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Direito ambiental

Conceito

A consolidação teórica dos direitos fundamentais a partir da década de setenta coincidiu com a emergência
temática do direito ambiental, face as exigências da complexidade social aliada à crescente crise ambiental,
derivada, principalmente, das ações antrópicas sobre o meio ambiente.

O direito ambiental nasce nos direitos de 1° geração.

A terceira dimensão rompe o direito romano germânico, a triangulação do direito. Pois a partir dai
começamos a falar de meio ambiente e proteção do meio ambiente, a gente rompe a relação autor-réu.

Direito ambiental é também direito do consumidor, ele tutela seu objeto: o meio ambiente, algo que atinge a
todos. São interesses difusos.

♥ O dano ambiental sempre é imensurável. Ex. Tragédia de Mariana atingiu o estado de São Paulo
com febre amarela.
♥ Quem representa essas demandas é o Ministério Público.

Conceitos doutrinários e Jurisprudenciais sobre o Meio Ambiente

♥ Para organização das nações unidas, o meio ambiente é o conjunto de elementos físicos, químicos,
biológicos e sociais que podem causar efeitos diretos ou indiretos sobre os seres vivos e as atividades
humanas.
♥ A questão indígena entra na questão do Direito Ambiental.

Segundo Robert Erick Ricklefs o meio ambiente é os arredores de um organismo, incluindo as plantas, os
animais e os micróbios com os quais interagem. Esse conceito tem a visão centrada no organismo

A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS definiu o meio ambiente como a circunvizinhança


em que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos
e suas inter-relações

♥ Proteger o meio ambiente é colidir com o capitalismo

O constitucionalista JOSÉ AFONSO DA SILVA entende que o meio ambiente corresponde a tudo que nos
cerca podendo ser decomposto em três aspectos: artificial, cultural e natural.

Na Jurisprudência, o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF define meio ambiente em diferentes


aspectos, notadamente o natural, o cultural, o artificial e o laboral

ADI 3540 MC, de relatoria do Ministro Celso de Mello em que se fixou a tese das múltiplas vertentes no
conceito de meio ambiente:

- A incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar
dependente de motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade
econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios
gerais, àquele que privilegia a "defesa do meio ambiente"(CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e
abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial
(espaço urbano) e de meio ambiente laboral. Doutrina. Os instrumentos jurídicos de caráter legal e de
natureza constitucional objetivam viabilizar a tutela efetiva do meio ambiente, para que não se alterem as
propriedades e os atributos que lhe são inerentes, o que provocaria inaceitável comprometimento da saúde,
segurança, cultura, trabalho e bem-estar da população, além de causar graves danos ecológicos ao
patrimônio ambiental, considerado este em seu aspecto físico ou natural.

Essa visão quadripartite de meio ambiente utilizada pelo STF já era conhecida na doutrina de Celso
Antonio Pacheco Fiorillo, que sempre defendeu a tese de que o meio ambiente é formado por quatro
significativos aspectos, quais sejam, o natural, o cultural, o artificial e o laboral.

♥ A gente precisa equilibrar o PIB brasileiro advindo da agropecuária ao mesmo tempo preservar o
meio ambiente.
♥ Os mercados que comprar do Brasil, exigem a preservação do meio ambiente.
♥ O estado precisa verter políticas públicas para proteger patrimônios genéticos brasileiros. Ex. Mico-
leão Dourado
♥ A Constituição Brasileira não permite políticas públicas que violem a dignidade humana e o meio
ambiente Ex. Argentina determina o fim do subsídio de tratamento de câncer. No Brasil, tal
medida é incabível pois saúde trata-se de um Direito Fundamental.
♥ A ordem econômica brasileira está submetida ao meio ambiente. É um capitalismo mitigado,
pois a Justiça Social está entre um dos ditames de tal artigo.

Conceito legal do meio ambiente


O conceito legal compreende as definições de meio ambiente nos instrumentos que compõem o arcabouço
jurídico normativo em matéria ambiental no Brasil. Os principais diplomas normativos são: a Lei 6.938/81
que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente- PNMA e a RESOLUÇÃO CONAMA n. 306/12 que
estabeleceu os requisitos mínimos e o termo de referência para realização de auditorias ambientais.

Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente;

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;

IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou


indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;

V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar


territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.

♥ O conceito legal de meio ambiente é anterior a Constituição do Brasil, estabelecido em 1981 e,


que, segundo a doutrina majoritária não abrange todos os aspectos do meio ambiente, dando
ênfase somente ao natural, apresentando um conceito limitador do instituto em uma
interpretação literal do dispositivo.

RESOLUÇÃO CONAMA N° 306-12


Art. 2º Para os fins do disposto nesta Resolução, são adotadas as definições constantes do Anexo I

. (...) ANEXO I DEFINIÇÕES (...) XII -Meio ambiente: conjunto de condições, leis, influência e interações
de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas.

Tentando corrigir parte dessa deficiência conceitual, a RESOLUÇÃO CONAMA n. 306/12 definiu meio
ambiente como um conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física, química,
biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas,
incorporando o posicionamento do STF sobre o tema. Nesse conceito, nota-se uma concepção mais
ampla e integrativa de meio ambiente criando uma verdadeira simbiose entre os aspectos bióticos, abióticos,
culturais, urbanos e sociais.

ASPECTOS CARACTERIZADORES DO CONCEITO DE MEIO AMBIENTE


O meio ambiente natural é constituído pelo aspecto físico do meio ambiente, compreendendo o solo,
subsolo, recursos hídricos, atmosfera, elementos de biosfera, fauna e flora. Esses elementos que integram o
ambiente natural são tutelados pelo art. 225 da CF-88 e por outras normas infraconstitucionais (Lei 12.641-
12)

O Meio Ambiente Artificial é constituído pelo espaço urbano construído, formado por um conjunto de
edificações e de equipamentos públicos. É de dimensão do ambiente humano. Tem como elementos prédios,
pontes, ruas ou qualquer projeto arquitetônico, não importando o juízo de valor sobre o bem. Esse ambiente
urbano caracteriza diretamente a intervenção humana no meio natural. Os elementos que formam o ambiente
artificial (urbano) são tutelados nos artigos 225, 182 e 183 da CF-88, bem como, no campo
infraconstitucional pela Lei 10.257-01

O Meio Ambiente Cultural é uma dimensão do ambiente humano constituindo-se de um patrimônio


artístico, arqueológico, paisagístico e histórico que tem um valor especial, isto é, são bens que tem como
característica essencial a elevada carga valorativa atribuída por uma determinada sociedade. Seus elementos
podem ser de NATUREZA MATERIAL OU IMATERIAL. Encontra proteção constitucional no artigo 23,
II da CF-88, bem como no art. 216, V da CF-88 e no âmbito infraconstitucional no artigo 1°, III da Lei
7.347-85 (Lei da Ação Civil Pública)
O Meio Ambiente do Trabalho também é uma dimensão do ambiente humano e tem como elemento central
o local em que obreiro desenvolve suas atividades relacionadas com as condições ambientais favoráveis de
trabalho. Busca-se assegurar ao trabalhador condições de higiene e segurança do desempenho de seu mister.
Assim, qualquer tema relacionado as condições de segurança e qualidade do ambiente de trabalho, está
inserido no conceito de meio ambiente laboral. Tem previsão no artigo 7°, XXII da CF-88 que trata dos
direitos fundamentais dos trabalhadores urbanos e rurais, bem como no artigo 200, VIII da CF-88 que
regulamenta as competências do SUS.

Conceito e objeto do direito ambiental


Ramo do Direito Público que regulamenta por meio de normas (princípios ou regras) a atividade humana
com o objetivo de manter a higidez do meio ambiente para as presentes e futuras gerações

Nos dizeres de Paulo de Bessa Antunes: O direito ambiental é a norma que, baseada no fato ambiental e no
valor ético ambiental, estabelece os mecanismos normativos para disciplinar as atividades humanas em
relação ao meio ambiente.

Certamente, a natureza é parte importante do meio ambiente, talvez a mais importante delas. Mas o meio
ambiente não é só a natureza. Meio ambiente é natureza mais atividade antrópica, mais modificação
produzida pelo Ser Humano sobre o meio físico de onde retira o seu sustento

A palavra natureza é originada do latim Natura, de nato, nascido. Os seus principais significados são: (a)
conjunto de todos os seres que formam o universo; e (b) essência e condição própria de um ser.

A natureza pública do Direito Ambiental é perfeitamente perceptível na interpretação da norma do caput do


artigo 225 da CF que consideram o meio ambiente um bem de uso comum do povo, impondo obrigações de
proteção e promoção por parte do estado, tendo em vista tratar-se de um bem de interesse de toda
coletividade. (titularidade difusa)

 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
 I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas; (Regulamento)
 II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades
dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; (Regulamento) (Regulamento)
(Regulamento) (Regulamento)
 III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção

Como todo ramo do Direito, o Direito Ambiental disciplina o comportamento das atividades humanas em
sociedade, por meio de normas jurídicas de caráter cogente em que se busca sempre a pacificação social. As
normas de natureza ambiental são direcionadas a proteção e a promoção do meio ambiente. Tutelar o meio
ambiente é proteger diretamente a existência da espécie humana

Objeto do dirito ambiental

O Direito Ambiental tem por objeto o meio ambiente ecologicamente equilibrado nos termos do artigo
225 caput da CF. As normas ambientais buscam uma relação harmônica entre os meios biotipos e abiótipos
até o estabelecimento de um equilíbrio, seja através do controle da poluição ou da proteção das espécies
ameaçadas de extinção; seja também pela tutela de espaços territoriais que apresentam relevantes
características cênicas para a manutenção da vida nos ecossistemas.

Nesse sentido, o bem jurídico tutelado pelo Direito Ambiental é o bem entendido este como o meio
ambiente equilibrado (macrobem). O conhecimento de suas características, notadamente quanto ao seu
regime jurídico, nos ajudará a entender toda a tutela protetiva desse bem.

O macrobem ambiental é o patrimônio ambiental em seu conceito mais ampliativo envolvendo todas as
complexas interações entre os meios físicos e biótipos na busca da mantença do equilíbrio ambiental.

O macrobem ambiental é um bem de natureza difusa, incorpóreo e imaterial de titularidade da coletividade


(de uso comum do povo). Não há possibilidade de individualização do objeto (intangível). Essa dimensão de
bem ambiental é perfeitamente perceptível pela leitura do caput do art. 225 da CF/88, que prevê que todos
tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida.

O microbem ambiental é a individualização dos elementos que compõem o meio ambiente. Esses
componentes são concebidos isoladamente e não em uma visão interacional. Temos como exemplos o ar, a
fauna, a flora, o rio, o solo ou mesmo o patrimônio cultural de determinada comunidade.

Cumpre lembrar que esses microbens têm tratamento legislativo próprio para proteção individualizada de
cada um (dentro de uma visão protetiva sistemática)

O uso dessas dimensões serve apenas como critério de classificação para melhor compreender o objeto de
estudo, não se podendo olvidar que os bens ambientais formam um único bem imaterial e sistêmico.

Ratificando essa tese, o Superior Tribunal de Justiça – STJ entende que os conceitos de macrobem e
microbem servem para definir a competência interna das suas Seções para a análise da questão afeta aos
efeitos reparatórios e minimizadores de danos decorrentes de ações antrópicas servindo para minimizar e
dissipar as eventuais dúvidas acerca da natureza pública ou privada do bem ambiental, pois as reparações ao
dano macrobem terão sempre uma preponderância de direito público enquanto aquelas afetas ao dano
microbem ambiental serão eminentemente de direito privado

O direito ambiental como difuso, indivisivel e transindividual


O bem ambiental (macrobem) tem caráter eminentemente difuso caracterizado pela titularidade
indeterminável é integra o patrimônio de toda a coletividade. É considerado difuso porque se caracteriza
como bem de uso comum do povo incidindo interesse de toda a sociedade (art. 225, caput, da CF/88),
fato que autoriza a incidência de um regime jurídico de direito público na sua tutela.

A referida norma constitucional prevê que o


direito ao meio ambiente é de todos, sem
distinção de qualquer natureza, sem qualquer
nota excludente de seus beneficiários. Assim, o
direito ao meio ambiente equilibrado é a um só
tempo direito individual e marcadamente de toda
a coletividade, fato que evidencia sua
transindividualidade.

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