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DIREITO AMBIENTAL
PARTE 1
Prof. Omar Augusto Leite Melo
omar@omar.adv.br
OBJETO DE ESTUDO DO DIREITO
AMBIENTAL
◦ Direito Ambiental (ou Direito Ecológico) é o ramo jurídico que estuda o MEIO AMBIENTE.
“O ‘novo’ Direito Ambiental (ou ‘Direito Ecológico’), dada a natureza multidisciplinar das suas fontes, deve pautar-
se por tal realidade planetária , o que, a nosso ver, impõe inclusive a discussão em torno de uma nova fase do seu
desenvolvimento à luz do novo paradigma ecocêntrico emergente (...). Igualmente, não há como negar certo
‘fracasso’ do Direito Ambiental clássico, tanto em âmbito internacional quanto doméstico, após aproximadamente
cinco décadas de existência e edificado com base em um paradigma predominantemente antropocêntrico, em conter
os rumos civilizacionais predatórios na relação com a Natureza. Isso, por sua vez, nos levou a laborar
profundamente, especialmente no âmbito da Teoria Geral do Direito Ambiental, nas novas bases teóricas,
normativas e jurisprudenciais que alicerçaram e renovaram paradigmaticamente a disciplina, especialmente na
última década. Além de um diálogo com as fontes científicas, principalmente na esfera das ciências naturais, o
Direito Ambiental deve manter permanente diálogo com diversas áreas do saber, por exemplo, a história, a
sociologia, a antropologia etc., a fim de, ao olhar para o passado da humanidade, pensar o seu futuro em harmonia
com a Natureza. Isso, por certo, torna também fundamental uma compreensão filosófica da crise ecológica e o
estabelecimento de uma nova ética ecológica capaz de modular o comportamento do ser humano em favor da vida
(humana e não humana) no Planeta Terra” (SARLET; FENSTERSEIFER, Curso, p. 5).
MEIO AMBIENTE
◦ Celso Antonio Pacheco Fiorillo (“Curso”):
◦ “Primeiramente, verificando a própria terminologia empregada, extraímos que meio
ambiente relaciona-se a tudo aquilo que nos circunda. Costuma-se criticar tal termo,
porque pleonástico, redundante, em razão de ambiente já trazer em seu conteúdo a
ideia de ‘âmbito que circunda’, sendo desnecessária a complementação pela palavra
meio”.
◦ A Constituição estabeleceu dois objetos de tutela ambiental, conforme leciona José
Afonso da Silva (“Direito Constitucional Ambiental”):
◦ “um imediato, que é a qualidade do meio ambiente, e outro mediato, que é a saúde, o
bem-estar e a segurança da população, que se vêm sintetizando na expressão da
qualidade de vida”.
CLASSIFICAÇÃO DE MEIO AMBIENTE: NATURAL,
ARTIFICIAL, CULTURAL E DO TRABALHO
◦ STJ, REsp 725.257, voto do rel. Min. José Delgado, j. 05/2007, julgamento que envolveu poluição
sonora e da segurança urbana:
“(...) com a Constituição Federal de 1988, passou-se a entender também que o meio ambiente divide-se em físico
ou natural, cultural, artificial e do trabalho. Meio ambiente físico ou natural é constituído pela flora, fauna, solo,
água, atmosfera etc., incluindo os ecossistemas (art. 225, §1º, I, VII). Meio ambiente cultural constitui-se pelo
patrimônio cultural, artístico, arqueológico, paisagístico, manifestações culturais, populares etc. (art. 215, §§ 1º e
2º). Meio ambiente artificial é o conjunto de edificações particulares ou públicas, principalmente urbanas (art. 182,
art. 21, XX, e art. 5º, XXII). Meio ambiente do trabalho é o conjunto de condições existentes no local de trabalho
relativos à qualidade de vida do trabalhador (art. 7º, XXXIII, e art. 200).
◦ Foco principal do nosso curso: meio ambiente natural.
◦ Meio ambiente artificial: Direito Urbanístico. Meio ambiente do trabalho: Direito do Trabalho. Meio ambiente
cultural: Direito Administrativo. Meio ambiente (plataforma) virtual: Direito Digital? Há ainda quem trate o
patrimônio genético como uma modalidade própria de meio ambiente (estudada em Biodireito).
CLASSIFICAÇÃO DE MEIO AMBIENTE E OS
CRIMES AMBIENTAIS
◦ Meio ambiente do trabalho: art. 149 do CP (redução análoga à de escravo): “sujeições degradantes de
trabalho”.
◦ Lei nº 9.605/1998 (Lei dos “Crimes Ambientais”):
◦ Arts. 29-37: contra a fauna. Ex.: art. 32 (maus tratos); art. 34 (pesca proibida).
◦ Arts. 38-53: contra a flora. Ex.: 41 (incêndio em mata ou floresta); art. 42 (soltar balão).
◦ Arts. 54-61: “da poluição e outros crimes ambientais”. Ex.: art. 56 (substância tóxica).
◦ Arts. 62-65: ordenamento urbano e patrimônio cultural. Ex.: art. 62 (dano a bem cultural); art. 65
(pichação).
◦ Arts. 66-69-A: contra a Administração Ambiental. Ex.: art. 66 declaração falsa em licenciamento).
CLASSIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
◦ Erika Bechara (Direito Ambiental in “OAB Primeira Fase esquematizado” (coord. Pedro Lenza, 3ª ed., São
Paulo, Saraiva, p. 1008):
◦ “O meio ambiente natural refere-se ao espaço composto pelos elementos da Natureza, tais como flora, fauna,
micro-organismos, águas, atmosfera, solo e subsolo, os quais interagem entre si para assegurar o equilíbrio
dos ecossistemas”.
◦ “O meio ambiente artificial refere-se ao espaço construído pelo engenho humano – a cidade -, que
proporciona aos seus habitantes as condições para o exercício de funções básicas como morar, trabalhar,
circular e recrear-se”.
◦ “O meio ambiente cultural é composto pelos elementos naturais e artificiais, materiais e imateriais, portadores
de referência à identidade, à ação e à memória dos grupos formadores da sociedade brasileira, que revelam,
portanto, a cultura, a história e a forma de viver, fazer e criar das gerações passadas de nossa civilização”.
◦ “O meio ambiente do trabalho consiste no local onde as pessoas desenvolvem suas atividades laborais, e cuja
salubridade deve ser permanentemente mantida com vistas a evitar o desenvolvimento de doenças e preservar
a saúde física e mental do trabalhador”.
DEFINIÇÃO LEGAL DE MEIO AMBIENTE
◦ Artigo 3º, I, Lei nº 6.938/1981 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente), que trata do meio ambiente
natural:
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a)
prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e
econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por
atividade causadora de degradação ambiental;
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar
territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
Definição doutrinária de
meio ambiente
O meio ambiente pode ser classificado em natural, artificial, cultural, do trabalho e o patrimônio
genético.
ABORDAGEM CONSTITUCIONAL – ART. 225
Meio ambiente NATURAL
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a
diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material
genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos,
sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos
atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção,
a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade; VIII - manter regime fiscal favorecido para os
biocombustíveis e para o hidrogênio de baixa emissão de carbono, na forma de lei complementar, a fim de assegurar-lhes tributação
inferior à incidente sobre os combustíveis fósseis, capaz de garantir diferencial competitivo em relação a estes, especialmente em
relação às contribuições de que tratam o art. 195, I, "b", IV e V, e o art. 239 e aos impostos a que se referem os arts. 155, II, e 156-A.
QUESTÃO TRF-2ª REGIÃO-2018
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida” (trecho do art. 225, da Constituição Federal). De modo a assegurar o
cumprimento e a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
A) Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País, ressalvada a fiscalização das
entidades de pesquisa de material genético.
B) Controlar apenas a comercialização de substâncias que comportem risco para a vida e o meio
ambiente, mas não sua produção.
C) Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas.
D) Promover a educação ambiental exclusivamente no nível fundamental de ensino e a conscientização
pública para preservação do meio ambiente.
E) Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma de regulamento, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção das espécies ou submetam os animais à experimentação.
RESPOSTA CERTA...
◦ Letra “C”:
Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das
espécies e ecossistemas.
Art. 225, §1º, I, CF.
CASO PRÁTICO RECENTE: “DECRETO DAS CAVERNAS”
◦ ADPF: 935 e 937, relator Min. Ricardo Lewandowski.
◦ Decreto impugnado: Decreto nº 10.935/2022.
◦ Preceitos fundamentais: patrimônio cultural, reserva legal (monumento natural – artigo 12 da Lei nº
9.985/2000), retrocesso ambiental, meio ambiente equilibrado etc.
◦ Conferir decisão liminar aqui e notícias aqui, aqui e aqui.
◦ “Em razão das considerações acima desfiadas, nessa primeira análise que faço da matéria, reputo possível
enquadrar a hipótese sob exame como uma possível lesão ou ameaça de lesão a preceitos fundamentais,
nomeadamente, à dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), à vida (art. 5º, caput, da CF), à saúde (art. 6º,
caput, da CF), à proibição do retrocesso institucional e socioambiental (art. 1º, caput e III; art. 5º, XXXVI e § 1º;
e art. 60, § 4º, IV, da CF), bem assim, de forma mais específica, ao direito à proteção ao patrimônio cultural,
incluídos o histórico, cientifico, ecológico, arqueológico e paleontológico (art. 216, V, da CF), e ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado (art. 225 da CF)”.
◦ E a reserva legal do artigo 225, §1º, III, CF?
◦ Caso parecido: ADI 5676: redução de área de UC por decreto.
PATRIMÔNIO NACIONAL
◦ Art. 225, §4º, CF/88: A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições
que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”. Não são bens da
União.
◦ O Brasil possui seis biomas (grandes comunidade da fauna e flora adaptadas ás condições climáticas e ecológicas
de determinada região): Cerrado, Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampas. Ver vídeos sobre os
biomas brasileiros: aqui e aqui.
◦ Lei da Mata Atlântica: Lei nº 11.428/2006 (“Código Florestal especial” com relação à Lei nº 12.651/2012).
Bioma mais degradado e devastado e todos, 13% território nacional, presente em 17 Estados, 72% da população,
70% PIB.
◦ Art. 6º A proteção e a utilização do Bioma Mata Atlântica têm por objetivo geral o desenvolvimento sustentável e, por
objetivos específicos, a salvaguarda da biodiversidade, da saúde humana, dos valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do
regime hídrico e da estabilidade social. Parágrafo único. Na proteção e na utilização do Bioma Mata Atlântica, serão
observados os princípios da função socioambiental da propriedade, da equidade intergeracional, da prevenção, da precaução,
do usuário-pagador, da transparência das informações e atos, da gestão democrática, da celeridade procedimental, da
gratuidade dos serviços administrativos prestados ao pequeno produtor rural e às populações tradicionais e do respeito ao
direito de propriedade.
◦ Lei do Zoneamento Costeiro: Lei nº 7.661/1988.
ABORDAGEM CONSTITUCIONAL – ARTS. 215 E 216
Meio ambiente CULTURAL (= Direito Administrativo)
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e
apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. § 1º O Estado protegerá as manifestações
das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório
nacional. § 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos
étnicos nacionais. § 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao
desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à: I defesa e valorização
do patrimônio cultural brasileiro; II - produção, promoção e difusão de bens culturais; III - formação de pessoal
qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; IV - democratização do acesso aos bens de cultura;
V - valorização da diversidade étnica e regional.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente
ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as
criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
MEIO AMBIENTE CULTURAL E AS DEPREDAÇÕES DOS ATOS
ANTIDEMOCRÁTICOS DE 08/01/2023
◦ Conferir relatório preliminar do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, órgão ligado ao Ministério da
Cultura) de vistoria de bens culturais afetados pelo vandalismo na Praça dos Três Poderes: aqui.
◦ “Na área atingida, são tombados os edifícios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal, do
Museu da Cidade e do Espaço Lucio Costa, além da Praça dos Três Poderes e seus bens integrados. Os acervos de bens móveis
expostos nesses espaços, como quadros, esculturas e murais, são supervisionados, administrados e protegidos por diferentes órgãos
da administração pública federal e distrital. Esses acervos não integram o tombamento, o que não impede que o Instituto ofereça
orientação técnica em ações de salvamento e na contratação de serviços e profissionais para o devido restauro, quando solicitado”.
◦ Art. 62, Lei nº 9.605/1998 (crime contra o patrimônio cultural): “Destruir, inutilizar ou deteriorar: I - bem especialmente protegido
por lei, ato administrativo ou decisão judicial; II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar
protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime for
culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa”.
◦ Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa. §1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a
pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. §2º Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de
valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber,
pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das
posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio
histórico e artístico nacional.
O ministro Luiz Fux, do STF, suspendeu, em 28/8/23, a eficácia da lei de Porto Alegre que
instituiu a data de 8 de janeiro como “Dia Municipal do Patriota”.
◦ A liminar foi proferida na ADPF 1.084. Fux considerou que a norma municipal exalta a atuação daqueles que invadiram as sedes
dos Três Poderes em Brasília. A decisão atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que ajuizou a ação em
25/08/23contra a Lei municipal 13.530/2023. A instituição sustentou a inconstitucionalidade da norma por violação aos princípios
democrático, republicano e da moralidade.
◦ O relator frisou que os atos do dia 8 de janeiro entraram para a história como um símbolo de que a aversão à democracia produz
violência e desperta sentimentos contrários à tolerância, gerando práticas criminosas inimagináveis em um Estado de Direito. Para o
ministro, a lei, “sob a máscara do amor à pátria, exalta a atuação daqueles que notoriamente se colocaram em oposição aos valores
constitucionais ao invadir e depredar as sedes dos três Poderes da República”. “O dia 8 de janeiro não merece data comemorativa,
mas antes repúdio constante, para que atitudes deste jaez não se repitam”, concluiu Fux.
TOMBAMENTO: CONVERSÃO DE UM BEM “COMUM” EM
BEM AMBIENTAL CULTURAL
◦ Decreto-lei nº 25/1937: organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.
◦ Os bens ambientais culturais “só serão considerados parte integrante do patrimônio histórico o artístico nacional, depois de inscritos
separada ou agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que trata o art. 4º desta lei”.
◦ Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro Livros do Tombo, nos quais serão inscritas as obras a que
se refere o art. 1º desta lei, a saber: 1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes às categorias
de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim as mencionadas no § 2º do citado art. 1º. 2) no Livro do Tombo
Histórico, as coisas de interesse histórico e as obras de arte histórica; 3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita,
nacional ou estrangeira; 4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das artes aplicadas, nacionais
ou estrangeiras.
◦ Classificações do tombamento ambiental:
◦ Quanto à instituição: por lei, ato do Executivo ou via judicial.
◦ Quanto ao bem a ser tombado: público ou particular.
◦ Quanto à entidade federada: federal, municipal, estadual ou distrital.
◦ Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por
fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios: VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.
◦ Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei,
as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e
indicativo para o setor privado. § 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em
cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos
garimpeiros.
QUESTÃO TJ/SE-2015
Determinado Banco público estabeleceu linha de crédito com juros diferenciados para empresas de
acordo com o impacto ambiental gerado pelos respectivos produtos e serviços, bem como pelo impacto
ambiental gerado pelos processos de elaboração e prestação destes produtos e serviços. Segundo a
Constituição Federal:
A) Não é possível estabelecer esse tipo de tratamento diferenciado por ferir o princípio da isonomia.
B) É possível estabelecer este tipo de tratamento diferenciado, que encontra amparo em um dos
princípios da ordem econômica.
C) O tratamento diferenciado somente poderá ser concedido pela iniciativa privada e não por uma
instituição pública.
D) O tratamento diferenciado é possível em uma única hipótese: microempresa.
E) O tratamento diferenciado é possível em apenas duas hipóteses: microempresa e empresa de
pequeno porte.
RESPOSTA CERTA...
◦ Alternativa “B”:
É possível estabelecer este tipo de tratamento diferenciado, que encontra amparo em um dos
princípios da ordem econômica.
CF: art. 170, VI.
ABORDAGEM CONSTITUCIONAL – EXTRAFISCALIDADE E TRIBUTAÇÃO
VERDE
◦ Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: II - taxas, em razão do
exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos a sua disposição.
◦ Art. 153. § 4º O imposto previsto no inciso VI do caput [ITR]: I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a
desestimular a manutenção de propriedades improdutivas.
◦ Art. 177. (...) § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou
comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes
requisitos: I - a alíquota da contribuição poderá ser: a) diferenciada por produto ou uso; b)reduzida e restabelecida por ato do Poder
Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b ; II - os recursos arrecadados serão destinados: (...) b) ao financiamento de
projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás.
◦ Art. 195. § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da
atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de
trabalho, sendo também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas apenas no caso das alíneas "b" e "c" do inciso I do
caput.
◦ Discussão em torno da (in)constitucionalidade da isenção de ICMS e IPI sobre agrotóxicos: seletividade contra meio ambiente. Ver
ADI 5553, rel. Min. Edson Fachin. Ver notícia aqui e aqui.
EMENDA CONSTITUCIONAL 132/2023 – REFORMA TRIBUTÁRIA
◦ Art. 43, § 4º. Sempre que possível, a concessão dos incentivos regionais a que se refere o § 2º, III, considerará
critérios de sustentabilidade ambiental e redução das emissões de carbono.
◦ Art. 145, § 3º. O Sistema Tributário Nacional deve observar os princípios da simplicidade, da transparência, da
justiça tributária, da cooperação e da defesa do meio ambiente.
◦ Art. 153, VIII: novo imposto federal (imposto seletivo) sobre produção, extração, comercialização ou importação
de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, nos termos de lei complementar.
◦ Art. 155, §6º, II: O IPVA "poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo, do valor, da utilização e do
impacto ambiental".
◦ Art. 158, §2º, III: Estados deverão transferir 25% do que arrecadar de IBS para seus municípios, sendo que 5%
desse repasse levará em conta “indicadores de preservação ambiental”.
◦ Art. 159-A, §2º: criação de Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, com transferência de recursos federais
para Estados e DF com prioridade para projetos com sustentabilidade ambiental e redução das emissões de carbono.
◦ Ver artigo: aqui.
DEFINIÇÃO LEGAL DE MEIO AMBIENTE
◦ Artigo 4º da Lei nº 9.795/1999 (Lei da Política Nacional de Educação Ambiental), que estende o conceito além do
meio ambiente natural (artificial, trabalho e cultural):
Art. 4º. São princípios básicos da educação ambiental:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o
sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.
DIREITOS AMBIENTAIS: METAINDIVIDUAIS
(difusos/coletivos)
◦ Art. 225, caput, CF/1988.
◦ Direito fundamental de “terceira geração” (terceira dimensão).
◦ De toda coletividade.
◦ Solidariedade ou justiça intra e intergeracional.
◦ Direito interespécie (“vida em todas as suas formas” – art. 3º, I, Lei nº 6.938/81).
◦ Celso Antônio Pacheco Fiorillo e sua posição antropocêntrica:
“De acordo com essa posição, os animais assumiriam papel de destaque em face da proteção ambiental, enquanto
destinatários diretos do direito ambiental brasileiro. Todavia, não nos parece razoável a ideia do animal, da fauna,
da vida em geral dissociada da relação com o homem Isso importa uma vez mais reiterar que a proteção do meio
ambiente existe, antes de tudo, para favorecer o próprio homem e, senão por via reflexa e quase simbiótica, proteger
as demais espécies. De qualquer maneira, para aqueles que advogam a ideia antes debatida, o alcance constitucional
do termo todos, fixado no art. 225 da Carta Magna, seria infinitamente maior, o que resultaria na revolução dos
critérios de interpretar o direito positivo em vigor”.
STF, MS 22164, Pleno, rel. Min. CELSO DE MELLO, j. 30/10/1995
◦ EMENTA: REFORMA AGRARIA - IMÓVEL RURAL SITUADO NO PANTANAL MATO-GROSSENSE - DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO
(CF, ART. 184) - POSSIBILIDADE - FALTA DE NOTIFICAÇÃO PESSOAL E PREVIA DO PROPRIETARIO RURAL QUANTO A
REALIZAÇÃO DA VISTORIA (LEI N. 8.629/93, ART. 2., PAR. 2.) - OFENSA AO POSTULADO DO DUE PROCESS OF LAW (CF, ART. 5.,
LIV) - NULIDADE RADICAL DA DECLARAÇÃO EXPROPRIATORIA - MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO(...) A UNIÃO
FEDERAL - MESMO TRATANDO-SE DE EXECUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE REFORMA AGRARIA - NÃO ESTA
DISPENSADA DA OBRIGAÇÃO DE RESPEITAR, NO DESEMPENHO DE SUA ATIVIDADE DE EXPROPRIAÇÃO, POR INTERESSE
SOCIAL, OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS QUE, EM TEMA DE PROPRIEDADE, PROTEGEM AS PESSOAS CONTRA A
EVENTUAL EXPANSAO ARBITRARIA DO PODER ESTATAL. (...) O ORDENAMENTO POSITIVO DETERMINA QUE ESSA VISTORIA
SEJA PRECEDIDA DE NOTIFICAÇÃO REGULAR AO PROPRIETARIO, EM FACE DA POSSIBILIDADE DE O IMÓVEL RURAL QUE
LHE PERTENCE - QUANDO ESTE NÃO ESTIVER CUMPRINDO A SUA FUNÇÃO SOCIAL - VIR A CONSTITUIR OBJETO DE
DECLARAÇÃO EXPROPRIATORIA, PARA FINS DE REFORMA AGRARIA. NOTIFICAÇÃO PREVIA E PESSOAL DA VISTORIA. A
NOTIFICAÇÃO A QUE SE REFERE O ART. 2. , PAR. 2., DA LEI N. 8.629/93, PARA QUE SE REPUTE VALIDA E POSSA
CONSEQUENTEMENTE LEGITIMA EVENTUAL DECLARAÇÃO EXPROPRIATORIA PARA FINS DE REFORMA AGRARIA, HÁ DE
SER EFETIVADA EM MOMENTO ANTERIOR AO DA REALIZAÇÃO DA VISTORIA. (...) O DESCUMPRIMENTO DESSA
FORMALIDADE ESSENCIAL, DITADA PELA NECESSIDADE DE GARANTIR AO PROPRIETARIO A OBSERVANCIA DA CLÁUSULA
CONSTITUCIONAL DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, IMPORTA EM VÍCIO RADICAL. QUE CONFIGURA DEFEITO INSUPERAVEL,
APTO A PROJETAR-SE SOBRE TODAS AS FASES SUBSEQUENTES DO PROCEDIMENTO DE EXPROPRIAÇÃO, CONTAMINANDO-
AS, POR EFEITO DE REPERCUSSAO CAUSAL, DE MANEIRA IRREMISSIVEL, GERANDO, EM CONSEQUENCIA, POR AUSÊNCIA
DE BASE JURÍDICA IDONEA, A PROPRIA INVALIDAÇÃO DO DECRETO PRESIDENCIAL CONSUBSTANCIADOR DE
DECLARAÇÃO EXPROPRIATORIA. PANTANAL MATO-GROSSENSE (CF, ART. 225, PAR. 4. ) - POSSIBILIDADE JURÍDICA DE
EXPROPRIAÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS NELE SITUADOS, PARA FINS DE REFORMA AGRARIA. <<continua>>
STF, MS 22164, Pleno, rel. Min. CELSO DE MELLO, j. 30/10/1995
◦ - A NORMA INSCRITA NO ART. 225, PARAGRAFO 4., DA CONSTITUIÇÃO NÃO ATUA, EM TESE, COMO IMPEDIMENTO JURÍDICO A
EFETIVAÇÃO, PELA UNIÃO FEDERAL, DE ATIVIDADE EXPROPRIATORIA DESTINADA A PROMOVER E A EXECUTAR PROJETOS DE
REFORMA AGRARIA NAS AREAS REFERIDAS NESSE PRECEITO CONSTITUCIONAL, NOTADAMENTE NOS IMÓVEIS RURAIS SITUADOS
NO PANTANAL MATO-GROSSENSE. A PROPRIA CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA, AO IMPOR AO PODER PUBLICOO DEVER DE
FAZER RESPEITAR A INTEGRIDADE DO PATRIMÔNIO AMBIENTAL, NÃO O INIBE, QUANDO NECESSARIA A INTERVENÇÃO ESTATAL
NA ESFERAL DOMINIAL PRIVADA, DE PROMOVER A DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS PARA FINS DE REFORMA AGRARIA,
ESPECIALMENTE PORQUE UM DOS INSTRUMENTOS DE REALIZAÇÃO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE CONSISTE,
PRECISAMENTE, NA SUBMISSAO DO DOMÍNIO A NECESSIDADE DE O SEU TITULAR UTILIZAR ADEQUADAMENTE OS RECURSOS
NATURAIS DISPONIVEIS E DE FAZER PRESERVAR O EQUILIBRIO DO MEIO AMBIENTE (CF, ART. 186, II), SOB PENA DE, EM
DESCUMPRINDO ESSES ENCARGOS, EXPOR-SE A DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO AQUE SE REFERE O ART. 184 DA LEI FUNDAMENTAL. A
QUESTÃO DO DIREITO AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO - DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO - PRINCÍPIO
DA SOLIDARIEDADE. - O DIREITO A INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE - TIPICO DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO - CONSTITUI
PRERROGATIVA JURÍDICA DE TITULARIDADE COLETIVA, REFLETINDO, DENTRO DO PROCESSO DE AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS
HUMANOS, A EXPRESSAO SIGNIFICATIVA DE UM PODER ATRIBUIDO, NÃO AO INDIVIDUO IDENTIFICADO EM SUA
SINGULARIDADE, MAS, NUM SENTIDO VERDADEIRAMENTE MAIS ABRANGENTE, A PROPRIA COLETIVIDADE SOCIAL.
ENQUANTO OS DIREITOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO (DIREITOS CIVIS E POLITICOS) - QUE COMPREENDEM AS LIBERDADES CLASSICAS,
NEGATIVAS OU FORMAIS - REALÇAM O PRINCÍPIO DA LIBERDADE E OS DIREITOS DE SEGUNDA GERAÇÃO (DIREITOS ECONOMICOS,
SOCIAIS E CULTURAIS) - QUE SE IDENTIFICA COM AS LIBERDADES POSITIVAS, REAIS OU CONCRETAS - ACENTUAM O PRINCÍPIO DA
IGUALDADE, OS DIREITOS DE TERCEIRA GERAÇÃO, QUE MATERIALIZAM PODERES DE TITULARIDADE COLETIVA ATRIBUIDOS
GENERICAMENTE A TODAS AS FORMAÇÕES SOCIAIS, CONSAGRAM O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE E CONSTITUEM UM
MOMENTO IMPORTANTE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO, EXPANSAO E RECONHECIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS,
CARACTERIZADOS, ENQUANTO VALORES FUNDAMENTAIS INDISPONIVEIS, PELA NOTA DE UMA ESSENCIAL
INEXAURIBILIDADE. CONSIDERAÇÕES DOUTRINARIAS.
IMPRESCRITIBILIDADE DA PRETENSÃO PELA
REPARAÇÃO CIVIL DE DANOS AMBIENTAIS COLETIVOS
◦ STF, RE 654.833, Pleno, rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 04/2020, repercussão geral, tema 999: "É
imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental".
◦ O STJ já entendia em favor da imprescritibilidade: REsp 647.493, 1.644.195 e 1.559.396.
◦ Essa imprescritibilidade abrange a reparação civil de danos ambientais coletivos, não individuais. Vale
dizer que esta modalidade de responsabilidade ambiental prioriza a reparação dos danos (“in natura”)
e não a “mera” indenização (dinheiro destinado a um determinado fundo).
◦ Responsabilidade ambiental:
◦ Civil: dimensões individual e coletiva.
◦ Administrativa.
◦ Penal.
◦ Conferir artigos: aqui e aqui.
◦ STF, ARE 1.352.872 (tema 1194-RG): é (im)prescritível a multa penal-ambiental?
AED, CONSEQUENCIALISMO E CUSTO
◦ No RE 654.833 (tema 999), causa de direito ambiental do qual foi relator, o Ministro Alexandre de Moraes decidiu
pela imprescritibilidade da pretensão de reparação civil de dano ambiental, valendo-se da teoria econômica de
Arthur Pigou acerca do custo dos direitos que sustenta o princípio do poluidor-pagador, com citação das
externalidades provocadas:
“O direito ambiental é norteado por diversos princípios, dentre eles o princípio do poluidor-pagador, que fundamenta a
reparação pelos danos ambientais. Por este princípio, entende-se que ao empreendedor deve ser imputado o custo
social externo de sua produção. Em outras palavras, durante o processo de produção, não é proporcional que o
empreendedor apenas aufira os lucros, enquanto a sociedade suporta os prejuízos decorrentes de sua atividade
(externalidades negativas). Diante desses conceitos, cumpre analisar as consequências dos danos ambientais, bem
como a possibilidade de aplicação do instituto da prescrição à pretensão ressarcitória. Consoante o contexto fático
delineado pela instância de origem, os fatos ocorreram nos longínquos anos de 1981 a 1987 e, até o momento, as
vítimas, indígenas da comunidade Ashaninka-Kampa, aguardam a recomposição de seu patrimônio material e moral.
Adotar a tese da prescritibilidade seria o mesmo que lhes negar o direito fundamental e indisponível à vida ou, como
quis a Constituição, à saudável qualidade de vida”.
DIREITO AMBIENTAL DIFUSO, COLETIVO E INDIVIDUAL
HOMOGÊNEO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – CDC (LEI Nº 8.078/1990)
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo
individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
◦ Reflexos no tema dos danos ambientais e responsabilidade ambiental.
Corte Interamericana de Direitos Humanos - CIDH
◦ Parecer Consultivo OC-23/17, de 15.11.2017, da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), solicitado pela
República da Colômbia a respeito da interpretação dos direitos assegurados no Pacto de São José da Costa Rica:
dimensões individual e coletiva/difusa da proteção ao meio ambiente:
“O direito humano a um meio ambiente sadio tem sido entendido como um direito com conotações tanto individuais
quanto coletivas. Em sua dimensão coletiva, o direito a um meio ambiente sadio constitui um interesse universal, que se
deve tanto às gerações presentes quanto às futuras. Contudo, o direito ao meio ambiente sadio também tem uma
dimensão individual, na medida em que a sua vulneração pode ter repercussões diretas ou indiretas sobre as pessoas em
razão da sua conexão com outros direitos, tais como os direitos à saúde, à integridade pessoal ou à vida, entre outros. A
degradação do meio ambiente pode causar danos irreparáveis aos seres humanos, de modo que um meio ambiente
saudável é um direito fundamental à existência da humanidade.”
◦ Sobre a CIDH, ver aqui.
◦ Juiz brasileiro na CIDH: Rodrigo de Bittencourt Mudrovitsch.
ABORDAGEM CONSTITUCIONAL – TUTELA COLETIVA
Ação popular ambiental:
◦ Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXXIII - qualquer cidadão é parte
legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade
de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência.