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Trabalho final da Disciplina DDP0217 - Direito Público da Saúde

Professor Gustavo Assed Ferreira

Aluna: Letícia Alves Zamperlini N° USP 11201377

Direito Público da Saúde e Direito Ambiental: as leis e regulamentos do meio ambiente


e os impactos que os desastres ambientais representam para a saúde populacional.

Introdução
Historicamente, o vínculo entre o homem e a natureza demonstrou-se cada vez mais
íntimo com o desenvolvimento das chamadas "ciências naturais” e, atualmente, dadas as
intensas mudanças climáticas desencadeadas pelas mais variadas ações antrópicas, resta claro
que este é um vínculo inquebrável. Por isso, é de extrema importância que as questões
ambientais sejam abarcadas pelo aparato legislativo, para que os países implantem políticas
públicas capazes de atuar mais efetivamente na proteção deste duo.
A interdependência entre saúde humana e ambiente é um tema central no contexto da
saúde pública e da preservação ambiental. A influência do ambiente na saúde é inegável,
refletindo-se em aspectos como a qualidade do ar, da água e do solo, bem como na
biodiversidade e na exposição a substâncias químicas nocivas. Diante dessa complexa
relação, as leis e regulamentos desempenham um papel fundamental na mitigação dos
impactos negativos do ambiente na saúde das populações.
Este trabalho tem como objetivo mencionar brevemente as leis e regulamentos do
aparato nacional que se direcionam à proteção da saúde em relação ao meio ambiente. Em
especial, as normas introduzidas pela Constituição Federal e a Lei de Política Nacional do
Meio Ambiente. Além disso, serão discutidos como os desastres ambientais impactam
diretamente na vida das comunidades afetadas, destacando a impunidade que marca a
jurisprudência destes casos.
Ao compreender a legislação existente e como ela se aplica na realidade fática,
busca-se destacar a importância da implementação de medidas legais e regulatórias eficazes
para preservar a saúde pública e promover a sustentabilidade ambiental. É finalidade a
compreensão das medidas jurídicas em vigor e suas implicações na proteção da saúde diante
dos desafios ambientais contemporâneos.
As Leis Ambientais Brasileiras
É indubitável que o Brasil possui uma extensa legislação ambiental que abrange uma
variedade de aspectos relacionados à proteção do meio ambiente e à promoção do
desenvolvimento sustentável. Vejamos de forma breve as principais leis ambientais do
sistema jurídico pátrio.
A priori, devemos citar que a Constituição Federal de 1988 estabelece as principais
diretrizes para a proteção ambiental no Brasil. O art. 225 trata do meio ambiente como um
bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, atribuindo ao poder público e à
coletividade o dever de preservá-lo para as presentes e futuras gerações. O referido artigo
também destaca a responsabilidade compartilhada entre o poder público e a sociedade na
promoção da sustentabilidade ambiental, reconhecendo o meio ambiente saudável como um
direito fundamental. Ademais, o artigo 170 da Constituição ressalta a defesa do meio
ambiente como um dos princípios da ordem econômica, evidenciando a necessidade de
conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, buscando um
equilíbrio entre o progresso e a conservação dos recursos naturais.
Em seguida, menciona-se a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº
6.938/1981), que representa um marco legislativo fundamental para a proteção ambiental no
Brasil. Esta lei estabelece princípios e diretrizes que norteiam as ações de preservação, e a
melhoria e recuperação da qualidade ambiental, visando assegurar um ambiente saudável
para a sociedade. Ela prevê a integração da proteção ambiental nas políticas públicas e nas
atividades produtivas, promovendo o desenvolvimento sustentável. Além disso, a legislação
institui instrumentos como o licenciamento ambiental, a criação de áreas de proteção
ambiental, o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental e a definição de penalidades
para infrações cometidas contra o meio ambiente. A Lei nº 6.938/1981 serve como base legal
para a gestão ambiental no país, orientando ações e medidas voltadas para a preservação dos
recursos naturais e para a promoção da qualidade de vida das presentes e futuras gerações.
Já detalhados os dois principais mecanismos legais sobre proteção do meio ambiente
nacional, elenca-se resumidamente outros mecanismos legais de bastante relevância acerca
do tema. São eles: a) O Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), que regula a proteção da
vegetação nativa, estabelece regras sobre áreas de preservação permanente, reserva legal e
uso do solo rural; b) a lei dos Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), que define crimes e
infrações administrativas contra o meio ambiente, estabelecendo penas e sanções para quem
pratica condutas lesivas ao meio ambiente; c) o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza (Lei nº 9.985/2000) que regulamenta a criação, gestão e manejo de
unidades de conservação, como parques nacionais, reservas biológicas e áreas de proteção
ambiental; d) a Lei de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) que estabelece princípios,
objetivos e instrumentos para a gestão adequada de resíduos sólidos, promovendo a redução,
reutilização, reciclagem e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos; e, por
último, e) a Lei de Recuperação de Áreas Degradadas (Lei nº 12.651/2012): Define normas
para a recuperação de áreas degradadas ou alteradas pela ação humana, estabelecendo
medidas de proteção e recuperação do meio ambiente.
Deve ser mencionado também as Convenções e Acordos Internacionais firmados pelo
Brasil, já que o país é signatário de diversos acordos e convenções internacionais voltados
para a proteção do meio ambiente, comprometendo-se a adotar medidas e a cooperar
globalmente para questões ambientais. Entre os principais tratados firmados, citam-se a
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), firmada em
1992, e o Acordo de Paris, de 2015, ambos com o objetivo de reduzir as emissões de gases de
efeito estufa e combater os impactos das mudanças climáticas. Além disso, o Brasil também é
parte da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD), comprometendo-se com a
conservação da diversidade biológica e o uso sustentável dos recursos naturais. Outros
acordos incluem a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora
Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), que regula o comércio de espécies ameaçadas, e
a Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), visando a
eliminação ou restrição desses poluentes ambientais. Esses acordos e convenções refletem o
compromisso internacional do Brasil na preservação ambiental e no enfrentamento dos
desafios globais relacionados ao meio ambiente e às mudanças climáticas.
Por fim, a relação entre os princípios constitucionais e as leis de proteção ao meio
ambiente é intrínseca na medida em que as leis ambientais brasileiras buscam concretizar os
preceitos estabelecidos na Constituição Federal de 1988. Os princípios constitucionais,
presentes principalmente no artigo 225, delineiam a proteção ao meio ambiente como um
direito fundamental, de caráter coletivo e difuso, reconhecendo sua importância para a
qualidade de vida e para as presentes e futuras gerações. As leis ambientais derivadas desses
princípios operacionalizam esses preceitos, estabelecendo diretrizes, normas e instrumentos
específicos para a preservação, conservação e recuperação do meio ambiente. Dessa forma,
as leis de proteção ambiental têm como objetivo principal concretizar os princípios
constitucionais, sendo fundamentais para a efetivação do direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, estabelecido na Carta Magna.
Em suma, as leis ambientais brasileiras representam um arcabouço normativo robusto
e abrangente, fundamentado nos princípios constitucionais de preservação do meio ambiente.
Embora essas leis tenham avançado significativamente na proteção dos recursos naturais e na
promoção do desenvolvimento sustentável, enfrentam desafios na sua efetiva aplicação e
fiscalização. A complexidade das questões ambientais demanda uma maior integração entre
os órgãos responsáveis, uma fiscalização mais eficiente, sanções mais rigorosas para crimes
ambientais e um maior engajamento da sociedade civil na promoção de uma cultura de
preservação ambiental. É essencial que as leis ambientais sejam aplicadas de forma
consistente e efetiva para assegurar a proteção dos ecossistemas, a conservação da
biodiversidade e a garantia de um meio ambiente saudável e sustentável para as atuais e
futuras gerações. Assim, um contínuo aprimoramento das legislações e uma efetiva
implementação são fundamentais para alcançar os objetivos de preservação ambiental
estabelecidos pela legislação brasileira.
As Leis Ambientais e a Saúde Pública
A relação simbiótica entre as leis ambientais brasileiras e as leis de saúde pública no
contexto nacional revela uma interdependência complexa e vital para a sustentabilidade do
ambiente e o bem-estar da sociedade. Como visto, as leis ambientais, voltadas para a
preservação, conservação e uso sustentável dos recursos naturais, desempenham um papel
fundamental na promoção de ambientes saudáveis, mitigando riscos ambientais que
impactam diretamente na saúde pública. A legislação de saúde pública, por sua vez, busca
proteger a população de fatores de risco à saúde, nos quais a degradação ambiental, a
contaminação de recursos naturais e a exposição a agentes poluentes representam desafios
significativos. A convergência desses arcabouços legais requer uma abordagem integrada, na
qual políticas e ações coordenadas visem não apenas a proteção do ambiente, mas também a
promoção da saúde pública, reconhecendo a estreita conexão entre ambas as esferas
legislativas para um desenvolvimento sustentável e uma melhor qualidade de vida da
população brasileira.
Embora não haja, geralmente, uma correlação explícita nos textos normativos, a
relação ampla e transversal entre esses campos é muitas vezes abordada de maneira
contextual e holística nos princípios gerais das legislações ou em políticas públicas que
buscam conciliar a proteção ambiental com a promoção da saúde. É possível identificar
referências e conexões indiretas entre algumas leis de saúde e leis ambientais. A Lei nº
8.080/1990, é um exemplo disso, uma vez que dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, bem como menciona indiretamente a influência do
ambiente na saúde humana, como a preocupação com a qualidade da água e do ar para a
prevenção de doenças.
Deste modo, a maioria das relações entre as leis de saúde pública e as leis ambientais
brasileiras se manifesta na prática e na implementação de políticas, programas e ações que
visam tanto a proteção ambiental quanto a promoção da saúde, sem necessariamente
estabelecer uma ligação direta nos textos legais. A preservação do ambiente saudável é
essencial para mitigar riscos à saúde, como a poluição, a degradação ambiental e a escassez
de recursos naturais, destacando a necessidade de uma abordagem integrada para o bem-estar
da sociedade e para a sustentabilidade ambiental. Nesse contexto, políticas e ações
coordenadas se fazem necessárias para equilibrar a preservação ambiental com a promoção
da saúde, reconhecendo a importância da interconexão entre esses dispositivos legais para um
desenvolvimento sustentável e para uma melhor qualidade de vida da sociedade.
Em conclusão, a interdependência entre as leis ambientais e as leis de saúde pública
no Brasil revela uma relação fundamental para a preservação do meio ambiente e a promoção
da saúde da população. Embora esses dispositivos legais possuam abordagens específicas,
sua interconexão é essencial para garantir ambientes saudáveis e qualidade de vida para os
cidadãos. A complementaridade entre ambas as esferas normativas demanda uma abordagem
integrada, na qual a proteção dos recursos naturais se alia à prevenção de doenças e à
promoção da saúde. Nesse sentido, políticas e práticas que busquem conciliar a preservação
ambiental com a saúde pública são cruciais para o desenvolvimento sustentável, ressaltando a
necessidade de ações conjuntas e coordenadas entre o Direito Ambiental e o Direito Público
da Saúde para alcançar o bem-estar da sociedade e a conservação do meio ambiente para as
atuais e futuras gerações.
O Direito Ambiental e Direito Público da Saúde na jurisprudência
A jurisprudência brasileira tem testemunhado a interconexão do direito ambiental e do
direito público da saúde em diversas decisões judiciais. Em casos emblemáticos, tribunais
têm se deparado com demandas que evidenciam a relação entre a degradação ambiental e os
impactos na saúde pública. Decisões judiciais têm sido proferidas para assegurar a proteção
ambiental diante de atividades que representam riscos significativos à saúde da população,
como a interrupção de empreendimentos que geram poluição hídrica, a exigência de medidas
mais rigorosas para controle de poluentes atmosféricos ou a restrição do uso de substâncias
nocivas próximas a áreas habitadas. A jurisprudência também tem refletido a necessidade de
políticas públicas integradas, reconhecendo que a preservação ambiental é uma medida
essencial para a promoção da saúde coletiva e que a garantia do direito à saúde demanda a
proteção do meio ambiente equilibrado e saudável. Estes casos judiciais evidenciam a
importância do diálogo entre esses ramos do direito e o papel dos tribunais na busca por
soluções que conciliam a proteção ambiental com a preservação da saúde pública, visando ao
bem-estar social.
Um destes casos é o litígio concernente à instalação de uma fábrica de celulose na
região de Jacareí/SP no final dos anos 90, que suscitou debates jurídicos sobre os impactos
ambientais na saúde pública.Outros casos versam sobre ações judiciais relacionadas ao uso de
agrotóxicos em áreas próximas a residências e comunidades, enfatizando os riscos potenciais
à saúde decorrentes da exposição a esses produtos químicos. Além disso, litígios referentes à
poluição hídrica e emissões de poluentes atmosféricos têm sido objeto de atenção judicial,
destacando a importância da proteção ambiental para a salvaguarda da saúde dos cidadãos.
Quando levantada a pauta da poluição hídrica, é quase que imediata a lembrança ao
trágico rompimento das barragens em Brumadinho em janeiro de 2019, consequência direta
das condutas abusivas da empresa Vale/Samarco, um dos mais graves crimes ambientais da
história do país, que, ainda hoje, está repleto de impunidade. Este marco trágico suscitou
discussões sobre a interseção entre desastres ambientais e o direito público da saúde no
Brasil, já que destacou os impactos devastadores na saúde da população afetada e no meio
ambiente circundante.
Além das perdas de vidas humanas, houve contaminação do solo, rios e recursos
hídricos, gerando uma série de problemas de saúde pública, como intoxicações, problemas
respiratórios, contaminação da água potável e efeitos psicossociais. Esse desastre levantou
debates sobre a responsabilidade das empresas na prevenção de tais eventos, além de ressaltar
a necessidade de uma regulação mais rigorosa, fiscalização eficiente e políticas de gestão de
riscos ambientais mais eficazes. A tragédia de Brumadinho reforçou a importância de
políticas públicas integradas que considerem os impactos à saúde gerados por desastres
ambientais, destacando a urgência de medidas preventivas e de reparação que contemplem
tanto a saúde da população quanto a preservação ambiental.
Mesmo após a condenação pela grave infração da legislação ambiental, a
Vale/Samarco continua com uma abordagem negligente perante as vítimas e a comunidade
afetadas pelo desastre, uma evidência escancarada de impunidade, característica comumente
carregada pelas grandes empresas quando o assunto é responsabilidade ambiental.
As vítimas continuam enfrentando dificuldades e impactos profundos em suas vidas,
incluindo perdas familiares, danos à saúde física e emocional, além de prejuízos
socioeconômicos e ambientais irreparáveis. Apesar da condenação da Vale/Samarco e de
exigências de reparação, a percepção geral é de uma postura insuficiente e inadequada por
parte da empresa, visto que muitas das demandas e necessidades das vítimas ainda carecem
de atendimento e compensação justa. Essa sensação de impunidade e a percepção de
negligência por parte da empresa reforçam a necessidade urgente de um sistema judicial mais
eficaz, capaz de garantir a responsabilização adequada em casos de desastres ambientais, bem
como a implementação de medidas efetivas de reparação e apoio às vítimas, assegurando o
acesso à justiça e a proteção dos direitos das comunidades afetadas.
No Brasil, a impunidade é espectro que paira sobre diversos casos de desastres
ambientais significativos que têm marcado a história do país assombrando para sempre a vida
da população e do ecossistema afetados. O desastre de Mariana, em 2015, envolvendo o
rompimento da barragem Fundão também da mineradora Vale/Samarco, teve consequências
devastadoras, porém, até o momento, as punições e reparos efetivos ainda são objeto de
controvérsia, com críticas à demora na responsabilização das empresas envolvidas, tal como
ocorre com as vítimas de Brumadinho. Ambos os acontecimentos desastrosos ocorridos em
2015 e 2019 deixaram um rastro de destruição tão profundo pelo Rio Doce que a qualidade
da água foi severamente comprometida, afetando não apenas o abastecimento hídrico, mas
também a pesca e a agricultura local, fundamentais para a subsistência das comunidades
ribeirinhas. Estes eventos representam nada menos que um golpe profundo no equilíbrio
ambiental e social do Vale do Rio Doce, acarretando danos irreversíveis que ainda persistem.
Outro caso emblemático é o derramamento de petróleo no litoral nordestino em 2019,
que afetou extensas áreas costeiras e ecossistemas marinhos. Apesar dos esforços para
investigar as causas e identificar os responsáveis, a sensação de impunidade prevalece diante
da complexidade e dificuldade em atribuir a culpa a um agente específico. Esses desastres
ambientais deixam um rastro de danos socioambientais, mas a lentidão nos processos
judiciais e a complexidade das investigações levantam questões sobre a efetividade do
sistema legal brasileiro na responsabilização e reparação dos danos decorrentes desses
eventos.
Assim, a jurisprudência pátria é testemunha inconteste de que os desastres ambientais
ilustram a interconexão entre a preservação ambiental, a saúde pública e a responsabilidade
socioeconômica. Esses eventos não apenas geraram danos imediatos e irreparáveis para os
ecossistemas e as comunidades afetadas, mas também evidenciaram lacunas nos sistemas de
prevenção, fiscalização e resposta a crises ambientais. A impunidade, a negligência e a
demora na responsabilização das partes envolvidas impactam não apenas as vítimas diretas,
mas também minam a confiança na capacidade do Estado e das empresas em lidar com
questões ambientais e de saúde pública. Diante disso, fomenta-se a necessidade de busca por
soluções integradas e sustentáveis no âmbito do direito ambiental e do direito público da
saúde, com uma crítica escancarada à falha estrutural da aplicação dos vastos dispositivos
legais que interligam estas partes do direito mas que, na prática, não são suficientes para
impactar a realidade.
Conclusão
A interseção entre o Direito Público da Saúde e o Direito Ambiental revela uma
conexão vital para a qualidade de vida e o bem-estar da sociedade. As leis e regulamentos
relacionados ao meio ambiente desempenham um papel fundamental na preservação dos
recursos naturais e na mitigação de riscos à saúde pública. A legislação ambiental,
representada por dispositivos como a Constituição Federal de 1988, a Lei nº 6.938/1981 e
outras regulamentações específicas, estabelece diretrizes para a proteção, conservação e
recuperação do meio ambiente, reconhecendo-o como um direito fundamental essencial à
saúde e à qualidade de vida das presentes e futuras gerações.
A aplicação efetiva dessas leis ambientais, no entanto, enfrenta desafios complexos,
incluindo a garantia da fiscalização adequada, a responsabilização por danos ambientais e a
implementação de políticas públicas eficazes. A recorrente impunidade que rege os mais
diversos desastres ambientais, por mais graves que sejam, é o maior indicativo de que o
Direito Público da Saúde e o Direito Ambiental possuem uma discrepância colossal entre a
tipificação legal e a sua aplicação na realidade fática, minando a eficácia de suas funções
sociais.
Em suma, o vínculo entre o Direito Público da Saúde e o Direito Ambiental é
essencial para uma sociedade saudável e sustentável. A aplicação eficaz desses dispositivos
legais são fundamentais para proteger o meio ambiente, prevenir riscos à saúde e garantir o
bem-estar coletivo, refletindo a necessidade de políticas integradas e ações coordenadas para
o benefício da sociedade nacional. Cada vez mais, ecoam os gritos silenciosos do meio
ambiente e das vítimas de desastres ambientais, sussurando: o Direito ambiental e o Direito
Público da Saúde são duas faces de uma mesma moeda.

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