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AULA 7

2ª UNIDADE: TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO


O processo coletivo é dividido em 3 blocos:
1- Introdução – surgimento do processo coletivo;
2- Teoria Geral do processo coletivo – tudo o que foi modificado para a abarcar os
direitos transindividuais (a coisa julgada, a sentença e legitimidade – são
principais modificações do processo individual modificado para os direitos
transindividuais);
3- Ações coletivas em espécie – comuns típicas)

COISA JULGADA NO PROCESSOINDIVIDUAL


“Coisa julgada é a qualidade da sentença que a torna imutável, capaz de torna o preto
branco, o redondo quadrado” – Oskar Von Bullow. A finalidade do processo não é
promover justiça, mas a harmonia social. A segurança jurídica propicia essa estabilização.
A coisa julgada é o instituto mais forte da segurança jurídica, serve para estabilizar.
No processo individual é muito fácil pensar a imutabilidade da coisa julgada, porque o
autor e o réu tiveram as ferramentas típicas do contraditório, capazes de participar do
juízo de valor do magistrado. A decisão judicial cria a norma do caso concreto, e nela o
magistrado exerce o papel criativo, que pode ser estabilizado pela coisa julgada, porque
autor e réu a todo tempo participaram da formação do juízo de valor magistrado. A mesma
coisa não acontece no processo coletivo.
Não teria a menor razoabilidade falar-se de efeito da coisa julgada para os titulares do
direito material, se os titulares do direito material não atuam/não se confundem com o
sujeito processual, porque há uma dicotomia entre o titular do direito material e o
sujeito que atual no processo. Em regra, o sujeito do processo não será o titular do
direito material e por isso não podemos atribuir os efeitos da coisa julgada, típicos do
processo individual, para o processo coletivo.
A coisa julgada tem sempre: efeitos subjetivos inter-partes e efeitos objetivos Pro et
contra. Independente do resultado da demanda, a coletividade vai ser beneficiada ou
prejudicada. Não dá para aplicar isso ao processo coletivo. Muitas vezes a coletividade
só terá conhecimento da ação coletiva após o transito em julgado, quando então poderá
postular a execução da coisa coletiva.
A coisa julgada típica do processo individual não pode ser aplicada irrestritamente ao
processo coletivo.
CARACTERÍSTICAS: Os limites da coisa julgada podem ser objetivos (art. 503 CPC)
e subjetivos (art 506 do CPC).
Objetivos: a decisão tem força de lei, pro et contra (tem aptidão para fazer coisa julgada
material, se procedente ou improcedente).
Subjetivos: inter partes (só interessa as partes envolvidas).
Mas o processo coletivo não obedece a essa lógica, daí a coisa julgada ser repensada
para o processo coletivo. Vejamos os limites da coisa julgada no processo coletivo:
Limites Subjetivos: a coisa julgada vai interessar para pessoas que não figuraram
no processo. Os efeitos extrapartes de uma dada coisa julgada. A coisa julgada será erga
omnes (quando os titulares são indetermináveis – típica dos direitos difusos); ultra
partes (quando vai interessar a uma dada coletividade que não aquela figurada no
processo, por isso eu se diz “ultra partes”, para além das partes figuradas no processo);
Limites objetivos: nem sempre vai ser pro et contra, nem sempre a coisa julgada
no processo coletivo tem apidtão para fazer coisa julgada material. Por isso que dizemos
que ela faz coisa julgada em relação a prova veiculada no processo. A coisa julgada é
Secundum eventos litis, ou seja, segundo o resultado da demanda, a depender do
resultado da lide.
CJ – Proc Individual – quanto aos limites subjetivos: Inter partes
CJ – Proc Coletivo – quanto aos limites subjetivos: Erga Omnes ou ultra partes
CJ – Proc Inidividual - quanto aos limites objetivos: Pro et contra (faz coisa julgada
material se procedente ou improcedente)
CJ – Proc Coletivo - quanto aos limites objetivos: Secundum Eventos Litis (temos que
investigar qual foi conteúdo da decisão para saber se ela tem aptidão ou não para gerar
coisa material ou não)

Os direitos tranindividuais se subdividem em 2 grandes grupos: os direitos materialmente


coletivos (difusos e coletivos stricto sensu) e os acidentalmente coletivos (os individuais
homogêneos). Os individuais homogêneos se subdividem em várias espécies:
indisponíveis, disponíveis com relevância social, disponíveis sem relevância social.
É preciso tem em mente essas dicotomias porque o tratamento jurídico da coisa julgada
vai ser diferente para os direitos coletivos materialmente ou acidentalmente coletivos.
Os direitos materialmente coletivos têm 4 hipóteses a serem consideradas. Temos que
examinar:
1- A extinção do processo sem julgamento do mérito;
2- A extinção do processo com julgamento do mérito procedente;
3- A extinção do processo com julgamento do mérito improcedente com
fundamento na insuficiência de provas;
4- A extinção do processo com julgamento do mérito improcedente sem
fundamento na insuficiência de prova (com qualquer outro fundamento).
1- Materiais (difusos e coletivos): A extinção do processo sem julgamento do mérito
(isso nos direitos transindividuais é residual, quando se tratar de desistência fundada). A
coisa julgada que forma para o processo coletivo é a coisa julgada formal, cuja a
consequência jurídica é a possibilidade repropositura (com mesmo pedido e causa de
pedir e mesmas partes);
2- Ações coletivas ativas: A extinção do processo com julgamento do mérito
procedente. Eu não posso sofrer um efeito adverso de uma coisa julgada coletiva, se eu
não participei da formação do juízo de valor do magistrado. Por outro lado, eu posso ser
beneficiado. E o importe daquele benefício vai depender de uma liquidação jurídica.
Consequência Jurídica dessa procedência: eficácia erga omnes ou ultra partes
impossibilidade de propositura de demanda com mesma causa de pedir e mesmo pedido
por qualquer legitimado (atenção isso não repercute no direito de demanda individual,
individualmente pode propor nova ação com mesma causa de pedir e, inclusive, mesmo
pedido, mas se o fizer ele corre o risco em face das demandas concorrentes, se a demanda
individual for improcedente);
OBS: legitimados não são titulares de direito, eles apenas sujeitos que figuram no
processo, por isso não pode ter outra ação coletiva com mesma causa de pedir e com o
mesmo pedido.
3- A extinção do processo com julgamento do mérito improcedente com fundamento
na insuficiência de provas. A coisa julgada que gera é Secundum eventus probaciones
É coisa julgada para aquelas provas que foram trazidas para o processo, não quer dizer
que, na eventualidade de surgir novas provas, os autores coletivos estariam impedidos de
manejar nova ação. Consequência jurídica: possibilidade de repropositura de nova
demanda com as mesmas partes, mesmo pedido e mesma causa de pedir.
Ex: sentença que julga improcedente a ACP porque não consigo encontrar nexo causal
entre a morte da espécie de peixes e os dejetos lançados pela Fábrica (ditos pela instrução
probatória). A instrução probatória só não conseguiu encontrar o nexo. Mas meses depois,
feita uma perícia, se verifica nos peixes mortes o mesmo princípio ativo que continha nos
peixes mortos. Pode o MPPB propor a mesma ACP (mesmas partes, mesmo pedido,
mesma causa de pedir). É Secundum eventus probaciones porque fez coisa julgada para
aquelas provas que foram trazidas.
4- Improcedência do pedido porque qualquer motivo que não seja insuficiência de
provas. O juiz já identificou outro vinculo causal para a morte dos peixes, morreram por
mudança de temperatura normal, caso fortuito. Aqui não é falta de prova, é abundância
de provas. Gera coisa julgada material. Consequência jurídica: eficácia erga omnes e
ultra partes, impossibilidade de nova demanda com mesmas partes, mesmo pedido e
mesma causa de pedir.

TODAS AS HIPÓTESES DE COISA JULGADA PARA OS DIREITOS


ACIDENTALMENTE COLETIVOS - individuais homogêneos (que é o mesmo dos
direitos individuais puros):
1- A extinção do processo sem julgamento do mérito. Gera coisa julgada formal.
Consequencia jurídica. Possibilidade repropositura da mesma demanda com
mesmo pedido e causa de pedir e mesmas partes. Ex. Ação de juizado, o autor
faltou no dia audiência. O autor vai poder propor novamente.
2- A extinção do processo com julgamento do mérito procedente. Coisa julgada
material. Consequência jurídica: eficácia erga omnes ou ultra partes.
Impossibilidade de repropositura de demanda com mesmas partes, mesma causa
de pedir e mesmo pedido.

3- A improcedente do pedido com qualquer fundamento, inclusive, insuficiência


de provas. Coisa julgada material (é pro et contra). Consequência jurídica:
Impossibilidade de repropositura de demanda com mesmas partes, mesma causa
de pedir e mesmo pedido.

O tratamento da coisa julgada típico dos direitos individuais homogêneos ainda é igual
ao processo individual.
Coisa Julgada dos direitos acidentalmente coletivos:
1ª Corrente. É representada pela maior parte da doutrina e jurisprudência hoje. Obedece
à mesma lógica dos direitos individuais puros.
2ª Corrente: Representada por Freddie Diddier. Obedece ao mesmo tratamento dos
direitos materialmente coletivos. “Igualar à coisa julgada individual atentaria contra o
microssistema coletivo”. Mas é minoritária.
Coisa Julgada Erga Omnes (todos) X Coisa Julgada Ultra Partes (para um grupo)
1ª corrente: Não tem diferença. Erga Omnes = Ultra Partes.
2ª corrente: Erga Omnes = “Todos”; Ultra Partes = “O grupo”.

Transporte In Utilibus da Coisa Julgada: um dos institutos mais típicos do processo


coletivo, decorre do princípio do máximo benefício da tutela coletiva. Máximo benefício
porque um cidadão titular do direito material que não participou da tutela jurisdicional
pode ser beneficiado por uma coisa julgada coletiva. Mas não pode ser prejudicado
porque não participou do caso concreto para a formação do juízo de valor do magistrado.
É um transporte útil, um transporte que melhora a esfera jurídica do titular do
direito material.
A natureza desse Transporte In Utilibus da Coisa Julgada:
1ª corrente: Efeito secundário da sentença coletiva condenatória. Por exemplo, no direito
penal, é efeito secundário da sentença a indenização à vítima ou sucessores. Exemplo²:
no processo individual a ação civil x delito, ação civil apenas executa uma sentença penal
condenatória no civil para indenizar a vítima ou seus sucessores é um transporte in
utilibus, é um efeito secundário da sentença penal condenatória.
2ª corrente: Ampliação ope legis do objeto do processo coletivo. Não peço para tutelar o
particular individualmente, mas, mesmo sem pedir, o juiz define como efeito natural da
condenação.
Regra geral: Princípio do máximo benefício da tutela coletiva. A coisa julgada coletiva
nunca prejudica o indivíduo. Perdeu a coletiva, mas não impede o exercício da individual.
Como o indivíduo não escolhe quem o representa nas ações coletivas, como regra, não
pode ser prejudicado pela atuação de uma parte que ele não escolheu, que ele também
não pôde participar daquela relação jurídica processual. Por isso que se diz transporte in
utilibus.

Exceção! Hipótese em que a coisa julgada coletiva vai poder repercutir no plano
individual, que é quando ocorre a habilitação do polo ativo na demanda coletiva.
Art 94: Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os
interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla
divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do
consumidor.
Está previsto no CDC, mas se aplica para todas as ações coletivas.
Se eventualmente um titular do direito material se habilitar para uma ação coletiva
ele vai sofrer os efeitos adversos, positivos ou negativos, de uma dada coisa julgada
coletiva. Apenas se ele tiver participada da formação do juízo de valor do
magistrado.
Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:

§ 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão interesses e


direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe.

§ 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os


interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor
ação de indenização a título individua. Exemplo residual em que a coisa julgada coletiva
maléfica vai poder repercutir na esfera individual. Seroa muito melhor se habilitar em
caso de procedência.

Ou seja, se os autores individuais decidiram atuar no processo coletivo como


litisconsortes, sofrerão os ônus da coisa julgada como partes.

CONCURSO DE DEMANDA COLETIVA COM DEMANDA INDIVIDUAL

Concurso de demanda individual: pode ter 2 cenários, identidade total entre


demandas (quando tem mesmas partes, pedido e causa de pedir: pode dar dois incidentes,
a litispendência se as duas ações já estão em curso, ou a coisa julgada, se a coisa já foi
julgada. E nós temos a possibilidade de identidade parcial entre demandas (tem a mesma
causa de pedir ou mesmo pedido – apenas parte dos elementos da ação são iguais-, e pode
dar aso à conexão ou à continência). A gente vai rever isso.

Aqui é concurso de ação coletiva com ação individual (nunca vai ter identidade absoluta
porque o sujeito que figura no processo não vai ser o mesmo titular de direito material).
Aqui são duas ações, uma coletiva e uma individual, com a mesma causa de pedir (ainda
que os pedidos sejam diferentes).
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81,
não induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga
omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão
os autores das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta
dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.

1º: se o titular da ação individual não tomou conhecimento, esse prazo nunca entrou em
curso, as duas ações podem tramitar tranquilamente. Agora se ele tomou conhecimento e
geralmente quem faz esse conhecimento é o réu porque o réu da ação individual é o
mesmo da ação coletiva. Então ele notifica, “eu notifico ao autor tal, da ação tal, da vara
tal e que está em curso a ação coletiva de número tal que está em tal outra vara que tem a
mesma causa de pedir” para que ele fique ciente, porque aí cria um ônus pra ele e ele
precisa decidir.

O prazo de 30 dias, a doutrina maciça, entende que é um prazo impróprio, isto é,


extrapolou o prazo de 30 dias, se ação coletiva ainda estiver em curso e a ação individual
estiver em curso, ainda assim será possível requerer a suspensão.

Nós temos 2 hipóteses de suspensão de ação individual. Essa prevista no CDC é


facultativa, em que o autor da demanda individual é comunicado de que está em curso
uma ação coletiva com a mesma causa de pedir e abre-se a ela a faculdade de pedir a
suspensão individual ou não. Para ele, todo interesse em pedir a suspensão, porque lhe é
mais uma chance.

Se ele requer a suspensão da ação individual ela fica sobrestada, paralisa ela no estado
onde está, no status dela atual, ela fica paralisada. Ele espera o resultado da demanda
coletiva. Se a demanda coletiva é procedente, aquela ação individual é automaticamente
convertida em liquidação e execução porque ele já a certeza de que vai executar, vai se
discutir apenas o quantum. Essa suspensão é a suspensão facultativa.

Litispendência de duas ações individuais é muito comum.

Ação individual que questiona o aumento abusivo das mensalidades e de outro lado, ACP
pelo MP requerendo a mesma coisa, aumento abusivo das mensalidades escolares. Quem
vai ser o réu será uma dada escola o sindicato das escolas particulares. Se notifica então
ao autor do curso de uma ação coletiva com a mesma causa de pedir. Se o autor é
comunicado do curso da ação coletiva com o mesmo objeto e não requer a suspensão, ele
não vai ser beneficiado da causa julgada coletiva que lhe é favorável.

Se ele não foi comunicado, nunca se abriu prazo.

Se for comunicado e pedir a suspensão, e a coisa julgada coletiva é favorável, ele converte
aquela ação individual em liquidação e execução automaticamente.

Se for desfavorável, ele continua a ação individual de onde parou.

E se ele nunca for comunicado e eventualmente a coisa julgada individual tiver um


trânsito em julgado. Veremos porque as coisas não são concomitantes.
Autor não comunicado: A coisa julgada coletiva benéfica poderá favorecer o autor
individual (info.STJ 585).

Autor comunicado requer a suspensão: A coisa julgada coletiva benéfica favorece o autor
individual.

Autor foi comunicado, mas não requereu a suspensão: A coisa julgada coletiva benéfica
não poderá favorecer o autor individual.

Sempre que tivermos o concurso de duas coisas julgadas (uma coisa julgada coletiva e
uma coisa julgada individual), a coisa julgada individual sempre vai prevalecer sobre a
coisa julgada coletiva.

Suspensão de ofício: Art. 1.036 do CPC. Sempre que houver multiplicidade de recursos
extraordinários ou especiais com fundamento em idêntica questão de direito, haverá
afetação para julgamento de acordo com as disposições desta Subseção, observado o
disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal
de Justiça.

Tomou-se um dispositivo que rege os recursos extraordinários (recurso extraordinário e


especial, espécies do gênero recursos extraordinários) e entendeu-se que: se já é possível
uma coletivização dos efeitos dos recursos extraordinários que ocorrem no bojo das ações
individuais, tanto mais em relação as ações coletivas puras. Então legis ferenda.

Demanda individual com a mesma causa de pedir e de uma demanda coletiva. O juiz toma
ciência de muitas ações individuais com a mesma causa de pedir e ele de ofício determina
a suspensão de todas as ações individuais que eventualmente tenham a mesma causa de
pedir daquela ação coletiva.

Temos 2 regimes jurídicos de suspensão das ações individuais: facultativo (art 104 do
cdc), que é a regra geral, e suspensão da ação individual que não depende da parte que
não depende da parte e cuja previsão decorre de interpretação do sistema (art 1.036 do
CPC). Repitindo: legis ferenda, a legislação como está hoje ainda não é clara.

Prazo Indefinido de Suspensão: esse prazo é indefinido enquanto estiver em curso a ação
coletiva com a mesma causa de pedir.

Microssistema Processual Coletiva não prevê prazo de suspensão. O CPC até prevê 6
meses. Todavia, esta limitação atentaria contra a finalidade do instituto e contra o próprio
sistema.

§ 4º O prazo de suspensão do processo nunca poderá exceder 1 (um) ano nas hipóteses
do inciso V e 6 (seis) meses naquela prevista no inciso II.

A suspensão da ação individual em concurso com a coletiva será por prazo indeterminado,
isto é, até o julgamento final da ação coletiva. O CPC fala que se pode suspender a ação
por até seis meses, mas isto é para as ações individuais no processo individual.

Sucessão de Coisas Julgadas Coletivas e Individuais. Da coisa julgada individual sobre a


coletiva: Tem-se coisa julgada individual improcedente e demanda coletiva em curso com
mesmos pedidos e causa essa coisa julgada coletiva é procedente. E agora? Pessoa na
mesma situação (da coisa julgada coletiva vão ser beneficiadas e aquela pessoa da ação
individual não? Isso viola o princípio da isonomia?

Duas correntes:

1ª Representante: Hugo Nigro Mazzilli. Sim. O titular do direito material deverá ser
beneficiado com base no princípio da igualdade e também por que o particular não teve
a oportunidade de suspender sua ação individual. Ele não teve esta oportunidade porque
não havia ação coletiva (ou se havia ele não tomou conhecimento).

2ª Corrente: Representante: Ada Pellegrini Grinover. Não é beneficiado. Por que a coisa
julgada individual, que é específica, sempre prevalece sobre a coisa julgada coletiva, que
é genérica. A coisa julgada individual é preferencial sobre a coletiva, ela é especifica,
então por uma questão de segurança jurídica, embora gere uma desigualdade posto que o
autor coletivo será beneficiado e o autor individual não, é preferível para o sistema
privilegiar a ação individual.

Da coisa julgada coletiva sobre a individual: têm-se coisa julgada coletiva procedente,
ação individual com mesmos pedido e causa de pedir (depois da ação coletiva, não houve
concurso). Se tomou conhecimento no curso da demanda, já pode converter ação
individual em liquidação/execução.

Mas, se por um acidente do sistema, não se tomou conhecimento e ação individual gera
coisa julgada improcedente, lembre-se a coisa julgada individual sempre vai prevalecer
sobre a coisa julgada coletiva para aquele titular.

Exceções ao transporte in utilibus:

Habilitação voluntária na demanda coletiva: Transporte da coisa julgada coletiva


desfavorável. Nas ações coletivas em que for possível a habilitação individual no pólo
ativo, se o sujeito participou da demanda e a coisa julgada foi desfavorável repercutirá no
plano individual.

O titular da coisa material se habilita na ação coletiva e sofrerá os bônus e ônus porque
participou do contraditório.

Não suspensão voluntária: Não ocorrerá o transporte in utilibus. Se o autor da demanda


individual conexa, não requereu a suspensão, a demanda individual não foi favorável e a
demanda coletiva tiver sido, não ocorrerá o transporte in utilibus.

Preferiu arriscar a coisa julgada individual


1 - Coisa julgada secundum eventum probationis

Coisa julgada secundum eventum probationis é o juízo de admissibilidade específico


para as ações coletivas, ou seja, sempre que houver sucessões de ações coletivas em que
a primeira houver coisa julgada secundum eventum probationis, essa coisa julgada tornará
um juízo de admissibilidade prévio e obrigatório para a segunda ação civil pública.

 Incidência: Apenas ocorrerá diante dos direitos materialmente coletivos e


se referirá aquelas provas trazidas no processo.

 A quem cabe suscitar: o autor coletivo.

 Consequência jurídica: repropositura da ação (com as mesmas partes,


pedidos e causas de pedir) com o prévio e obrigatório juízo de admissibilidade.

Ex.: Numa ação civil pública ambiental, julgada


improcedente, na qual o juiz, ao prolatar a sentença, diz não
conseguir traçar um nexo causal entre o despejo dos dejetos
pela fábrica ré e a extinção da determinada espécie de peixe.
Assim, entende-se que com a prova trazida o juiz não
conseguiu responsabilizar a fábrica (cujo despejo indevido
de dejetos já fora comprovado) da extinção da espécie
marinha.

Contudo, após transitado em julgado da referida sentença,


o MP tem acesso a uma análise pericial que comprova que
o mesmo princípio ativo responsável por causar a morte dos
peixes é encontrado nas amostras de dejetos jogados pela
fábrica. O que o promotor poderá fazer? R. Uma segunda
ação civil pública com as mesmas partes, pedidos e causa
de pedir (porém, o primeiro capítulo, depois de narrar os
fatos, deverá ser “da coisa julgada secundum eventum
probacionis)!

Obs¹.: Falta de prova ≠ falta de direito: Em se tratando de sentença exauriente, que


determine o completo rompimento do nexo causal entre o dano e as partes, fará coisa
julgada material e impossibilitará a repropositura.

 Coisa julgada secundum eventum litis x secundum eventum probationis:


esta é uma espécie daquela.

 Transporte Utilibus (art. 103, §3° do CDC): A coisa julgada coletiva só


repercutirá no plano individual se ela for benéfica, pois o titular do direito material não
participou da relação jurídica processual, por causa dessa dicotomia o titular do direito
material não poderá ser prejudicado pela coisa julgada que não ajudou a formar.

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a


sentença fará coisa julgada:
§ 3º Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16,
combinado com o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de
1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos
pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na
forma prevista neste código, mas, se procedente o pedido,
beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão
proceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts.
96 a 99.

Obs².: Quatro típicos pedidos em ações civis públicas: 1°. Abstenção (de não fazer);
2°. Reparar o dano (de fazer); 3°. Indenizar a coletividade violada; 4°. Forme um fundo
para futuras indenizações para pessoas que hoje não foram violadas.

 Crítica ao art. 16 da Lei da Ação Civil Pública: A majoritária doutrina


alega que houve a confusão entre as ideias de competência com coisa julgada por ter
havido uma limitação para coisa julgada, todavia o dispositivo ainda tem força normativa.

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos
limites da competência territorial do órgão prolator,
exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova.

2 – Concurso de demandas

1. Relações entre duas demandas

 Teoria da Tríplice Identidade: O concurso de demandas será identificado


a partir da similaridade dos três elementos da ação (partes, pedido e causa de pedir).

1.1. Identidade total:

a) Litispendência: Duas demandas totalmente idênticas correm


paralelamente no plano individual, o que decorrerá na extinção da segunda demanda sem
resolução do mérito.
Ex.: Ações de cobranças movidas pelo mesmo autor, em
face do mesmo réu, pela mesma dívida em duas varas
diferentes.

b) Coisa Julgada

(aula
exclusiva)

1.2. Identidade Parcial

Exige que haja apenas 1 (um) elemento, ou mais de 1 (um), coincidam, em que ocorrerá
tais fenômenos processuais:

a) Conexão: Exige que tenham as mesmas causas de pedir.

 Importante: As ações deverão ser reunidas no juízo prevento.

b) Continência (art. 56 do CPC): As mesmas partes e causa de pedir, porém


o pedido de uma é mais amplo que outra.

Hipótese 1 (art. 57 do CPC). O autor entra com uma ação


de indenização (contida) em face do réu e tempos depois
percebe que faltou um pedido, então, ele entra com uma
segunda ação mais ampla (continente) em face do mesmo
réu. >> Por ser mais ampla e proposta depois, a ação
continente (mais ampla) atrairá a contida para sua vara e a
absolverá.

Hipótese 2 (art. 57 do CPC). O autor entra com uma ação


(continente) em face do réu e, tempos depois, volta a
processá-lo em uma ação menos ampla que a primeira
(contida) >> A ação contida será extinta sem julgamento do
mérito.

2. Relações de demandas coletivas e individuais

 Há possibilidade de identidade total (litispendência ou coisa julgada) entre


ação coletiva e individual? Nunca, pois as partes sempre serão diferentes.

 Há possibilidade de continência entre ações coletivas e individuais? Não,


pois as partes sempre serão diferentes.
 Há possibilidade de conexão entre ações coletivas e individuais? Sim, pois
é possível terem a mesma causa de pedir.

3. Relações de demandas coletivas entre si

O concurso de duas ações coletivas será possível em todos os institutos, ou seja, será
possível tanto a identidade total quanto a parcial.

Ao tratar da litispendência, continência e conexão o tratamento jurídico será o mesmo, ou


seja, de regra se estiverem na mesma instância haverá a reunião das demandas no juízo
prevento; se estiverem em instâncias diferentes, a que estiver na inferior esperará a
decisão daquela demanda da instância superior para que, uma vez encontrem na mesma
instância, possam se reunir no juízo prevento.

 Litispendência:

Exemplo¹: Ação Civil Pública¹ manejada pelo promotor de


João Pessoa, na Vara Cível de João Pessoa, e uma Ação
Civil Pública², com os mesmos pedidos, manejada pelo
promotor de Cabedelo, numa Vara Cível de Cabedelo,
acerca de um mesmo dano coletivo que repercutiu em
ambas as cidades.

Solução: Reunião das demandas no juízo prevento.

Exemplo²: Ação Civil Pública¹ manejada pelo promotor de


João Pessoa subiu para o TJ e uma Ação Civil Pública², com
os mesmos pedidos, manejada pelo promotor de Cabedelo,
na primeira instância.

Solução: A ação¹ ficará sobrestada, aguardando a resolução


do Tribunal e retorno da ação² para a primeira instância para
que possam ser reunidas no juízo provento.

Obs.: Reunir duas ações em instâncias diferentes: Haverá


a supressão de instância, violando, assim, o princípio do
juiz natural.

 Conexão:

Exemplo¹: Ação Civil Pública¹ manejada pelo MPPB, na


Vara Cível de Pedras de Fogo, e uma Ação Civil Pública²,
manejada pelo MPPE, numa Vara Cível de Itambé, acerca
de um mesmo dano coletivo que repercutiu em ambas as
cidades (mesma causa de pedir).
Obs.: O pedido poderá até ser o mesmo, mas as partes
são diferentes!!

Solução: Reunião das demandas no juízo prevento.

Exemplo²: Ação Civil Pública¹ manejada MPPB subiu para


o TJ e uma Ação Civil Pública², com a mesma causa de
pedir, manejada pelo MPPE, na primeira instância.

Solução: A ação¹ ficará sobrestada, aguardando a resolução


do Tribunal e retorno da ação² para a primeira instância para
que possam ser reunidas no juízo provento.

Obs.: Reunir duas ações em instâncias diferentes: Haverá


a supressão de instância, violando, assim, o princípio do
juiz natural.

 Continência:

Exemplo:

O promotor de JP maneja uma Ação Civil Pública¹, na Vara


Cível de João Pessoa, e o promotor de Cabedelo maneja
uma Ação Civil Pública², numa Vara Cível de Cabedelo,
com mesma causa de pedir só que com pedidos menos
amplos que a primeira.

Resolução: A ação² (contida) será extinta sem julgamento


do mérito.

AULA 9
LIQUIDAÇÃO/EXECUÇÃO DA AÇÃO COLETIVA DE PAGAR

Ocorre quando a coisa julgada coletiva vai ser transportada para o plano
individual, se, somente se, ela for benéfica para a coletividade.

 Existe uma hipótese residualíssima em que a coisa julgada coletiva maléfica


(adversa) pode repercutir no plano individual, que é aquela hipótese em que os
titulares do direito material se habilitaram no bojo da ação coletiva. Então não
seria interessante para nenhum titular do direito material se habilitar numa ação
coletiva.
Em relação ao processo coletivo as obrigações de fazer, não fazer e entregar
coisa são regidas pelo CPC/15. Aplica-se a mesma regra no processo individual e no
coletivo, isto é, o juiz goza de maior carga de discricionariedade para fazer o
adimplemento dessas obrigações. Já a obrigação de pagar quantia é estritamente
prevista pelo microssistema processual coletivo.
A liquidação/execução da sentença coletiva de pagar, possui dois regimes jurídicos
principais e ainda um terceiro:

 a relativa aos direitos materialmente coletivos: em relação a estes, nós não


vamos ter execução individualizada, nós só teremos execução coletiva;
 em relação aos direitos acidentalmente coletivos: isto é, no caso dos direitos
individuais homogêneos teremos tanto a execução coletiva quanto a execução
individual;
 a fluid recovery: que é algo típico, peculiar ao microssistema processual coletivo.

LIQUIDAÇÃO/EXECUÇÃO DA SENTENÇA COLETIVA DE PAGAR PARA AOS DIREITOS


MATERIALMENTE COLETIVOS
Nós temos basicamente duas espécies de execução:

 a liquidação a execução em que os sujeitos são absolutamente indetermináveis,


típica dos direitos difusos, isto é, nós nunca teremos um titular de direito
material executando o valor daquela condenação;
 e nós teremos a possibilidade de destinação de verba para o titular do direito
stricto sensu porque eles não são determinados a priori mas são determináveis,
ou seja, é possível nós sabermos quem serão os titulares daquele direito stricto
sensu mas essa execução nunca será individualizada.
Existem duas modalidades de execução inerentes aos direitos materialmente
coletivos e três modalidade de liquidação/execução inerentes aos direitos individuais
homogêneos. Vamos ver primeiro as duas modalidades de execução inerentes aos
direitos materialmente coletivos:
Liquidação/execução da pretensão coletiva pura: não existe possibilidade de
execução para nenhum titular, é uma verba que vai ser destinada para a coletividade de
forma indistinta.
Lembrem-se: os pedidos de uma dada ação popular, uma dada ação civil pública,
uma dada ação coletiva, sempre abrange uma gama ampla de pedidos, sempre vai ter a
obrigação de abstenção (de não fazer); a obrigação de fazer (reparar o dano), pode ter
uma obrigação de entregar coisa; e obrigação de pagar quantia é o que vai interessar
nessa parte.

Lei de ação civil pública, Art. 15. Decorridos sessenta dias do


trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a associação
autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,
facultada igual iniciativa aos demais legitimados.

Essa é a possibilidade de sucessão processual em fase de liquidação/execução. O


princípio que rege essa regra é o princípio da indisponibilidade absoluta da execução
coletiva. Nós sempre teremos execução coletiva, mesmo que desapareça o titular da
ação coletiva; a possibilidade de sucessão processual do exequente no processo
individual é residualíssima, que seria excepcionalmente no caso de morte, que figuraria
o espólio, os sucessores; já no processo coletivo é uma regra trazida pelo legislador. Nós
nunca deixaremos de ter uma execução coletiva por razões processuais.
Os legitimados para promover a execução coletiva são:

 Principal: o autor da ação coletiva, que pode ser qualquer dos entes,
administração direta (união, estados, distrito federal, município), administração
indireta (autarquia, fundações públicas, empresas, sociedade de economia
mista, associações, entes despersonalizados, ministério público, defensoria
pública); aquele catálogo completo dos autores coletivos.
 Subsidiário: Qualquer outro legitimado coletivo. Se por acaso passar transcorrido
os 60 dias daquele trânsito em julgado daquela sentença coletiva e o autor não
promover a execução, o ministério público deve ser notificado para dar
andamento a execução. Isso é um dever funcional, expresso, previsto na lei para
o MP, enquanto para os demais é uma faculdade.
Competência para a liquidação/execução: vai caber no primeiro grau de
jurisdição assim como ocorre na sentença individual. Se tiver competência originária vai
caber aquela instância originária.

Primeiro grau < TJ < STJ < STF = Transitou em julgado desce para o primeiro grau
Destinatários:

 Erário público: Nas ações de improbidade administrativa será o erário público (os
cofres públicos).

Lei de improbidade administrativa, art. 18. A sentença que julgar


procedente ação civil de reparação de dano ou decretar a perda dos bens
havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens,
conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.

Excepcionalidade a impenhorabilidade das verbas salariais:

Lei de ação civil pública, art. 14. § 3º Quando o réu condenado perceber
dos cofres públicos, a execução far-se-á por desconto em folha até o
integral ressarcimento do dano causado, se assim mais convier ao
interesse público.

Ou seja, é uma afetação de uma parte da verba pecuniária recebida aos cofres
públicos. A pessoa pode ser um servidor em exercício ou pode estar aposentado, se ele
não sofrer a perda de emissão ou a cassação da aposentadoria para aqueles atos de
improbidade praticados quando ele ainda estava em exercício, ou seja, antes de se
aposentar, é possível fazer o desconto parcelado na folha de pagamento.

 Fundo de reparação dos bens lesados:

Lei de ação civil pública, art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a


indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um
Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão
necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade,
sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.

Nós temos no Brasil o fundo federal e um fundo para cada um dos demais entes
federativos (um para o distrito federal e 26 para os estados), 28 fundos previstos pela
lei de ação civil pública.
Regra: se um dado ente federativo não tiver estabelecido seu fundo estadual, o
fundo federal será subsidiário. Porém hoje em dia todos os estados possuem o fundo de
reparação dos bens lesados, existe essa previsão na lei para garantir que sempre haverá
a execução coletiva.
Algumas leis de direitos transindividuais criam seus fundos especializados:
fundos para reparação de bens lesados típica dos direitos dos idosos, das crianças e dos
adolescentes e não há problema nenhum se houver a previsão desses fundos
especializados, se ação veicular esse tipo de direito, a verba será para esse tipo
específico. O destino será dado pelo juiz. Esse fundo é gerido por um conselho composto
de membros da sociedade civil como um todo, o fundo recebe dinheiro e tem uma série
de multas aplicadas pelos órgãos administrativos. CAD, PROCON, vários órgãos
administrativos têm atribuição de impor multas, as multas extrajudiciais, as cobradas
judicialmente, também serão destinadas para esse fundo para a reparação dos bens
lesados.
Para concluir, aqui nós temos uma a liquidação/execução da pretensão coletiva
pura, nós não temos a execução destinada para os titulares dos direitos, a destinação
dessa verba é genérica, para toda a coletividade.

Liquidação/execução da pretensão coletiva decorrente (stricto sensu): Para uma


dada coletividade conhecida. Ex: Uma colônia de pescadores foi impedida de exercer
seu ofício por um dano ambiental, ela também será destinatária de uma parte da
condenação e abre-se uma faculdade, receber diretamente, então a gente pode pegar
aquele título judicial e fazer apenas a execução e pode ser tanto pelos autores coletivos
quanto pelo advogado particular.
Legitimados:

CDC Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo


único do art. 81, não induzem litispendência para as ações individuais,
mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que aludem
os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações
individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a
contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.

Eles podem tanto contratar um advogado para fazer a execução coletiva


decorrente, quanto esperar uma execução por parte dos próprios autores coletivos.
O que irá ser investigado: Apenas o nexo de causalidade, isto é, aquela colônia de
pescadores foi prejudicada pelo dano ambiental e se foi provado o nexo causal fará jus
a uma parcela
de indenização e o juiz fixará o quantum debeatur (a quantia devida no momento da
quantificação do dano).
Competência: Domicílio do autor da execução. art.101, I, CDC; ou no domicílio da
execução art. 98, II, CDC.
LIQUIDAÇÃO/EXECUÇÃO DA SENTENÇA COLETIVA DE PAGAR PARA AOS DIREITOS
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
Teremos três regimes jurídicos:

 liquidação/execução da pretensão individual decorrente da ação coletiva;


 liquidação/execução da pretensão individual decorrente;
 liquidação/execução da ação coletiva residual.
A finalidade do microssistema processual coletivo é impedir o concurso de várias
demandas que tenham a mesma causa de pedir e o mesmo pedido, ou seja, é uma
questão de economia.
Os direitos individuais homogêneos são direitos individuais puros, mas que
fazem jus a um tratamento coletivo. Quando nós tivermos concurso de uma ação
coletiva com uma ação individual, e houver a conexão, aquela ação individual vai ser
imediatamente convertida em liquidação/execução, ela vai superar a fase de cognição
e vai imediatamente para a fase de liquidação/execução, nessa fase ele só tem que
comprovar duas coisas: o nexo de causalidade e o quantum debaetur (que caberá ao
juiz no exame do caso concreto).

Ex: É possível até diferença de valor de indenização, imagine que


três indivíduos beberem de uma água poluída, uma fábrica lançou
rejeitos e aqueles rejeitos contaminaram três pessoas. Sujeito A morreu,
sujeito B teve insuficiência renal, falência de um dos rins, que é uma
condição para a vida toda, e C só uma diarreia. Não resta dúvida que os
três sofreram uma espécie de dano transindividual. Na modalidade
direito individual homogêneo. Imagine que eles não tinham uma relação
jurídica base, não se conheciam, o único vínculo que eles têm é um dano
decorrente uma origem comum. Então se provarem o nexo de
causalidade (os três ficaram doentes porque beberam da água
contaminada), eles vão ter direito a quantum debaetur diferentes.

Liquidação/execução individual da pretensão coletiva: o indivíduo só precisa


comprovar o nexo de causalidade e o quantum debeatur. Essa liquidação pode ser
manejada pelo próprio ente federativo que figurou (o MP, a Defensoria Pública), quanto
um advogado particular.

Ex: Um indivíduo é contaminado pela água de um rio e procura um


advogado dizendo ser beneficiário de um dado direito transindividual. O
advogado usará o trânsito em julgado para habilitá-lo em fase de
liquidação/execução, é como se fosse um processo de execução
autônomo pois não terá fase de cognição, só será preciso comprovar o
nexo de causalidade e o quantum debeatur (que caberá ao magistrado).
Existe um certo problema com os microssistemas processual coletivo, que são os
privilégios da fazenda pública. A lei 9494/97 traz uma série de privilégios para a fazenda
pública, que é o sujeito processual mais beneficiado dentro do ordenamento jurídico
brasileiro. Ele goza de uma série de privilégios não extensíveis aos particulares: prazo
em dobro para contestar e recorrer, imprescritibilidade, impenhorabilidade,
possibilidade de um pedido de suspensão, concurso de recurso com o agravo etc; e tem
um privilégio processual que atenta contra o microssistema processual coletivo, está no
art.1º D da lei 9494/97.

Art. 1o-D. Não serão devidos honorários advocatícios pela


Fazenda Pública nas execuções não embargadas.

Isso quer dizer que o advogado que entrou pelo seu cliente com um direito
transindividual só irá ganhar os honorários contratuais, não irá ganhar os honorários de
sucumbência. Ele irá então manejar uma nova ação de conhecimento, uma ação
individual de conhecimento, o que traz um risco, visto que, se a demanda individual for
julgada improcedente, o que é improvável mas não impossível, a coisa julgada individual
prevalece sobre a coisa julgada coletiva, então ele não vai ser beneficiado por aquela
coisa julgada coletiva. Pensando nisso o STJ tenta corrigir essa impropriedade por meio
da súmula 345.

Súmula 345 do STJ “São devidos honorários advocatícios pela


Fazenda Pública nas execuções individuais de sentença proferida em
ações coletivas, ainda que não embargadas”

Esta súmula tem como objetivo estimular liquidações/execuções individuais de


pretensões coletivas.
Liquidação/execução da pretensão individual decorrente: isto é, o valor vai ser
destinado para o titular individual, mas ela vai ser veiculada por um dado autor coletivo.
Normalmente vai ser o próprio autor coletivo que manejou a ação. Art. 98 CDC:

Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos


legitimados de que trata o art. 82, abrangendo as vítimas cujas
indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem
prejuízo do ajuizamento de outras execuções.

É a possibilidade de um próprio ente coletivo habilitar os autores individuais,


então vai ser o próprio ente coletivo que vai identificar o nexo de causalidade, e o
quantum debeatur vai ser determinado pelo magistrado.
Legitimidade: Os próprios autores. É a mesma legitimidade ativa para as ações
coletivas.

Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados
concorrentemente:
I - o Ministério Público,
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta,
ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à
defesa dos interesses e direitos protegidos por este código;
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que
incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos
protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.

É a liquidação/execução coletiva na pretensão individual, são os próprios autores


coletivos executando individualmente a favor dos titulares dos direitos.
Competência: Art. 98:

§ 2º É competente para a execução o juízo:

I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de


execução individual;
II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.

Destinatários: Titulares dos direitos materiais.


O movimento da máquina poderá ser feito por qualquer legitimado: tanto pelo
autor coletivo por meio da execução principal ou da execução subsidiária por qualquer
outro autor coletivo.
Liquidação/execução da pretensão coletiva residual
É a mais especializada, a mais típica do microssistema processual coletivo. É a
possibilidade de liquidação incerta.
Na liquidação/execução por excelência nós sabemos quem serão os
destinatários do valor daquela indenização, isso vale para os direitos difusos (não
confundam destinatários com titulares). Os destinatários podem ser o erário público ou
os fundos para a reparação dos bens lesados, tantos os fundos estados, quanto os
especializados, quanto o federal; porém, em relação aos direitos individuais
homogêneos é possível uma execução eventual. É um traço especial, típico do segundo
regime dos direitos individuais homogêneos, típico do sistema processual coletivo.
Isso ocorre porque a execução é muito compromissada com a questão da
segurança jurídica. O condenado/executado/devedor não pode ficar refém de uma cosia
julgada indistintamente, para ele é ruim, então quanto mais rápido for executado, se ele
tiver condições de suportar aquela condenação, para ele é melhor ser executado logo,
ou pelo menos saber quanto vai pagar e a quem vai pagar para se livrar de uma futura
execução, voltando ao estado quo ante (antes da execução). Então o legislador pensou
que nem sempre os titulares do direito material vão aparecer de plano, é possível uma
execução eventual de valores para o microssistema processual coletivo, é isso que nós
chamamos da liquidação/execução da pretensão coletiva residual. Art. 100 CDC:

Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de


interessados em número compatível com a gravidade do dano, poderão
os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da
indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para
o fundo criado pela Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985.

A previsão de criação do fundo para a reparação dos bens lesados está aqui, ele
serve por excelência para receber condenações relativas aos direitos difusos, mas
também pode receber direitos relativos a direitos coletivos stricto sensu individuais
homogêneos no caso de execuções individuais.

Ex: Condenação relativa ao anticoncepcional. Uma indústria farmacêutica


que vendeu um lote que era placebo e muitas mulheres engravidaram.
Aquelas que conseguiram provar o nexo de causalidade, fizeram jus a
indenização porque conseguiram demonstrar o nexo de causalidade em
plano. Foram lançadas mil caixas, só apareceram cem mulheres grávidas,
havia uma alta probabilidade que outras mulheres viessem mostrar o
nexo de causalidade no futuro para poder se apresentar naquela
execução. O prazo prescricional da execução é igual o da ação, que em
regra é até cinco anos, então em até cinco anos, sob o ponto de vista da
ação individual, os titulares daquele direito poderiam manejar eventuais
ações individuais e até ações coletivas para obter esse direito. Porém,
essa liquidação/execução da pretensão coletiva residual permite que se
faça uma execução por estimativa, isto é, o juiz vai condenar em 10
milhões, sendo que cada titular vai ter direito a 100 mil e esse valor vai
ficar aguardando, em compasso de espera, que futuras interessadas
venham executar.

Os legitimados são os mesmos do art. 82, a competência é a mesma.


Destinatários: Art. 13 lei de ação civil pública:

Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização


pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho
Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão
necessariamente o Ministério Público e representantes da
comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos
bens lesados.
Esse valor fica depositado no fundo para a reparação de bens lesados, mas vai
admitir novas habilitações enquanto ainda tiver direito. Esse é o chamado “fluid
recovery”, uma vez efetuada a reparação ao fundo e feita a execução/liquidação das
pretensões individuais decorrentes, se surgirem novas vítimas sucessoras existe uma
primeira corrente que acredita que o causador do dano seja réu numa nova ação
coletiva mas nós já sabemos que não vai ser possível, pois existe a coisa julgada material,
nada impedindo ação individual. Ou seja, só será possível aos beneficiários que quiserem
promover a liquidação/execução coletiva afetarem até o valor daquele fundo. Então
aquele fundo é um valor garantidor de futuras liquidações e execuções individuais
decorrentes.
Alguns autores sustentam que o prazo prescricional é de um ano, mas isso é
apenas um prazo para a constituição do fundo.
Preferências do pagamento: Se o executado já pagou e temos o concurso de
direito difuso, coletivo, stricto sensu e individual homogêneo; o legislador preferiu
beneficiar primeiro os direitos individuais homogêneos. A coisa julgada específica
sempre é preferível à coisa julgada genérica, art. 99 CDC:

Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de


condenação prevista na Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985 e de
indenizações pelos prejuízos individuais resultantes do mesmo evento
danoso, estas terão preferência no pagamento.
Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, a
destinação da importância recolhida ao fundo criado pela Lei nº 7.347 de
24 de julho de 1985, ficará sustada enquanto pendentes de decisão de
segundo grau as ações de indenização pelos danos individuais, salvo na
hipótese de o patrimônio do devedor ser manifestamente suficiente para
responder pela integralidade das dívidas.

AULA 10

Institutos adaptados ao processo coletivo


Todo processo coletivo foi construído tendo por base algo que já existia, muitos institutos
que já existiam foram sendo adaptados para poder instrumentalizar de forma eficaz os
direitos transindividuais. 3 institutos mais robustamente modificados para viabilizar a
construção do processo coletivo:
Legitimidade:
Só existia duas legitimidades, ordinária e extraordinária, então o legislador teve de
conceber a legitimação coletiva.
A lei dizia ninguém poderá pleitear em nome próprio direito alheio, salvo quando
autorizado por lei. Depois o legislador concebeu um catalogo de entes previamente
legitimados para fazer a defesa dos direitos transindividuais.
Na ação coletiva passiva, cabe ao juiz dizer quem vai representar aquela coletividade no
exame do caso concreto
A questão da sentença:
a sentença coletiva de pagar tem todo o tratamento jurídico diferenciado visto na aula
passada.
coisa julgada:
Já vimos também a coisa julgada para os direitos materialmente coletivos, com aquelas 4
hipóteses, a coisa julgada para os acidentalmente coletivos que obedece as mesmas regras
dos direitos individuais.

Outros institutos também tiveram que ser repensados


Distribuição do ônus da prova: é estreitamente vinculado com a segurança jurídica, a
regra é, quem acusa tem de provar ( distribuição estática do ônus probatório).
A construção do processo coletivo não poderia obedecer a distribuição estática do ônus
probatório, pois essa distribuição já impunha severas injustiças no exame do caso
concreto, ex: Uma servidora pública estadual estatutária, ela alega que está sofrendo
assédio moral no ambiente de trabalho, ela é demitida, ação será na justiça comum
estadual, reintegração e danos morais, mas ela não consegue nenhuma prova documental,
tudo que ela tenha é uma testemunha, que é uma funcionária terceirizada, que a conhecia,
e que aceita falar, e quando chega na véspera da audiência, a terceirizada diz que não vai
mais testemunhar, porque esta sofrendo ameaçada de ser despedida também, o resultado
dessa ação pela distribuição estática seria improcedência, pois a funcionaria que acusa de
assédio não tem provas. No período da ditadura, várias pessoas foram demitidas por pura
perseguição política, e não tinham como provar isso.
Essa distribuição estática do ônus probatório é quase completamente incompatível com o
processo coletivo, ex: quero cancelar meu plano de internet, faço a ligação peço o
cancelamento, recebo o número de protocolo, ai no outro mês chega a conta de novo, eu
ligo falo que tenho o número de protocolo, o atendente diz que aquele número não é
valido, eu digo então pra cancelar de novo, e pego de novo o número de protocolo, e no
terceiro mês se repete, ou seja, como vou fazer prova disso? Se aplicássemos de forma
absoluta a distribuição estática do ônus probatório, a maior parte dos direitos
transindividuais seriam impossíveis de serem protegidos eficazmente, teve de ser
repensado para a construção do processo coletivo, então foi concebida uma nova
sistemática para o processo coletivo
Pensando nisso o legislador colocou no CDC o art. 6 inciso 8
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova,
a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Pode ser usado fora do âmbito do direito do consumidor, devido a indiferença
topográfica
A inversão do ônus da prova cria uma presunção relativa a favor do particular, o autor
coletivo pode fazer uso do art. 6 inciso 8
Ex: Fizemos um TAC (termo de ajustamente de conduta) com fornecedor para corrigir
um determinado vicio, só que na hora de formalizar o TAC se esqueceu de assinar, ai o
cara desrespeita e quando voce vai pedir a execução, o cara diz que não assinou, pode-se
invocar o art. 6 inciso 8.
O processo coletivo fica comtemplado com a inversão do ônus da prova, mas o
processo coletivo continua com o problema da regra da distribuição estática do ônus
probatório, Então o CDC 2015 corrigiu esta injustiça, se pensou numa Ditribuiçao
dinâmica do ônus probatório: faculdade aberta para o julgador no exame do caso
concreto pra inverter o ônus da prova, tendo em vista uma impossibilidade de no caso
concreto, de alguém que alega não conseguir provar.
A regra para todo ordenamento jurídico ainda é a distribuição estática do ônus
probatório (quem alega tem de provar), mas no processo coletivo o legislador previu
que aquelas pessoas que são hipossuficientes presumidamente já podem fazer uso da
inversão.
Mas se for uma relação paritária ( não havendo parte hipossuficiente), tem a distribuição
dinâmica, o juiz no exame do caso concreto cria uma posição favorável ou contraria a
uma das partes
"§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou
à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus
da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que
deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
Como por exemplo no caso de assédio moral citado acima, antes de 2015 o resultado seria
de improcedência, depois de 2015 há a possibilidade de distribuição dinâmica do ônus
probatório, pode criar uma presunção a favor da possível assediada.

Assim existem 3 regras de distribuição:


distribuição estática:
Ônus da prova partilhado pelo legislador, cabe ao autor provar do fatos constitutivo, cabe
ao reu prova do fato extintivo, modificativo ou impeditivo do direito do autor.
Aplica absolutamente a ideia de paridade entre as partes.
Juiz não pode partilhar diversamente do ônus da prova imposto lei, ou seja antes de 2015
era impossível ao magistrado, partilhar diversamente o ônus da prova.
inversão do ônus da prova:
Partilhado previamente pelo legislador.
Admite o desequilíbrio dos polos da demanda.
O juiz poderá criar uma presunção relativa a favor do polo hipossuficiente
Distribuição dinâmica
O ônus da prova pode ser partilhado pelo legislador ou pelo juiz no exame do caso
concreto. A regra é paridade do polos mas admite a ideia de igualdade material,
reconhecendo o desequilíbrio em alguns casos concretos. O Legislador pode em abstrato
criar presunções a favor de um dos polos da demanda, ou autorizar que o juiz no exame
do caso concreto crie presunções relativas contrarias ao polo mais forte da demanda.

Conciliação envolvendo direito coletivos.


Desenvolvimento de métodos alternativos (adequados) de resolução de conflitos
Não é tão fácil aceitar a conciliação no contexto dos direitos transindividuais, pois o titular
do direito material não figura no processo, tem um representante processual, então no
caso o representante transacionaria sobre direito de terceiros.

Obstáculos em relação mediação, conciliação, transação envolvendo direitos


transindividuais:
A indisponibilidade dos direito coletivos:
Há exceções
Atuação dos substitutos processuais:
Significa que outro iria negociar direito alheio.
E tem-se também um óbice legal:
Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação.
Então a maior parte dos direito transidividuasi estaria excluído da transação, conciliação
e mediação envolvendo dirietos transindividuais

Todos esses argumentos foram superados, por uma questão de economia processual.
Então a transação, conciliação e mediação são possíveis nos direitos transindividuais, até
porque se o particular não se sentir satisfeito com a negociação do terceiro feita em seu
nome, ele pode manejar ação individual.
Denunciação da lide nas ações coletivas:
No sistema de nosso Direito Processual Civil, denunciar a lide é "chamar o terceiro
(denunciado), que mantém um vínculo de direito com a parte (denunciante), para vir
responder pela garantia do negócio jurídico, caso o denunciante saia vencido no
processo".

Cpc Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:

II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva,
o prejuízo de quem for vencido no processo.

§ 1º O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide
for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.

Se uma das partes quiser manejar a denunciação da lide, se abre a faculdade para o
magistrado aceitar ou não, o magistrado não irá permitir se perceber que isso irá perturbar
o regular andamento do processo, pois a finalidade da denunciação é promover a
economia processual.

Não pode introduzir nova matéria probatória/fundamento jurídico na denunciação da lide.

Honorários sucumbenciais:

Polo que perdeu a demanda além de pagar o valor da condenação, vai pagar um importe
a título de honorários sucumbenciais. As ações que envolvem direitos transindividuais
são de importe alto,

Imagine uma condenação de 5 milhoes de reais, com 25 titulares do direito individual


homogêneo, 10% de honorários de sucumbência, que da 500 mil reais. Se aplicarmos a
regra tal qual aprendemos, o advogado vai ser pago por meio de precatório, mas se ele
manejasse ações individuais pra cada um, ele poderia arriscar 25 ações individuais, para
receber seus honorários por meio de Requisição de Pequeno Valor RPV, o que para ele
é bem melhor. Valeria a pena arriscar se ele tivesse vista já uma possibilidade boa do
direito, se ele viu que houve com condenação coletiva favorável.

OBS: Mas a rigor hoje ainda não é possível o fracionamento para fins de execução
individualizada

Sistema recursal no processo coletivo


Em regra apenas a sucumbência justifica o interesse recursal em modificar o conteúdo
da decisão, todavia em algumas situações é possível que haja interesse recursal da parte
vencedora, ex: coisa julgada segundo eventum probationis (aquela que só se forma apenas
em caso de esgotamento das provas)

Mas coisa julgada segundo eventum probationis da segurança ao réu? Não pois essa
decisão não impede que o réu seja novamente réu em uma ação com mesmos elementos,
então o réu pode recorrer pra tentar mudar o fundamento da sentença para que se acolha
também a falta de direito e não só a falta de prova

Efeitos dos recursos:

Efeito suspensivo

mediante requerimento da parte, quando houver dano de difícil ou incerta reparação

Reexame necessário invertido

Previsto na lei de ação popular, privilegio da fazenda publica, sempre que a fazendo
púbica for condenada em grau originário, é obrigatório que os autos subam para a
instancia superior, independente de despacho do juiz.

Esse privilégio também é dado ao autor nas ações coletivas, a decisão que julgar
improcedente o pedido coletivo deve ser remetido a instancia superior.

Possibilidade de suspensão de segurança

privilegio da fazendo pública, possibilidade de se dirigir uma petição direto para o


presidente do tribunal, pedindo pra suspender os efeitos de uma dada decisão contra o
poder público, e isso cabe no direito processual coletivo também.

AULA 11

Prescrição e decadência são dois institutos comprometidos com a segurança


jurídica que servem para estabilizar situações jurídicas, não as deixar suscetíveis ao ônus
de uma ação, de uma modificação superveniente.
Os direitos só tinham três possibilidades, eram os direitos pessoais, reais e
mistos, aí surgiu uma nova classificação, nós temos os direitos prestacionais e os direitos
potestativos.
Direitos prestacionais – são direitos a uma prestação, vou ter uma obrigação positiva ou
negativa favorável a mim. Está ligado a ação condenatória.
Direitos potestativos – tem dois atributos básicos: é uma faculdade para o titular do
direto e ele impõe uma sujeição, ou seja, o polo passivo se dobra a- faculdade exercida
pelo polo ativo. Pode ser positivo ou negativo. Está ligado a ação constitutiva.
Outra classificação importante é a classificação das ações, nós temos três tipos,
as declaratórias, as condenatórias (ferramenta de coerção – contam o caráter volitivo da
pessoa, ferramenta de sub-rogação- despreze a vontade da parte) e as constitutivas (muda
a situação jurídica de uma das partes, ex: divórcio). Toda sentença obrigatoriamente tem
um capítulo declaratório.
As declarações puramente declaratórias elas – unicamente- são
imprescritíveis (insuscetível de prescrição ou decadências), a todo momento é possível
declarar um direito. Todavia, o constituinte pode criar situações jurídicas que ficariam
suscetíveis a prescrição e decadência mesmo que veiculassem o direito a prestação ou a
modificação, ex: ações de ressarcimento ao erário.
As ações condenatórias, todas elas, são suscetíveis a um prazo prescricional. Não
há ações condenatórias perpétuas.
OBS: a decadência mata o direito, a prescrição mata o direito de ação.
Os direitos potestativos, são veiculados por meio de ações constitutivas, e as ações
constitutivas por excelência se submetem a um prazo de decadência. Obs: é imprescritível
se não houver prazo previsto em lei.
Para as ações coletivas o que interessa são os prazos prescricionais. Em regra,
são ações suscetíveis de prescrição porque ela não fumina o direito.
Hipóteses de imprescritibilidade: 1- Ações puramente declaratórias, 2- ações
potestativas e 3- as previstas na constituição.
Situações importantes ao direito público: ações de ressarcimento ao erário,
reparação de danos ao meio ambiente. (IMPRESCRITÍVEIS). – direitos transindividuais.
Regras específicas de prescrição: A lei de Ação Civil Pública não estabeleceu o
prazo, a resposta é encontrada no microssistema, a lei da Ação Popular determina que
prescreve em 5 anos. O prazo prescricional das ações que vinculam ações transindividuais
será de 5 anos, salvo alguma situação específica como as faltas disciplinares que tem
prescrição diferenciada. Quando ilícito civil, a prescrição é de 3 anos.
O prazo prescricional da ação é igual ao prazo prescricional da execução. (cinco
anos para um e cinco anos para outro)
O termo inicial da prescrição nos casos de ação coletiva para casos de anulação
de contrato administrativo, é possível anular o contrato enquanto estive hígido o vínculo
mesmo que precário é possível a anulação do contrato administrativo.
Termo inicial no caso de exercício de mandato eletivo, inicia quando do término
do mandato.
AULA 13

Inquérito civil público


É uma das principais atribuições funcionais do ministério público, atribuição exclusiva
O inquérito civil público faz as vezes ( não sei pq ele fala assim, minuto 6:34) do inquérito
policial para uma ação penal, enquanto na investigação criminal o inquiridor policial visa
municiar a formação opinio iujis do órgão acusador, por meio da atuação da autoridade
policial, o inquérito civil público visa formar a opinio iujis do ministério público
sobre a possibilidade de vir a manejar ou não uma dada ação coletiva.
É uma etapa previa não obrigatória que serve para formação da opinio iujis do órgão do
MP
Ex: MPF instaurou inquérito civil público para investigar reconhecimento de diplomas
estrangeiros por parte de uma instituição federal de ensino superior. Alguém teria
apontado alguma ilegalidade, determinada instituição, está fazendo reconhecimento de
diplomas sem ter atribuição e sem ter o curso na mesma área. O MP ia investigar e ouvir
a UF, e a partir dos resultados da investigação ia decidir se manejava ou não a ação
coletiva.

Características do inquérito civil público


1. Interrupção do prazo prescricional e a decadência* (hipótese residencial) (art.
26 do CDC)
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de
fácil constatação caduca em: § 2° Obstam a decadência: III
- a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
O professor pode perguntar: Conforme o art. 26 do CDC, o inquérito obsta a
interrupção da DECADÊNCIA? R. O inquérito civil público obsta o curso da
decadência nessa hipótese residual, por força de previsão legal. Apesar de ir contra a
natureza jurídica da decadência, por força do art. 26, pode haver a suspensão e a
interrupção deste.

2. Facultatividade
O inquérito civil público é uma etapa pré-processual não necessária, o MP
instaurará se quiser. Ainda, outros entes, titulares típicos das ações coletivas, podem
manejar suas ações civis públicas sem a necessidade de inquérito civil público, contudo
apenas o MP pode instaurá-lo.

3. Inquisitoriedade
Não deve obediência ao contraditório e ampla defesa. O inquérito civil tem natureza
de procedimento administrativo em que o contraditório e a ampla defesa serão diferidos,
postergados para o momento processual.
4. Possibilidade de notificações, requisições, perícias e informações (art. 6 da Lei
7853/89)
O Mp para formar sua opnio juris tem como atribuição atribuição legal poder
requisitar perícias, cópias de documentos, informações, etc.

5. Publicidade de seus atos


Qualquer interessado poderá consultar o inquérito e se inteirar do seu conteúdo e o
órgão do MP não poderá se furtar a transparecer informações de um procedimento já
instaurado.

6. Quebra do sigilo e transferência de informações bancárias

VÍDEO 3 AULA 13
04:20 – 12:00 – Allana
Instrução do inquérito civil público
A regra de instrução é a publicidade.
Art 8º da Lei nº 7.347 – ação civil pública
§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou
informação, hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles
documentos, cabendo ao juiz requisitá-los.

Hipótese de responsabilização do MP
Lei orgânica Nacional do Ministério Público
Art 26
§ 2º O membro do Ministério Público será responsável pelo uso indevido das informações
e documentos que requisitar, inclusive nas hipóteses legais de sigilo.

A instauração do inquérito civil público pode ser de ofício ou a requerimento. A instrução


a regra é a publicidade podendo haver reserva das informações das hipóteses em que a lei
impuser sigilo.
Conclusões finais para o inquérito civil público: 1 – a propositura de uma dada ação
coletiva, 2 – a celebração de um termo de ajustamento de conduta (CAT) ou 3- o
arquivamento.

Art 5º da Lei nº 7.347 – ação civil pública


§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de
ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia
de título executivo extrajudicial. (proposição de ação)
Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da
inexistência de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento
dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente.
(arquivamento)
Não existe arquivamento implícito, todo arquivamento precisa ser fundamentado.
É possível realizar TAC parcial. Ex: investiga 3 empresas, mas só realiza TAC com uma
delas.
Art 9º
§ 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos,
sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do
Ministério Público. (serve para hipótese de arquivamento).
Arquivou o inquérito civil público tem que encaminhar para o conselho superior
em até 3 dias sob pena de falta grave.
O arquivamento precisa ser expresso e fundamentado.
É possível a intervenção de outros autores coletivos no curso de um inquérito civil
público.... CONTINUAR DO MINUTO 12
FINAL DA AULA 13 – A partir do minuto 12:00

Mas tecnicamente não é um arquivamento.

Intervenção de outros legitimados: é possível a intervenção de outros autores coletivos


no curso de um Inquérito Civil Público. Isso é muito importante! Não obstante a
Defensoria Pública não possa instaurar um inquérito civil público, ela pode atuar
ativamente nos autos de um Inquérito Civil Público instaurado pelo MP. O munícipio de
JP da mesma forma, inclusive pode arrazoar para o conselho superior do MP
LACP. Art. 9.o § 2o Até que, em sessão do Conselho Superior do
Ministério Público, seja homologada ou rejeitada a promoção de
arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar razões
escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou
anexados às peças de informação.
Então, se por acaso uma autoridade do MP propugna pelo arquivamento do Inquérito
Civil Público, as associações que não concordam com aquela moção de arquivamento
podem arrazoar para o conselho superior do ministério para tentar modificar aquela
moção.

Falso Testemunho e IC: Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade
como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou
administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral.
Para quem entende que se trata de processo administrativo, seria possível falso
testemunho no curso do inquérito civil público. Todavia, sabemos Que Inquérito Civil
Público tem natureza de mero procedimento administrativo e procedimento
administrativo não tem previsão expressão no art. 342 do CP, não podemos assim
etiquetá-lo.
1ª corrente: Não é possível. Analogia In Malam Partem. Como não há menção expressa
ao inquérito civil, não se poderia falar em falso testemunho. (é a corrente que prevalece)
2ª corrente: É possível, posto que o Inquérito Civil tem natureza de processo
administrativo. Se o IC for considerado processo e não procedimento, haveria a menção
expressa no texto do Código Penal.
Lembrem-se, estamos falando do crime de falso testemunho, não impede que outros
crimes, inclusive de falso, ocorram por inquérito civil, mas falso testemunho não.
Termo de Ajustamento de Conduta: § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar
dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
TAC terá eficácia de título executivo extrajudicial e é possível os órgãos públicos
legitimados tomarem o Termo de Ajustamento de Conduta.

Objeto: Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou
não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências
que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. § 1° A conversão da
obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se
impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
Lembre-se é objeto do TAC é análogo as tutelas preventivas objetivizadas pelas ACP,
veiculam ações de fazer ou não fazer.

Em relação aos materialmente coletivos:


Tutela Preventiva  Inibitória  Obrigações de Não-fazer
Ex: contrato de trabalho que contenha uma cláusula que relativiza a jornada de
trabalho de mulher gestante, TAC. Então: “empregador NÃO celebre mais
contratos de trabalho que contenham tal cláusula. Obedeça a jornada de trabalho
de empregada gestante (tutela preventiva inibitória que veicula obrigação de não
fazer).”
Tutela Preventiva  De Remoção do Ilícito  Obrigações de Fazer
Ex: “REPARE as horas trabalhadas em desconformidade por aquelas empregadas,
reparação pecuniária...”

Em relação aos acidentalmente coletivos: Os direitos individuais homogêneos gozam


de uma maior carga de disponibilidade, logo, ab initio, já seria possível uma reparação
pecuniária.

Legitimidade para o Termo de Ajustamento de Conduta: Legitimados: podem ser


entes personalizados ou despersonalizados
Entes personalizados: LACP. Art. 5.º (...). § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão
tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
Entes personalizados: CDC. Art. 82. (...). III - as entidades e órgãos da Administração
Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente
destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código.
Ex. Secretária Municipal de Saúde pode celebrar TAC porque tem previsão legal, mesmo
sendo despersonalizado.

Limites do TAC: o TAC é celebrado sem a interveniência de uma autoridade judicial.


Enquanto o Inquérito Civil Público é monopólio institucional pelo MP, p Termo de
Ajustamento de Conduta pode ser celebrado por qualquer legitimado coletivo. A rigor
nós teríamos uma ausência de controle. O TAC é uma conciliação extrajudicial, em regra,
não estaria sujeito ao poder do controle judicial. Mas lembrem-se o TAC só produz
efeitos, se o titular do direito quiser. O transporte in utilibus também pode ser estendido
até para TAC. Então se eu não quiser me valer de um dado TAC, e eu for titular de um
direito transindividual, eu posso manejar ação individual de forma livre.
Lembre-se: o TAC é uma hipótese de substituição processual, não há previsão da ampla
participação dos membros do grupo e os demais legitimados coletivos para que
participem do Termo Ajustamento e Conduta. E o transporte in utilibus aplica-se
normalmente ao TAC. O TAC só vai repercutir no plano dos titulares do direito se eles
quiserem se valer do TAC.

Conciliação judicial envolvendo os direitos do transindividuais: ora, se o TAC, que é


uma conciliação extrajudicial, é possível quiçá uma conciliação judicial. Então tanto a
conciliação extrajudicial por meio de TAC é possível quanto a conciliação judicial será
possível também. Em relação à Lei de Improbidade Administrativa é que nós temos
algum temperamento por causa da indisponibilidade do interesse público.

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