo sem
influência do homem, como o solo, a água, ar, fauna e flora.
b) Artificial/ urbano, Art. 182, CF,consiste no espaço construído pelo homem,
na interação com a natureza. Pode ser fechado, que são os conjuntos de edificações,
ou aberto, que são as ruas, avenidas, praças;
c) Cultural, previsto nos Arts. 215 e 216, consiste no espaço construído pelo
homem, na interação com a natureza, mas que detém um valor agregado especial por
ser referência ligada à memória, aos costumes ou aos marcos da vida humana.
d) Do trabalho, previsto no Art. 200, VIII, consiste no lugar onde o ser humano
exerce suas funções laborais. A ideia aqui é preservar a saúde, a segurança e o bem
estar do trabalhador no seu ambiente de trabalho.

2. Natureza Jurídica do Meio Ambiente

Extrai-se a natureza jurídica do meio ambiente do art. 225, caput da CF/88, isto
é, o meio ambiente é um direito difuso, de fruição coletiva, fundamental (ligado à
sadia qualidade de vida, e se relaciona também com a dignidade da pessoa humana e
ao mínimo existencial) e de caráter intergeracional.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
Princípio do usuário pagador: vem da fruição do meio ambiente. Existe desde 81 (art.
4º, VII da Lei 6.938/81) e afirma que aquele que utiliza recursos ambientais com fins
econômicos, tem que devolver algo à coletividade. Exemplo: cobrança pela água. De
2010 pra cá, quem tem outorga do uso de água, tem que pagar pelo líquido.

Assim, o meio ambiente é um direito difuso, de fruição coletiva, fundamental e


de caráter intergeracional, e o Estado não pode falar em reserva do possível,
pois meio ambiente é um direito fundamental.

3. Visão biocêntrica e antropocêntrica

Visão biocêntrica/ecocêntrica: Fala-se em toda forma de vida, ou seja, não


prestigia a vida humana. Considera ser humano não mais do que uma determinada
espécie de animal.
Quando lemos o Art. 3°, I, Lei 6938/81, ele define o meio ambiente como, o
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. É uma visão
biocêntrica, não há destaque para a vida humana.
Visão antropocêntrica: Fala-se no homem na frente da vida animal. É uma visão
de mundo que considera o ser humano o fator mais importante e de valor que existe.
O antropocentrismo clássico é aquele que põe a pessoa humana como sujeito
de direitos, e a natureza como objeto. No entanto, ele já está defasado, pois desde
1982 a ONU afirma que a natureza apor si só tem direitos, e a sociedade está
caminhando para esse entendimento.

Assim, deve partir do antropocentrismo clássico para o antropocentrismo (ou


biocentrismo) moderado ou relativo, que é aquele que conjuga a vida humana e
os seus alcances com o meio ambiente equilibrado.

4. Estado constitucional ecológico ou socioambiental


*Ingo Sarlet, estudar.
O Art. 170, caput, CF diz que a ordem econômica não é um fiz em si mesma,
mas um meio para levar dignidade para as pessoas, e, como já vimos, não há dignidade
sem meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225 CF). Assim, temos que o
desenvolvimento econômico não pode violar o meio ambiente.
A CF ainda fala em princípios para garantir isso: o da função social da
propriedade e defesa do meio ambiente. Assim, toda propriedade deve cumprir sua
função social e respeitar o meio ambiente.

O princípio desenvolvimento sustentável se consolidou na Eco-92, e baseia-se


na harmonização do tripé social, ambiental e econômico. Seu conceito vem da ideia de
gerar um desenvolvimento econômico, porém, com a preocupação de preservar o
meio ambiente, mantendo-os intactos para as futuras gerações. Isso, no entanto, não
existe na nossa sociedade.
Daqui também se origina o princípio sócio econômico ambiental da
propriedade, que deve ser utilizada de modo sustentável, com vistas não só ao bem
estar do proprietário, mas da coletividade como um todo.
Além desses dispositivos, está disposto no art. 1228, §1°, do Código Civil que o
direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o
estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico
e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitar a poluição do ar e das águas.

5. Princípios do direito ambiental

Todos os princípios são constitucionais. Olhando o Art 225 temos:

a) Princípio da ubiquidade: O meio ambiente está em todos os lugares, de


modo que qualquer atividade deve ser feita com respeito a sua proteção e promoção.
O dano ambiental pelas suas próprias características não encontra fronteiras. Assim,
como se dessume pela lógica, os incidentes ambientais ocorridos em determinada
localidade, geram prejuízos aos ecossistemas por todo o globo. Esse princípio diz que
não existe barreiras geográficas deve existir uma ordem mundial de preservação, pois
ele existe em todas as situações.
b) Princípio do Usuário pagador/ bem comum: Quem se utiliza de recursos
naturais, deve pagar por essa utilização. O maio ambiente é bem indisponível, não é
objeto de apropriação e encontra-se a base do princípio do usuário pagador, ou seja,
se para ganhar dinheiro você utiliza um meio que pertence a todos, você deve
devolver a todos.
c) Princípio do direito humano fundamental: o meio ambiente é essencial para
a sadia qualidade de vida, e trata-se de um direito fundamental ligado a dignidade
humana, trazendo duas consequências: a reserva do possível e o princípio da proibição
do retrocesso (é inconstitucional retroceder). Não pode mudar pra pior.
d) Princípio da intervenção estatal obrigatória: Impõe-se ao Estado o dever de
garantir o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras
gerações. Opera com supremacia do interesse público.
e) Princípio da participação coletiva: aquele que impõe à coletividade, além do
Estado o dever de garantir o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as
presentes e futuras gerações. Se liga à democracia direta ou participativa ao rezar que
o melhor modo de tratar as questões ambientais é com a participação de todos os
cidadãos interessados O estado e a coletividade devem compartilhar ações positivas
para a proteção ambiental, mas, sempre com a intervenção do estado.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos
e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade. § 2º Aquele que explorar recursos minerais
fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução
técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se
consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que
sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição
Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio
cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure
o bem-estar dos animais envolvidos.
Estímulos para a preservação do meio ambiente

- Sanção punitiva: é como a pena que tem um caráter retributivo, mas que também
possui um caráter preventivo. De certa maneira, a punição traz o cumprimento da
legislação, pois a certeza de que será punido leva a se prevenir de situações para que a
punição não aconteça.

Como as sanções punitivas no geral não tem muito efeito, no §3° do art. 225 da
CF, determinou-se que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Essa
punição tripla não caracteriza bis in iden.
- Educação ambiental: a Constituição Federal no art. 225, VI, tipifica que cabe ao Poder
Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente. Portanto, isso é uma
política pública obrigatória.
Há a lei 9.795/99 que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política
Nacional de Educação Ambiental. Cada Estado brasileiro instituiu uma lei de Política
Estadual de Educação Ambiental.

Recentemente, surgiu a lei 13.186/2015, que dispõe que nas aulas de educação
ambiental deve-se falar de consumo sustentável.

*VER SE TEM LEI DE POLITICA MUNICIPAL E ESTUDAR!


f) Princípio do protetor ou provedor recebedor: fala da Sanção premial. O
sujeito que preserva o meio ambiental, acaba sendo laureado por isto. Este princípio
surgiu no art. 6°, na lei 12.305/10, da lei de política nacional de resíduos sólidos. É
chamado de princípio do protetor ou provedor recebedor e premia aquele que protege
o meio ambiente. Exemplo:
Art. 35 da lei 12.305/10 - Sempre que estabelecido sistema de coleta seletiva
pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos e na aplicação do
art. 33, os consumidores são obrigados a:
I - acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos sólidos
gerados;
II - disponibilizar adequadamente os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis
para coleta ou devolução.
Parágrafo único. O poder público municipal pode instituir incentivos
econômicos aos consumidores que participam do sistema de coleta seletiva
referido no caput, na forma de lei municipal.

O estatuto da cidade, lei 10257/01, afirma que uma das diretrizes da política
urbana é o poder público estimular os loteamentos, edificações urbanas utilizar
mecanismos que reduzam o impacto ambiental. O prefeito pode estabelecer que se faz
algo sustentável, tem algum ganho. Faz isso por lei, obviamente.
g) Princípio da proteção: Cabe ao Poder Público e a coletividade preservar e
proteger o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Ele se desmembra em
princípio da proteção e precaução.os dois preveem danos futuros mas um com certeza
e o outro como possibilidade:
1. Prevenção: incide nas hipóteses em que se tem certeza de que dada
conduta causará um dano ambiental. Este princípio diz que se há um dano
no futuro e ele é certo, deve-se tomar medidas para evitar o dano, com
imposições de regras nos licenciamentos, estudos de impacto ambiental,
reformulação de projetos, sanções administrativas e etc. se é o Poder
Público, tem que adotar medidas. Se um empreendedor é o responsável
pelo dano, o poder público deve determinar que o empreendedor tome
medidas para evitar o dano ou minimizar e fiscalizar as medidas que o
mesmo irá tomar. Se não puder evitar o dano todo, tem que ao menos
minimizar. Ex: brumadinho, incêndio do museu. Aqui infringiu o princípio da
prevenção.
2. Precaução: já no princípio de precaução quando um dano no futuro não é
certo, mas é provável, deve-se adotar o princípio “in dubio pro natura”,
pois, na dúvida, protege-se o meio ambiente tomando as medidas
adequadas para que o suposto dano de fato não ocorra. As medidas devem
ser adotas ou exigidas pelo Poder Público.
Aqui é o réu que comprova que o dano não irá acontecer.

AULAS 03 E 04
h) Princípio da solidariedade/equidade intergeracional: deve-se reservar e
proteger o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.
É o dever das presentes e futuras gerações de atuar com o escopo de
preservação ambiental e sustentabilidade, para que todos possam fruir dos recursos
naturais. Sua aplicabilidade tem lugar quando o dano ainda não se consumou. Numa
equação, é dizer que uma geração que recebeu “x” de meio ambiente deve deixar a
mesma quantidade “x” para as próximas gerações. O fundamento do princípio da
solidariedade intergeracional tem fundamento no artigo 225, caput da Constituição
Federal.
Art. 225 da Constituição Federal - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento consolidado no sentido de
que o escopo do princípio da solidariedade intergeracional impõe a produção de
reflexos na distribuição do ônus processual, de modo que, em sendo proposta Ação
Civil Pública para evitar a ocorrência de dano ambiental, a inversão do ônus da prova é
automática, de modo que não é ônus do autor demonstrar a probabilidade de
ocorrência de dano ambiental, mas é ônus do réu demonstrar a não probabilidade de
referida ocorrência.

i) Princípio do Poluidor Pagador.

Impõe-se ao poluidor tanto o dever de prevenir a ocorrência de danos


ambientais com o de reparar integralmente eventuais danos que causar com sua
conduta.
É o princípio segundo o qual é dever do poluidor arcar com os custos da
reparação do dano que causou. Sua aplicabilidade tem lugar quando o dano é atual.
Numa equação, é dizer que quem polui, paga para despoluir. O fundamento do
princípio do poluidor pagador é o artigo 225, § 3º da Constituição Federal e o artigo 4º,
VII da Lei nº 6.938/1981 (Política Nacional do Meio Ambiente).
Isso não quer dizer que o princípio permite a poluição, mas apenas reafirma o
dever de prevenção e eventual reparação integral por quem pratica atividade que
possa poluir.
Art. 225 da Constituição Federal - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
(...)
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Art. 4º da Lei nº 6.938/1981 - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:


(...)
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou
indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de
recursos ambientais com fins econômicos.
O poluidor que causou o dano deverá, reparar, compensar ou indenizar, nessa
ordem:

Reparação/restauração: Consiste na espécie de sanção imposta com


fundamento no princípio do poluidor pagador que obriga aquele que causou dano
ambiental a restituir a área danificada específica e integralmente. É uma reparação in
natura que visa restituir o meio ambiente ao status quo ante. É deixar o meio
ambiente o mais próximo do que estava antes de sofrer o dano.
Compensação: É a obrigação de fazer de caráter restaurativo imposta ao
degradador como sanção do direito ambiental fundada no princípio do poluidor
pagador que obriga aquele que causou dano ambiental a fazer algo proporcional a seu
dano em outra área na hipótese de a área degradada não ser passível de reparação.
Indenização: É a sanção de natureza pecuniária imposta ao poluidor ambiental
e que, após destinada a um Fundo de Interesses Difusos Lesados, é direcionada a
ações e serviços de preservação e restauração ambiental. Alguns municípios já tem
seus próprios fundos.
Art. 170 CF: O espectro protetivo ao meio ambiente conferido pelo
ordenamento jurídico pátrio, notadamente o artigo 170, caput e incisos III e VI da
Constituição Federal, não deve admitir flexibilizações, sob pena de flagrante
inconstitucionalidade por ofensa ao princípio da vedação do retrocesso, sendo possível
a compatibilização entre a função social da propriedade e a defesa do meio ambiente
no contexto da livre iniciativa.
Art. 170 da Constituição Federal - A ordem econômica, fundada na valorização
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
(...)
III - função social da propriedade;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de
elaboração e prestação. (Grifo Nosso)
6. Competência.

É a faculdade/poder atribuído pela Constituição a um órgão ou autoridade ora


para editar leis, ora para fiscalizar o cumprimento das leis criadas.
Se dividem em competência legislativa e competência administrativa, executiva
ou material:

a) Competência Legislativa: É a competência para editar lei em sentido amplo


(leis, decretos, deliberações, portarias, regulamentos, etc.).
Em regra, é matéria concorrente da U, E e DF.
Em matéria ambiental, é competência privativa da União legislar sobre águas,
trânsito, transporte, jazidas, minas, outros recursos minerais, metalurgia e atividades
nucleares de qualquer natureza.

Art. 22 da Constituição Federal - Compete privativamente à União


legislar sobre:
(...)
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
(...)
XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
(...)
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza.
A referência, no texto constitucional, a águas (no plural) decorre da abrangência da
competência legislativa privativa da União para legislar tanto sobre águas superficiais
quanto sobre águas subterrâneas. São diferentes recursos hídricos sujeitos à idêntica
regra de competência.
Trânsito e transporte dizem respeito à mobilidade e ao meio ambiente urbano.
A respeito de as atividades nucleares de qualquer natureza, topograficamente
localizadas no artigo 22, cuja previsão de seu parágrafo único autoriza a União a
delegar aos Estados, por meio de lei complementar federal, a competência para
legislar sobre pontos específicos das matérias contidas naquele rol, segundo a
doutrina, tal delegação não alcança a matéria tratada no inciso XXVI do artigo 22 da
Constituição Federal em face da previsão do artigo 225, § 6º da Constituição da
República, que veda a instalação de usinas que operem com reator nuclear sem
localização definida em lei federal.
Art. 22 da Constituição Federal - Compete privativamente à União legislar
sobre:
(...)
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Art. 225 da Constituição Federal - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
(...)
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
Competência Legislativa Concorrente: é a regra geral em matéria ambiental, uma vez
que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre direito urbanístico, florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,
defesa do solo, defesa dos recursos naturais, proteção do meio ambiente, controle da
poluição, proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico e
responsabilidade por dano ambiental.
Art. 24 da Constituição da República - Compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
(...)
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
(...)
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á
a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da
lei estadual, no que lhe for contrário.

Os Estados-membros devem obediência ao conteúdo das normas gerais


editadas pela União ao oferecer tratamento legiferante em matéria ambiental (isso
inclui não apenas as leis, mas resoluções e etc.), ainda que supervenientes, pois elas
constituem o parâmetro protetivo mínimo para fins de aferição de ofensa ao princípio
da vedação ao retrocesso. Ex: O CONAMA não edita leis, mas Portarias. As disposições
das Portarias do CONAMA são de observância obrigatória pelas demais entidades
federativas.
Os Municípios não deixam de deter competência legislativa em matéria
ambiental, mas sua atribuição constitucional legiferante limita-se aos assuntos de
interesse local e à suplementação da legislação federal e estadual (caso exista e seja
mais protetiva) no que couber. A legislação municipal jamais poderá, de alguma forma,
invalidar a legislação federal e/ou a estadual. Ex: RE 586.224/SP e RE 673.681/SP.
Art. 30 da Constituição Federal - Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

A doutrina e a jurisprudência já firmaram entendimento no sentido de que não


existe, no direito ambiental, interesse que seja puramente local. Então, para a
atração e o reconhecimento da competência do Município, basta que o interesse
seja predominantemente local.

Inciso II, art. 30: tendo legislação, atende o mínimo federal. Se tiver uma do E mais
restritiva, passa a valer a do Estado, e se o município não tiver interesse, ele não pode
legislar. Ex: município quer legislar sobre mata atlântica, mas não possui mata
atlântica. Ex. 2: município diz que não pode queimar palha da cana de açúcar, mas a CF
permite e o Estado também permite a queima controlada, nesse caso, as leis federais e
estaduais se sobrepõem. RE586,224/SP.

Ex.3: município resolveu editar lei regrando a comercialização e descarte de óleos. RE


673681/SP. Aula do ministro sobre competência dos municípios.

b) Competência Material, Executiva, Administrativa ou de Implementação.


É a competência de fiscalização do cumprimento da ordem jurídica. Constitui
verdadeiro poder de polícia impositivo de restrições e materializador de autuações.
Todas as entidades federativas podem e devem fiscalizar e atuar na efetiva
proteção das obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos, zelando por sua
não evasão, destruição ou descaracterização, combatendo a poluição e visando a
preservação das florestas, da fauna e da flora.
Art. 23 da Constituição Federal - É competência comum da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios:
(...)
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico
e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de
outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora.
(...)
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre
a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o
equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
O Distrito Federal acumula competência material estadual e municipal.
Portanto, em seu território, apenas as autoridades distritais e federais podem fiscalizar
e autuar (ibama e órgãos federais)
Nas demais entidades federativas, há tripla fiscalização, com possibilidade de
tripla autuação por infração à legislação ambiental.
A autorização constitucional e legal para tripla fiscalização não implica a
legalidade da imposição de tripla sanção pela mesma infração, sob pena de ofensa ao
princípio do no bis in idem. Se os três órgãos autuarem por infrações distintas, no
entanto, responde por todas elas.
Quem dá a autorização ou licenciamento tem por obrigação fiscalizar.
*Quando há mineração, há obrigatoriamente da ANM, por lei, e a outra do
órgão que deu a licença.
Na hipótese de tripla autuação, prevalecerá, para fins de legítima aplicação de
sanção por parte do Poder Público, a autuação do órgão ou autoridade com atribuição
legal para conceder a licença ou a autorização de determinado empreendimento.
Art. 17 da Lei Complementar nº 140/2011 - Compete ao órgão responsável pelo
licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou
atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo
para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo
empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.
Caso mais de uma entidade federativa tenha promovido a autuação e nenhuma
delas detenha a atribuição para conceder a licença ou a autorização, prevalece a
autuação e eventual sanção imposta pelo Município, com fundamento no princípio da
subsidiariedade em matéria ambiental, positivado no artigo 76 da Lei nº 9.605/1998.

Ex: o estado que deu a licença, mas não fiscalizou, só a união e o município.
Quem dá a sanção nesse caso? O município.
Art. 76 da Lei nº 9.605/1998 - O pagamento de multa imposta pelos Estados,
Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma
hipótese de incidência.
7. DEVERES DO PODER PÚBLICO EM RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

O artigo 225, caput da Constituição da República estabelece um dever geral de


proteção ambiental, que não escapa à aplicação do princípio da proporcionalidade, na
vertente da proibição da proteção em excesso e da proteção insuficiente (déficit em
matéria ambiental).
Defict é tutelar abaixo do que devia, aquém do necessário e exigível.
O poder público não pode proteger excessivamente ou de maneira insuficiente.
Ex. de excesso: uma casa em SP que tinha um assoalho raríssimo, e o órgão
municipal queria protegera casa por tombamento, que dizia que não poderia pisar
mais no assoalho. Nesses casos, cabe indenização.
Ex.2: unidades de preservação que tem tanta proteção ao uso que esvaia
economicamente o bem do proprietário. Também caberia indenização do órgão que
esta protegendo.
No entanto, na maioria das vezes não há proteção excessiva, mas insuficiente.
Quando o poder publico responde e quando não responde?
Omissão genérica
Situações em que não se pode exigir do Estado uma atuação específica. A
inação do Estado não se apresenta como causa direta e imediata da não ocorrência do
dano, razão pela qual deve o lesado provar que a falta do serviço (culpa anônima)
concorreu para o dano. Na hipótese de omissão genérica do poder público, não é
possível imputar a ele a responsabilidade pela ocorrência do dano ambiental.
Omissão específica
O Estado se encontra na condição de garante e, por omissão, cria situação
propícia para a ocorrência do evento em situação em que tenha o dever de agir para
impedi-lo. Pressupõe um dever específico do Estado, que o obrigue a agir para impedir
o resultado danoso.
É aquela em que o exercício do poder fiscalizatório do Poder Público está fixado
em norma jurídica, permite a responsabilização estatal pela ocorrência de dano
ambiental, em razão do estabelecimento de uma obrigação de fazer objetivamente
aferível em relação à conduta omissiva e da previsão abstrata do artigo 70, § 3º da Lei
nº 9.605/1998, que impõe a corresponsabilidade da autoridade administrativa omissa.
Cria-se a omissão especifica quando dá a notificação pro poder público sobre o
dano ambiental, pois não terá como alegar mais que não sabia.
Art. 70 da Lei nº 9.605/1998 - Considera-se infração administrativa ambiental
toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
proteção e recuperação do meio ambiente.
(...)
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é
obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo
administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade.

Ex. 1: Omissão na fiscalização de criação de loteamentos irregulares ante a


previsão dos artigos 30, VIII e 182, § 1º da Constituição.
Art. 30 da Constituição Federal - Compete aos Municípios:
(...)
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo
urbano.

Art. 182 da Constituição Federal - A política de desenvolvimento urbano,


executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em
lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades
com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de
desenvolvimento e de expansão urbana.

Ex. 2: Omissão na fiscalização periódica sobre a ocupação de áreas de risco


e/ou irregulares ante a previsão do artigo 8º, V da Lei nº 12.608/2012.

Art. 8o da Lei n§ 12.608/2012 - Compete aos Municípios:


(...)
V - promover a fiscalização das áreas de risco de desastre e vedar novas
ocupações nessas áreas.

Ex. 3: Omissão na exigência de Estudo de Impacto Ambiental e de Relatório de


Impacto Ambiental quando da ciência de que determinado empreendimento possa
causar significativa depreciação ambiental em face do disposto no artigo 225, § 1º, IV
da Constituição Federal.
Art. 225 da Constituição da República - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
(...)
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade.
8. TUTELA ADMINISTRATIVA: LEITURA INICIAL. ****muito importante

8.1 Objetivos genéricos:


Art. 2º da Lei nº 6.938/1981 - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por
objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento
sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
8.2 Princípios:
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o
meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado
e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente
poluidoras;
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII - recuperação de áreas degradadas;
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio
ambiente.
8.3 Objetivos Específicos:
Art. 4º da Lei nº 6.938/1981 - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação
da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade
e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas
para o uso racional de recursos ambientais;
V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de
dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública
sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio
ecológico;
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua
utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a
manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou
indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de
recursos ambientais com fins econômicos.

8.4 Definições: ***muito importante


Art. 3º da Lei nº 6.938/1981 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características
do meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental;
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da
biosfera, a fauna e a flora.

8.5 Impacto Ambiental

Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental


qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.

Existe duas poluições: legal e real. Não se trabalha com poluição real porque
polui. Existe uma poluição fixada legalmente, e até esse ponto, pode se poluir.
AULAS 05 E 06
1. SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA). Lei nº 6.938/1981
É o conjunto de órgãos e entidades federais, estaduais, distritais e municipais e
fundações públicas responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. O
SISNAMA não é um órgão, é um sistema interfederativo.
Art. 6º da Lei nº 6.938/1981 - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações
instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da
qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente -
SISNAMA, assim estruturado:
I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o
Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes
governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; foi criado em
2003 no governo Lula, e nunca teve iniciativa ambiental, sendo que o Conama
acabou assumindo esse papel. Não pode responder isso na prova, se perguntar
coloca que o órgão superior é o Conselho Governo. Em provas discursivas dá
pra argumentar.
II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de
Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os
recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e
padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e
essencial à sadia qualidade de vida;
III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República,
com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão
federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente;
IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer
executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente, de acordo com as respectivas competências; Ibama é o que mais
fiscaliza, com 0% das atividades. Chico mendes fica comas unidades de
conservação.
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela
execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades
capazes de provocar a degradação ambiental;
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo
controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições;
§ 1º - Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição,
elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o
meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.
§ 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais,
também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior.
§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo
deverão fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação,
quando solicitados por pessoa legitimamente interessada.
§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a
criar uma Fundação de apoio técnico científico às atividades do IBAMA.
O Conselho de Governo, a despeito de sua posição legal e formal como órgão
superior, não tem iniciativa ambiental e suas funções são exercidas, material e
substantivamente, pelo CONAMA, que atualmente é o verdadeiro protagonista da
ação e das políticas ambientais no país.
Os Estados devem observar os padrões relacionados ao meio ambiente que
foram estabelecidos pelo CONAMA, ainda que as disposições relativas a tais padrões
constem de uma Resolução.
Os Municípios, por sua vez, devem observar o espectro mais protetivo e,
portanto, atender aos padrões federais e estaduais quando da elaboração das normas
relativas ao meio ambiente.
2. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA)
É o órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA cuja finalidade é assessorar,
estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para
o meio ambiente e os recursos naturais, bem como a deliberação, no âmbito de sua
competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida.
Art. 8º da Lei nº 6.938/1981 - Compete ao CONAMA:
I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o
licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser
concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;
II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das
alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou
privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a
entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos
de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades
de significativa
degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio
nacional.
V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de
benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou
condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da
poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante
audiência dos Ministérios competentes;
VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à
manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos
recursos ambientais, principalmente os hídricos.
Parágrafo único. O Secretário do Meio Ambiente é, sem prejuízo de suas
funções, o Presidente do Conama.
A competência para estabelecer normas e critérios para o licenciamento de
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras (art. 8º, I) tem sua densidade
normativa mais aprofundada na Resolução CONAMA nº 237/97. Via de regra a
competência para legislar sobre normas gerais é da união, Art. 24, CF/88, mas como há
a previsão nessa lei, anterior a CF de 88, fica com o Conama a competência para o
licenciamento. Poderá vir uma lei federal falando desse assunto.
A competência para estabelecer normas e padrões nacionais de controle da
poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações (art. 8º, VI), a bem da
verdade, é exclusiva da União, e não privativa, em razão da necessidade do
estabelecimento de um critério de abrangência nacional para o controle da poluição
por tais meios de transporte. Estados e municípios não podem legislar a respeito desse
controle de poluição.
Atualmente, ainda não há regra específica versando sobre os padrões nacionais
de controle da poluição por aeronaves e embarcações, o que compromete a
aplicabilidade concreta do art. 3º, III, e da Lei nº 6.938/1981 quando da verificação e
análise de uma conduta para fins de considera-la ou não poluidora.
Há apenas regra específica para a poluição causada por veículos automotores,
que institui o “Rota 2030” (Lei nº 13.755/2018 e Decreto Federal nº 9.557/2018), em
substituição ao anterior Programa “Inovar-Auto”.
Art. 3º da Lei nº 6.938/1981 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
(...)
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente:
(...)
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos;
A competência para o estabelecimento de normas, critérios e padrões relativos
ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional
dos recursos ambientais (art. 8º, VII) requeria, antes da promulgação da Constituição
da República, a conjugação de referido dispositivo ao que estatuiu o artigo 6º, § § 1º e
2º. Atualmente, a competência entre os entes da federação tem extração
constitucional (art. 24 e 30, II). Precisa saber esses dois Arts. Da CF, é a mesma coisa,
não precisa mais do art.6º. se tiver uma resolução normativa federal, precisam os
Estados e município obedecerem? Sim. Se o Estado aumentar a proteção, o Município
tem que respeitar as duas pra editar suas próprias.
3. INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA).
São instrumentos que o Poder Público utiliza para tutelar a proteção do Meio
Ambiente.
Art. 9º da Lei nº 6.938/1981 - São instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente:
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II - o zoneamento ambiental;
III - a avaliação de impactos ambientais;
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras;
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental,
de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental;
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado
anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA;
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente,
obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou
utilizadoras dos recursos ambientais.
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental,
seguro ambiental e outros.

Os instrumentos dos incisos I a XII são instrumentos técnicos, enquanto que os


instrumentos mencionados no inciso XIII são instrumentos econômicos.
4. QUADRO – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AMBIENTAL BRASILEIRA.
UNIÃO ESTADOS (legisla DISTRITO FEDERAL MUNICÍPIOS
suplementarmente) (Ex.: São Paulo)
(Ex.: São Paulo)
Política Nacional do Política Estadual do Política Distrital do Política Municipal do
Meio Ambiente (Lei nº Meio Ambiente Meio Ambiente Meio Ambiente
6.938/1981) - PNMA (Constituição Paulista
art. 193) - PEMA
SISNAMA (a lei SISEMA (Lei Estadual SISDIMA SISUMA
anterior criou) nº 9.507/1997
Conselho de Governo CONSEMA (Lei CODISMA COMUMA
(deveria cuidar) Estadual nº
CONAMA (quem 13.507/2009
realmente cuida)
IBAMA e ICMBio CETESB IBRAM Secretaria do Verde e
Ex: IAP - PAraná Meio Ambiente

Art. 15 da Lei Complementar nº 140/2011 - Os entes federativos devem atuar


em caráter supletivo nas ações administrativas de licenciamento e na
autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no
Estado ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações
administrativas estaduais ou distritais até a sua criação;
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no
Município, o Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até
a sua criação; e
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no
Estado e no Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até
a sua criação em um daqueles entes federativos.
O Município que não estiver dotado de Sistema Municipal do Meio Ambiente
(SISUMA) e não tiver criado o Conselho Municipal do Meio Ambiente (COMUMA) ou
não for dotado de órgão ambiental capacitado, não pode licenciar. A capacitação do
Município para licenciar é conferida pelos respectivos Estados-membros. O
licenciamento constitui-se em regular exercício do poder de polícia realizado por meio
dos instrumentos previstos no art. 9º da Lei nº 6.938/1981.
5. LICENCIAMENTO AMBIENTAL
5.1 Conceito
O regular exercício do poder de polícia visa exercer o controle prévio e o
acompanhamento de atividades que utilizem recursos naturais, sejam elas efetivas ou
potencialmente poluidoras. Materializando-se por meio de um procedimento
administrativo composto de oito fases sucessivas distintas em apenas um órgão
ambiental.
*** É um procedimento administrativo que corre m 1 órgão ambiental, único,
com 8 fases distintas, podendo os outros órgãos participar do processo, mas emissão
de mais de uma licença. Se é dentro do DF tem só duas possiblidades de
licenciamento, e se for fora, 3. Somente um órgão faz o licenciamento.
Todo empreendedorismo traz custos pro Meio ambiente. Na hora de dar a
licença, tem que se analisar o impacto econômico-social, e antecipar providencias para
poder dar licença ambiental. O desenvolvimento econômico tem que ter o viés
ambiental e social. Ex: planta 1000 arvores para poder ter a licença.
5.2 Natureza Jurídica
O licenciamento ambiental tem natureza jurídica de instrumento da Política
Nacional do Meio Ambiente.
Art. 9º da Lei nº. 6.938/1981 - São instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente:
(...)
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras.

5.3 Fundamento
Art. 10 da Lei nº 6.938/1981 - A construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer
forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento
ambiental.
§ 1o Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão
serão publicados no jornal oficial, bem como em periódico regional ou local de
grande circulação, ou em meio eletrônico de comunicação mantido pelo órgão
ambiental competente.

Art. 13 da Lei Complementar nº 140/2011 - Os empreendimentos e atividades


são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo,
em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei
Complementar.
§ 1o Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão
responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante,
respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental.
§ 2o A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais é
autorizada pelo ente federativo licenciador.
§ 3o Os valores alusivos às taxas de licenciamento ambiental e outros serviços
afins devem guardar relação de proporcionalidade com o custo e a
complexidade do serviço prestado pelo ente federativo.

Art. 1º da Resolução nº 237/1997 - Para efeito desta Resolução são adotadas as


seguintes definições:
I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a
operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando
as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
As outras entidades federativas têm direito à participação não vinculante no
procedimento de licenciamento, sendo-lhes vedada a instauração de procedimento
em apartado.
A empresa sem licença comete crime e infração administrativa. Pelo quantum
das margens penais, o crime é de menor potencial ofensivo e admite a aplicação das
medidas despenalizadoras da Lei nº 9.099/1995.
Art. 60 da Lei nº 9.605/1998 - Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer
funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras
ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos
ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares
pertinentes:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.

Art. 61 da Lei nº 9.099/1995 - Consideram-se infrações penais de menor


potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os
crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada
ou não com multa.

Art. 66 do Decreto nº 6514/2008 - Construir, reformar, ampliar, instalar ou


fazer funcionar estabelecimentos, atividades, obras ou serviços utilizadores de
recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, sem
licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, em desacordo com
a licença obtida ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes:
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de
reais).
Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas quem:
I - constrói, reforma, amplia, instala ou faz funcionar estabelecimento, obra ou
serviço sujeito a licenciamento ambiental localizado em unidade de
conservação ou em sua zona de amortecimento, ou em áreas de proteção de
mananciais legalmente estabelecidas, sem anuência do respectivo órgão
gestor; e
II - deixa de atender a condicionantes estabelecidas na licença ambiental.
5.4 Quando fazer o licenciamento?
Toda atividade que utiliza recursos ambientais, se forem efetivamente ou
potencialmente poluidores, ou capazes de qualquer forma de causar degradação
ambiental, tem que fazer PRÉVIO licenciamento ambiental.
O artigo 10 da Lei nº 6.938/1981 relaciona os conceitos mencionados no art. 5º
da mesma lei. É o órgão ambiental que analisa, com base em discricionariedade
técnica, se a atividade é ou não efetiva ou potencialmente poluidora.
A falta de uniformidade entre os Estados-membros na análise discricionárias
das atividades levou o CONAMA a editar o Anexo 1 da Resolução nº 237/1997,
estatuindo um rol exemplificativo de atividades e empreendimentos que exigem
prévio licenciamento ambiental, ainda que o órgão responsável pela instauração do
procedimento não seja da União.
Os Estados e municípios podem adicionar mais atividades e empreendimentos
que exigem prévio licenciamento ao rol exemplificativo do Anexo 1, e se alguma
atividade não constar dessa lista, ou da legislação do Estado e do município, analisa à
luz do Art. 10 se precisa de licenciamento ou não. O fato de não estar da lista não
significa que não precisa de licenciamento, a regra então é analisar de acordo como
art. 10 pra ver se precisa.
Art. 2º da Resolução nº 237/1997 - A localização, construção, instalação,
ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente
poluidoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de
causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão
ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.
§ 1º- Estão sujeitos ao licenciamento ambiental os empreendimentos e as
atividades relacionadas no Anexo 1, parte integrante desta Resolução.
§ 2º – Caberá ao órgão ambiental competente definir os critérios de
exigibilidade, o detalhamento e a complementação do Anexo 1, levando em
consideração as especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras
características do empreendimento ou atividade.
Portanto, para responder a pergunta “quando licenciar?” é preciso analisar a
atividade desenvolvida e verificar se ela consta do Anexo 1 da Resolução nº
237/1997 ou da legislação regional ou local que regulamenta a exigibilidade de
prévio licenciamento. A análise sempre partirá do pressuposto do
desenvolvimento sustentável, de modo que será observado se o custo do dano
ambiental com a autorização para a operação de certo empreendimento é
proporcional ao benefício econômico e social que dele advirá.
5. Onde fazer o licenciamento?
Somente um órgão ambiental vinculado a determinada entidade federativa tem
atribuição legal para promover o licenciamento. A distribuição da competência para os
pedidos de licenciamento feitos até 07/12/2011 seguem a ordem instituída pela
Resolução CONAMA nº 237/1997 (artigos 4º, 5º, 6º e 7º), enquanto que os pedidos de
licenciamento feitos de 08/12/2011 em diante obedecem ao regramento disposto na
Lei Complementar nº 140/2011. Ou seja, os artigos 4, 5, e 6 e7 ainda são aplicados,
pois ainda existem empresas que começaram o licenciamento antes do dia
07/12/2011.
O disposto nos artigos 4º, 5º, 6º e 7º da Resolução CONAMA nº 237/1997 foi
reputado inconstitucional em face da exigência constitucional de lei complementar
dispondo sobre a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios para o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional
(artigo 23, parágrafo único, da CRFB) e em razão da falta de atribuição legal expressa
ao CONAMA para distribuir competência, já que a redação do artigo 8º, inciso I, da Lei
nº 6.938/1981, não lhe autoriza distribuir competência.
Portanto, no âmbito da União, o licenciamento será feito perante o IBAMA nas
hipóteses dos artigos 4º, 5º, 6º e 7º da Resolução CONAMA nº 237/1997, se o pedido
foi feito até 07/12/2011 ou, se após tal data, nas hipóteses do artigo 7º, XIV, a a h da
Lei Complementar nº 140/2011, esta última alínea regulamentada pelo Decreto nº
8.437/2015.
Art. 4º da Resolução CONAMA nº 237/1997 - Compete ao Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor
do SISNAMA, o licenciamento ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei nº
6.938, de 31 de agosto de 1981, de empreendimentos e atividades com
significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber:
I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no
mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em
terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União.
II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;
III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País
ou de um ou mais Estados;
IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar
e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia
nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da
Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;
V - bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a
legislação específica.
§ 1º - O IBAMA fará o licenciamento de que trata este artigo após considerar o
exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Estados e Municípios em
que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o
parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento.
§ 2º - O IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, poderá delegar aos
Estados o licenciamento de atividade com significativo impacto ambiental de
âmbito regional, uniformizando, quando possível, as exigências.

Art. 5º da Resolução CONAMA nº 237/1997 - Compete ao órgão ambiental


estadual ou do Distrito Federal o licenciamento ambiental dos
empreendimentos e atividades:
I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de
conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;
II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação
natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei nº 4.771,
de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por
normas federais, estaduais ou municipais;
III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um
ou mais Municípios;
IV – delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento
legal ou convênio.
Parágrafo único. O órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal fará o
licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame técnico
procedido pelos órgãos ambientais dos Municípios em que se localizar a
atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos
demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento.

Art. 6º da Resolução CONAMA nº 237/1997 - Compete ao órgão ambiental


municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito
Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e
atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo
Estado por instrumento legal ou convênio.
Art. 7º da Resolução CONAMA nº 237/1997 - Os empreendimentos e atividades
serão licenciados em um único nível de competência, conforme estabelecido
nos artigos anteriores.

*** união que licencia: Art. 7º da Lei Complementar nº 140/2011 - São ações
administrativas da União:
(...)
XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades:
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou
na zona econômica exclusiva;
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela
União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de
ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças
Armadas, conforme disposto na Lei Complementar no 97, de 9 de junho de
1999;
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e
dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia
nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da
Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de
proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um
membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os
critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou
empreendimento; Regulamento (Decreto nº 8.437/2015)
***Caso o licenciamento não seja federal, é preciso analisar se não é Municipal,
na conformidade do artigo 9º, XIV da Lei Complementar nº 140/2011. Destaca-se,
nesse ponto, que, para que o licenciamento municipal seja válido, é imprescindível que
o Município reúna cumulativamente as seguintes condições: a) ser uma hipótese de
impacto ambiental local; b) o Município ser dotado de órgão ambiental capacitado, e;
c) de Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMUMA). Ausentes quaisquer desses
requisitos no Município, a atribuição para licenciar nas hipóteses legais de
licenciamento ambiental municipal passa a ser do Estado-membro em que o Município
estiver localizado e eventual licenciamento realizado por aquele Município ostenta
nulidade de pleno direito.
Cada Estado, por meio de seu Conselho de Meio Ambiente promoverá a relação
do que é impacto ambiental local, para os fins de licenciamento municipal.
Art. 9º da Lei Complementar nº 140/2011 - São ações administrativas dos
Municípios:
(...)
XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei
Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou
empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme
tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente,
considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade;
ou
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto
em Áreas de Proteção Ambiental (APAs)
O Estado, por sua vez, possui, em regra, atribuição residual para licenciar (art.
8º, XIV da Lei Complementar nº 140/2011). Contudo, excepcionalmente, terá
atribuição supletiva para licenciar na hipótese de Município situado em seu limite
territorial não cumprir os requisitos legais para deter a regular atribuição de licenciar
(art. 15, II da Lei Complementar nº 140/2011).

Art. 8º da Lei Complementar nº 140/2011 - São ações administrativas dos


Estados:
(...)
XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos
utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o
disposto nos arts. 7o e 9o

***licenciamento supletivo: Art. 15 da Lei Complementar nº 140/2011 - Os


entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações administrativas
de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no
Estado ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações
administrativas estaduais ou distritais até a sua criação;
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no
Município, o Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até
a sua criação; e
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no
Estado e no Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até
a sua criação em um daqueles entes federativos. (GRIFO NOSSO)

AULAS 07 E 08
6. Como fazer o licenciamento?
Pelo preenchimento das etapas previstas no Art. 10 da CONAMA:
Art. 10 da Resolução CONAMA nº 237/1997 - O procedimento de licenciamento
ambiental obedecerá às seguintes etapas:
I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do
empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao
início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida;
São três documentos necessários previsto na legislação federal: certidão da
prefeitura municipal, outorga do uso de água (ler lei de recursos hídricos,
especialmente 11 a 18!!!!!!), e corte de vegetação. Como o Estado e Município
podem legislar suplementarmente, eles podem pedir outros documentos
também.
II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos
documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida
publicidade;
III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos
documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de
vistorias técnicas, quando necessárias;
IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental
competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise
dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber,
podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e
complementações não tenham sido satisfatórios;
V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação
pertinente; Nem sempre precisa dessa audiência pública, mas verificar se ela é
exigível é obrigatório. Para saber se precisa tem que analisar a Resolução do
Conama RC 009/87, art. 2º.
VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental
competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo
haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações
não tenham sido satisfatórios;
VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;
VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida
publicidade.
§ 1º - No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar,
obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e
o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a
legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a
autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água,
emitidas pelos órgãos competentes.
§ 2º - No caso de empreendimentos e atividades sujeitos ao estudo de impacto
ambiental - EIA, se verificada a necessidade de nova complementação em
decorrência de esclarecimentos já prestados, conforme incisos IV e VI, o órgão
ambiental competente, mediante decisão motivada e com a participação do
empreendedor, poderá formular novo pedido de complementação. (Grifo
Nosso)
É imprescindível para a deflagração do procedimento administrativo de
licenciamento ambiental a apresentação do projeto executivo da empresa, dos
estudos ambientais e dos documentos obrigatórios.
São documentos obrigatórios, à luz do artigo 10, § 1º da Resolução CONAMA nº
237/1997, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de
empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao
uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de
vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes, além
de outros exigidos pela legislação estadual ou municipal.
Os estudos ambientais são os mais importantes na hora da licença mas não
vincula a decisão de conceder ou não a licença, e a decisão tem que ser motivada.
AIA: avaliação de impacto ambientais é um instrumento da política nacional do
meio ambiente, e que tem por objetivo apontar os impactos ambientais que o
empreendimento vai causar com base no estudo ambiental apresentado.
6.1 Documentos Obrigatórios.
6.1.1 Certidão Municipal de autorização do empreendimento pela Lei de
Zoneamento.
É atribuição da Prefeitura Municipal emitir a certidão que informa a autorização
da legislação regente da ocupação e uso do solo urbano (Lei de Zoneamento) para a
instalação de empreendimento no local descrito no projeto, pois compete
constitucionalmente aos Municípios promover adequado ordenamento territorial,
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo
urbano (art. 30, VIII).
6.1.2 Outorga do uso de água.
A outorga de direitos de uso de água é uma autorização que a União, os
Estados e o Distrito Federal (Municípios não) concedem e que constitui relevante
instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos na garantia do controle
quantitativo e qualitativo dos usos de água.
Art. 1º da Lei nº 9.433/1997 - A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se
nos seguintes fundamentos:
I - a água é um bem de domínio público;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o
consumo humano e a dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas;
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

Art. 5º da Lei nº 9.433/1997 - São instrumentos da Política Nacional de


Recursos Hídricos:
I - os Planos de Recursos Hídricos;
II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos
preponderantes da água;
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
V - a compensação a municípios;
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

Art. 11 da Lei nº 9.433/1997 - O regime de outorga de direitos de uso de


recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e
qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água.

Art. 12 da Lei nº 9.433/1997 - Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os


direitos dos seguintes usos de recursos hídricos:
I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água
para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo
produtivo;
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de
processo produtivo;
III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou
gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição
final;
IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água
existente em um corpo de água.
§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em
regulamento:
I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos
núcleos populacionais, distribuídos no meio rural;
II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;
III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
§ 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de
energia elétrica estará subordinada ao Plano Nacional de Recursos Hídricos,
aprovado na forma do disposto no inciso VIII do art. 35 desta Lei, obedecida a
disciplina da legislação setorial específica.
Art. 13 da Lei nº 9.433/1997 - Toda outorga estará condicionada às prioridades
de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respeitar a
classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de
condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso.
Parágrafo único. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá preservar o uso
múltiplo destes.

Art. 14 da Lei nº 9.433/1997 - A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade


competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal.
§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal
competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de
domínio da União.
§ 2º (VETADO)

Art. 15 da Lei nº 9.433/1997 - A outorga de direito de uso de recursos hídricos


poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo
determinado, nas seguintes circunstâncias:
I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;
II - ausência de uso por três anos consecutivos;
III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade,
inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas;
IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;
V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os
quais não se disponha de fontes alternativas;
VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do
corpo de água.
Art. 16 da Lei nº 9.433/1997 - Toda outorga de direitos de uso de recursos
hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável.
Art. 17 da Lei nº 9.433/1997 - (VETADO)
Art. 18 da Lei nº 9.433/1997 - A outorga não implica a alienação parcial das
águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso.

6.1.3 Autorização para corte de vegetação.


Documento exigível apenas se aplicável ao empreendimento que demanda a
licença.
***Observação: Os Estados e Municípios poderão legislar suplementarmente
aumentando o rol de documentos, desde que dentro da órbita da razoabilidade, sob
pena de a legislação estadual/municipal sofrer controle de constitucionalidade com
fundamento no descumprimento de referido princípio implícito.
6.1.4 Avaliação de Impacto Ambiental.
É o instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente que tem por objetivo
apontar os impactos ambientais do empreendimento. A avaliação exige estudos
ambientais e todo licenciamento tem estudos ambientais que baseiam a avaliação.
A avaliação de impacto ambiental não se confunde com os estudos de impacto
ambiental, sendo que a exigência deste último é uma atribuição do órgão licenciador,
enquanto o primeiro é uma imposição legal. A elaboração e o custeio do estudo
competem ao empreendedor.
TODOS OS LICENCIAMENTOS TEM QUE TER O AIA.
Art. 9º da Lei nº 6.938/1981 - São instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente:
(...)
III - a avaliação de impactos ambientais;
Art. 1º da Resolução CONAMA nº 237/1997 - Para efeito desta Resolução são
adotadas as seguintes definições:
(...)
III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos
ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de
uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise
da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de
controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental,
plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar
de risco.
A única forma de avaliar, caso a caso, os impactos ambientais de determinado
empreendimento à luz do desenvolvimento sustentável é por meio de uma Avaliação
de Impacto Ambiental (AIA), que tem como base, nas hipóteses de significativa
degradação ambiental, sem prejuízo de outros (como o Estudo de Impacto de
Vizinhança – EIV - em caso de empreendimento causar impacto no meio ambiente
urbano), o Estudo de Impacto Ambiental acompanhado do respectivo Relatório de
Impacto Ambiental (EIA/RIMA), abordando o meio ambiente físico, natural e cultural
em que aquele empreendimento deseja ser inserido.
Para as atividades que vão gerar significativo impacto, tem que ter o EIA/RIMA.
Art. 225 da Constituição da República - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
(...)
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade.

Artigo 1º da Resolução CONAMA nº 01/1986 - Para efeito desta Resolução,


considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou
indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.

Artigo 2º da Resolução CONAMA nº 01/1986 - Dependerá de elaboração de


estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental -
RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do
IBAMA e1n caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do
meio ambiente, tais como:
I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
II - Ferrovias;
III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei nº
32, de 18.11.66;
V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de
esgotos sanitários;
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como:
barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de
irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação
de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias,
diques;
VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de
Mineração;
X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou
perigosos;
Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia
primária, acima de 10MW;
XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos,
siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de
recursos hídricos);
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100
hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais
ou de importância do ponto de vista ambiental;
XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de
relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e
estaduais competentes;
XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a
dez toneladas por dia.

Artigo 6º da Resolução CONAMA nº 01/1986 - O estudo de impacto ambiental


desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas:
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e
análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a
caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto,
considerando:
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos
minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime
hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas;
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as
espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico,
raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente;
c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a
sócio-economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos
e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local,
os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através
de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos
prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e
negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e
longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas
propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios
sociais.
III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os
equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a
eficiência de cada uma delas.
lV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os
impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem
considerados.
Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estudo de impacto Ambiental o
órgão estadual competente; ou o IBAMA ou quando couber, o Município
fornecerá as instruções adicionais que se fizerem necessárias, pelas
peculiaridades do projeto e características ambientais da área.

Artigo 9º da Resolução CONAMA nº 01/1986 - O relatório de impacto ambiental


- RIMA refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental e conterá, no
mínimo:
I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as
políticas setoriais, planos e programas governamentais;
II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais,
especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área
de influência, as matérias primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os
processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de
energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;
III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de
influência do projeto;
IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação
da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo
de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios
adotados para sua identificação, quantificação e interpretação;
V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência,
comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas,
bem como com a hipótese de sua não realização;
VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em
relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser
evitados, e o grau de alteração esperado;
VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e
comentários de ordem geral).
Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a
sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem
acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de
comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e
desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências ambientais de sua
implementação.

As hipóteses taxativamente veiculadas na Resolução CONAMA nº 01/1986 tem


sua exigência no pedido de licenciamento como atividade estritamente vinculada,
ficando à mercê do órgão ambiental, com base na discricionariedade técnica, exigir ou
não o EIA/RIMA na hipótese de significativa degradação ambiental, motivando
detalhadamente as razões pelas quais entende que o empreendimento pode
apresentar elevado risco de dano ambiental.
***Observação: Outros estudos definidos em lei em cada órgão ambiental
podem ser exigidos.
Art. 3º da Resolução nº 237/1997 - A licença ambiental para empreendimentos
e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa
degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e
respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual
dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando
couber, de acordo com a regulamentação.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou
empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação
do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo
processo de licenciamento.
Art. 36 da Lei nº 10.257/2001 - Lei municipal definirá os empreendimentos e
atividades privados ou públicos em área urbana que dependerão de elaboração
de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou
autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder
Público municipal.

Art. 37 da Lei nº 10.257/2001 - O EIV será executado de forma a contemplar os


efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à
qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades,
incluindo a análise, no mínimo, das seguintes questões:
I – adensamento populacional;
II – equipamentos urbanos e comunitários;
III – uso e ocupação do solo;
IV – valorização imobiliária;
V – geração de tráfego e demanda por transporte público;
VI – ventilação e iluminação;
VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.
Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do EIV, que
ficarão disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder Público
municipal, por qualquer interessado.

Art. 38 da Lei nº 10.257/2001 - A elaboração do EIV não substitui a elaboração


e a aprovação de estudo prévio de impacto ambiental (EIA), requeridas nos
termos da legislação ambiental.

Na hipótese de constatação de empreendimento que causa baixo ou médio


impacto ambiental, a Avaliação de Impacto Ambiental terá por base estudos com
nomes próprios previstos na legislação estadual ou municipal.
6.2 Audiência Pública
O órgão ambiental deve necessariamente avaliar se a audiência pública é
exigível pela regulamentação e cabível, mas a sua realização pode ser dispensada a
critério do órgão, caso não incida quaisquer das hipóteses do artigo 2º da Resolução
CONAMA nº 009/1987.
Importa esclarecer, por oportuno, que poucos Municípios possuem norma
específica sobre a análise da audiência pública, ficando, não raras vezes, a matéria
disciplinada exclusivamente pelo regulamento federal.

Art. 2º da Resolução CONAMA nº 009/1987 - Sempre que julgar necessário, ou quando


for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinqüenta) ou mais
cidadãos, o Órgão de Meio Ambiente promoverá a realização de audiência pública.
6.3 Parecer do corpo técnico do órgão ambiental.
O parecer abordará a avaliação de custo (ambiental) x benefício (econômico e
social) à luz do desenvolvimento sustentável para opinar acerca da admissibilidade do
deferimento do pedido de licenciamento, bem como a possibilidade de deferimento
de compensações ambientas em face do requerente, como condição sine qua non para
a concessão da licença.
Eventualmente, nessa fase também poderá ser solicitada a elaboração de
parecer jurídico.
6.4 Autoridade Administrativa Ambiental.
É a autoridade competente para apreciar o pedido de licenciamento,
concedendo-o ou o rejeitando. Contra a decisão que nega a licença, não cabe
Mandado de Segurança, uma vez que, na hipótese, o alegado direito líquido e certo se
restringe ao direito de pedir a licença, desde que cumpridos os requisitos legais. Do
contrário, verificar-se-ia flagrante, descabida e indevida ingerência judicial no mérito
do ato administrativo, vulnerando o princípio da tripartição funcional do poder.
Caberá, contudo, Mandado de Segurança na hipótese de flagrante ilegalidade
ou nulidade no processamento do pedido, ocasiões em que o Poder Judiciário está
autorizado a, com a concessão da ordem, ordenar o refazimento dos atos viciados no
procedimento e reapreciação administrativa do pedido.
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
7. Licenças Ambientais
Em regra, o licenciamento ambiental é trifásico e composto pelas etapas de
concessão da licença prévia, da licença de instalação e da licença de operação.
Art. 8º da Resolução CONAMA nº 237/1997 - O Poder Público, no exercício de
sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção,
atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e
condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou
atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e
projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais
condicionantes, da qual constituem motivo determinante;
III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta
das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e
condicionantes determinados para a operação.
Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou
sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do
empreendimento ou atividade.

Art. 12 da Resolução CONAMA nº 237/1997 - O órgão ambiental competente


definirá, se necessário, procedimentos específicos para as licenças ambientais,
observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou
empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento
com as etapas de planejamento, implantação e operação.
§ 1º - Poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades
e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão
ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente.
§ 2º - Poderá ser admitido um único processo de licenciamento ambiental para
pequenos empreendimentos e atividades similares e vizinhos ou para aqueles
integrantes de planos de desenvolvimento aprovados, previamente, pelo órgão
governamental competente, desde que definida a responsabilidade legal pelo
conjunto de empreendimentos ou atividades.
§ 3º - Deverão ser estabelecidos critérios para agilizar e simplificar os
procedimentos de licenciamento ambiental das atividades e empreendimentos
que implementem planos e programas voluntários de gestão ambiental,
visando a melhoria contínua e o aprimoramento do desempenho ambiental.

Art. 18 da Resolução CONAMA nº 237/1997 - O órgão ambiental competente


estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de licença, especificando-os no
respectivo documento, levando em consideração os seguintes aspectos:
I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o
estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos
relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5
(cinco) anos.
II - O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o
estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade,
não podendo ser superior a 6 (seis) anos.
III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os
planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no
máximo, 10 (dez) anos.
§ 1º - A Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI) poderão ter os prazos
de validade prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos máximos
estabelecidos nos incisos I e II
§ 2º - O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de validade
específicos para a Licença de Operação (LO) de empreendimentos ou atividades
que, por sua natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a encerramento ou
modificação em prazos inferiores.
§ 3º - Na renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou
empreendimento, o órgão ambiental competente poderá, mediante decisão
motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, após avaliação do
desempenho ambiental da atividade ou empreendimento no período de
vigência anterior, respeitados os limites estabelecidos no inciso III.
§ 4º - A renovação da Licença de Operação(LO) de uma atividade ou
empreendimento deverá ser requerida com antecedência mínima de 120
(cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva
licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação
definitiva do órgão ambiental competente
Prorrogar é possível, mas ultrapassar o prazo da licença não.
Na hipótese de ficar constatado que o empreendimento é de baixo impacto
ambiental, poderá ser realizado licenciamento simplificado, com a unificação das fases
prévia, de instalação e de operação.
Após o prazo da licença de operação, cabe pedido de renovação. A Lei
Complementar nº 140/2011 estatui que a licença de operação será automaticamente
prorrogada caso o responsável pelo empreendimento promova o pedido de renovação
em até 120 dias antes do prazo de expiração da licença. A prorrogação será válida até
que o órgão ambiental responsável aprecie e decida definitivamente o objeto da
renovação.
Art. 14 da Lei Complementar nº 140/2011 - Os órgãos licenciadores devem
observar os prazos estabelecidos para tramitação dos processos de
licenciamento.
§ 1o As exigências de complementação oriundas da análise do
empreendimento ou atividade devem ser comunicadas pela autoridade
licenciadora de uma única vez ao empreendedor, ressalvadas aquelas
decorrentes de fatos novos.
§ 2o As exigências de complementação de informações, documentos ou
estudos feitas pela autoridade licenciadora suspendem o prazo de aprovação,
que continua a fluir após o seu atendimento integral pelo empreendedor.
§ 3o O decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da licença
ambiental, não implica emissão tácita nem autoriza a prática de ato que dela
dependa ou decorra, mas instaura a competência supletiva referida no art. 15.
§ 4o A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência
mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade,
fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a
manifestação definitiva do órgão ambiental competente.
Licença ambiental não é, na forma tecnicamente conceituada pelo direito
administrativo, licença, pois sua concessão não gera direito adquirido ao
empreendedor. Igualmente não se trata de autorização, considerando que a licença
por si só não é ato precário e garante uma estabilidade temporária ao empreendedor
no que disser respeito à não incidência nas hipóteses de modificação, cassação ou
cancelamento de licenciamento ambiental.
8. Licença de Operação.
O Poder Público pode, por decisão motivada, modificar, suspender ou cancelar
o licenciamento ambiental em vigor no caso de descumprimento de obrigações legais
ou previstas na licença, falsidade de licenciamento ou superveniência de graves riscos
ambientais ou à saúde (art. 19 da Resolução CONAMA nº 237/1997).
Não ocorrendo tais hipóteses, a modificação, suspensão ou cancelamento da
licença ambiental gera direito a indenização.

AULAS 09, 10, 11 E 12

ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS


1. Legislação Regente
Art. 225 da Constituição Federal - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
(...)
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção. Não
cabe somente à união, mas ao poder público como um todo.

Art. 9º da Lei nº 6.938/1981 - São instrumentos da Política Nacional do Meio


Ambiente:
(...)
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental,
de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas.

Art. 1º da Lei nº 9.985/2000 - Esta Lei institui o Sistema Nacional de Unidades


de Conservação da Natureza – SNUC, estabelece critérios e normas para a
criação, implantação e gestão das unidades de conservação.
Os espaços territoriais especialmente protegidos são áreas que merecem
proteção extra por sua condição peculiar, além das que já são previstas na lei
ambiental. Esses espaços tem que ser formalmente estabelecidos.
No entanto a lei não diz como criar esses espaços, e demorou anos para a lei
SNUC definir os regramentos de criação. Essa é a legislação principal e a que mais cai
em concursos, mas também compõe o quadro da legislação regente outros
dispositivos previstos na legislação esparsa, a exemplo das áreas de proteção
permanente, cuja previsão está contida no Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) e
eventuais legislações suplementares estabelecidas pelos Estados, Municípios e o
Distrito Federal.
2. Considerações Terminológicas
Espaços territoriais especialmente protegidos em sentido próprio ou estrito são
aqueles espaços protegidos especificamente na forma da Lei nº 9.985/2000, SNUC.
Espaços territoriais especialmente protegidos em sentido amplo são todos os
demais espaços eventualmente criados e protegidos na forma da Constituição
Estadual, da Lei Orgânica do Município, do Código Florestal e da legislação
extravagante.
3. Espaços Territoriais Especialmente Protegidos em Sentido Próprio
3.1 Considerações Iniciais
3.1.1 Conceitos
Art. 2º da Lei nº 9.985/2000 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais,
incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e
limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção; ou seja, é uma área perfeitamente
delimitada, que tem uma extrema importância ambiental, que é especialmente
protegida pelo legislador e administrações públicas em todas as esferas. A
soma de todas essas unidades é SNUC, sistema nacional de unidades de
conservação.
II - conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza,
compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a
restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o
maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu
potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e
garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral;
III - diversidade biológica: a variabilidade de organismos vivos de todas as
origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos
e outros ecossistemas aquáticos e os complexos
ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de
espécies, entre espécies e de ecossistemas;
IV - recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da
biosfera, a fauna e a flora;
V - preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a
proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da
manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas
naturais;
VI - proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações
causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus
atributos naturais;
VII - conservação in situ: conservação de ecossistemas e habitats naturais e a
manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios
naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde
tenham desenvolvido suas propriedades características;
VIII - manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação
da diversidade biológica e dos ecossistemas;
IX - uso indireto: aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição
dos recursos naturais;
X - uso direto: aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos
naturais;
XI - uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a
perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos,
mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma
socialmente justa e economicamente viável;
XII - extrativismo: sistema de exploração baseado na coleta e extração, de
modo sustentável, de recursos naturais renováveis;
XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população
silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de
sua condição original;
XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre
degradada o mais próximo possível da sua condição original;
XV - (VETADO)
XVI - zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de
conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito
de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da
unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz;
XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento
nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu
zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos
recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à
gestão da unidade;
XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação,
onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas,
com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade; e
XIX - corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais,
ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e
o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de
áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam
para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades
individuais.
3.1.2 Unidade de Conservação da Natureza
O legislador optou por denominar os espaços territoriais especialmente
protegidos em sentido próprio ou estrito como unidade de conservação da natureza,
entendida, para além de seu conceito legal, como a área perfeitamente delimitada,
com importância ambiental qualificada e especial proteção pela Administração Pública.
3.1.3 Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
É a representação do somatório de todas as unidades de conservação de
quaisquer entidades federativas.
Art. 3º da Lei nº 9.985/2000 - O Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza - SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação
federais, estaduais e municipais, de acordo com o disposto nesta Lei.
Art. 6º da Lei nº 9.985/2000 - O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com
as respectivas atribuições:
I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente -
Conama, com as atribuições de acompanhar a implementação do Sistema;
II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de
coordenar o Sistema; e
III - órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em caráter
supletivo, os órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o
SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar as unidades de
conservação federais, estaduais e municipais, nas respectivas esferas de
atuação.
Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a critério do
Conama, unidades de conservação estaduais e municipais que, concebidas para
atender a peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo que
não possam ser satisfatoriamente atendidos por nenhuma categoria prevista
nesta Lei e cujas características permitam, em relação a estas, uma clara
distinção.
Ao contrário do que ocorre com a Política Nacional do Meio Ambiente, no
âmbito do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, há um protagonismo maior
de atuação do Instituto Chico Mendes (ICMBio) em relação ao IBAMA.
3.1.4 Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC)
Cada Estado-membro poderá criar seu sistema de unidades de conservação por
meio da instituição de órgão afetado ao atendimento de tal finalidade, a exemplo da
Lei Estadual nº 9.413/2011 do Maranhão.
3.1.5 Sistema Municipal de Unidades de Conservação (SMUC)
Tem se afigurado bastante incipiente no Brasil a criação de sistemas municipais
de unidades de conservação. Um exemplo raro que pode ser mencionado é o da Lei
Complementar nº 679/2011 de Porto Alegre.
3.2 Criação de Unidades de Conservação – o que mais cai em concursos
3.2.1 Análise Técnica – Art. 22
O Poder Público, por meio da instituição de uma equipe técnica, providenciará
a realização de estudos técnicos não vinculantes voltados à avaliação de
homogeneidade territorial, delimitação da área e análise do merecimento de uma
proteção legal específica e especial para determinado espaço.
Com base em tal estudo, a equipe técnica sugere (também de forma não
vinculante) o grupo ou categoria de unidade de conservação cuja criação mais se
adequa ao local.
Se, após o estudo entendeu-se pela importante da criação de unidade de
conservação, deve ser feita consulta pública.
3.2.2 Consulta Pública (Audiência Pública)
Trata-se, a bem da verdade, de mera informação pública acerca da delimitação
da área e das restrições que brevemente passará a ter. Significa cientificar a população
do procedimento de criação de unidade de conservação, já que eles serão diretamente
impactados.
Art. 22 da Lei nº 9.985/2000 -. As unidades de conservação são criadas por ato
do Poder Público.
§ 1o (VETADO)
§ 2o A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos
técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a
dimensão e os limites mais adequados para a unidade, conforme se dispuser
em regulamento.
§ 3o No processo de consulta de que trata o § 2o, o Poder Público é obrigado a
fornecer informações adequadas e inteligíveis à população local e a outras
partes interessadas.
§ 4o Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica não é obrigatória a
consulta de que trata o § 2o deste artigo. – não precisa de consulta pública,
está dispensada.
§ 5o As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável podem ser
transformadas total ou parcialmente em unidades do grupo de Proteção
Integral, por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a
unidade, desde que obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos no
§ 2o deste artigo.
§ 6o A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem modificação
dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo proposto, pode ser feita por
instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade,
desde que obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos no § 2o
deste artigo.
§ 7o A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só
pode ser feita mediante lei específica.
O Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do MS 25.347/DF,
sedimentou o entendimento de que a consulta pública mencionada pela lei do SNUC
“não tem natureza de plebiscito, mas visa apenas subsidiar a definição da localização,
da dimensão e dos limites mais adequados para a unidade de conservação”. Assim
sendo, eventuais opiniões contrárias à criação da unidade de conservação na região
consultada não vinculam a autoridade administrativa.
3.2.3 Criação
A criação de unidade de conservação se dará por ato do poder público.
Doutrina e jurisprudência convergem no sentido de que apenas duas espécies
normativas estão legalmente autorizadas à criação de unidades de conservação, quais
sejam: a lei ou decreto. Há, igualmente, apenas dois grupos ou categorias em que
podem ser criadas: unidade de proteção integral e unidade de uso sustentável. A
primeira tem restrição muito severa, e a segunda um pouco mais branda.
Importante para concursos por causa da desapropriação de área particular para
criação dessas unidades. Estudar as áreas públicas, particulares e regras para
utilização.
UNIDADE DE PROTEÇÃO INTEGRAL. UNIDADE DE USO SUSTENTÁVEL.
(Lei nº 9.985/2000) (Lei nº 9.985/2000)
Art. 7o As unidades de conservação integrantes Art. 7o As unidades de conservação integrantes
do SNUC dividem-se em dois grupos, com do SNUC dividem-se em dois grupos, com
características específicas: características específicas:
I - Unidades de Proteção Integral; (...)
§ 1o O objetivo básico das Unidades de Proteção II - Unidades de Uso Sustentável.
Integral é preservar a natureza, sendo admitido (...)
apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, § 2o O objetivo básico das Unidades de Uso
com exceção dos casos previstos nesta Lei. Sustentável é compatibilizar a conservação da
Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende- natureza com o uso sustentável de parcela dos
se por: seus recursos naturais. – não pode usar todos os
(...) recursos. Tem que ir ao órgão que criou a
IX - uso indireto: aquele que não envolve unidade e apresentar um projeto de uso dessa
consumo, coleta, dano ou destruição dos unidade, para futura aprovação. Se falar que
recursos naturais; - são as visitas e experimentos pode usar todos os recursos está errado, pois
científicos, visitas educacionais e turismo de pode usar parcela.
contemplação. Se falar que nunca pode utilizar Art. 14. Constituem o Grupo das Unidades de Uso
está erado, pois pode para uso indireto. Sustentável as seguintes categorias de unidade
Art. 8o O grupo das Unidades de Proteção de conservação: - saber quais são e suas
Integral é composto pelas seguintes categorias características especiais.
de unidade de conservação: - saber quais são e I - Área de Proteção Ambiental;
suas características especiais. II - Área de Relevante Interesse Ecológico;
I - Estação Ecológica; III - Floresta Nacional;
II - Reserva Biológica; IV - Reserva Extrativista;
III - Parque Nacional; V - Reserva de Fauna;
IV - Monumento Natural; VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e
V - Refúgio de Vida Silvestre. VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.
Art. 9o A Estação Ecológica tem como objetivo a Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma
preservação da natureza e a realização de área em geral extensa, com um certo grau de
pesquisas científicas. ocupação humana, dotada de atributos abióticos,
§ 1o A Estação Ecológica é de posse e domínio bióticos, estéticos ou culturais especialmente
públicos, sendo que as áreas particulares importantes para a qualidade de vida e o bem-
incluídas em seus limites serão desapropriadas, estar das populações humanas, e tem como
de acordo com o que dispõe a lei. objetivos básicos proteger a diversidade
§ 2o É proibida a visitação pública, exceto biológica, disciplinar o processo de ocupação e
quando com objetivo educacional, de acordo assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos
com o que dispuser o Plano de Manejo da naturais.
unidade ou regulamento específico. § 1o A Área de Proteção Ambiental é constituída
§ 3o A pesquisa científica depende de por terras públicas ou privadas.
autorização prévia do órgão responsável pela § 2o Respeitados os limites constitucionais,
administração da unidade e está sujeita às podem ser estabelecidas normas e restrições
condições e restrições por este estabelecidas, para a utilização de uma propriedade privada
bem como àquelas previstas em regulamento. localizada em uma Área de Proteção Ambiental.
§ 4o Na Estação Ecológica só podem ser § 3o As condições para a realização de pesquisa
permitidas alterações dos ecossistemas no caso científica e visitação pública nas áreas sob
de: domínio público serão estabelecidas pelo órgão
I - medidas que visem a restauração de gestor da unidade.
ecossistemas modificados; § 4o Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao
II - manejo de espécies com o fim de preservar a proprietário estabelecer as condições para
diversidade biológica; pesquisa e visitação pelo público, observadas as
III - coleta de componentes dos ecossistemas exigências e restrições legais.
com finalidades científicas; § 5o A Área de Proteção Ambiental disporá de
IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o um Conselho presidido pelo órgão responsável
ambiente seja maior do que aquele causado pela por sua administração e constituído por
simples observação ou pela coleta controlada de representantes dos órgãos públicos, de
componentes dos ecossistemas, em uma área organizações da sociedade civil e da população
correspondente a no máximo três por cento da residente, conforme se dispuser no regulamento
extensão total da unidade e até o limite de um desta Lei.
mil e quinhentos hectares. Art. 16. A Área de Relevante Interesse Ecológico é
Art. 10. A Reserva Biológica tem como objetivo a uma área em geral de pequena extensão, com
preservação integral da biota e demais atributos pouca ou nenhuma ocupação humana, com
naturais existentes em seus limites, sem características naturais extraordinárias ou que
interferência humana direta ou modificações abriga exemplares raros da biota regional, e tem
ambientais, excetuando-se as medidas de como objetivo manter os ecossistemas naturais
recuperação de seus ecossistemas alterados e as de importância regional ou local e regular o uso
ações de manejo necessárias para recuperar e admissível dessas áreas, de modo a
preservar o equilíbrio natural, a diversidade compatibilizá-lo com os objetivos de conservação
biológica e os processos ecológicos naturais. da natureza.
§ 1o A Reserva Biológica é de posse e domínio § 1o A Área de Relevante Interesse Ecológico é
públicos, sendo que as áreas particulares constituída por terras públicas ou privadas.
incluídas em seus limites serão desapropriadas, § 2o Respeitados os limites constitucionais,
de acordo com o que dispõe a lei. podem ser estabelecidas normas e restrições
§ 2o É proibida a visitação pública, exceto aquela para a utilização de uma propriedade privada
com objetivo educacional, de acordo com localizada em uma Área de Relevante Interesse
regulamento específico. Ecológico.
§ 3o A pesquisa científica depende de Art. 17. A Floresta Nacional é uma área com
autorização prévia do órgão responsável pela cobertura florestal de espécies
administração da unidade e está sujeita às predominantemente nativas e tem como objetivo
condições e restrições por este estabelecidas, básico o uso múltiplo sustentável dos recursos
bem como àquelas previstas em regulamento. florestais e a pesquisa científica, com ênfase em
Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo métodos para exploração sustentável de florestas
básico a preservação de ecossistemas naturais de nativas.
grande relevância ecológica e beleza cênica, § 1o A Floresta Nacional é de posse e domínio
possibilitando a realização de pesquisas públicos, sendo que as áreas particulares
científicas e o desenvolvimento de atividades de incluídas em seus limites devem ser
educação e interpretação ambiental, de desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.
recreação em contato com a natureza e de § 2o Nas Florestas Nacionais é admitida a
turismo ecológico. permanência de populações tradicionais que a
§ 1o O Parque Nacional é de posse e domínio habitam quando de sua criação, em
públicos, sendo que as áreas particulares conformidade com o disposto em regulamento e
incluídas em seus limites serão desapropriadas, no Plano de Manejo da unidade.
de acordo com o que dispõe a lei. § 3o A visitação pública é permitida,
§ 2o A visitação pública está sujeita às normas e condicionada às normas estabelecidas para o
restrições estabelecidas no Plano de Manejo da manejo da unidade pelo órgão responsável por
unidade, às normas estabelecidas pelo órgão sua administração.
responsável por sua administração, e àquelas § 4o A pesquisa é permitida e incentivada,
previstas em regulamento. sujeitando-se à prévia autorização do órgão
§ 3o A pesquisa científica depende de responsável pela administração da unidade, às
autorização prévia do órgão responsável pela condições e restrições por este estabelecidas e
administração da unidade e está sujeita às àquelas previstas em regulamento.
condições e restrições por este estabelecidas, § 5o A Floresta Nacional disporá de um Conselho
bem como àquelas previstas em regulamento. Consultivo, presidido pelo órgão responsável por
§ 4o As unidades dessa categoria, quando criadas sua administração e constituído por
pelo Estado ou Município, serão denominadas, representantes de órgãos públicos, de
respectivamente, Parque Estadual e Parque organizações da sociedade civil e, quando for o
Natural Municipal. caso, das populações tradicionais residentes.
Art. 12. O Monumento Natural tem como § 6o A unidade desta categoria, quando criada
objetivo básico preservar sítios naturais raros, pelo Estado ou Município, será denominada,
singulares ou de grande beleza cênica. respectivamente, Floresta Estadual e Floresta
§ 1o O Monumento Natural pode ser constituído Municipal.
por áreas particulares, desde que seja possível Art. 18. A Reserva Extrativista é uma área
compatibilizar os objetivos da unidade com a utilizada por populações extrativistas
utilização da terra e dos recursos naturais do tradicionais, cuja subsistência
local pelos proprietários. baseia-se no extrativismo e,
§ 2o Havendo incompatibilidade entre os complementarmente, na agricultura de
objetivos da área e as atividades privadas ou não subsistência e na criação de animais de pequeno
havendo aquiescência do proprietário às porte, e tem como objetivos básicos proteger os
condições propostas pelo órgão responsável pela meios de vida e a cultura dessas populações, e
administração da unidade para a coexistência do assegurar o uso sustentável dos recursos naturais
Monumento Natural com o uso da propriedade, a da unidade.
área deve ser desapropriada, de acordo com o § 1o A Reserva Extrativista é de domínio público,
que dispõe a lei. com uso concedido às populações extrativistas
§ 3o A visitação pública está sujeita às condições tradicionais conforme o disposto no art. 23 desta
e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da Lei e em regulamentação específica, sendo que
unidade, às normas estabelecidas pelo órgão as áreas particulares incluídas em seus limites
responsável por sua administração e àquelas devem ser desapropriadas, de acordo com o que
previstas em regulamento. dispõe a lei.
Art. 13. O Refúgio de Vida Silvestre tem como § 2o A Reserva Extrativista será gerida por um
objetivo proteger ambientes naturais onde se Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão
asseguram condições para a existência ou responsável por sua administração e constituído
reprodução de espécies ou comunidades da flora por representantes de órgãos públicos, de
local e da fauna residente ou migratória. organizações da sociedade civil e das populações
§ 1o O Refúgio de Vida Silvestre pode ser tradicionais residentes na área, conforme se
constituído por áreas particulares, desde que seja dispuser em regulamento e no ato de criação da
possível compatibilizar os objetivos da unidade unidade.
com a utilização da terra e dos recursos naturais § 3o A visitação pública é permitida, desde que
do local pelos proprietários. compatível com os interesses locais e de acordo
§ 2o Havendo incompatibilidade entre os com o disposto no Plano de Manejo da área.
objetivos da área e as atividades privadas ou não § 4o A pesquisa científica é permitida e
havendo aquiescência do proprietário às incentivada, sujeitando-se à prévia autorização
condições propostas pelo órgão responsável pela do órgão responsável pela administração da
administração da unidade para a coexistência do unidade, às condições e restrições por este
Refúgio de Vida Silvestre com o uso da estabelecidas e às normas previstas em
propriedade, a área deve ser desapropriada, de regulamento.
acordo com o que dispõe a lei. § 5o O Plano de Manejo da unidade será
§ 3o A visitação pública está sujeita às normas e aprovado pelo seu Conselho Deliberativo.
restrições estabelecidas no Plano de Manejo da § 6o São proibidas a exploração de recursos
unidade, às normas estabelecidas pelo órgão minerais e a caça amadorística ou profissional.
responsável por sua administração, e àquelas § 7o A exploração comercial de recursos
previstas em regulamento. madeireiros só será admitida em bases
§ 4o A pesquisa científica depende de sustentáveis e em situações especiais e
autorização prévia do órgão responsável pela complementares às demais atividades
administração da unidade e está sujeita às desenvolvidas na Reserva Extrativista, conforme
condições e restrições por este estabelecidas, o disposto em regulamento e no Plano de
bem como àquelas previstas em regulamento. Manejo da unidade.
Art. 19. A Reserva de Fauna é uma área natural
com populações animais de espécies nativas,
terrestres ou aquáticas, residentes ou
migratórias, adequadas para estudos técnico-
científicos sobre o manejo econômico
sustentável de recursos faunísticos.
§ 1o A Reserva de Fauna é de posse e domínio
públicos, sendo que as áreas particulares
incluídas em seus limites devem ser
desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o A visitação pública pode ser permitida,
desde que compatível com o manejo da unidade
e de acordo com as normas estabelecidas pelo
órgão responsável por sua administração.
§ 3o É proibido o exercício da caça amadorística
ou profissional.
§ 4o A comercialização dos produtos e
subprodutos resultantes das pesquisas
obedecerá ao disposto nas leis sobre fauna e
regulamentos.
Art. 20. A Reserva de Desenvolvimento
Sustentável é uma área natural que abriga
populações tradicionais, cuja existência baseia-se
em sistemas sustentáveis de exploração dos
recursos naturais, desenvolvidos ao longo de
gerações e adaptados às condições ecológicas
locais e que desempenham um papel
fundamental na proteção da natureza e na
manutenção da diversidade biológica.
§ 1o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável
tem como objetivo básico preservar a natureza e,
ao mesmo tempo, assegurar as condições e os
meios necessários para a reprodução e a
melhoria dos modos e da qualidade de vida e
exploração dos recursos naturais das populações
tradicionais, bem como valorizar, conservar e
aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de
manejo do ambiente, desenvolvido por estas
populações.
§ 2o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável
é de domínio público, sendo que as áreas
particulares incluídas em seus limites devem ser,
quando necessário, desapropriadas, de acordo
com o que dispõe a lei.
§ 3o O uso das áreas ocupadas pelas populações
tradicionais será regulado de acordo com o
disposto no art. 23 desta Lei e em
regulamentação específica.
§ 4o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável
será gerida por um Conselho Deliberativo,
presidido pelo órgão responsável por sua
administração e constituído por representantes
de órgãos públicos, de organizações da sociedade
civil e das populações tradicionais residentes na
área, conforme se dispuser em regulamento e no
ato de criação da unidade.
§ 5o As atividades desenvolvidas na Reserva de
Desenvolvimento Sustentável obedecerão às
seguintes condições:
I - é permitida e incentivada a visitação pública,
desde que compatível com os interesses locais e
de acordo com o disposto no Plano de Manejo da
área;
II - é permitida e incentivada a pesquisa científica
voltada à conservação da natureza, à melhor
relação das populações residentes com seu meio
e à educação ambiental, sujeitando-se à prévia
autorização do órgão responsável pela
administração da unidade, às condições e
restrições por este estabelecidas e às normas
previstas em regulamento;
III - deve ser sempre considerado o equilíbrio
dinâmico entre o tamanho da população e a
conservação; e
IV - é admitida a exploração de componentes dos
ecossistemas naturais em regime de manejo
sustentável e a substituição da cobertura vegetal
por espécies cultiváveis, desde que sujeitas ao
zoneamento, às limitações legais e ao Plano de
Manejo da área.
§ 6o O Plano de Manejo da Reserva de
Desenvolvimento Sustentável definirá as zonas
de proteção integral, de uso sustentável e de
amortecimento e corredores ecológicos, e será
aprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade.
Art. 21. A Reserva Particular do Patrimônio
Natural é uma área privada, gravada com
perpetuidade, com o objetivo de conservar a
diversidade biológica. – estado de SC tem um
órgão só pra criar RPPN.
§ 1o O gravame de que trata este artigo constará
de termo de compromisso assinado perante o
órgão ambiental, que verificará a existência de
interesse público, e será averbado à margem da
inscrição no Registro Público de Imóveis.
§ 2o Só poderá ser permitida, na Reserva
Particular do Patrimônio Natural, conforme se
dispuser em regulamento:
I - a pesquisa científica;
II - a visitação com objetivos turísticos,
recreativos e educacionais;
III - (VETADO)
§ 3o Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que
possível e oportuno, prestarão orientação técnica
e científica ao proprietário de Reserva Particular
do Patrimônio Natural para a elaboração de um
Plano de Manejo ou de Proteção e de Gestão da
unidade.

3.2.4 Plano de Manejo

Após a criação respeitando as características de cada unidade, tem que ser feito
o Plano de Manejo, que é o documento elaborado pelo Poder Público contendo todas
as normas que regem a unidade de conservação. Segundo a regra geral, deve ser
criado em até 5 anos, contados da criação da unidade de conservação. No entanto, se
estipular prazo diferente em lei estadual ou municipal tem que respeitar esse prazo. O
MP fiscaliza se foi feito no prazo.
Durante o tempo que não tiver norma estabelecida, o MP a cada 3 ou 6 manda
um grupo na unidade pra ver se está tudo ok.
Art. 2º da Lei nº 9.985/2000 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
(...)
XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento
nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu
zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos
recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à
gestão da unidade;

Art. 27 da Lei nº 9.985/2000 As unidades de conservação devem dispor de um


Plano de Manejo.
§ 1o O Plano de Manejo deve abranger a área da unidade de conservação, sua
zona de amortecimento e os corredores ecológicos, incluindo medidas com o
fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades
vizinhas.
§ 2o Na elaboração, atualização e implementação do Plano de Manejo das
Reservas Extrativistas, das Reservas de Desenvolvimento Sustentável, das Áreas
de Proteção Ambiental e, quando couber, das Florestas Nacionais e das Áreas
de Relevante Interesse Ecológico, será assegurada a ampla participação da
população residente.
§ 3o O Plano de Manejo de uma unidade de conservação deve ser elaborado no
prazo de cinco anos a partir da data de sua criação.
§ 4o O Plano de Manejo poderá dispor sobre as atividades de liberação
planejada e cultivo de organismos geneticamente modificados nas Áreas de
Proteção Ambiental e nas zonas de amortecimento das demais categorias de
unidade de conservação, observadas as informações contidas na decisão
técnica da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio sobre:
I - o registro de ocorrência de ancestrais diretos e parentes silvestres;
II - as características de reprodução, dispersão e sobrevivência do organismo
geneticamente modificado;
III - o isolamento reprodutivo do organismo geneticamente modificado em
relação aos seus ancestrais diretos e parentes silvestres; e
IV - situações de risco do organismo geneticamente modificado à
biodiversidade.

Art. 28 da Lei nº 9.985/2000 - São proibidas, nas unidades de conservação,


quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em desacordo
com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus regulamentos.
Parágrafo único. Até que seja elaborado o Plano de Manejo, todas as atividades
e obras desenvolvidas nas unidades de conservação de proteção integral
devem se limitar àquelas destinadas a garantir a integridade dos recursos que a
unidade objetiva proteger, assegurando-se às populações tradicionais
porventura residentes na área as condições e os meios necessários para a
satisfação de suas necessidades materiais, sociais e culturais.
3.2.5 Zona de Amortecimento
É a área que fica ao redor da unidade de conservação e que forma uma rede
protetora (rede de amortecimento) da unidade de conservação aos impactos
ambientais em seu núcleo essencial.
Não há limite de metragem, já que o parâmetro é o necessário para a adequada
proteção ambiental, podendo alcançar, inclusive, mais de um Estado-membro.
***Só a APA e RPPN que não exigem zona de amortecimento.
Art. 2º da Lei nº 9.985/2000 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
(...)
XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação,
onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas,
com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade;
Art. 25 da Lei nº 9.985/2000 As unidades de conservação, exceto Área de
Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir
uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos.
§ 1o O órgão responsável pela administração da unidade estabelecerá normas
específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de
amortecimento e dos corredores ecológicos de uma unidade de conservação.
§ 2o Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as
respectivas normas de que trata o § 1o poderão ser definidas no ato de criação
da unidade ou posteriormente.
3.2.6 Corredores Ecológicos
Não é necessário, o poder público analisa se precisa e qual o tamanho que
deverá ter.
Representam uma porção de ecossistema que liga unidades de conservação
próximas, de modo a ampliar o espaço de circulação da fauna e da flora.
O problema é quando tem várias propriedades nesse corredor ecológico. Aí
vem o plano de manejo pra estabelecer as regras.
Art. 2º da Lei nº 9.985/2000 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
(...)
XIX - corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais,
ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e
o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de
áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam
para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades
individuais.
3.3 Modificação e Extinção de Unidade de Conservação
Art. 22, §§ 5º, 6º e 7º.
Podem ser feitas tanto no plano terrestre quanto no subsolo ou no espaço
aéreo correspondente quando influírem na estabilidade do ecossistema, pois, nesta
hipótese, tais espaços integram os limites das unidades de conservação.
3.3.1 Modificação para Melhorar a Proteção Ambiental
Deve ser feita pelo mesmo instrumento normativo que criou a unidade de
conservação ou outro de maior hierarquia, precedido obrigatoriamente de nova
consulta pública, salvo as exceções legais. Exemplo: conversão da unidade de uso
sustentável para unidade de proteção integral, ampliação do tamanho do território
abrangido pela unidade de conservação.
Se cria a unidade com decreto, pode modificar com decreto ou lei, mas se criou
com lei só pode modificar com lei.
3.3.2 Modificação para Piorar a Proteção Ambiental
Eventuais reduções de tamanho, explorações prejudiciais, diretas ou indiretas,
a conversão da unidade de proteção integral para unidade de uso sustentável e a
própria extinção da unidade de conservação exigem lei específica.
A jurisprudência do Supremo, a exemplo da ADI 4.717, afirma que tais
providências prejudiciais ao meio ambiente não podem ser adotadas por meio de
medida provisória sob pena de inconstutucionalidade.
3.4 Aspectos Finais
3.4.1 Populações Tradicionais
O art. 2º, XXV da lei do SNUC conceituava populações tradicionais para os fins
específicos de tal lei. Com seu veto, resta o socorro à Lei nº 11.428/2006, que, em seu
art. 3º, II afirma que população tradicional é aquela que vive em estreita relação com o
ambiente natural, dependendo de seus recursos naturais para a sua reprodução
sociocultural, por meio de atividades de baixo impacto ambiental.
Se a população não puder ficar, o poder público tem que realocar e indeniza-las
pelas benfeitorias, ou compensa-las.
Art. 42 da Lei nº 9.985/2000 - As populações tradicionais residentes em
unidades de conservação nas quais sua permanência não seja permitida serão
indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias existentes e devidamente
realocadas pelo Poder Público, em local e condições acordados entre as partes.
§ 1o O Poder Público, por meio do órgão competente, priorizará o
reassentamento das populações tradicionais a serem realocadas.
§ 2o Até que seja possível efetuar o reassentamento de que trata este artigo,
serão estabelecidas normas e ações específicas destinadas a compatibilizar a
presença das populações tradicionais residentes com os objetivos da unidade,
sem prejuízo dos modos de vida, das fontes de subsistência e dos locais de
moradia destas populações, assegurando-se a sua participação na elaboração
das referidas normas e ações.
§ 3o Na hipótese prevista no § 2o, as normas regulando o prazo de
permanência e suas condições serão estabelecidas em regulamento.

Art. 35 do Decreto nº 4.340/2002 - O processo indenizatório de que trata o art.


42 da Lei no 9.985, de 2000, respeitará o modo de vida e as fontes de
subsistência das populações tradicionais.

Art. 36 do Decreto nº 4.340/2002 - Apenas as populações tradicionais


residentes na unidade no momento da sua criação terão direito ao
reassentamento.
Art. 37 do Decreto nº 4.340/2002 - O valor das benfeitorias realizadas pelo
Poder Público, a título de compensação, na área de reassentamento será
descontado do valor indenizatório.

Art. 38 do Decreto nº 4.340/2002 - O órgão fundiário competente, quando


solicitado pelo órgão executor, deve apresentar, no prazo de seis meses, a
contar da data do pedido, programa de trabalho para atender às demandas de
reassentamento das populações tradicionais, com definição de prazos e
condições para a sua realização.

Art. 39 do Decreto nº 4.340/2002 - Enquanto não forem reassentadas, as


condições de permanência das populações tradicionais em Unidade de
Conservação de Proteção Integral serão reguladas por termo de compromisso,
negociado entre o órgão executor e as populações, ouvido o conselho da
unidade de conservação.
§ 1o O termo de compromisso deve indicar as áreas ocupadas, as limitações
necessárias para assegurar a conservação da natureza e os deveres do órgão
executor referentes ao processo indenizatório, assegurados o acesso das
populações às suas fontes de subsistência e a conservação dos seus modos de
vida.
§ 2o O termo de compromisso será assinado pelo órgão executor e pelo
representante de cada família, assistido, quando couber, pela comunidade rural
ou associação legalmente constituída.
§ 3o O termo de compromisso será assinado no prazo máximo de um ano após
a criação da unidade de conservação e, no caso de unidade já criada, no prazo
máximo de dois anos contado da publicação deste Decreto.
§ 4o O prazo e as condições para o reassentamento das populações tradicionais
estarão definidos no termo de compromisso.
3.4.2 Subsolo e Espaço Aéreo
Art. 24 da Lei nº 9.985/2000 - O subsolo e o espaço aéreo, sempre que
influírem na estabilidade do ecossistema, integram os limites das unidades de
conservação.
3.4.3 Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)
Art. 30 da Lei nº 9.985/2000 - As unidades de conservação podem ser geridas
por organizações da sociedade civil de interesse público com objetivos afins aos
da unidade, mediante instrumento a ser firmado com o órgão responsável por
sua gestão.
Precisa de convenio. É uma gestão público privada.

3.4.4 Obtenção e Uso de Recursos e Doações


Art. 34 da Lei nº 9.985/2000 - Os órgãos responsáveis pela administração das
unidades de conservação podem receber recursos ou doações de qualquer
natureza, nacionais ou internacionais, com ou sem encargos, provenientes de
organizações privadas ou públicas ou de pessoas físicas que desejarem
colaborar com a sua conservação.
Parágrafo único. A administração dos recursos obtidos cabe ao órgão gestor da
unidade, e estes serão utilizados exclusivamente na sua implantação, gestão e
manutenção.
Precisa aplicar esses recursos e doações na unidade, sob pena de improbidade.
As UPI’s ,por exemplo, podem cobrar taxa de escolas e etc, mas tem que implementar
na UPI mesmo. O MP fiscaliza essas verbas que entram e sua destinação.

Art. 35 da Lei nº 9.985/2000 - Os recursos obtidos pelas unidades de


conservação do Grupo de Proteção Integral mediante a cobrança de taxa de
visitação e outras rendas decorrentes de arrecadação, serviços e atividades da
própria unidade serão aplicados de acordo com os seguintes critérios:
I - até cinqüenta por cento, e não menos que vinte e cinco por cento, na
implementação, manutenção e gestão da própria unidade;
II - até cinqüenta por cento, e não menos que vinte e cinco por cento, na
regularização fundiária das unidades de conservação do Grupo;
III - até cinqüenta por cento, e não menos que quinze por cento, na
implementação, manutenção e gestão de outras unidades de conservação do
Grupo de Proteção Integral.
3.4.5 Redes de Abastecimento de Água, Esgoto, Energia e Infraestrutura
Art. 46 da Lei nº 9.985/2000 - A instalação de redes de abastecimento de água,
esgoto, energia e infra-estrutura urbana em geral, em unidades de conservação
onde estes equipamentos são admitidos depende de prévia aprovação do
órgão responsável por sua administração, sem prejuízo da necessidade de
elaboração de estudos de impacto ambiental e outras exigências legais.
Parágrafo único. Esta mesma condição se aplica à zona de amortecimento das
unidades do Grupo de Proteção Integral, bem como às áreas de propriedade
privada inseridas nos limites dessas unidades e ainda não indenizadas.
3.4.6 Princípio do Usuário Pagador
Art. 47 da Lei nº 9.985/2000 - O órgão ou empresa, público ou privado,
responsável pelo abastecimento de água ou que faça uso de recursos hídricos,
beneficiário da proteção proporcionada por uma unidade de conservação, deve
contribuir financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de
acordo com o disposto em regulamentação específica.

Art. 48 da Lei nº 9.985/2000 - O órgão ou empresa, público ou privado,


responsável pela geração e distribuição de energia elétrica, beneficiário da
proteção oferecida por uma unidade de conservação, deve contribuir
financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de acordo com
o disposto em regulamentação específica.
3.4.7 Zona Rural
Art. 49 da Lei nº 9.985/2000 - A área de uma unidade de conservação do Grupo
de Proteção Integral é considerada zona rural, para os efeitos legais.
Parágrafo único. A zona de amortecimento das unidades de conservação de
que trata este artigo, uma vez definida formalmente, não pode ser
transformada em zona urbana.
***Uma das principais consequências é a impossibilidade de o Município onde
estiver instalada unidade de conservação de proteção integral e suas respectivas zonas
de amortecimento conceder licença para loteamento e, consequentemente, cobrar
IPTU.

TUTELA DO PATRIMÔNIO CULTURAL


I – CONSTITUIÇÃO FEDERAL
1. Previsão Constitucional do Patrimônio Cultural Brasileiro
Art. 216 da Constituição Federal - Constituem patrimônio cultural brasileiro os
bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão; samba, frevo, literatura de cordel.
II - os modos de criar, fazer e viver; receita do pão de queijo mineiro e
churrasco gaúcho.
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 14 bis, roupa de
tetraplégicoque deu chute na bola da copa.
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e
protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros,
vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de
acautelamento e preservação.
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da
documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a
quantos dela necessitem.
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e
valores culturais.
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de
reminiscências históricas dos antigos quilombos.
§ 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de
fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida,
para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação
desses recursos no pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos
investimentos ou ações apoiados.
Antes da promulgação da atual Constituição, a proteção do patrimônio cultural
recaía exclusivamente sobre bens de natureza material, excluindo importantes bens
histórico-culturais de natureza imaterial, como o frevo e a capoeira.
2. Instrumentos
Os instrumentos (mecanismos) de proteção constam do art. 216, § 1º do
referido artigo da Constituição (inventários, registros, vigilância, tombamento e
desapropriação) e compõem um rol exemplificativo, pois não excluem outros
mecanismos previstos na legislação estadual (Resolução nº 12/2015 da Secretaria de
Estado da Cultura de São Paulo) e municipal (Lei Municipal nº 16.050/2014 – Plano
Diretor Estratégico de São Paulo), de caráter suplementar, e até mesmo instrumentos
constitucionais de natureza processual, como a Ação Popular e a Ação Civil Pública.
Art. 5º da Constituição Federal - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência.
Art. 129 da Constituição Federal - São funções institucionais do Ministério
Público:
(...)
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos.
3. Tombamento Constitucional
Consta do art. 216, § 5º da Constituição Federal, que prevê que os documentos
e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos representam
bens já tombados automaticamente pelo legislador constitucional,
independentemente de legislação. De todo modo, a Lei nº 12.288/2010 (Estatuto da
Igualdade Racial) trouxe importantes previsões a esse título e impondo, inclusive, o
dever de especial atenção do poder público a tais bens.
Bens imateriais: frevo e capoeira.
Art. 17 da Lei nº 12.288/2010 - O poder público garantirá o reconhecimento das
sociedades negras, clubes e outras formas de manifestação coletiva da
população negra, com trajetória histórica comprovada, como patrimônio
histórico e cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da Constituição Federal.

Art. 18 da Lei nº 12.288/2010 - É assegurado aos remanescentes das


comunidades dos quilombos o direito à preservação de seus usos, costumes,
tradições e manifestos religiosos, sob a proteção do Estado.
Parágrafo único. A preservação dos documentos e dos sítios detentores de
reminiscências históricas dos antigos quilombos, tombados nos termos do § 5o
do art. 216 da Constituição Federal, receberá especial atenção do poder
público.

Art. 19 da Lei nº 12.288/2010 - O poder público incentivará a celebração das


personalidades e das datas comemorativas relacionadas à trajetória do samba e
de outras manifestações culturais de matriz africana, bem como sua
comemoração nas instituições de ensino públicas e privadas.

Art. 20 da Lei nº 12.288/2010 - O poder público garantirá o registro e a


proteção da capoeira, em todas as suas modalidades, como bem de natureza
imaterial e de formação da identidade cultural brasileira, nos termos do art.
216 da Constituição Federal.
Parágrafo único. O poder público buscará garantir, por meio dos atos
normativos necessários, a preservação dos elementos formadores tradicionais
da capoeira nas suas relações internacionais.
4. Município
Art. 30 da Constituição da República - Compete aos Municípios:
(...)
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a
legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
II – PRINCÍPIOS
1. Dignidade Humana
Analisada a partir de vertente determinada, a dignidade humana aqui aplicada
implica a afirmação de que não há vida digna sem memória social de relevantes
eventos e manifestações.
2. Preservação do próprio sítio e proteção do entorno
Significa que a preservação do bem deve ser feita no lugar em que
originariamente colocada, em atenção à importância que o contexto local-geográfico
fornece ao bem. Isso implica a admissão da remoção apenas em hipóteses
absolutamente excepcionais.
Por seu turno, a proteção do entorno significa a proteção da visibilidade do
bem por meio da proteção atenta a seus arredores.
3. Uso compatível com a natureza do bem
Propugna que é vedado o uso do bem protegido de modo incompatível com a
sua natureza, de modo a comprometer o valor histórico-cultural nele contido.
4. Pro Monumento
Significa que eventuais decisões acerca do bem deve valorar o elemento
cultural nele contido, ainda que diante da inexistência de tombamento.
5. Outros
Os quatro princípios acima não excluem outros decorrentes do regime geral de
proteção ao meio ambiente, como a função social da propriedade cultural, o princípio
da prevenção/precaução e o princípio do poluidor pagador.
III – INSTRUMENTOS
1. Inventários
O inventário é o levantamento do acervo de bens do ente, analisando seu
estado: quais os bens que já foram tombados, que podem ser tombados e etc..
Não há legislação federal dispondo sobre a matéria (a exemplo de um possível
Estatuto de Tutela Cultural), de modo que em regra, o que há é uma atuação
administrativa.
2. Vigilância
O instituto significa, em sua essência, dar efetividade ao postulado
constitucional do art. 216, § 1º, CF, consistente em conferir ampla participação popular
na determinação dos bens passíveis de proteção a título cultural.
Igualmente ao que ocorre com os inventários, a vigilância também não conta
com legislação e o manejo de tal instrumento acaba por ser formulado por mera
política de cunho orgânico-administrativo, passível de oscilações na conformidade das
prioridades de cada mandato eletivo.
3. Tombamento
3.1 Noções Gerais
O tombamento conta com disposições do Decreto-Lei nº 25/1937, que, em
razão de sua senioridade, acaba não raras vezes sendo uma regulamentação tímida em
relação ao disposto nas legislações estaduais.
O tombamento tem três espécies: pode ser de ofício, voluntário e compulsório
e não representa transferência de propriedade, que, neste contexto, consubstancia-se
por meio da desapropriação.
O tombamento de ofício é aquele que se dá sobre bens públicos. O Superior
Tribunal de Justiça, no bojo do RMS 18952/RJ, assentou o entendimento de que um
ente federado pode tombar bem de outro, atendidos os requisitos legais e desde que
fique demonstrado o valor cultural, ainda que exclusivamente para determinada
entidade federativa não proprietária e responsável por ele.
Pode tombar porque a propriedade fica com o ente original. Não pode
desapropriar bem de outro ente federativo, mas tombar sim.
Em geral, nessa hipótese não há notificação para outro ente. Contudo, parte da
doutrina defende a necessidade de notificação apta a produzir contraditório e ampla
defesa para que o tombamento realizado por uma entidade federativa no patrimônio
de outra produza efeitos válidos.
O tombamento voluntário é aquele em que o proprietário oferece o bem para a
realização do tombamento e o bem oferecido atende os requisitos legais.
Art. 5º do Decreto-Lei nº 25/1937 - O tombamento dos bens pertencentes à
União, aos Estados e aos Municípios se fará de ofício, por ordem do diretor do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mas deverá ser notificado
à entidade a quem pertencer, ou sob cuja guarda estiver a coisa tombada, afim
de produzir os necessários efeitos.

Art. 6º do Decreto-Lei nº 25/1937 - O tombamento de coisa pertencente à


pessoa natural ou à pessoa jurídica de direito privado se fará voluntária ou
compulsoriamente.
Art. 7º do Decreto-Lei nº 25/1937 - Proceder-se-á ao tombamento voluntário
sempre que o proprietário o pedir e a coisa se revestir dos requisitos
necessários para constituir parte integrante do patrimônio histórico e artístico
nacional, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, ou sempre que o mesmo proprietário anuir, por escrito, à
notificação, que se lhe fizer, para a inscrição da coisa em qualquer dos Livros do
Tombo.
3.2. Tombamento Compulsório
É aquele que tem início com a instauração do processo de tombamento com a
notificação do proprietário do bem, ocasião em que se verifica um tombamento
provisório, que produz os mesmos feitos do tombamento definitivo, salvo quanto à
inscrição no Livro de Tombo. Tais efeitos estendem-se inclusive à esfera penal, por
ocasião de eventual destruição, inutilização ou deterioração do bem tombado.
Art. 8º do Decreto-Lei nº 25/1937 - Proceder-se-á ao tombamento compulsório
quando o proprietário se recusar a anuir à inscrição da coisa.

Art. 9º do Decreto-Lei nº 25/1937 - O tombamento compulsório se fará de


acôrdo com o seguinte processo:
1) o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, por seu órgão
competente, notificará o proprietário para anuir ao tombamento, dentro do
prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, ou para, si o
quiser impugnar, oferecer dentro do mesmo prazo as razões de sua
impugnação.
2) no caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado. que é fatal, o
diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará por
simples despacho que se proceda à inscrição da coisa no competente Livro do
Tombo.
3) se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, far-se-á vista da
mesma, dentro de outros quinze dias fatais, ao órgão de que houver emanado
a iniciativa do tombamento, afim de sustentá-la. Em seguida,
independentemente de custas, será o processo remetido ao Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que
proferirá decisão a respeito, dentro do prazo de sessenta dias, a contar do seu
recebimento. Dessa decisão não caberá recurso.

Art. 10 do Decreto-Lei nº 25/1937 - O tombamento dos bens, a que se refere o


art. 6º desta lei, será considerado provisório ou definitivo, conforme esteja o
respectivo processo iniciado pela notificação ou concluído pela inscrição dos
referidos bens no competente Livro do Tombo.
Parágrafo único. Para todas os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o
tombamento provisório se equiparará ao definitivo.
Art. 13 do Decreto-Lei nº 25/1937 - O tombamento definitivo dos bens de
propriedade particular será, por iniciativa do órgão competente do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, transcrito para os devidos efeitos em
livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e averbado ao lado da
transcrição do domínio.
§ 1º No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata êste artigo,
deverá o adquirente, dentro do prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez
por cento sobre o respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda que se
trate de transmissão judicial ou causa mortis.
§ 2º Na hipótese de deslocação de tais bens, deverá o proprietário, dentro do
mesmo prazo e sob pena da mesma multa, inscrevê-los no registro do lugar
para que tiverem sido deslocados.
§ 3º A transferência deve ser comunicada pelo adquirente, e a deslocação pelo
proprietário, ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro do
mesmo prazo e sob a mesma pena.
Art. 62 da Lei nº 9.605/1998 - Destruir, inutilizar ou deteriorar:
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou
similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de
detenção, sem prejuízo da multa.
Enquanto não notificar o proprietário, não há proteção de tombamento ao
bem, por isso alguns proprietários fogem da notificação e colocam o bem para
demolição antes de haver essa notificação. Assim, a demolição do bem só configura
crime após o tombamento provisório que se configura coma notificação.
Instaurado o procedimento e notificado o proprietário do bem, tem início o
prazo de 15 dias para a apresentação de impugnação, com subsequente prazo de 15
dias para o Poder Público se manifestar, confirmando ou não as razoes de tombar. Se o
proprietário não impugnar o bem já estará tombado.
O Decreto-Lei nº 25/1937 impõe que a verificação do valor histórico e cultural
do bem ocorra no prazo máximo de 60 dias ou em prazo superior estabelecido pela
legislação estadual ou municipal. No entanto, em alguns casos, há a grandiosa
dificuldade na mensuração do valor histórico-cultural e fixação de parâmetros
protetivos pela via do tombamento no prazo.
A tese apresentada pela Fazenda e não consagrada pela jurisprudência
brasileira afirma que o prazo estatuído pelo Decreto-Lei nº 25/1937 é impróprio para o
Poder Público, de modo que não poderia ser impostas consequências sobre o bem em
relação a seu descumprimento. No entanto, o entendimento consagrado pela
jurisprudência firmou-se no sentido de que o descumprimento do prazo de 60 dias
acarreta a perda de todos os efeitos do tombamento provisório.
O órgão de proteção na esfera federal é o Instituto ao Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN). É admitida e até incentivada a criação de outros órgãos nas
esferas estaduais e municipais, o que tem ocorrido nos Estados, mas não como
esperado em muitos Municípios brasileiros.
É muito comum que determinado Estado ostente órgão protetivo, mas não
estabeleça legislação própria. Diante desse cenário, ao Estado-membro (ou outra
entidade federativa em idêntica situação) é defeso o tombamento de bens sem prévia
disposição legal, já que a Administração Pública está submetida ao princípio da
legalidade, em seu sentido estrito, e a Lei Complementar nº 140/2011, que fixa normas
de cooperação entre todas as entidades federativas nas ações administrativas
decorrentes do exercício da competência comum (art. 23, parágrafo único da
Constituição Federal) não versa sobre o tombamento e, consequentemente, não
atribui competência aos órgãos estaduais e municipais para a instituição de
tombamento.
Restando inexistente legislação federal nesse sentido, resta aos Estados e
Municípios legislarem sobre a matéria, sob pena de seus órgãos, ainda que existentes
e comprometidos com a proteção do patrimônio histórico-cultural, não disporem de
possibilidade jurídica para a instituição de tombamento, restando apenas eventual
manejo de outros instrumentos protetivos, como a desapropriação ou, a hipótese de
indisponibilidade financeira, a preempção mencionada pelo Estatuto da Cidade.
Art. 23 da Constituição da República - É competência comum da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...) Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação
entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o
equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
É admitido o tombamento tríplice, desde que constatado o valor histórico-
cultural local, regional e nacional. Exemplo: estação da Luz.
A principal consequência do tombamento tríplice é a impossibilidade de
alterações no bem tombado sem prévia autorização das três entidades federativas
envolvidas.
Discute-se o caráter vinculado ou discricionário do ato de tombamento. A
despeito de posições extremadas para ambos os lados, uma resposta coerente com o
ordenamento e que pode acertadamente ser mencionada em eventuais questões
discursivas de concursos públicos sustenta que o dever constitucional de proteção do
patrimônio histórico-cultural é vinculado, cabendo ao administrador público a escolha
discricionária do modo de proteção (tombamento, registro, inventários, etc.).
3.3 Efeitos do Tombamento
O principal efeito do tombamento é a averbação na matrícula caso o bem seja
imóvel. É preciso atenção em eventuais legislações estaduais e municipais que
confiram este e outros efeitos em relação ao tombamento provisório.
Por ocasião do tombamento, fica vedada qualquer modificação (destruição,
demolição, mutilação, reparação, pintura, restauração, etc.) sem prévia autorização do
órgão de proteção, sob pena de multa pelo cometimento de infração administrativa
ambiental (com base no Decreto nº 6.514/2008) e tipificação do crime do art. 63 da Lei
de Crimes Ambientais.
É também efeito do tombamento a proibição a que o proprietário do bem
tombado manifeste oposição aos atos de fiscalização, a proteção da área envoltória
contra obras ou edificações que comprometam a visibilidade do bem, o dever de
conservação e restauração do bem por parte de seu proprietário (inclusive nas
hipóteses em que o proprietário é o próprio Poder Público) e o dever de indenização
pelo tombamento, desde que configurado e evidenciado o esvaziamento econômico
do bem.
A avaliação acerca do esvaziamento econômico ou não de determinado bem
tombado é realizada a partir das restrições específicas do documento que impõe o
tombamento, utilizando-se por critério eventual ainviabilização do uso do bem por seu
proprietário que extrapole os limites da requisição administrativa e represente
verdadeira interdição administrativa. ex: proibição de pisar em casa tombada pra não
estragar o piso.
STJ tem entendido que não pode dizer que isso é desapropriação indireta,
porque esta ocorre quando a adm fica com o bem, e não é o caso do tombamento.
Art. 11 do Decreto-Lei nº 25/1937 - As coisas tombadas, que pertençam à
União, aos Estados ou aos Municípios, inalienáveis por natureza, só poderão ser
transferidas de uma à outra das referidas entidades.
Parágrafo único. Feita a transferência, dela deve o adquirente dar imediato
conhecimento ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Art. 13 do Decreto-Lei nº 25/1937 - O tombamento definitivo dos bens de


propriedade particular será, por iniciativa do órgão competente do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, transcrito para os devidos efeitos em
livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e averbado ao lado da
transcrição do domínio.
§ 1º No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata este artigo,
deverá o adquirente, dentro do prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez
por cento sobre o respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda que se
trate de transmissão judicial ou causa mortis.
§ 2º Na hipótese de deslocação de tais bens, deverá o proprietário, dentro do
mesmo prazo e sob pena da mesma multa, inscrevê-los no registro do lugar
para que tiverem sido deslocados.
§ 3º A transferência deve ser comunicada pelo adquirente, e a deslocação pelo
proprietário, ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro do
mesmo prazo e sob a mesma pena.

Art. 17 do Decreto-Lei nº 25/1937 - As coisas tombadas não poderão, em caso


nenhum ser destruídas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização
especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ser reparadas,
pintadas ou restauradas, sob pena de multa de cinquenta por cento do dano
causado.
Parágrafo único. Tratando-se de bens pertencentes á União, aos Estados ou aos
municípios, a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá
pessoalmente na multa.

Art. 63 da Lei nº 9.605/1998 - Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou


local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em
razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural,
religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da
autoridade competente ou em desacordo com a concedida:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 20 do Decreto-Lei nº 25/1937 - As coisas tombadas ficam sujeitas à


vigilância permanente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
que poderá inspecioná-los sempre que for julgado conveniente, não podendo
os respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção, sob
pena de multa de cem mil réis, elevada ao dobro em caso de reincidência.

Art. 18 do Decreto-Lei nº 25/1937 - Sem prévia autorização do Serviço do


Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa
tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela
colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou
retirar o objeto, impondo-se neste caso a multa de cinquenta por cento do
valor do mesmo objeto.

Art. 64 do Decreto-Lei nº 25/1937 - Promover construção em solo não


edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor
paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso,
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade
competente ou em desacordo com a concedida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 19 do Decreto-Lei nº 25/1937 - O proprietário de coisa tombada, que não


dispuser de recursos para proceder às obras de conservação e reparação que a
mesma requerer, levará ao conhecimento do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional a necessidade das mencionadas obras, sob pena de multa
correspondente ao dobro da importância em que for avaliado o dano sofrido
pela mesma coisa.
4. Registro
É um instrumento criado pela Constituição Federal e regulado pelo Decreto nº
3.551/2000 para a proteção dos bens de valor histórico-cultural de natureza imaterial.
Exemplo: saberes, lugares, celebrações e formas de expressão.
Os bens protegidos por tal modalidade constarão do Livro de Registro de
determinada unidade federativa.
Art. 1o do Decreto nº 3.551/2000 - Fica instituído o Registro de Bens Culturais
de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro.
§ 1o Esse registro se fará em um dos seguintes livros:
I - Livro de Registro dos Saberes, onde serão inscritos conhecimentos e modos
de fazer enraizados no cotidiano das comunidades;
II - Livro de Registro das Celebrações, onde serão inscritos rituais e festas que
marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e
de outras práticas da vida social;
III - Livro de Registro das Formas de Expressão, onde serão inscritas
manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas;
IV - Livro de Registro dos Lugares, onde serão inscritos mercados, feiras,
santuários, praças e demais espaços onde se concentram e reproduzem
práticas culturais coletivas.
§ 2o A inscrição num dos livros de registro terá sempre como referência a
continuidade histórica do bem e sua relevância nacional para a memória, a
identidade e a formação da sociedade brasileira.
§ 3o Outros livros de registro poderão ser abertos para a inscrição de bens
culturais de natureza imaterial que constituam patrimônio cultural brasileiro e
não se enquadrem nos livros definidos no parágrafo primeiro deste artigo.

Art. 2o do Decreto nº 3.551/2000 - São partes legítimas para provocar a


instauração do processo de registro:
I - o Ministro de Estado da Cultura;
II - instituições vinculadas ao Ministério da Cultura;
III - Secretarias de Estado, de Município e do Distrito Federal;
IV - sociedades ou associações civis.

Art. 3o do Decreto nº 3.551/2000 - As propostas para registro, acompanhadas


de sua documentação técnica, serão dirigidas ao Presidente do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, que as submeterá ao
Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.
§ 1o A instrução dos processos de registro será supervisionada pelo IPHAN.
§ 2o A instrução constará de descrição pormenorizada do bem a ser registrado,
acompanhada da documentação correspondente, e deverá mencionar todos os
elementos que lhe sejam culturalmente relevantes.
§ 3o A instrução dos processos poderá ser feita por outros órgãos do Ministério
da Cultura, pelas unidades do IPHAN ou por entidade, pública ou privada, que
detenha conhecimentos específicos sobre a matéria, nos termos do
regulamento a ser expedido pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.
§ 4o Ultimada a instrução, o IPHAN emitirá parecer acerca da proposta de
registro e enviará o processo ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural,
para deliberação.
§ 5o O parecer de que trata o parágrafo anterior será publicado no Diário
Oficial da União, para eventuais manifestações sobre o registro, que deverão
ser apresentadas ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural no prazo de
até trinta dias, contados da data de publicação do parecer.

Art. 4o do Decreto nº 3.551/2000 - O processo de registro, já instruído com as


eventuais manifestações apresentadas, será levado à decisão do Conselho
Consultivo do Patrimônio Cultural.

Art. 5o do Decreto nº 3.551/2000 - Em caso de decisão favorável do Conselho


Consultivo do Patrimônio Cultural, o bem será inscrito no livro correspondente
e receberá o título de "Patrimônio Cultural do Brasil".
Parágrafo único. Caberá ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
determinar a abertura, quando for o caso, de novo Livro de Registro, em
atendimento ao disposto nos termos do § 3o do art. 1o deste Decreto.

Art. 6o do Decreto nº 3.551/2000 - Ao Ministério da Cultura cabe assegurar ao


bem registrado:
I - documentação por todos os meios técnicos admitidos, cabendo ao IPHAN
manter banco de dados com o material produzido durante a instrução do
processo.
II - ampla divulgação e promoção.

Art. 7o do Decreto nº 3.551/2000 - O IPHAN fará a reavaliação dos bens


culturais registrados, pelo menos a cada dez anos, e a encaminhará ao
Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural para decidir sobre a revalidação do
título de "Patrimônio Cultural do Brasil".
Parágrafo único. Negada a revalidação, será mantido apenas o registro, como
referência cultural de seu tempo.

Art. 8o do Decreto nº 3.551/2000 - Fica instituído, no âmbito do Ministério da


Cultura, o "Programa Nacional do Patrimônio Imaterial", visando à
implementação de política específica de inventário, referenciamento e
valorização desse patrimônio.

AULAS 13 E 14
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL
A Constituição, em seu art. 225, § 3º, estatui que será possível a tripla
responsabilização pela ocorrência de dano ambiental nas searas civil, penal e
administrativa, de modo que sujeitar o infrator ambiental às três esferas de
responsabilização, quando legitimamente configuradas, não configura bis in idem.
Essa sanção tríplice não acontece sempre, ela pode acontecer.
Art. 225 da Constituição Federal - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
(...)
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
1. Infração Administrativa Ambiental
1.1 Conceito
A lei de crimes ambientais (Lei nº 9.605/1998) não contem apenas crimes, mas
também expõe infrações ambientais de cunho administrativo elencadas nos arts. 70 a
76. Ler muito esses artigos.
Art. 70 da Lei nº 9.605/1998 - Considera-se infração administrativa ambiental
toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
proteção e recuperação do meio ambiente.
1.2 Sanções
Art. 72 da Lei nº 9.605/1998 - As infrações administrativas são punidas com as
seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:
I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora,
instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza
utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
X – (VETADO)
XI - restritiva de direitos.
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-
ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.
§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e
da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das
demais sanções previstas neste artigo.
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou
dolo:
I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las,
no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos
Portos, do Ministério da Marinha;
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos
Portos, do Ministério da Marinha.
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria
e recuperação da qualidade do meio ambiente.
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se
prolongar no tempo.
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão
ao disposto no art. 25 desta Lei.
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o
produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo
às prescrições legais ou regulamentares.
§ 8º As sanções restritivas de direito são:
I - suspensão de registro, licença ou autorização;
II - cancelamento de registro, licença ou autorização;
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito;
V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até
três anos.
Art. 6º da Lei nº 9.605/1998 - Para imposição e gradação da penalidade, a
autoridade competente observará:
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas
consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de
interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
1.3. Incidência dos Princípios de Tipicidade e Legalidade
O Decreto nº 6.514/2008 densificou o rol de infrações ambientais para além
das previsões da Lei de Crimes Ambientais, em seus artigos 24 a 93 (são descritas 70
infrações ambientais), de modo a afastar eventual arguição de desatendimento ao
princípio da tipicidade.
Quanto ao atendimento ao princípio da legalidade, a primeira conclusão a que
se chega afirma que há, para fins de configuração de infração ambiental, exigência de
lei em sentido estrito, não sendo suficiente o decreto.
Todavia, o Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do REsp
1.137.314/MG assentou o entendimento de que o crime deve sim estar previsto em lei
para que exista, já que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal, mas a infração ambiental pode estar descrita em norma
jurídica (lei em sentido amplo), de modo que seria perfeitamente legítima a tipificação
das infrações ambientais no Decreto nº 6.514/2008, já que seria manifestação do
poder de polícia ambiental, sujeita a uma legalidade administrativa não mais rigorosa
que a legalidade ambiental.
Assim, não tem problema as sanções administrativas estarem em decreto e não
lei.
2. Competência
Art. 70 da Lei nº 9.605/1998 - Considera-se infração administrativa ambiental
toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
proteção e recuperação do meio ambiente.
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e
instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais
integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados
para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos
Portos, do Ministério da Marinha.
Como decorrência do disposto no art. 70, § 1º da Lei nº 9.605/1998, tem-se que
Estados e Municípios deverão estabelecer, por meio de norma expressa, qual
funcionário ou grupo de funcionários detém atribuição fiscalizatória ambiental, sob
pena de nulidade dos respectivos Autos de Infração, a exemplo do que já é feito em
São Paulo (art. 195 da Constituição Estadual e art. 3º, § 2º do Decreto Estadual nº
60.432/2014.
É uma legislação suplementar à da Uniao.

3. Auto de Infração
É ato administrativo e, portanto, dotado da presunção relativa de legalidade,
legitimidade e veracidade, cabendo ao infrator ambiental o ônus da prova em sentido
contrário, principalmente em relação a eventuais vícios contidos no Auto de Infração.
Art. 99 do Decreto nº 6.514/2008 - O auto de infração que apresentar vício
sanável poderá, a qualquer tempo, ser convalidado de ofício pela autoridade
julgadora, mediante despacho saneador, após o pronunciamento do órgão da
Procuradoria-Geral Federal que atua junto à respectiva unidade administrativa
da entidade responsável pela autuação.
Parágrafo único. Constatado o vício sanável, sob alegação do autuado, o
procedimento será anulado a partir da fase processual em que o vício foi
produzido, reabrindo-se novo prazo para defesa, aproveitando-se os atos
regularmente produzidos.

Art. 100 do Decreto nº 6.514/2008 - O auto de infração que apresentar vício


insanável deverá ser declarado nulo pela autoridade julgadora competente,
que determinará o arquivamento do processo, após o pronunciamento do
órgão da Procuradoria-Geral Federal que atua junto à respectiva unidade
administrativa da entidade responsável pela autuação.
§ 1o Para os efeitos do caput, considera-se vício insanável aquele em que a
correção da autuação implica modificação do fato descrito no auto de infração.
§ 2o Nos casos em que o auto de infração for declarado nulo e estiver
caracterizada a conduta ou atividade lesiva ao meio ambiente, deverá ser
lavrado novo auto, observadas as regras relativas à prescrição.
§ 3o O erro no enquadramento legal da infração não implica vício insanável,
podendo ser alterado pela autoridade julgadora mediante decisão
fundamentada que retifique o auto de infração.
Como consabido pelas lições de direito administrativo e reafirmado pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça no REsp 1.274.801/DF, não é admitida a
correção judicial de vício sanável, do mesmo modo que não pode a Administração
Pública indicar, como fundamento para auto de infração, certo dispositivo legal e
pretender o reconhecimento da validade do mesmo auto com base em outros
dispositivos legais, sob pena de malferimento dos princípios da legalidade e da
tipicidade e comprometendo a verificação de legitimidade por parte do Poder
Judiciário.
Assim, não pode fazer correição e sanar vícios na fase judicial, somente na fase
administrativa.
4. Natureza Jurídica
A Lei de Crimes Ambientais (que não versa exclusivamente acerca de ilícitos
penais ambientais), em seu art. 72, § 3º, afirma que, diante de infração administrativa
ambiental para a qual seja imposta a sanção de multa simples, a responsabilidade será
subjetiva; e objetiva para a aplicação de todas as demais sanções. Todavia, o Superior
Tribunal de Justiça, por interpretação do art. 14, § 1º da Lei nº 6.938/1981, passou a
afirmar em seus julgados que a responsabilidade administrativa ambiental seria
sempre objetiva. – o pensamento estava equivocado.
Em 2015, em paradigmático julgado (AgRg no AREsp 62.584/RJ), distinguiu a
natureza jurídica da responsabilidade incidente sobre o poluidor direto e o indireto,
afirmando que o responsável direto pelo dano ambiental (no caso em exame, um
transportador de óleo diesel envolvido em acidente que causou dano ambiental)
ostenta responsabilidade objetiva e o responsável indireto (proprietário da carga) é
tido como terceiro e sua responsabilidade seria subjetiva.
Já em 2018, o mesmo Superior Tribunal de Justiça manifestou tendência a
reafirmar posição de que a responsabilidade seria sempre subjetiva (AgI no AREsp
826.046/SC e AgI no AREsp 1.263.957/PR), obedecendo, diversamente à lógica
proposta pela responsabilidade civil objetiva, à sistemática da teoria da culpabilidade,
com robusta comprovação de conduta danosa ambiental por parte do transgressor da
norma ambiental, associada à demonstração do elemento subjetivo e relação de
causalidade.
Se cair na prova, hoje a saída é colocar que é subjetiva
Art. 14 da Lei nº 6.938/1981 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela
legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados
pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10
(dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional
- ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o
regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo
Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios.
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder
Público;
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito;
IV - à suspensão de sua atividade.
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o
poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio
ambiente.
5. Transmissão para Terceiros
Até 2012, estava consolidado o entendimento jurisprudencial no sentido de
que a responsabilidade civil pela reparação dos danos ambientais adere à propriedade,
tendo natureza real e sendo, portanto, propter rem.
Por ocasião do julgamento do REsp 1.251.697/PR, o Superior Tribunal de Justiça
adotou posição diversa em relação à responsabilidade administrativa por dano
ambiental, afirmando que, pelo princípio da intranscendência das penas, aplicável não
só ao âmbito penal, mas em todo o direito sancionador, não é possível ajuizar
execução fiscal para cobrar multa aplicada em face de condutas imputáveis a
ascendente, de modo que a responsabilidade civil por dano ambiental é
subjetivamente mais abrangente do que as responsabilidades administrativa e penal,
não admitindo estas últimas que terceiros respondam a título objetivo por ofensas
ambientais causadas por outrem.
Em resumo, a reparação civil passaria ao sucessor do degradador ambiental,
enquanto que a reparação decorrente de sanções penais e administrativas seria
personalíssima.
6. Prescrição
Art. 21 do Decreto nº 6.514/2008 - Prescreve em cinco anos a ação da
administração objetivando apurar a prática de infrações contra o meio
ambiente, contada da data da prática do ato, ou, no caso de infração
permanente ou continuada, do dia em que esta tiver cessado.
§ 1o Considera-se iniciada a ação de apuração de infração ambiental pela
administração com a lavratura do auto de infração.
§ 2o Incide a prescrição no procedimento de apuração do auto de infração
paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos
autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte
interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional
decorrente da paralisação. – aqui existe a prescrição intercorrente.
§ 3o Quando o fato objeto da infração também constituir crime, a prescrição de
que trata o caput reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.
§ 4o A prescrição da pretensão punitiva da administração não elide a obrigação
de reparar o dano ambiental.

Súmula 467 do Superior Tribunal de Justiça - Prescreve em cinco anos, contados


do término do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública
de promover a execução da multa por infração ambiental. – apenas para multa
ambiental!

Assim, é possível lavra um auto de infração 20 anos após? Sim, se for infração
continuada, que não tiver cessado, não começa a contar o prazo de 5 anos.
Quando alguém pratica uma infração adm. ambiental, quais os prazos
aplicáveis? 5 e mais de 3 anos. Mais de três anos é 3 e um dia.
Quando a infração adm. ambiental também for crime, não se aplica o prazo de
5 anos, mas sim o prazo do CP do Art. 109.
Se houver prescrição da infração adm. e do crime, isso não afasta a obrigação
de reparar o dano. O dano ambiental nunca prescreve.

7. Procedimento
No âmbito federal, o procedimento é descrito nos artigos 94 a 148 do Decreto
nº 6.514/2008, regulando a apuração administrativa de infrações ambientais e
conferindo unidade às normas relativas aos procedimentos em matéria ambiental. Tais
dispositivos não obstam a atuação legislativa dos Estados e Municípios em suas
respectivas esferas, a exemplo do ocorrido no Estado e no Município de São Paulo, por
meio, respectivamente dos Decretos nº 60.342/2014 e 54.421/2013.
Os elementos nucleares do procedimento são as prescrições relativas a quem
autua, quem julga, quais os prazos para defesa e recursos, etc., de modo que, ausentes
tais dispositivos no regramento específico da unidade da federação, passa a ser
inviável a realização de qualquer autuação, já que restará configurado arbítrio estatal
sem a observância das inexistentes prescrições relativas ao devido processo.
Art. 94 do Decreto nº 6.514/2008 - Este Capítulo regula o processo
administrativo federal para a apuração de infrações administrativas por
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
Parágrafo único. O objetivo deste Capítulo é dar unidade às normas legais
esparsas que versam sobre procedimentos administrativos em matéria
ambiental, bem como, nos termos do que dispõe o art. 84, inciso VI, alínea “a”,
da Constituição, disciplinar as regras de funcionamento pelas quais a
administração pública federal, de caráter ambiental, deverá pautar-se na
condução do processo.

Art. 95 do Decreto nº 6.514/2008 - O processo será orientado pelos princípios


da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e
eficiência, bem como pelos critérios mencionados no parágrafo único do art. 2o
da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999.

Art. 96 do Decreto nº 6.514/2008 - Constatada a ocorrência de infração


administrativa ambiental, será lavrado auto de infração, do qual deverá ser
dado ciência ao autuado, assegurando-se o contraditório e a ampla defesa.
Art. 69 da Lei nº 6.905/1998 - Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder
Público no trato de questões ambientais:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Se há autuação federal e estadual, prevalece a estadual.


Quando é caso de licenciamento e autorização tem que autuar quem deu ou
quem deveria ter dado a licença.
Quando não é caso de licenciamento, pode ser município, união ou estado.
RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL
1. Legislação
Art. 225 da Constituição Federal - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
(...)
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Art. 3º da Lei nº 6.938/1981 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por
(...)
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental;

Art 4º da Lei nº 6.938/1981 - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:


(...)
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou
indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de
recursos ambientais com fins econômicos. – poluidor pagador

Art. 14 da Lei nº 6.938/1981 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela


legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados
pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10
(dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional
- ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o
regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo
Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios.
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder
Público;
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito;
IV - à suspensão de sua atividade.
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o
poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio
ambiente. – responsabilidade civil objetiva.

2. Natureza Jurídica
A responsabilidade civil decorrente de danos ambientais é sempre objetiva e
solidária entre todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram com o dano.
O litisconsórcio passivo é facultativo, tanto para ações individuais, quanto para
coletivas, de modo que é possível colocar um, alguns ou todos os poluidores no polo
passivo. O autor escolhe quem quer colocar no polo passivo.
Art. 275 do Código Civil - O credor tem direito a exigir e receber de um ou de
alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento
tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados
solidariamente pelo resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de
ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.
A arguição mais comum por parte do poluidor diante desse cenário de
litisconsórcio passivo facultativo é a denunciação da lide ou o chamamento ao
processo, conforme as circunstâncias do caso concreto (art. 125 e 130 do CPC).
Contudo, o art. 88 do CDC conjugado com o art. 21 da Lei da Ação Civil Pública veda a
denunciação da lide.
Art. 88 do Código de Defesa do Consumidor - Na hipótese do art. 13, parágrafo
único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo
autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos,
vedada a denunciação da lide.

Art. 13 do Código de Defesa do Consumidor - (...)


Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá
exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua
participação na causação do evento danoso.

Art. 21 da Lei nº 7.347/1985 - Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses


difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da
lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor.
Já quanto ao chamamento ao processo, doutrina e jurisprudência afirmam ser
incabível em lides ambientais porque geraria contrassenso jurídico em face do direito
de escolha de quem ocupa o polo ativo. Além disso, seria prejudicial à tutela ao
interesse fundamental do meio ambiente, consagrado como direito humano, a
discussão do interesse econômico relativo à participação de cada litisconsorte no
evento danoso, que pode, inclusive, ser feita pela via regressiva. Ademais, a
interpretação sistemática do microssistema de tutela coletiva do meio ambiente
aponta o desinteresse do legislador pela possibilidade de intervenção de terceiros em
ações dessa natureza, salvo eventual seguradora contratada.
Art. 101 do Código de Defesa do Consumidor - Na ação de responsabilidade
civil do fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos
Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao
processo o segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de
Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar procedente o
pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o
réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar a
existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o
ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada a
denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o
litisconsórcio obrigatório com este.
3. Elementos
Compõe a responsabilidade civil ambiental a conduta ou atividade, o dano e a
relação de causalidade entre eles estabelecida.
3.1 Conduta
É preciso definir o autor da conduta (que poderá inclusive ser o Estado por ação
ou omissão) para imputar a responsabilidade, sem prejuízo de que o sucessor
responda, considerando a natureza real e propter rem do dever de reparação.
Art. 3º da Lei nº 6.938/1981 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por
(...)
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental;

Súmula 623 do Superior Tribunal de Justiça: As obrigações ambientais possuem


natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor
atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.

AMBIENTAL. UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL (LEI 9.985/00).


OCUPAÇÃO E CONSTRUÇÃO ILEGAL POR PARTICULAR NO PARQUE ESTADUAL DE
JACUPIRANGA. TURBAÇÃO E ESBULHO DE BEM PÚBLICO. DEVER-PODER DE CONTROLE
E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL DO ESTADO. OMISSÃO. ART. 70, § 1º, DA LEI 9.605/1998.
DESFORÇO IMEDIATO. ART. 1.210, § 1º, DO CÓDIGO CIVIL. ARTIGOS 2º, I E V, 3º, IV, 6º
E 14, § 1º, DA LEI 6.938/1981 (LEI DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE).
CONCEITO DE POLUIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DE NATUREZA
SOLIDÁRIA, OBJETIVA, ILIMITADA E DE EXECUÇÃO SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO
FACULTATIVO.
1. Já não se duvida, sobretudo à luz da Constituição Federal de 1988, que ao Estado a
ordem jurídica abona, mais na fórmula de dever do que de direito ou faculdade, a
função de implementar a letra e o espírito das determinações legais, inclusive contra si
próprio ou interesses imediatos ou pessoais do Administrador. Seria mesmo um
despropósito que o ordenamento constrangesse os particulares a cumprir a lei e
atribuísse ao servidor a possibilidade, conforme a conveniência ou oportunidade do
momento, de por ela zelar ou abandoná-la à própria sorte, de nela se inspirar ou,
frontal ou indiretamente, contradizê-la, de buscar realizar as suas finalidades públicas
ou ignorá-las em prol de interesses outros.
2. Na sua missão de proteger o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as
presentes e futuras gerações, como patrono que é da preservação e restauração dos
processos ecológicos essenciais, incumbe ao Estado definir, em todas as unidades da
Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção (Constituição Federal, art. 225, § 1º, III).
3. A criação de Unidades de Conservação não é um fim em si mesmo, vinculada que se
encontra a claros objetivos constitucionais e legais de proteção da Natureza. Por isso,
em nada resolve, freia ou mitiga a crise da biodiversidade diretamente associada à
insustentável e veloz destruição de habitat natural, se não vier acompanhada do
compromisso estatal de, sincera e eficazmente, zelar pela sua integridade físico-
ecológica e providenciar os meios para sua gestão técnica, transparente e
democrática. A ser diferente, nada além de um sistema de áreas protegidas de papel
ou de fachada existirá, espaços de ninguém, onde a omissão das autoridades é
compreendida pelos degradadores de plantão como autorização implícita para o
desmatamento, a exploração predatória e a ocupação ilícita.
4. Qualquer que seja a qualificação jurídica do degradador, público ou privado, no
Direito brasileiro a responsabilidade civil pelo dano ambiental é de natureza objetiva,
solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios do poluidor-pagador, da reparação
in integrum, da prioridade da reparação in natura, e do favor debilis, este último a
legitimar uma série de técnicas de facilitação do acesso à Justiça, entre as quais se
inclui a inversão do ônus da prova em favor da vítima ambiental. Precedentes do STJ.
5. Ordinariamente, a responsabilidade civil do Estado, por omissão, é subjetiva ou por
culpa, regime comum ou geral esse que, assentado no art. 37 da Constituição Federal,
enfrenta duas exceções principais. Primeiro, quando a responsabilização objetiva do
ente público decorrer de expressa previsão legal, em microssistema especial, como na
proteção do meio ambiente (Lei 6.938/1981, art. 3º, IV, c/c o art. 14, § 1º). Segundo,
quando as circunstâncias indicarem a presença de um standard ou dever de ação
estatal mais rigoroso do que aquele que jorra, consoante a construção doutrinária e
jurisprudencial, do texto constitucional.
6. O dever-poder de controle e fiscalização ambiental (= dever-poder de
implementação), além de inerente ao exercício do poder de polícia do Estado, provém
diretamente do marco constitucional de garantia dos processos ecológicos essenciais
(em especial os arts. 225, 23, VI e VII, e 170, VI) e da legislação, sobretudo da Lei da
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981, arts. 2º, I e V, e 6º) e da Lei
9.605/1998 (Lei dos Crimes e Ilícitos Administrativos contra o Meio Ambiente).
7. Nos termos do art. 70, § 1º, da Lei 9.605/1998, são titulares do dever-poder de
implementação os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional
de Meio Ambiente (SISNAMA), designados para as atividades de fiscalização, além de
outros a que se confira tal atribuição.
8. Quando a autoridade ambiental tiver conhecimento de infração ambiental é
obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo
próprio, sob pena de co-responsabilidade (art. 70, § 3°, da Lei 9.605/1998, grifo
acrescentado).
9. Diante de ocupação ou utilização ilegal de espaços ou bens públicos, não se
desincumbe do dever-poder de fiscalização ambiental (e também urbanística) o
Administrador que se limita a embargar obra ou atividade irregular e a denunciá-la ao
Ministério Público ou à Polícia, ignorando ou desprezando outras medidas, inclusive
possessórias, que a lei põe à sua disposição para eficazmente fazer valer a ordem
administrativa e, assim, impedir, no local, a turbação ou o esbulho do patrimônio
estatal e dos bens de uso comum do povo, resultante de desmatamento, construção,
exploração ou presença humana ilícitos.
10. A turbação e o esbulho ambiental-urbanístico podem (e no caso do Estado, devem)
ser combatidos pelo desforço imediato, medida prevista atualmente no art. 1.210, §
1º, do Código Civil de 2002 e imprescindível à manutenção da autoridade e da
credibilidade da Administração, da integridade do patrimônio estatal, da legalidade, da
ordem pública e da conservação de bens intangíveis e indisponíveis associados à
qualidade de vida das presentes e futuras gerações.
11. O conceito de poluidor, no Direito Ambiental brasileiro, é amplíssimo,
confundindo-se, por expressa disposição legal, com o de degradador da qualidade
ambiental, isto é, toda e qualquer pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação
ambiental (art. 3º, IV, da Lei 6.938/1981, grifo adicionado).
12. Para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano urbanístico-ambiental e
de eventual solidariedade passiva, equiparam-se quem faz, quem não faz quando
deveria fazer, quem não se importa que façam, quem cala quando lhe cabe
denunciar, quem financia para que façam e quem se beneficia quando outros fazem.
13. A Administração é solidária, objetiva e ilimitadamente responsável, nos termos da
Lei 6.938/1981, por danos urbanístico-ambientais decorrentes da omissão do seu
dever de controlar e fiscalizar, na medida em que contribua, direta ou indiretamente,
tanto para a degradação ambiental em si mesma, como para o seu agravamento,
consolidação ou perpetuação, tudo sem prejuízo da adoção, contra o agente público
relapso ou desidioso, de medidas disciplinares, penais, civis e no campo da
improbidade administrativa.
14. No caso de omissão de dever de controle e fiscalização, a responsabilidade
ambiental solidária da Administração é de execução subsidiária (ou com ordem de
preferência).
15. A responsabilidade solidária e de execução subsidiária significa que o Estado
integra o título executivo sob a condição de, como devedor-reserva, só ser convocado
a quitar a dívida se o degradador original, direto ou material (= devedor principal) não
o fizer, seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou insolvência, seja por
impossibilidade ou incapacidade, inclusive técnica, de cumprimento da prestação
judicialmente imposta, assegurado, sempre, o direito de regresso (art. 934 do Código
Civil), com a desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 do Código Civil).
16. Ao acautelar a plena solvabilidade financeira e técnica do crédito ambiental, não se
insere entre as aspirações da responsabilidade solidária e de execução subsidiária do
Estado (sob pena de onerar duplamente a sociedade, romper a equação do princípio
poluidor-pagador e inviabilizar a internalização das externalidades ambientais
negativas) substituir, mitigar, postergar ou dificultar o dever, a cargo do degradador
material ou principal, de recuperação integral do meio ambiente afetado e de
indenização pelos prejuízos causados.
17. Como consequência da solidariedade e por se tratar de litisconsórcio facultativo,
cabe ao autor da Ação optar por incluir ou não o ente público na petição inicial. 18.
Recurso Especial provido.
(STJ, 2ª Turma, REsp 1.071.741/SP, Rel. Min. Herman Benjamin. DJE 16/12/2010)

Poluidor direto é quem exerce a atividade.


Indireto é o poder público, que deveria fiscalizar.
Todos tem mesma reponsabilidade em reparar o dano.
O MP não precisa entrar contra todos os poluidores, pode inclusive entrar só contra o
indireto.
A responsabilidade do poder publico, seja direta ou indireta, é a mesma.
Na execução da ação, se não houver preferencia ferra o erário.

3.2 Danos Ambientais


Podem ter natureza material ou moral (dano moral coletivo) e, como acima
visto, na relação de causalidade, há notável amplitude para alcançar o poluidor direto
ou indireto, inclusive o financiador de obra poluente (o banco) e aquele que recebe
vantagem ao se aproveitar da poluição alheia.
O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento no sentido de que os danos
ambientais são imprescritíveis e a pretensão de reparação por danos individuais
devem ser manifestadas judicialmente nos mesmos prazos do Código Civil. C
Contudo, o Supremo Tribunal Federal, selecionando o RE 654.833/AC em maio
de 2018, reconheceu a repercussão geral da questão relativa à imprescritibilidade da
pretensão de reparação civil por dano ambiental.
Aquele que ganha dinheiro com a poluição do outro, responde por ela.
4. Apontamentos Finais
Súmula 618 do Superior Tribunal de Justiça: A inversão do ônus da prova aplica-
se às ações de degradação ambiental.
Súmula 613 do Superior Tribunal de Justiça: Não se admite a aplicação da teoria
do fato consumado em tema de direito ambiental.

RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL. RECURSO ESPECIAL


REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. DANOS DECORRENTES DO
ROMPIMENTO DE BARRAGEM. ACIDENTE AMBIENTAL OCORRIDO, EM JANEIRO DE
2007, NOS MUNICÍPIOS DE MIRAÍ E MURIAÉ, ESTADO DE MINAS GERAIS. TEORIA DO
RISCO INTEGRAL. NEXO DE CAUSALIDADE.
1. Para fins do art. 543-C do Código de Processo Civil: a) a responsabilidade por dano
ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de
causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato,
sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de
excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indenizar; b) em
decorrência do acidente, a empresa deve recompor os danos materiais e morais
causados e c) na fixação da indenização por danos morais, recomendável que o
arbitramento seja feito caso a caso e com moderação, proporcionalmente ao grau de
culpa, ao nível socioeconômico do autor, e, ainda, ao porte da empresa, orientando-se
o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e jurisprudência, com razoabilidade,
valendo-se de sua experiência e bom senso, atento à realidade da vida e às
peculiaridades de cada caso, de modo que, de um lado, não haja enriquecimento sem
causa de quem recebe a indenização e, de outro, haja efetiva compensação pelos
danos morais experimentados por aquele que fora lesado. 2. No caso concreto,
recurso especial a que se nega provimento. (STJ, 2ª Seção, REsp 1.374.284/MG, Rel
Min. Luis Felipe Salomão, j. 27/08/2014, DJE 05/09/2014).

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