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DIREITO AMBIENTAL I

CONCEITO
O Direito Ambiental é um ramo jurídico constituído por um conjunto de leis,
normas e princípios que visam a proteção do meio ambiente como um todo, a
preservação das espécies e a qualidade de vida.

Ambiental x Agrário x Rural

O Direito Ambiental, como visto, é uma ampla área do Direito que busca
regulamentar relações entre o homem, os governantes e as empresas com o
meio ambiente, em sua totalidade, a fim de protegê-lo. Já o Direito Agrário é o
ramo jurídico que disciplina e estuda a relação do homem com as
propriedades rurais. Seu objetivo é buscar o progresso social e econômico do
trabalhador rural e enriquecer a coletividade a partir da promoção da função
social da terra. O Direito Rural, por sua vez, é conhecido modernamente como
“Direito do Agronegócio”, e tem sua base na Constituição Federal, uma vez que
o legislador elevou a agricultura a um setor prioritário da economia do país.
Esse ramo se insere no Direito Agrário e seu objetivo é proteger a atividade
agrícola.

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

A área de Direito Ambiental não possui um código ou uma legislação única no


Brasil, da mesma forma que encontramos em outros ramos.

I. Constituição Federal
Os principais estão localizados no Título VIII (Da Ordem Social),
Capítulo VI, que fala exclusivamente sobre o meio ambiente.
O art. 225 da Constituição Federal inicia o capítulo, e dispõe que
“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

II. Política Nacional do Meio Ambiente


Conhecida pela abreviação “PNMA”, a Polícia Nacional do Meio
Ambiente foi criada em 1981, sob nº 6.938.
Seu objetivo, previsto já no seu art. 2º, é preservar, melhorar e
recuperar a qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
Para alcançar tais fins, a Lei 6.938/81 cria diversos princípios e
órgãos de proteção, tais como o Sistema Nacional do Meio Ambiente,
o Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Além disso, também são elencados instrumentos de atuação da
política ambiental, como licenciamentos ambientais,
estabelecimento de padrões de qualidade e zoneamento ambientais.

III. Lei de Ação Civil Pública


Promulgada sob nº 7.347/85, a Lei da Ação Civil Pública coloca à
disposição de determinadas organizações um instrumento legal para
ajuizar ações de responsabilidade por danos morais e materiais
causados ao meio ambiente. Também protege outros direitos, como
os direitos do consumidor, de bens e patrimônios históricos e
públicos, a honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos,
entre outros.
Diante de um dano ambiental, os legitimados legais podem ingressar
com a ação civil pública, pleiteando pela indenização ou reparação
respectiva.

IV. Lei de Crimes Ambientais


A Lei nº 9.605/98, também conhecida como Lei de Crimes
Ambientais, disciplina uma série de condutas lesivas ao meio
ambiente, as quais ensejam responsabilidade criminal e
administrativa dos infratores.
Essas infrações são divididas entre crimes contra a fauna, crimes
contra a flora, crimes de poluição, crimes contra o ordenamento
urbano e o patrimônio cultural e crimes contra a administração
ambiental. Essa Lei é um grande marco para o Direito Ambiental,
pois preconiza condutas criminosas que podem ser praticadas por
pessoas jurídicas.

V. Código Florestal
O Código Florestal foi promulgado sob nº 12.651/12, e tem como
objetivo, de modo geral, a proteção das florestas e da vegetação
brasileira. Especificamente, a Lei 12.651/12 visa:
Proteger vegetação, áreas de preservação permanente e áreas de
reserva legal;
Dispor sobre exploração florestal e o suprimento de matéria-prima
florestal;
Dispor sobre o controle da origem dos produtos florestais e o
controle e prevenção de incêndios florestais;
Criar mecanismos econômicos e financeiros para que seja possível
alcançar os objetivos da lei.

VI. Leis dos Recursos Hídricos


De igual importância ao Código Florestal, a Lei dos Recursos
Hídricos, promulgada sob nº 9.433/97, visa a proteção da água e
dos recursos hídricos existentes em território brasileiro. Como
premissa básica, essa lei estipula que a água é um bem de domínio
público, um recurso natural limitado, dotado de valor econômico,
cujo uso e gestão de seus recursos deve sempre proporcionar ao
múltiplo uso das águas.

VII. Política Nacional de Resíduos Sólidos


A Política Nacional de Resíduos Sólidos, criada sob nº 12.305/10,
objetiva criar mecanismos para a gestão de resíduos sólidos, como
forma de minimizar os impactos da poluição em nosso ecossistema.
Desta forma, a lei busca integrar os órgãos públicos e os
particulares, por meio de princípios, objetivos, instrumentos,
diretrizes, metas e ações que busquem gerenciar, de forma
ambientalmente adequada, os resíduos sólidos provenientes das
mais variadas atividades.

VIII. Estatuto da Terra, Política Agrícola e Lei do Agro


O Estatuto da Terra, promulgado sob nº 4.504/64; a Política
Agrícola, sob nº 8.171/91; e a Lei do Agro, sob nº 13.986/20, são
leis que se complementam e dispõem sobre a relação do homem, das
empresas e dos órgãos públicos com a propriedade rural e agrária.

O Estatuto da Terra trata, especificamente, dos direitos e obrigações


provenientes de imóveis rurais, para fins de execução da reforma
agrária e promoção da política agrícola.

Já a Lei da Política Agrícola define os princípios e diretrizes da


mencionada política, criando recursos e mecanismos para as
atividades agropecuárias, agroindustriais e de planejamento
pesqueiro e florestal.

Por fim, a Lei do Agro visa facilitar e incentivar o setor agropecuário,


por meio de títulos de crédito e garantias que viabilizem as
atividades dos produtores rurais e agroindústrias.

PRÍNCIPIOS
1. Desenvolvimento Sustentável
Art. 1º, parágrafo 1º, Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento
(DDD):
Tríade econômica-socioambiental: art. 170 c/c 225, CF
Marco da criação; Conferência de Estocolmo

2. Precaução
Antecede o princípio da prevenção. Tem por objetivo evitar qualquer
risco de dano ao meio ambiente.
Quando não é possível ter certeza sobre os riscos e danos que a
conduta pode causar.
Incerteza a ocorrência de dano ambiental.
3. Prevenção
Tem por objetivo proteger e preservar o equilíbrio ecológico.
Está ligado a ideia de cautela, ações que devem ser tomadas para evitar
a ocorrência de danos, em casos que este é sabido e previsível.
Todo dano ambiental é considerado irreversível, de difícil ou impossível
reparação.
Está na CF.

4. Poluidor-pagador
Tem caráter preventivo.
Atribui ao poluidor ou condutor de atividade econômica potencialmente
poluidora, os custos decorrentes da prevenção da poluição e os de
reparação de danos ambientais não evitados.
Poluidor tem a responsabilidade material e financeira pela proteção
ambiental, a qual é satisfeita por meio de prevenção, eliminação ou
compensação financeira de degradação ambiental.

5. Usuário-pagador
O usuário de recursos naturais deve pagar por sua utilização.
Art. 4º, VII da PNMA: contribuição pela utilização de recursos
ambientais com fins econômicos.

6. Responsabilidade
Está vinculado ao princípio do poluidor-pagador.
Ocorrendo o dano ambiental, aquele que o causar será responsável pela
reparação do mesmo, tendo a obrigação legal de fazê-lo.

7. Equilíbrio
Necessidade de prever as consequências das ações que intervém no
meio ambiente, a fim de ponderar se elas são uteis para toda
coletividade.
Objetivo é alcançar um equilíbrio na relação entre o ser humano e o
meio ambiente.

8. Democrático / Participação
Chamado de Democrático, ou Participação Popular/Comunitária.
O princípio democrático está previsto na Constituição Federal e diz
respeito ao direito de todos os cidadãos de participar da elaboração de
políticas públicas relacionadas ao meio ambiente.
Decorre do direito de todos ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado e do regime jurídico do ambiente.

Medidas Legislativas
Medidas Administrativas
Medidas Processuais

9. Informação
Interdependente ao princípio da participação.
Art. 5, inciso 33 (XXXIII), da CF.
Princípio 10 da Eco-92:

10. Obrigatoriedade de atuação estatal


Art. 225, CF: cabe ao poder público e a coletividade o dever de defender
e preservar o meio ambiente.
Art. 2, I da PNMA: ação governamental na manutenção do equilíbrio
ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a
ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso
coletivo.

11. Função socioambiental da propriedade


Previsão legal na CF:
Art. 5°, XXII e XXIII
Art.170, III
Art. 186

12. Vedação do retrocesso ambiental (efeito cliquet)


Esse princípio tem por escopo obstar medidas legislativas e executivas
que implementem um efeito cliquet (termo francês, com acepção de 'não
retrocesso'), ou um efeito catraca, em relação ao direito ambiental.
As garantias de proteção ambiental, uma vez conquistadas, não podem
retroagir.

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