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DIREITO AMBIENTAL

Rayana Pereira Sotão


DIREITO AMBIENTAL
• Segundo dispõe o art. 225 da Constituição
Federal de 1988, “Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”.
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Assim:
• O meio ambiente é considerado um direito
fundamental, tutelado pelo Estado e essencial
para a manutenção do direito à vida e, em
última análise, da dignidade da pessoa
humana
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• A proteção ao meio ambiente pode ser embasada em diversos
fundamentos:

1) Por ser ele um direito constitucionalmente protegido e tutelado;


2) Por esse direito constituir-se como um direito fundamental;
3) em razão do rol de direitos e garantias individuais ser
meramente exemplificativo;
4) em razão de tal direito derivar do direito à vida, saúde e
qualidade de vida;
5) e, enfim, em razão da tutela do meio ambiente ser instrumento
importante para se garantir a proteção da dignidade da pessoa
humana.
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Direito e Desenvolvimento

Com o passar do tempo, constatou-se que


grande parte dos recursos ambientais são
escassos, de tal forma que, caso não haja uma
política de proteção contra o crescimento
desenfreado e a industrialização, a vida em
nosso planeta estará comprometida.
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Ética Ambiental e Cidadania

• Há, na área ambiental duas concepções éticas


das relações do homem com o meio
ambiente: o antropocentrismo e o
biocentrismo.
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A corrente biocêntrica entende que o meio
ambiente e seus elementos possuem uma
importância fundada em sua própria existência,
de tal forma que todos os seres vivos merecem
ser protegidos independentemente de trazerem
(ou não) benefícios ao homem. É uma corrente
ética que busca reconhecer um valor inerente a
todo ser vivo. Busca a proteção envolvendo
todos os seres vivos.
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Já a corrente antropocêntrica possui uma visão
utilitarista em benefício do ser humano5, de tal
forma que os demais seres vivos possuem
relevância (e merecem proteção jurídica) na
medida em que representam alguma utilidade
para os homens. Assim, não lhes é reconhecido
qualquer valor intrínseco, mas puramente o
valor de uso, em especial do uso econômico
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Há, ainda, um terceiro posicionamento que


defende a proteção do meio ambiente com base
no Ecocentrismo, ou seja: considera o meio
ambiente sujeito de direitos.
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Fazendo-se uma retrospectiva histórica é possível
afirmar que o desenvolvimento do homem em
sociedade estruturou-se, inicialmente, pela criação de
conceitos de cunho ético. Na sequência, surge a noção
de cidadão e de cidadania, nos quais a relação do
homem com os demais membros da sociedade se
mostra mais presente. Assim, consolidado este segundo
conceito, surge campo propício para a preocupação com
o meio ambiente, passando-se a procurar métodos para
sua proteção, tendo por base a ética e a condição de
cidadão.
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Conclui-se, assim, que a cidadania ambiental


possui um cunho colaborativo, na medida em
que as condutas praticas por um indivíduo
repercutirão para toda a sociedade.
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Meio Ambiente
Segundo a Lei n. 6938/81, o meio ambiente
pode ser definido como “o conjunto de
condições, leis influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas”
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Meio Ambiente

“é a interação do conjunto de elementos


naturais, artificiais e culturais que propiciem o
desenvolvimento equilibrado da vida em todas
as suas formas”.
José Afonso da Silva
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Meio Ambiente
Classificação

• Não obstante várias sejam as formas de se


classificar o meio ambiente, a doutrina
majoritária costuma subdividi-lo em meio
ambiente natural, cultural, artificial e do
trabalho.
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• O meio ambiente natural ou físico é constituído
pelos recursos naturais, como o solo, a água, o ar, a
flora e a fauna, e pela correlação recíproca de cada
um destes elementos com os demais.
• O meio ambiente artificial é constituído pelo
conjunto de edificações, equipamentos, rodovias e
demais elementos que formam o espaço urbano
construído pelo homem; ou seja, é aquele
decorrente da atividade humana a qual transforma
o espaço físico, com o objetivo de viabilizar as
ações sociais.
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• O meio ambiente cultural constitui-se pelo
patrimônio artístico, arqueológico, histórico,
paisagístico e turístico.
• o meio ambiente do trabalho é um conjunto
de fatores físicos, climáticos ou de quaisquer
outros que, interligados, ou não, estão
presentes e envolvem o local de trabalho do
indivíduo
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• O meio ambiente digital refere-se às
inovações decorrentes das novas técnicas
informatizadas para criar, fazer e viver. Trata-
se do reflexo do novo processo civilizatório
que enfrenta o Brasil no século XXI, voltado,
principalmente, à sociedade de informação.
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Meio Ambiente e Direitos Fundamentais
• O que são
• Gerações
• Os direitos de terceira geração caracterizam-se em
função da sua transindividualidade, ou seja:
caracterizam-se como direitos de titularidade coletiva
ou difusa. Logo, incluem-se nessa categoria o direito
ao meio ambiente equilibrado, à paz, ao
desenvolvimento, à proteção dos consumidores, à
tutela do patrimônio histórico e cultural, entre outros.
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• O STF, ao julgar o MS 22.164-0-SP28
conceituou o meio ambiente como um “típico
direito de terceira geração que assiste, de
modo subjetivamente indeterminado, a todo o
gênero humano, circunstância essa que
justifica a especial obrigação - que incumbe ao
Estado e à própria coletividade - de defendê-lo
e de preservá-lo em benefício das presentes e
futuras gerações”.
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• Direitos difusos: constituem direitos transindividuais, ou


seja, que ultrapassam a esfera de um único indivíduo,
caracterizados principalmente por sua indivisibilidade, onde
a satisfação do direito deve atingir a uma coletividade
indeterminada, porém, ligada por uma circunstância de
fato. Por exemplo, o direito a respirar um ar puro, a um
meio ambiente equilibrado, qualidade de vida, entre outros
que pertençam à massa de indivíduos e cujos prejuízos de
uma eventual reparação de dano não podem ser
individualmente calculados. Trata-se do interesse de uma
categoria.
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• Direitos coletivos em sentido estrito: constituem direitos


transindividuais de pessoas ligadas por uma relação
jurídica base entre si ou com a parte contrária, sendo
seus sujeitos indeterminados, porém determináveis. Há
também a indivisibilidade do direito, pois não é possível
conceber tratamento diferenciado aos diversos
interessados coletivamente, desde que ligados pela
mesma relação jurídica. Como exemplo, citem-se os
direitos de determinadas categorias sindicais que podem,
inclusive, agir por meio de seus sindicatos.
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• Direitos individuais homogêneos: são aqueles que


dizem respeito a pessoas que, ainda que
indeterminadas num primeiro momento, poderão ser
determinadas no futuro, e cujos direitos são ligados
por um evento de origem comum. Tais direitos
podem ser tutelados coletivamente muito mais por
uma opção de política do que pela natureza de seus
direitos, que são individuais, unidos os seus sujeitos
pela homogeneidade de tais direitos num dado caso.
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Bens Ambientais
Analisando-se o texto constitucional é possível visualizar-se os seguintes bens
ambientais:

• as águas (integrando os bens da União/art.20, III, ou dos Estados/art.26, I);


• as cavidades naturais subterrâneas (art.20, X);
• a energia (art.22, IV);
• espaços territoriais protegidos (225, §1º, III); a fauna (art.24, VI);
• a flora (art.23, VII);
• as florestas (art.23, VII);
• as ilhas (União/20,IV, Estados/26, II e III);
• a paisagem (art.216, V);
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Bens Ambientais
• as praias fluviais (art.20,III);
• as praias marítimas (art.20, IV);
• recursos naturais da plataforma continental (art.20, V);
• recursos naturais da zona econômica exclusiva (art.20,
V);
• os sítios arqueológicos e pré-históricos (art.20, X);
• os terrenos de marinha e acrescidos (art.20, VII);
• os terrenos marginais (art.20, III).
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Mas, o que seria, então, o direito ao meio


ambiente?

O conjunto de normas jurídicas que regem a


preservação, melhoria ou recuperação de um
ambiente sempre que este for meio para garantir
a sadia qualidade de vida humana e a
manutenção da vida em todas as suas formas.
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• Fazendo-se uma retrospectiva histórica, observa-se


que a preocupação em se tutelar o direito ao meio
ambiente é relativamente recente. Durante séculos o
homem tem agredido a natureza e o meio ambiente
em que vive na busca de melhores condições de vida
e, também, com o objetivo de obter maiores lucros
em suas atividades. Não raro, inexistia a consciência
dessa agressão, predominando a ideia de que a
natureza produziria inesgotavelmente.
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A proteção do meio ambiente no Brasil observou três fases:

• 1ª fase - individualista -> Inicia-se com o descobrimento do Brasil


e vai até a segunda metade do século XX. Orientações Afonsinas e
Manuelinas. Praticamente não havia proteção ao meio ambiente –
exploração desregrada dos recursos ambientais. Priorizavam-se os
interesses do reino;

• 2ª fase – fragmentária -> Da segunda metade do século XX e até


por volta de 1980. A proteção ao meio ambiente era esparsa
(FRAGMENTÁRIA) e preocupada com a atividade econômica (fins
econômicos). Não estabelecia uma polícia ambiental integrada e
não reconhecia a natureza difusa do meio ambiente;
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• 3ª fase – holística -> Inicia-se em 1981. Foi concebida


a partir da Política Nacional do Meio Ambiente -
PNMA (Lei n. 6.938/81). Há uma proteção do meio
ambiente como um TODO, de maneira integrada.

A Lei n. 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional


do Meio Ambiente, é marco do começa da fase holística,
pois somente a partir daí a defesa do meio ambiente
começou a ser considerada uma finalidade em si mesma.
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Fontes do Direito Ambiental


• No que se refere ao direito internacional ambiental
a doutrina menciona como fontes do direito
ambiental: Os tratados, os costumes, os princípios
gerais de direito, a doutrina e a jurisprudência.
• O primeiro tratado internacional a tratar do direito
ao meio ambiente foi a Declaração de Estocolmo
sobre o Meio Ambiente Humano.
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Em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, foi realizada a


Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, na qual foram assinados cinco
documentos. São eles:
• 1) Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, a qual contém 27 princípios;
• 2) Agenda 21, a qual apresenta dados relacionados aos
problemas existentes, tendo, contudo, o objetivo de
preparar o mundo para os desafios que surgirão no século
21, traçando diretrizes para o desenvolvimento sustentável;
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• 3) Princípios para a Administração Sustentável das


Florestas;
• 4) Convenção da Biodiversidade; e
• 5) Convenção sobre Mudança do Clima.

Tal conferência ficou conhecida como ECO-92 e estabeleceu


diversas obrigações aos ex-signatários. Dentre tais obrigações,
destaca-se o respeito ao princípio do poluidor pagador,
prevenção integrada, proteção ao meio ambiente a todas as
esferas da política estatal, etc.
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• Cinco anos depois, na cidade de Kyoto (Japão), ocorreu a


Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas,
na qual foi elaborado o Protocolo de Kyoto, o qual teve como
objetivo básico reduzir a emissão de gases, e,
consequentemente, a redução do efeito estufa.

• No ano de 2002, em Johannesburgo, na África do Sul, foi


realizada a cúpula mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável, a qual ficou conhecida como Rio+10, em alusão
à conferência realizada no Rio de Janeiro, uma década antes.
Tal reunião teve como objetivo a solidificação da Agenda 21,
uma vez que sua aplicação estava bastante deficiente na
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A Proteção do Meio Ambiente na Constituição Federal
Em nosso país, o meio ambiente passou a ter uma tutela
constitucional somente na Constituição de 1988, a qual inseriu
um capítulo específico sobre o tema, observando-se, porém,
que a questão ambiental é tratada em diversas outras partes do
texto constitucional.

• 1º - o meio ambiente, além de ser matéria constitucional, é,


também, um direito fundamental de todos os seres humanos.
• 2º - “é competência comum da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios proteger o meio ambiente e
combater a poluição em qualquer de suas formas” (Art. 23,
VI).
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• o direito ao ambiente pode ser visto como direito


individual, pois “seu titular pode ser uma pessoa
física; e também como bem de uso comum do
povo.
• a defesa do meio ambiente também se constitui
como um dos princípios gerais da atividade
econômica49, de tal forma que sua proteção passa
a funcionar como um limite à ordem econômica,
fundada na livre iniciativa.
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Deveres do Estado na Área Ambiental
• Para assegurar a efetividade do direito ao
meio ambiente, a Constituição incumbiu o
Poder Público de uma série de obrigações, as
quais encontram-se previstas nos incisos do
art. 225, § 1º da CF

• PEC da Vaquejada.
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Poder de Polícia Administrativa

• O poder de polícia administrativa é prerrogativa da


Administração Pública, que legitima a intervenção na
esfera jurídica do particular, sempre em defesa do
interesse público, e sempre pautada nos princípios que
regem os atos da Administração Pública.
• Por meio do poder de polícia a administração pública
condiciona e restringe o uso e gozo de bens, atividades e
direitos individuais, em benefício da coletividade, do
próprio Estado e o interesse público
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