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RESUMO DAS AULAS 1-6

A finalidade do direito é promover a harmonia social. E o ramo do direito que é responsável por estudar
as formas de promoção da resolução das crises jurídicas é o processo.

A todo momento surgem novas crises jurídicas e por isso o processo é a mais dinâmica de todas as
disciplinas de direito o direito por excelência.

O próprio direito por excelência ele já é uma ciência mutável. E dentro das disciplinas que compõe o
direito o processo é a mais mutável de todas. Até porque ele tem que estar o tempo todo construído para
resolver as novas crises jurídicas que não aparecem no seio da sociedade

O processo coletivo nasceu imbuído dessa finalidade de resolver crises jurídicas que não eram
satisfatoriamente atendidas tendo em vista as técnicas de resolução dos conflitos que se concebeu nos
últimos anos.

As formas primitivas e resolução dos conflitos que nós tínhamos antigamente

Ex: ovelha desgarrada de A, que B alega na verdade ser dele.

A pretensão do sujeito A que demandou o resgate daquela velha e nós temos uma pretensão
antagônica, em sentido inverso àquela manifestada inicialmente. Quando nós temos uma pretensão em
um sentido e uma pretensão em outro. E nós falamos que a pretensão inicial é uma pretensão resistida.
Nós temos um conflito de interesses que ameaça o convívio na própria sociedade. Inicialmente como se
resolvia esse tipo esse tipo de crise jurídica?

Formas primitivas de resolução dos conflitos:

1- Autocomposição Unilateral. Examinamos o caráter volitivo dos próprios litigantes, ou seja,


os próprios litigantes eles vão resolver aquela crise jurídica. Por isso se chama auto
composição. É autocomposição unilateral, porque vai prevalecer o caráter volitivo de apenas
um dos litigantes.
1.1 Autotutela: Quando nós temos uma autocomposição unilateral resolvida por meio da
força. Possui baixa carga de promoção da harmonia social. Porque um dos polos em
conflito anula o caráter volitivo do outro e despreza absolutamente o caráter coletivo
do outro também (A autotutela existe até hoje, mas foi assimilada de forma residual.
Ex: o “desforço imediato” para defesa da posse, em caso de turbação; EX²: Excludentes
de ilicitude no Direito Penal, como a legitima defesa).
1.2 Renúncia: Os próprios litigantes sopesam os efeitos daquele pleito para a sociedade.
Prefere-se assimilar essa perda. Essa perda representa um ônus menor do que eu impor
por meio da força a sua vontade. A expressão anímica é modificada e aquele polo ATIVO
acaba se resignando.1
1.3 Submissão: o polo ativo manifestou interesse, que foi resistido com a pretensão opositora
e antagônica em sentido inverso. Formou se o conflito de interesses. Nenhum dos dois polos
impõe ou anula a vontade do outro por meio da tutela. E o polo ativo não desiste. Só que aí
o polo PASSIVO, que resistiu à pretensão, acaba desistindo. (A submissão também foi
assimilada como forma de res. de conflitos).

2- Autocomposição Bilateral. Os dois sujeitos, sopesando o ônus que aquela crise jurídica
representa para a sociedade, cada um renuncia a uma parcela de sua pretensão.

1
A renúncia é um avanço em relação à autotutela. Porque a autotutela anula despreza o caráter anímico,
substitui o caráter anímico de um dos litigantes. Enquanto que a renúncia é uma autocomposição
unilateral por meio da desistência do polo ativo, ou seja, aquele que primeiro manifestou sua pretensão
ela acaba se resignando, muda sua expressão anímica e desiste daquela pretensão em nome da harmonia
social.
2.1 Transação. Acordo, cada um cede uma parte, reduzem uma parcela de seu interesse
original. Primeira forma de resolução de conflitos de modo bilateral.

2.2 Mediação: Dois sujeitos litigantes reconhecem a importância de um terceiro sujeito


com sabedoria para conduzir à resolução do conflito. Um terceiro2 participa da mudança
anímica que originou aquela crise jurídica.

3- Heterocomposição. Na Roma Antiga. Não mais se levará em conta a expressão anímica dos
próprios litigantes (não será mais a vontade de um dos litigantes que vai prevalecer ou a
dos dois litigantes de forma consensual), vai ser a imposição da vontade de um terceiro, que
vai resolver o conflito jurídico.

3.1 Arbitragem. Sob a égide da ordem pública

3.2 O processo propriamente dito. O advento da jurisdição

**- Roma. Balizas do direito civil atual.

*.1 Ordem privada. Havia processo, mas não havia jurisdição. O PRETOR outorgava
poderes a outro (o ARBÍTRO) para ditar o direito no caso concreto3.

*.2 Ordem pública. Foi quando o pretor assumiu para si os dois atributos (representar o
poder e dizer/exercer o direito – figura do juiz), tendo o poder de dizer o direito, não
outorgando mais poderes a terceiro para resolver a crise jurídica. Foi quando
tivemos o advento da jurisdição4.

OBS: Essas formas primitivas de resolução de conflitos não deixaram de existir, apenas
diminuíram o catálogo porque o pretor (o juiz) aumentou o seu catálogo com a
jurisdição.

Mesmo com as formas primitivas, não havia a dicotomia entre o direito material e o processual. Esse é o
período sincretista.

O processo tem três grandes fases evolutivas: a primeira fase que é a chamada fase o período
sincretista; a segunda fase que é a chamada fase autonomista ou conceitual foi quando nasceu o direito
processual como ciência; a terceira fase que seria aquela que nós estamos vendo hoje para uma parte da
doutrina - para outra nós já teríamos uma quarta fase - a terceira fase chamada fase ou o período
instrumentalista e a quarta fase seria chamado neoprocessualista.

1ª FASE – SINCRETISTA. o direito era a mera coisa discutida em juízo, não se distinguia o direito
material e o processual. Não havia o direito processual à consciência.

2ª FASE – AUTONOMISTA (ou Conceitual). Em 1968, obra de Oskar von Bülow. Nesse ponto que
se fala da coisa julgada, voltada a promover a segurança jurídica, a finalidade do direito, atingida
através do processo (a promoção da harmonia social).

- Nasceu o processo como ciência. Defendia-se a existência de duas relações jurídicas: uma
bilateral (entre os dois sujeitos) e uma trilateral (entre os dois e o Estado).

2
Não vai impor a decisão jurídica, ele vai apresentar soluções para que aqueles dois litigantes chegarem
a um acordo.
3
É por causa dessa técnica de resolução dos conflitos, onde o pretor ainda não dita o direito do caso
concreto, que dizemos que o rito processualista (ou processo) surgiu antes da jurisdição.
4
É a parcela da soberania exercida pela judiciário, parcela dedicada as crises jurídicas, o poder do Estado
dado para o poder judiciário, o monopólio da força. (Estado de Direito = o Estado juridicamente
organizado e obediente às suas próprias leis).
- Autonomista porque o direito sofreu a dicotomia, vindo a existir o direito material e o direito
processual (que ganhou autonomia como ciência)

- Conceitual porque foi quando surgiram os conceitos basilares do direito processual: 1- ação; 2-
jurisdição; 3- processo; os elementos da ação: A- partes; B- pedido; C- causa de pedir; legitimação
ordinária e extraordinária; Coisa Julgada; e a noção de competência.

Antigamente tínhamos uma forma tricotômica do processo: o processo de conhecimento; o processo de


execução e o processo cautelar. Hoje essa classificação está em desuso porque nós não estudamos mais
como processos autônomos, nós estudamos como processos sincréticos, estudamos como tutelas que são
veiculadas no bojo de um dado processo.

O processo foi sendo especializado para atender outras crises jurídicas ainda à luz do processo individual.
Mas percebam que não obstante o direito processual como ciência tenha representado um grande avanço,
a sua carga de eficiência foi caindo. Como era conhecido o processo? Autor x réu apresenta suas razões
ao juiz. Em um dado momento a configuração do rito processual do processo de conhecimento comum
ou ordinário foi perdendo a sua eficácia, essa baixa foi sendo denunciada.

A segurança jurídica (que é o sol em torno do qual orbita todo o direito processual), é exemplo, foi
estabilizando situações jurídicas injustas, com foi aquele caso do Charlie Chaplin, que ficou como pai de
uma criança que não gerou

3ª FASE – INSTRUMENTALISTA5. Os processualistas entenderam então que o processo deveria


ser repensado para resolver novas crises jurídicas. 6

- O processo deixou de ser um fim nele mesmo, voltando a ser meio de concretização dos direitos
materiais7;

- Relativização dos dogmas processuais (coisa julgada, advento do processo coletivo);

- Bryant Garth e Mauro Cappelletti, em 1950, escreveram uma obra “ACESSO À JUSTIÇA”8, onde
propõem um programa para que o processo volte a ser um instrumento à justiça.

A partir desse estudo, entendeu-se: as formas de resolução dos conflitos de interesses passaram por 3
grandes subfases, tivemos as 3 fases do direito processual e dentro da fase instrumentalista nós tivemos
as chamadas “ondas renovatórias de acesso à justiça”.

1ª ONDA RENOVATÓRIA DE ACESSO À JUSTIÇA

O que foi isso? Foram subfases dentro da fase instrumentalista pelas quais o processo foi sendo repensado
com o passar do tempo, para atender as novas crises jurídicas.

Este movimento de aceso à justiça propugnou pela existência de pelo menos 3 ondas renovatórias,
etapas pelas quais o processo foi repensado paulatinamente para aumentar a sua carga de eficácia

5
para alguns processualistas ela vigora até hoje, para outros já teríamos ingressado em uma quarta fase,
o neoprocessualista
6
A partir dessa fase, o processo é instrumento por meio do qual o autor exerce o direito de ação, o réu
exerce o direito de defesa e o Estado exerce a jurisdição (o direito do Estado, o atributo do Estado de dizer
o direito do caso concreto; esta relação triangular). Isto foi uma alteração importante para o processo,
porque antes o processo, sob os auspícios da fase autonomista, era um fim em si mesmo.
7
Lembre-se o direito material é uma situação de regularidade jurídica, se nós não tivermos nenhuma
crise, tudo é resolvido através do direito material. O processo é o ramo do direito que vai resolver a crise
jurídica.
8
Esse projeto foi um grande manifesto lançado para várias universidades, como a de Chicago e São Paulo.
Questionava-se como eram resolvidas as crises jurídicas no seu país.
- Essas 3 ondas combateram os pontos de estrangulamento do direito processual que
contribuíam para diminuir a carga de eficiência do processo jurídico.

O movimento de acesso à Justiça tem dois postulados básicos:

1- aumentar a carga de eficácia do Direito Processual, relativizar e identificar pontos de


estrangulamento que precisam ser pensadas para poder instrumentalizar melhor o processo.
2- aumentar a quantidade de jurisdicionados, ou seja, aumentar a quantidade de pessoas que são
atendidas pela prestação jurisdicional.

Esses dois pontos são antagônicos, chamados de o paradoxo do acesso à justiça: Ora, se com a quantidade
de jurisdicionados que nós tínhamos àquela época o processo já não gozava da carga de eficácia desejada,
ou seja, estava se mostrando deficitário, imagine se aumenta a quantidade de jurisdicionados.

Se por um lado a gente quer aumentar a carga de eficácia jurisdicional, por outro mas queremos ampliar
a quantidade de jurisdicionados que são atendidos pelo processo judicial de forma esses dois lados eles
são em certa medida antagônicos.

O movimento de acesso à Justiça tenta compatibilizar esses dois postulados.

Como é que ele fez isso? Ele identificou os pontos de estrangulamento do direito processual, nem todos
os dogmas, fique bem claro, nem todos os dogmas são pontos estrangulamento. Tanto que a
imutabilidade da coisa julgada existe até hoje. Nós podemos falar sim imutabilidade conjugada ainda hoje.

O que não aconteceu, porque o processo ele anda a reboque das mudanças sociais.

Das mudanças sociais:

1- REGIME ABSOLUTISTA

- pregava o arbítrio, a palavra do rei ditava tudo; os cidadãos tinham o escudo protetivo mínimo pra se
defender contra o arbítrio do monarca, do soberano; várias pretensões que foram sendo frustradas nesse
contexto acabaram servindo de um impulso para a grande mudança social que veio com a Revolução
Francesa.

2- REVOLUÇÃO FRANCESA

- professor Norberto Bobbio classificou os direitos em três gerações e que nós depois renomeamos para
dimensões;

- foram as liberdades individuais, aquele escudo protetivo mínimo do cidadão em face do Estado.
Liberdades individuais: propriedade, segurança liberdade e os direitos políticos;

- aconteceu antes do advento do direito processual como ciência: já tinha um processo, já tinha jurisdição,
nós já tínhamos os juízes. do Rei, mas se falava de processo como ciência;

- Estado liberal burguês do século 18 representou um avanço social muito grande uma modificação de
toda a estrutura social. Mas ele era pautado por um regime de igualdade formal;

- Na prática, no entanto, os pobres não conseguiram pagar as custas judiciais e preferiram ficar sem
resolver suas crises jurídicas. As custas judiciais foram identificadas como primeiro ponto de
estrangulamento do direito processual, porque negava a uma parcela grande da população a prestação
jurisdicional. O chamado caráter elitista da prestação jurisdicional.

Então o que foi que a primeira onda renovatória de acesso à Justiça tentou combater. PRESTA ATENÇÃO:
A primeira onda renovatória de acesso à justiça ela não se destina aos direitos de primeira dimensão. A
primeira onda renovatória de acesso à Justiça ocorreu no contexto dos direitos de segunda dimensão,
foi quando surgiu aqueles direitos prestacionais.

Lembrem-se:
1- o direito de primeira dimensão são os direitos de abstenção são direitos negativos. O Estado não
interfere diretamente, abstenção do Estado. Cada um que se vire.

2- E os direitos prestacionais não, já são direitos de intervenção, obrigações positivas, obrigações de fazer
parte do poder público. Saúde, educação, infra estrutura (É AQUI QUE A PRIMEIRA ONDA SE RELACIONA).

Foram pensadas ferramentas que viabilizassem o acesso de pobres à justiça. 3 ferramentas básicas
(assistência judiciária gratuita):

1º- o monus honorífico – que é a prestação de assistência judiciária compulsória e gratuita por meio de
profissionais liberais eram obrigados a patrocinar uma quantidade de demandas x a favor dos pobres e às
vezes a própria inscrição OAB ficava condicionada. Como medir a qualidade disso? Inevitavelmente é
através da remuneração, então a qualidade desse serviço era baixa, baixa carga de eficácia.

2º- o sistema iudicare – o sistema de prestação judiciária, voluntária e remunerada por profissionais
liberais, o advogado fazia as vezes de um defensor público. O sistema Iudicare também é possível no Brasil
através do convênio com a OAB.

3ª- Defensoria Pública – desenvolvimento de órgão público destinada a assistência gratuita: Atendimento
não apenas jurisdicional, mas engloba uma parte pré-processual, às vezes impedindo até que a ação seja
ajuizada. [ Assistência jurídica institucional por meio de funcionários públicos].

OBS: o mais parecido com o ombudsman9 seriam os procons.

O tratamento jurídico das despesas processuais. São 3 espécies de exação. Não é correto chamar
tributo, taxa ou tarifa, pq as despesas públicas compreendem 2 espécies diferentes de exação, são
três ingressos públicos. As despesas judiciais compreendem:

1- As custas judiciais: seriam as despesas (natureza de taxa);


2- As taxas judiciárias: seria o valor daquele serve (natureza de taxa);
3- Os emolumentos: exação paga para os cartórios judiciais, também são pagos para os
cartórios extrajudiciais (natureza de tarifa ou preço público tanto para cartório judicial ou
extrajudicial).
OBS: os cartórios judiciais são órgãos públicos dos TJs. A vara é composta pelo órgão jurisdicional, o juízo
e o cartório respectivo (esse cartório é remunerado também por emolumentos).
OBS: mesmo que os múltiplos custos gerem bis in idem.
Qual a natureza das custas judiciais para o STF: taxa de serviço (todas as 3), Mas essa não é
melhor opção para o direito tributário.
A jurisprudência fala em sentido lato: Taxas Judiciárias, dos quais são espécies: as custas, as
taxas judiciárias estrito senso e os emolumentos.
O CPC ao invés de chamar taxa judiciária para as 3 espécies de exação, passou a chamá-las de
despesas processuais.
TAXA: relação imediata do contribuinte com o poder público
TARIFA: relação mediata com o poder público.

9
pessoa encarregada pelo Estado de defender os direitos dos cidadãos, recebendo e investigando queixas
e denúncias de abuso de poder ou de mau serviço por parte de funcionários ou instituições públicas.
ASSISTÊNCIA GRATUITA DO JUDICIÁRIO

Previsão legal: Art. 98. §1º

Condição suspensiva: 05 anos (Art.98 § 3º)

Sucumbência e multas: a gratuidade não abrange (§ 2º e § 4º)

Gratuidade Específica e Parcelamento: a gratuidade pode ser total ou parcial, e o parcelamento é


possível. (§ 5ºe § 6º)

Distribuição Proporcional ou Solidária dos Ônus Processuais: Art 87. § 1º §2º. Os vencidos
respondem proporcionalmente. Se o juiz não distribuir proporcionalmente, um devedor solidário
pode responder sozinho.

Estímulos à Autocomposição

Transação: Art. 90 § 3º - se tiver acordo antes da sentença, o juiz homologa, não vai
ter as despesas processuais (hipótese de isenção processual no NCPC)
Reconhecimento Jurídico do Pedido: Art. 90 § 4º - se o réu admite e paga (cumpre
integralmente a pretensão, os honorários são reduzidos pela metade. (faculdade que
incumbe apenas ao réu)

Perícias Requeridas Pela Fazendo Pública

Previsão legal: Art. 91 § 1º - poderão ser realizadas por entidade pública ou, havendo previsão
orçamentária, ter os valores adiantados por aquela que requerer a prova.

Pagamento pelo Vencido: Art. 91 § 2º Não havendo previsão orçamentária no exercício


financeiro para adiantamento dos honorários periciais, eles serão pagos no exercício seguinte
ou ao final, pelo vencido, caso o processo se encerre antes do adiantamento a ser feito pelo ente
público.

2ª ONDA RENOVATÓRIA DE ACESSO À JUSTIÇA

Hegel disse que para toda tese surgiu uma antítese e do embate das duas se forma uma síntese, esta
síntese, por sua vez se torna a nova tese contra a qual surgirá uma nova antítese e do conflito devem
surgir nova síntese. Isso é um processo contínuo. Esse processo continuo chama-se evolução dialética de
Hegel. Sendo assim temos:

Antítese Síntese

Direitos de 1ª Dimensão Direitos de 2ª Dimensão

Est. Intervenc/prestacional

1ª Onda de Ace.à Justiça

Exemplos de novas crises jurídicas que aconteceram e que não tinham uma instrumentalização eficaz à
luz da relação jurídica processual historicamente concebida:

1- indústria de sabão lançou um lote de 100 mil unidades e na embalagem dizia que se tinha 100
gramas e o consumidor por curiosidade coloque em uma balança de precisão e verifique que não
tem 100 gramas, tem apenas 80. individualmente, aquele prejuízo que eu sofri não justifica um
trabalho maior, não justifica minha atenção. Agora imagine a contrário senso, imagine para a
indústria que produziu 100 mil unidades vendeu gato por lebre, aquilo ali representa o
enriquecimento ilícito de forma volumosa
2- uma indústria ela começa a lançar rejeitos no leito de um rio e mata uma espécie de peixe, que
uma colônia de pescadores em uma cidade que fica a dez quilômetros de distância pescava para
sobreviver. Então toda aquela população vai ficar sem renda. Aquele dano ambiental
representou um prejuízo direto para aquela coletividade.

Como é que o processo foi concebido, autor versus réu apresentando suas razões ao juiz. Então essa
relação jurídica processual eminentemente individualista, ela não servia para atender esse novo formato
de crise jurídica.
Quais foram os fatores determinantes da segunda onda renovatória de acesso à Justiça?
Primeiro, o processo eminentemente individualista ninguém poderá pleitear em nome próprio direito
alheio, Segundo: à massificação dos direitos (à produção em massa, grandes danos industriais), e,
finalmente, a terceira dimensão de direitos, percebam, a terceira dimensão de direitos surgiu e a
segunda onda renovatória de acesso à justiça veio a lume para poder atender às crises jurídicas
decorrentes da terceira dimensão de direito.

 Direitos de primeira dimensão (Direitos Civis e Políticos) - escudo protetivo mínimo do


cidadão contra a ingerência do Estado, classificação do professor Noberto Bobbio no livro A
Era dos Direitos Direitos Civis e Políticos.
 Direitos de segunda dimensão (Direitos Econômicos, Sociais e Culturais) direitos
prestacionais, prestações positivas, obrigações de fazer – educação, saúde, infraestrutura,
ou seja, o Estado atender demandas sociais. PRIMEIRA ONDA
 Direitos de terceira dimensão são aqueles que transpassam uma esfera individual, nem se
caracterizam por ser uma prestação negativa, mas também, não podem ser esquecidos,
esses direitos de terceira dimensão podem ser de três espécies. SEGUNDA ONDA

3 DIMENSÕES:

1ª: Prestação negativa, estado Abstencionista (liberal)

2ª: Direitos Econômicos Sociais Culturais, Estado Intervencionista (ligado a igualdade/acesso de todos: 1º
Onda Renovatória)

3ª: Direitos Transidividuais (não são individuais nem públicos – estão no limbo). Os Direitos de 3ª
Dimensão transpassam a esfera individual, não se caracterizam por prestação negativa, nem positiva, mas
não podem ser esquecidos: demandam uma veiculação). “Vácuo de direito não jurisdicionalizáveis” (não
tinha contexto ideal no processo)

Os direitos transindividuais (de terceira dimensão) se encontravam naquilo que a doutrina chamou de
vácuo de direitos não jurisdicionalizáveis, porque eles não tinham um tratamento eficaz dentro do
processo como foi concebido.

Então nesse contexto começou a se desenvolver mecanismos para se instrumentalizar este tipo de
direitos. Foi concebido duas técnicas. Quais são os grandes problemas da instrumentalização desses
direitos?
Eles não se encaixam na questão da legitimação. O processo individual só concebeu duas técnicas de
legitimação:
 a legitimação ordinária - ninguém poderá pleitear em nome próprio direito alheio (isso é a regra
até hoje), noventa por cento das demandas são veiculadas por meio da legitimação ordinária;
 e nós temos hipóteses residuais de legitimação extraordinária – que é aquela cláusula que tem
ao final do dispositivo “salvo quando autorizado por lei”.

Então um processo ele fora historicamente concebido para produzir efeitos inter-partes. Apenas os
sujeitos que atuavam naquela relação processual poderiam sofrer os efeitos daquela sentença e daquela
coisa julgada posteriormente. Esse tipo de legitimação ele não é apto para veicular os direitos
transindividuais. Então as democracias liberais começaram a desenvolver técnicas para instrumentalizar
esse tipo de demanda.

Outro problema é a questão da coisa julgada, a coisa julgada só produz efeitos inter-partes, só que nós
tínhamos a necessidade de que outros sujeitos atuassem na defesa desses direitos transindividuais, então,
como eu poderia sofrer os efeitos ou ser beneficiado pelos efeitos de uma coisa julgada se eu nem
participei naquela dialética processual? Então era alguns dos desafios que se apresentavam para os
processualistas para pudessem instrumentalizar os direitos transindividuais.
A doutrina alemã classificou os direitos transindividuais em dois grandes grupos:
1- direitos MATERIALMENTE coletivos O que caracteriza eles é que só podem ser vinculados por
meio dos legitimados coletivos, eles não comportam uma defesa técnica por meio dos
legitimados individuais. Isso tem exceção que veremos quando estudarmos as ações coletivas no
caso da Ação Popular que foi uma ação coletiva construída ainda no contexto do processo
individual, mas é exceção e não desnatura a regra. Então os direitos materialmente coletivos são
aqueles que são defendidos por excelência apenas pelos entes coletivos, mas que só comportam
uma execução coletiva. Eles não vão comportar uma execução individualizada para cada sujeito,
para cada autor individual. E nós temos os chamados direitos
 Direitos difusos
 Coletivos stricto sensu.

2- ACIDENTALMENTE coletivos são aqueles direitos individuais que admitem um tratamento


coletivo, ou seja, são direitos individuais puros, mas que fazem jus a um tratamento coletivo.
 Direitos individuais homogêneos, Nomenclaturas: direitos grupais,
transindividuais, metaindividuais,
Então só por uma questão de nomenclatura, para a classificação do professor Norberto Bobbio, estes
coletivos “lato senso”, de 3ª
direitos foram chamados de direitos de terceira dimensão.
Dimensão, de 3ª geração e etc. O
professor particularmente gosta de
“direitos grupais” – mas o termo é
passível de críticas. Eu emprego
ATENÇÃO:
indistintamente direitos de
terceira dimensão ou direitos
(-) (- +) (+)
transindividuais
Interesses difusos, tranindividuais, natureza indivisível, sejam pessoas indeterminadas ou
ligadas por circunstância de fato. Ex. Poluição de rio, mata, peixe, ou propaganda ofensiva ao pudor. Os
direitos de terceira dimensão é a nomenclatura para o direito material, os direitos transinidividuais é a
nomenclatura para o direito processual.

Vamos começar um estudo especializado em cada um dos direitos transinidividuais. O primeiro


deles, os chamados direitos difusos, está lá no artigo 81 parágrafo único do CDC.

Art. 81 “A defesa coletiva será exercida quando se tratar de I - interesses ou direitos difusos assim
entendidos para os efeitos deste código, os transindividuais de natureza indivisível de que sejam titulares
pessoas indeterminadas ou ligadas por circunstâncias de fato”

CARACTERÍSTICAS:

1- Máxima carga de indeterminabilidade dos sujeitos (até as futuras gerações o são. Direitos que
jamais terão execução individual);
2- Inexistência de relação jurídica base (não tem contato com outro prejudicado. Ex. princesa da
Jordânia e freiras que viram outdoors com nudez);
3- Alta conflituosidade interna (resignação.Ex. dos gramas a menos dos sabonetes);
4- Máxima carga de abstração (danos abstratos na esfera individual, transpassam a esfera
individual)

Revisando: nós temos três espécies de direitos transindividuais: os direitos difusos, os direitos coletivos
stricto sensu e os direitos individuais homogêneos.

Os direitos difusos e os direitos coletivos stricto sensu pertencem a um primeiro grupo, que são os direitos
materialmente coletivos, porque eles só podem ser veiculados por meio de ações coletivas próprias, por
meio de ações coletivas puras.
Enquanto que os direitos individuais homogêneos são chamados de direitos acidentalmente coletivos,
porque eles fazem jus a uma defesa individual, mas podem ser vinculados por meio das ações coletivas,
por isso que se diz direitos acidentalmente coletivos

1-COLETIVOS STRICTO SENSU

1.1 Previsão legal: artigo 81 do CDC, Parágrafo único - A defesa coletiva será exercida quando se tratar
de: II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos para os efeitos deste código, os transindividuais
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a
parte contrária por uma relação jurídica base.

O primeiro dos três direitos transindividuais a ter um tratamento jurídico a ser reconhecido pelos
operadores do Direito e a ter um tratamento jurídico próprio foram os direitos coletivos stricto sensu, por
meio das ações sindicais, típicas do direito do trabalho.

Por exemplo, quando o Sindicato dos Trabalhadores faz um acordo coletivo de trabalho com um dado
empregador, que visa disciplinar melhor relação de trabalho para aqueles trabalhadores, aqueles
trabalhadores têm uma relação jurídica básica prévia, então há um acordo coletivo que veicula esse
tipo de pretensão, veicula direitos coletivos stricto sensu.

Por outro lado, uma ação coletiva trabalhista pode sim veicular direitos difusos e individuais homogêneos,
por exemplo, uma ação civil pública que visa impedir todas as empresas de colocarem uma dada
cláusula que é considerada abusiva, como exemplo, que viola a jornada de trabalho da gestante, uma
ação coletiva cujo pedido seja retirarem imediatamente esse tipo de cláusula do contrato trabalhista e
proibir as empresas e os empregadores de colocar aquela mesma cláusula nos contratos de trabalhos
futuros. Isso é um exemplo de direito difuso veiculado por meio de ação trabalhista.

Uma Convenção Coletiva de Trabalho entre os sindicatos de trabalhadores e sindicatos de empregadores


que cria uma cláusula especial naquela relação de emprego veicula direitos individuais homogêneos. Mas
isso é raro, por excelência, são coletivos stricto sensu. Enfim, então não é porque se trata de ação
trabalhista que obrigatoriamente vai vincular direito coletivo stricto sensu, mas, por excelência as ações
coletivas veicula esse tipo de direito

1.2 CARACTERÍSTICAS:

A- Titulares indeterminados, porém determináveis (não sabemos os titulares, mas sabemos o grupo);

B- Existência de relação jurídica base (principal característica affectio societatis intersubjetiva e


intergrupal previa ao episódio que deu aso a defesa dos direitos coletivos stricto sensu.);

C- Baixa conflituosidade interna (já existe consenso sobre a defesa);

D- Diminui a abstração.

DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS

Previsão legal: artigo 81, parágrafo único - a defesa coletiva será exercida quando se tratar de; III -
interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.

EXEMPLOS de direitos individuais homogêneos:

1- os acidentes aéreos da TAM e da Gol. Vitimou vários passageiros, frustrou uma expectativa
legítima de chegarem seguro aos seus lugares. As várias pretensões individuais indenizatórias
podem ser veiculadas tanto por meio de ações individuais, quanto de ações coletivas.
2- A tutela dos poupadores e dos planos de poupança Bresser, Collor 1 e Collor 2, que se arrastaram
desde o final da década de 90 até hoje e foi ter uma solução agora. Todas as pessoas que tinham
um depósito investido na poupança, que tinham uma expectativa de ter um reajuste devido.
3- E o caso do anticoncepcional Microvlar que é um caso emblemático aqui no Brasil de violação de
direitos individuais homogêneos, aconteceu na década de 90. por acidente, alguns lotes que não
continham o princípio ativo foram vendidos, as mulheres compraram aquilo e várias tiveram
gravidez indesejadas. Nesse caso, fizeram jus a indenização, que foi veiculada por meio de uma
ação coletiva, mas cada uma delas fez jus a sua execução individual

Nós temos como saber tanto a priori quanto a posteriori quem são os titulares daquele direito que
foram violados. Ou seja, a máxima carga de determinabilidade dos titulares dos direitos
transindividuais, enquanto os direitos difusos gozam da máxima carga de indeterminabilidade, os
direitos individuais homogêneos gozam da máxima carga de determinabilidade em relação aos
direitos transindividuais. Pretensão em origem comum, ou seja, nós não precisamos se quer
investigar a existência de uma relação jurídica base. Mesmo fundamento jurídico, eu diria que essa
é a principal característica dos direitos individuais homogêneos. O que é o mesmo fundamento
jurídico? É a mesma causa de pedir.

Tem que ter o mesmo fundamento jurídico e a natureza puramente individual. Lembrem-se, os
direitos individuais homogêneos são direitos individuais, mas que fazem jus a uma tutela coletiva.
Por que que os direitos individuais homogêneos fazem jus a um tratamento coletivo? A doutrina
elenca várias razões e eu vou enumerar apenas as quatro mais importantes. Primeiro, trata-se de
direitos uniformes e repetidos (celeridade) e Evitar decisões contraditórias e Redução de custos.

Então, os direitos individuais homogêneos são aqueles que têm a mesma causa de pedir, é o mesmo
fato dando origem a várias pretensões individuais que devem ser veiculadas por uma única ação
coletiva.

Observações importantes em relação aos direitos transindividuais. Primeira delas: concurso entre os
direitos, é possível que uma única ação coletiva veicule as três espécies de direitos individuais. Por
exemplo, a fábrica poluiu o leito do rio, morreu uma espécie de peixe, bebi a água naquele rio, eu não
sou pescador, eu sou turista e estava lá e bebi a água daquele rio e, eventualmente, quase morri,
então, eu sofri um dano de natureza individual homogênea, a colônia de pescadores, que ficou
impedida de pescar aquela espécie de peixe que dava sustentáculo aos pescadores, sofreu um dano
de natureza de direito coletivo stritus sensus porque eles tinham uma relação jurídica básica anterior,
eles já tinham affectio societatis antes do episódio, e as gerações futuras, a comunidade, nós todos,
somos privados daquela espécie de peixe, houve uma diminuição da fauna por causa da extinção da
espécie peixe.

Obs: todas as pessoas que beberam da água naquele rio poluído e, eventualmente, sofreram
algum dano são titulares de direitos individuais. Imagine o sujeito A morreu, o sujeito B teve uma mera
diarreia e um sujeito que foi internado no hospital. Os três tiveram direitos individuais homogêneos
violados e fazem jus a indenizações inclusive em valores diferentes. O que morreu recebe o valor os
familiares dele.

Na década de 90, houve uma superlotação que o navio afundou, morreram cerca de 300 pessoas.
Houve ações coletivas que vinculava as três espécies de direitos. Direitos difusos: uma ação civil pública
do Ministério Público para impedir que embarcações análogas navegassem com a mesma negligência no
futuro. Ou seja, para impor uma obrigação de não fazer. Direitos coletivos stritus sensos: ação
indenizatória por parte das empresas de turismo do Rio, tendo em vista que com o acidente a empresa
estrangeira causou um dano coletivo para o setor. Então a Associação das Empresas de Turismo do Rio de
Janeiro veiculou uma ação coletiva para indenizar o setor, que o setor se viu violado por aquilo ali. E a
ação coletiva para defesa dos direitos individuais homogêneos em favor de todos os familiares que
tiveram seus familiares mortos naquele episódio.

DIREITOS DE 3ª DIMENSÃO
1- Sujeitos indeterminados, porém EXEMPLOS:
DIFUSOS determináveis (NUNCA saberá quem 1- Destruição do
Art. 81. § único I são os titulares); meio ambiente;
2- Inexistência de relação jurídica
-Direitos base(os titulares estão unidos por 2- Propagando de
Transindividuais; situação de fato e podem nem se atentado ao Pudor;
Materialmente conhecer);
-De natureza coletivos 3- ALTA conflituosidade interna 3- Acidente da
indivisível; (resignados: entre os titulares nem Britshoil
todos concordam c/ a titularidade desse
-Pessoas direito. Ex. sabonete com menos grama);
indeterminadas 4- ALTA abstração (máxima caraga de
ligadas por fato. abstração)
COLETIVOS “STRICTO 1- Sujeitos Indeterminados porém EXEMPLOS:
SENSU” determináveis (Não se sabe de plano
Art. 81 § único II quem são, mas é possível sabe-lo); 1- Ações dos
sindicatos;
-Interesses ou 2- RELAÇÃO JURÍDICA BASE (titulares
direitos coletivos; ligados entre si por affectio societatis); 2- Mensalidades
ecolares (SUM 643
-transindividuais, de 3- BAIXA conflituosidade interna (como STF–reajuste);
natureza indivisível; tem affectio societatis, os titulares têm
Materialmente menos divergência – não se resignam); 3-OAB em defesa
-de que seja titular
coletivos dos advogados
um grupo/classe de
4- MENOR abstração (trata-se de
pessoas;
direitos abstratos, porém gozam de
Ligadas entre si ou carga de concentração).
com a parre
contrária (por
relação jurídica
base)
DIREITOS 1- Sujeitos DETERMINADOS ou 1- Acidente aéreo TRATAMENTO COLETIVO
INDIVIDUAIS determináveis (sempre são conhecidos (indenizações DE DIREITOS INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS os titulares – na propositura ou na individuais e
liquidação); coeltivas); 1- Direitos Uniformes
Art 81 § único III Repetidos;
2- Prestação de origem comum (todos 2- Tutela dos
-Interesses ou ACIDENTALMENTE os titulares do direito individual têm o poupadores – 2-Evitar decisão
direitos individuais coletivos pedido derivado do mesmo fato); Poupança dos contraditória;
homogêneos; Planos Collor 1 e 2 e
3- Mesmo fundamento jurídico (pedem Bresser; 3- Redução dos custos;
-Origem comum; a mesma coisa com o mesmo
fundamento); 3-anticoncepcional 4- Economia processual.
-Mesma causa de
–lote sem o
pedir
4- Natureza puramente individual princípio ativo)
(poderiam tanto ser objeto de ações
individuais , quando de coletiva)
OBS 1: Concurso de direitos -o mesmo fato pode dar ensejo à cumulação de pedidos/ações
coletivas. Ex. propagando enganosa.

OBS2: Confusão de direitos- discussão entre autores (confundem stricto sensu com difuso ou
coletivos dos homogêneos.

OBS3: O primeiro direito transindividual a surgir foi o coletivo “stricto sensu”, depois vieram os
difusos e depois os homogêneos
IDENTIFICANDO:

D. Difusos: 1- todo mundo que bebeu a agua

2- Ação do MP para evitar que embarcações naveguem como mesmo descuido (sujeitos
não se conhecem)

Coletivo Stricto Senso: 1- atletas de um clube

2- Ação da associação de empresas de turismo preocupadas com o bom nome


do setor (affectio societatis)

Individuais homogêneos: 1- todo mundo que bebeu a agua e foi contaminado

2- ação em favor das vitimas por uma entidade associativa (mesmo


fundamento jurídico (mesma causa de pedir); pessoas com nenhuma relação entre si

Critério de Bobbio Dimensões de Ondas Renovatórias Critério de Cappeletti


Direitos
Bobbio Cappelletti
Liberdades individuais 1ª DIMENSÃO
Direitos sociais 2ª DIMENSÃO 1ª Onda Renovatória Assistência Jurídica Gratuita
Direitos Coletivos 3ª DIMENSÃO 2ª Onda Renovatória Legitimação dos Direitos Coletivos
3ª Onda Renovatória NOVO ENFOQUE

O segundo grande grupo de empreendimentos típicos da terceira onda pregam a


especialização dos tribunais e dos procedimentos, a Justiça do Trabalho, a Justiça Militar, a Justiça
Eleitoral, tudo isso quando foi criado não foi sob os auspícios da terceira onda inovadora de acesso à
justiça.

A ideia é que você, afetando um conjunto de matérias, para que o juiz e o órgão
jurisdicional conheça apenas esse o uso de matérias, ele se torna mais especializado e consegue dar uma
resposta processual mais rápida, mais célere, mais eficaz.

No Brasil nós temos quatro grandes critérios de distribuição da competência são


critérios pela ordem de importância.

Nós temos primeiro a competência funcional que traz hipóteses de incompetência


absoluta. Ela só pode ser relativizada se ela concorrer com outra competência funcional de hierarquia
maior, aí ela vai ser relativizada.

Imagine a competência prevista apenas na Lei Orgânica do Município, a competência


prevista no Regimento Interno do Tribunal de Justiça que entra em conflito com a competência prevista
na Constituição Federal. Ela vai ceder espaço ela vai ceder espaço vai prevalecer a competência funcional
absoluta prevista na competência prevista na Constituição Federal. Então o primeiro critério de
distribuição da competência do Brasil competência funcional cria critérios de competência absoluta.

O segundo o critério de distribuição na competência do Brasil e o critério material, que


é responsável pelo fracionamento e maior especialização em torno da competência material pela Justiça
do Trabalho, Justiça Eleitoral, Justiça Militar, Justiça Federal Justiça Comum Estadual. Então, por
excelência, ela também traz regras de incompetência absoluta. Ela vai ser de competência relativa sempre
que concorre com a competência funcional.
O terceiro critério é a competência territorial que traz regras de competência relativa
à competência territorial, ela vai ser sempre, por excelência, relativa.
O quarto é a competência tendo em vista o valor da causa. Quanto ao valor da causa,
por excelência, é competência relativa.
Nós temos exemplos de tribunais de pequenas causas em vários países civilizados, eles
foram concebidos por excelência nos países de tradição socialista. Aqueles países que fazem parte do
bloco comunista antigamente. De fato eles foram uma contribuição tão importante para a prestação
jurisdicional que acabaram sendo assimilados pelo mundo ocidental e hoje nós já temos amplamente
desenvolvidos aqui no Brasil.

Quatro grandes critérios de divisão da competência: a competência funcional que é sempre absoluta,
só pode ser relativizada se concorrer com outra competência funcional; a competência material que
por excelência é absoluta, mas pode ser relativizada se concorrer com uma competência funcional
ou outra competência material de hierarquia maior; a competência territorial que em regra é
relativa; valor da causa que sempre será relativa

 1ª onda do acesso à justiça (esforços de distribuição): deu enfoque a aumentar


quantidade de jurisdicionados pelo acesso aos pobres aos tribunais que estavam
inviabilizados de ingressar em juízo porque não podiam suportar as custas judiciais,
culminando com a assistência judiciaria gratuita no brasil por meio da defensoria publica.
 2ª onda renovatória do acesso à justiça (esforços de coletivização): deu enfoque a
melhorar a qualidade do provimento jurisdicional, foi necessário instrumentalizar um
catalogo de novos direito que não tinham um tratamento jurídico eficaz sob a exige da
relação processual historicamente concebida, o processo foi historicamente concebido
para ser individualista (autor x réu apresentando suas razões para o juiz).
 3ª onda “novo enfoque ao acesso à justiça” (esforços de otimização) não tendo um
marco único por ter tantos empreendimentos: comprometida para resolver os outros
pontos de estrangulamento da prestação jurisdicional (morosidade, procedimentos
complexos e pouca eficácia).
 4ª onda fruto das crises do século XX, crise jurídica de massificação do direito (esforços
de internacionalização).

maior obstáculo a ser ultrapassado é coordenar soberanias diferentes sem anular a noção de
soberania e jurisdição, antes se fazia por meio dos mecanismos de cooperação internacional (carta
rogatória, instrumento que haverá apenas o controle de legalidade, sem incidir no mérito).

Dois empreendimentos principais que ocorrem no contexto da quarta onda: cortes internacionais dos
Direitos Humanos (DIP) e a Internacionalização típica do processo de integração que subdividirá e
duas espécies: Cortes Arbitrias (empresas particulares que resolverão essas crises jurídicas) e o tribunal
arbitral do MERCOSUL e, de forma análoga, os sistemas de integração regional .

Nos Estados Unidos e no Canadá e nos países da União Europeia, em que a decisão de um juiz pode ser
executada normalmente em outro país integrante do mesmo bloco. No Mercosul nós ainda não
atingimos esse nível de integração, nossas jurisdições são compartimentalizadas, uma decisão de um
país poderá a ser cumprida noutro, mas terá que ser pelos mecanismos formais de cooperação
internacional (carta rogatória).

Como se dá a resolução dos conflitos no contexto integração regional? Nós não tivemos avanços neste
sentido, contudo já temos um tribunal normal do Mercosul. Mas que ele é vocacionado para crises
jurídicas típicas dos grandes atores econômicos

O futuro do desenvolvimento das resoluções do conflito: primeiro que haja um maior estreitamento
das relações jurídicas e dos mecanismos de integração regional com outras nações e que um jurista se
torne empresário e consiga montar uma rede de tribunais arbitrais e espalhar pelos países do Mercosul.
A partir disso, terá a competência para resolver litígios contratuais quando pré-instituído no contrato
que, em caso de conflito, um determinado Tribunal Arbitral decidirá. O Tribunal Arbitral atua nos dois
países.
Relação de subsunção entre as ondas inovadoras de acesso à justiça: As quatro ondas renovatórias se
subsume uma na outra (ex: os esforços de distribuição vocacionados para os pobres se presumem no
contexto pós coletivização, a ação civil pública manejada pela Defensoria Pública a favor dos pobres. A
primeira onda renovatória se subsume na segunda; a primeira e a segunda se subsumem na terceira (ex:
crise jurídica envolvendo consumidores podem ser resolvidos por meio da ação civil pública chegando a
um acordo em um acordo entre o autor e o polo passivo da demanda). E finalmente os esforços de
internacionalização que consegue albergar todos os empreendimentos pode acontecer no contexto da
quarta onda renovatória do acesso à justiça

O PROCESSO COLETIVO SURGIU COM AS ONDAS RENOVATÓRIAS DE ACESSO A JUSTIÇA

O processo evolutivo do direito processual no Brasil é dividido em 3 (três) fases:

 1ª fase é a absoluta predominância individualista da justiça. Não se falava de direitos trans


individuais, de processo coletivo nem tínhamos institutos de regulação do processo coletivo.
Contudo já existiam ações que veiculavam direito trans individuais p.ex. as primeiras ações
sindicais (classistas) e ações populares (vocacionada para direito difusos).
 A Lei da Ação Popular 4717/65 trouxe duas inovações que se perpetuam até hoje: a coisa
julgada secundum eventum probationis, ou seja, somente haverá coisa julgada se o contexto
probatório for suficiente para demonstrar; e a legitimação individual para ação coletiva
(qualidade residual da ação popular, pois esta é a única ação puramente coletiva cuja
legitimação é individual).
 2ª fase é a proteção fragmentária dos direitos trans individuais ou proteção taxativa dos
direitos massificados. Nessa fase começou a surgir ações coletivas pontuais para proteger o
Direito A ou Direito B, surgindo a ação civil pública que se tornou a mais importante das ações
coletivas. Nesse contexto a ação civil pública já podia postular a decretação de nulidade ou a
anulação de atos lesivos ao patrimônio público por meio da ação popular e a ação civil pública
para proteção de vários direitos trans individuais especificamente

. Assim, quando o processo de conhecimento ordinário não era apto para resolvê-la uma dada crise, lhe
era atribuído ao procedimento especial; Surgiu uma crise coletiva que não é eficazmente resolvida por
meio do processo individual, criava-se uma ação coletiva (ação civil pública) especificamente para resolvê-
la7

 3ª fase é a ampla tutela coletiva dos direito trans individuais. Agora nós vivemos um contexto
de indiferença em relação ao longo das ações. Nós pensamos que só pode ser ação coletiva ação
civil pública, mandado de segurança coletivo, ação de improbidade administrativa, Ação Popular
e mandado de injunção coletivo. Nós pensamos que só existem essas cinco ações coletivas
quando isso não é verdade. Toda ação pode ser coletivizada! p.ex. é possível falar de ação de
indenização coletiva, ação acessória coletiva, ação possessória coletiva, etc.

Natureza dos direitos trans individuais: Historicamente o direito era classificado por uma grande
dicotomia: Direito Público e Direito Privado. Essa dicotomia é anacrônica e lembrada de forma residual.
Contudo a divisão para o Direito Processual é o processo individual e processo coletivo.

Organização técnica: Os direitos trans individuais são divididos em três espécies: direitos difusos;
direitos coletivos stricto senso; e direitos individuais homogêneos. Os dois primeiros compreende o
grupo dos direitos materialmente coletivos, pois só podem ser veiculados por meio das ações coletivas
por meio de um processo coletivo. Direitos individuais homogêneos são os chamados direitos
acidentalmente coletivos porque são direito individuais puros mas que fazem jus a um tratamento
coletivo.
Classificação das ações coletivas:

1ª. Quanto ao sujeito: ação coletiva ativa (a coletividade está no polo ativo da demanda) e ação coletiva
passiva (quando a coletividade atua como ré).

2ª. Quando ao objeto: dividido em duas espécies: especiais (ADI, ADPF e ADC) e comuns (demais).

 Obs.: É possível conceber ações coletivas-passivas? Sim, conforme vertente majoritária, capitaneada
por Ada Pellegrini Grenoble (prof: “in dubio pro Ada”), baseada na ausência de previsão legal e na
interpretação de todo o sistema processual. A grande dificuldade de se admitir a ação coletiva passiva
é identificar quem representaria a coletividade e esta representação deve ser analisada casuística
pelo juiz.
 Formas de legitimação para ações coletivas no Brasil: ope legis (as ações ativas por excelência tem
legitimação ope legis, ou seja, o próprio legislado determina os legitimados) e ope judicis (o juiz
determinara casuisticamente quem representará dada coletividade).

Vimos que as ações coletivas podem ser classificadas quanto ao sujeito e quanto ao objeto . Quanto
ao sujeito elas podem ser ativas e passivas

Quanto ao objeto elas podem ser divididas em ações coletivas especiais e ações coletivas comuns.
As especiais são aquelas objetivas de controle de constitucionalidade: ADI, ADC e ADPF . São ações
coletivas puras, pois o interesse é de toda coletividade, a compatibilidade. As ações coletivas comuns
são todas as outras, toda ação pode vir a ser uma questão coletiva

Dentro das ações coletivas comuns nós temos dois grandes grupos: as típicas e as atípicas .
Atípicas são todas essas citadas, pois elas foram pensadas para o processo individual, elas são
coletivizadas tendo em vista os elementos da ação. E as típicas são cinco: ação civil pública, ação
popular, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção coletivo e ação de probidade
administrativa.

Se uma disciplina pode gozar de autonomia científica é porque ela tem princípios reitores. A
disciplina de processo coletivo ganhou autonomia nos anos de 2010.

1 -Princípio da indisponibilidade mitigada da ação coletiva

Então a disponibilidade no processo individual pode dar azo à extinção do processo; no


processo coletivo isto não ocorre. A disponibilidade do objeto da demanda em relação a um dado
autor, gera outro fenômeno no processo coletivo, ele dá azo a sucessão processual.

Isso acontece porque o autor não está litigando em nome próprio, ele está defendendo direito
alheio, e a figura do sujeito processual não se confunde com o titular do direito, então se o direito que ele
está defendendo não é dele, a desistência dele em relação ao objeto da demanda não vai dar azo à
extinção do processo. Tem um dever processual do juiz de notificar outros possíveis interessados para
aquela ação coletiva.

*Lembrem-se que no caso da ação popular nós temos uma exceção, que é possível a legitimação
individual para uma ação coletiva.

*Lembrem-se que no caso da ação civil pública nós já temos um catálogo de entes previamente
legitimados para aquela ação coletiva, não cabe mais legitimação individual.

Ou seja, enquanto no processo coletivo a regra é a indisponibilidade da ação coletiva, no processo


individual a regra é a disponibilidade (até a citação), essa disponibilidade vai diminuindo. Depois da
citação, até o saneamento, temos a disponibilidade relativa para as partes. A partir do saneamento já
se torna indisponível. Não é que é impossível ter acordo, o acordo por surgir em qualquer momento, é
que as partes já vão ter que suportar os ônus processuais.

Desistência fundada: única hipótese de disponibilidade da ação coletiva. Se um legitimado coletivo


abandonar com um motivo, pode pedir ao juiz a extinção do processo justificando. Ainda assim é o juiz
que vai decidir se extingue ou não. Qual o leading case? O MP propôs uma ação coletiva em face de uma
igreja para proteger o sossego público, uma igreja cujos cultos estavam perturbando o sossego alheio.
Aquela igreja mudou, saiu para uma sala, os cultos eram realizados naquela sala e acabou levando para
outro lugar da cidade. Acabou perdendo o objeto daquela ação, então a perda do objeto da demanda é
um exemplo de desistência fundada.

2- Princípio da indisponibilidade absoluta da execução coletiva

A regra no processo coletivo é a indisponibilidade absoluta do objeto da execução coletiva. O


autor coletivo não pode dispor se executa ou não, porque o autor coletivo está lidando com o direito que
não é dele. Ele está em nome próprio defendendo direito alheio. Também é princípio expresso n lei de
Ação Popular (lei nº 4.717, de 29/06/65):

É possível sucessão processual em fase de execução; isso no processo individual é excepcionalíssimo. A


sucessão processual do exequente no bojo de uma execução é um incidente processual da execução

Já no processo coletivo é uma coisa natural a sucessão processual em fase de execução. Se um dado autor
coletivo não promove a execução, cabe esse dever por excelência ao MP, facultada igual iniciativa a
qualquer autor coleti

No processo coletivo a regra é a indisponibilidade absoluta da execução por razões processuais.


Não significa que obrigatoriamente terá execução sempre. Se por acaso o executado realmente não tiver
patrimônio, não conseguirá executar. Por isso que se diz “por razões processuais”, que é o caso por
exemplo de desaparecer um exequente coletivo, assume outro (sucessão processual), então por razões
processuais nunca deixará de ter uma execução coletiva.

3-Princípio da primazia da resolução de mérito

, o juiz deve relativizar vícios processuais para poder conhecer do objeto de uma dada ação
coletiva, para poder conhecer o mérito. Ou seja, a regra do processo coletivo é que nós tenhamos sempre
decisões de mérito. Aliás eu só consigo visualizar uma hipótese de extinção sem julgamento do mérito
que é aquela hipótese de desistência fundada: quando efetivamente desaparece o objeto da ação coletiva
e não tem como o juiz dar um provimento de mérito.

Ou seja, o juiz pode preterir vícios processuais, nem todos, com escopo, e dá a decisão de mérito.

4 Princípio da prioridade de tramitação

As hipóteses em que o juiz pode subverter a ordem cronológica, sacar uma ação que está na
posição 100 e julgar antecipadamente, era residual, no processo individual. No processo coletivo era
regra. Por uma questão de economia processual. Estava de acordo com os postulados do processo
coletivo, que é a economia processual. É melhor o juiz decidir uma ação coletiva de mil interessados do
que decidiu o mérito de mil ações individuais. Então o princípio da prioridade na tramitação, aplicava-se
já ao processo coletivo de forma implícita.

No processo individual nós tínhamos (e temos) sim alguns exemplos de ações individuais que
podem preterir a ordem cronológica: mandado de segurança; habeas corpus; qualquer ação que se
relaciona a direito do idoso, indenização, cobrança, toda ação que veicular direito dos idosos, por uma
previsão legal podem excepcionar o princípio da prioridade à tramitação.

Então, no processo individual a regra é a obediência à ordem cronológica das ações. Qual é a
regra? O juiz deve preferir o julgamento de processos coletivos às ações individuais. O processo coletivo
pode solucionar muitos conflitos individuais, então ele pode preterir a ordem cronológica para julgar uma
ação coletiva.

A aplicação do princípio: habeas corpus, mandado de segurança, as ações que veiculam direito
dos idosos, mesmo individuais, gozam de preferência determinada por lei, ou seja, uma prioridade ope
legis, o legislador previu, estabeleceu que essas ações gozam de prioridade. No processo coletivo não tem
essa previsão, mas o juiz também pode fazer, porque atende ao próprio sistema do processo coletivo.

5 Princípio do máximo benefício da Tutela Jurisdicional Coletiva

Ora se eu tenho um dado um direito individual homogêneo, por exemplo: imagina as


indenizações daqueles acidentes da TAM e da GOL. Uma ação individual de indenização, a favor até dos
filhos, dos sucessores. Enfim, essa ação individual está em curso. Imagine que tivesse uma ação coletiva,
a ação coletiva, ad exemplum, não foi o que aconteceu, ad argumentandum, se ela foi julgada
improcedente se a ação coletiva foi julgada improcedente ela não repercutiu para o plano individual. Eu
não posso sofrer o ônus de uma ação coletiva se eu nem participei daquela ação coletiva.

A contrário senso, imagine que a ação coletiva transitou em julgado antes da ação individual.
Nesse caso, eu posso pedir a suspensão da ação individual, a ação individual será sobrestada, e eu posso
apenas converter aquela ação individual em liquidação execução. Eu pego aquele título executivo
coletivo, habilito no bojo da ação individual e ela se transforma (de ação de conhecimento e indenização)
em fase de liquidação execução de sentença. Ou se eu não promovi a ação, posso apenas promover a
liquidação e execução individual daquela ação coletiva.

Quando se diz “máximo benefício da Tutela Jurisdicional Coletiva” significa que uma ação coletiva
julgada procedente, que interessa a um dado particular, pode ser executada diretamente. Eu não preciso
passar pela fase de conhecimento. Por isso que nós dizemos que é possível o transporte in utilibus da
coisa julgada do plano coletivo para um plano individual.

Nós já temos um exemplo deste transporte in utilibus de uma ação no plano individual para outra
ação no plano individual. Seria aquela ação civil ex delito. Se por acaso alguém é condenado no bojo de
uma ação penal, foi condenado num homicídio, por exemplo. Eu posso pegar aquela sentença penal
condenatória como o título executivo judicial e manejar já uma ação de execução individual, eu posso
executar diretamente aquele título executivo judicial, por isso nós dizemos “ação civil ex delito”.

Lembrem-se: a ação civil ex delito não é uma ação de conhecimento, ela vai discutir apenas a
legitimidade daquela pessoa para propor aquela ação. A obrigação de indenizar já está plasmada no corpo
daquela sentença penal condenatória. Então a exemplo de transporte in utilibus de duas ações um
processo individual.

No processo coletivo já é normal, eu pego o princípio do máximo benefício, com fundamento no artigo
103 §3º do CDC, já me dá a faculdade de fazer o transporte in utilibus de uma ação do plano individual
para o plano coletivo.

A coisa julgada coletiva, desde que benéfica, pode ser aproveitada pelos titulares das
pretensões individuais decorrentes ou correspondentes. A coisa julgada da ação civil pública só beneficia
o particular. Eu não posso sofrer os efeitos adversos de uma coisa julgada coletiva se eu não participei da
dialética processual para formar um juízo de valor do magistrado. Ou seja, a coisa julgada Erga Omnes, a
coisa julgada ultra partes só pode beneficiar os particulares. O particular não pode sofrer o efeito adverso
de uma coisa julgada coletiva que seja negativa. Então o particular, o direito individual é imunizado contra
a coisa julgada coletiva, a gente ainda vai rever esse princípio.

O exemplo que nós tivemos naquelas poupanças nos planos Bresser (Collor 1 e Collor 2): as ações
coletivas. Eventualmente uma ação coletiva que foi julgada improcedente, nós temos vários exemplos de
ações individuais que foram julgadas procedentes, e uma ação coletiva eventualmente que tiver veiculada
àquele direito e tiver sido julgada improcedente, se eu não tiver me habilitado naquela ação coletiva eu
não possa sofrer o efeito adverso daquela ação coletiva.

6- Princípio da adequação procedimental

Esse princípio acabou dando origem ao processo coletivo

o legislador deveria criar procedimentos, ritos e ordens processuais, aptas a resolver as várias crises
jurídicas; então surgiu uma nova crise jurídico o legislador criava um novo procedimento. Tudo o que nós
pensamos é um procedimento especial foi concebido em razão do princípio da adequação procedimental.
O próprio processo coletivo decorreu desse princípio

Revisão

O princípio da primazia pela resolução do mérito: o juiz deve dar primazia a resolução do mérito,
ele tem que relativizar vícios processuais para poder sempre conhecer o mérito da demanda coletiva. Esse
princípio tem mais força dentro do processo coletivo, até hoje, do que no processo individual. O juiz de
um processo coletivo pode relativizar uma perda de legitimidade ativa para poder reconhecendo o mérito
de uma ação coletiva.

O segundo, é o princípio da prioridade a tramitação: é um princípio implícito ao processo


coletivo, isto, é de acordo com a finalidade do processo coletivo que tem todo aquele propósito de
economia processual. Então o juiz pode preterir o julgamento de cem ações individuais para conhecer o
mérito de uma ação coletiva. A regra no processo individual é a obediência à ordem cronológica, inclusive
de forma expressa no artigo 12 do novo CPC. O juiz pode excepcionar a regra da ordem cronológica em
algumas ações individuais porque o legislador autoriza: habeas corpus, mandado de segurança, todas as
ações que veicula o direito dos idosos. Tudo porque o legislador autoriza agora. É claro, se tiver uma tutela
de urgência, uma tutela de evidência ou uma tutela provisória necessário, o juiz vai conhecer logo aquela
tutela, é inclusive hipótese prevista pelo próprio legislador de exceção a ordem cronológica. Quando se
fala em cronológica é em relação à decisão de mérito.

O terceiro, o princípio da Tutela Jurisdicional Coletiva, é um dos três princípios mais importantes
o processo coletivo, porque ele traz um dos institutos mais típicos do processo coletivo, que é o transporte
in utilibus. Que diz que uma coisa julgada coletiva pode ser transportada para o plano individual se
beneficiar o titular daquele direito. Eu posso suspender o objeto de uma ação coletiva e convertê-la em
liquidação a execução se por acaso uma ação coletiva tivesse julgado procedente, a ação coletiva que
tenha a mesma causa de pedir, ou até mesmo o mesmo pedido, pode até não ter, mas que tenha a mesma
causa de pedir. O juiz pode converter a ação coletiva e transformar em título executivo judicial para o
titular de um dado direito individual que tenha a mesma causa de pedir.

E finalmente o princípio da adequação procedimental: o legislador deveria criar procedimentos,


ritos e ordens processuais, aptas a resolver as várias crises jurídicas; então surgiu uma nova crise jurídico
o legislador criava um novo procedimento. Tudo o que nós pensamos é um procedimento especial foi
concebido em razão do princípio da adequação procedimental. O próprio processo coletivo decorreu
desse princípio.

7- Princípio do ativismo judicial


No processo coletivo ele é chamado de máxima efetividade da prestação jurisdicional coletiva. Qual a
importância desse princípio? Para entendê-lo, precisamos saber, qual é o Sol em torno do qual gravita
todo o direito processual brasileiro? Tudo o que você imaginar de processo: a dialética processual, a
ordem dos atos processuais, os recursos, a estrutura dos tribunais, a independência funcional do
Ministério Público, tudo o que vocês imaginam; o processo, é orientado por esse princípio. Falamos que
ele é um sobreprincípio, ele é uma norma de sobredireito. Ele orienta todo o direito, não apenas o direito
processual, mas também o direito material, ele é o sol no qual gravita todo o direito processual. Qual é
esse princípio? É o princípio da segurança jurídica.

Quais são os três pilares em torno dos quais se sustenta todo o direito processual? O devido
processo legal, o contraditório e a rigidez procedimental. Todos esses pilares eles só são construídos na
base da segurança jurídica. Isso vale tanto para o processo individual quanto para o processo coletivo.

O juiz não pode inovar. Quais são as quatro obrigações que o juiz pode veicular no bojo de uma sentença?
Obrigação pagar, dar, fazer e não fazer. Em relação as obrigações de dar, fazer e não fazer o juiz tem uma
carga maior de discricionaridade, mas a obrigação de pagar quantia, por exemplo, é extremamente
vinculada.

Então quais sãos os três pilares fundamentais do processo brasileiro? Devido processo legal, contraditório
e rigidez procedimental. Por que é que eu falei tudo isso? Porque o ativismo judicial quer relativizar
exatamente os atributos sobre os quais foi construído o direito processual historicamente. O direito
processual historicamente foi influenciado por uma discussão antiga dentro do direito, que é aquele
embate que existe entre o formalismo jurídico e o realismo jurídico. Eu sou bem formalista, eu defendo o
formalismo jurídico. Eu não vejo com bons olhos essa ampliação do poder discricionário dos órgãos
jurisdicionais, a ampliação do poder de condução, a ampliação do poder de decisão. Eu não sou entusiasta
dessa ampliação, acho que ela dá azo a insegurança jurídica. Relativiza demais a segurança jurídica.

No âmbito do processo nós temos um princípio antagônico ao princípio do ativismo, que é o


princípio da autocontenção, que é o judicial self-restraint. Ou seja, é a autocontenção do judiciário.
Enquanto o ativismo prega a aplicação do realismo jurídico no âmbito processual, é reconhecido ao juiz
uma maior gama de poderes de decisão e uma maior gama de poderes de condução do processo; o
princípio da autocontenção prega o contrário. O judiciário tem realmente um catálogo maior de poderes,
porém ele tem que deixar de atuar, ele tem que deixar de interferir em questões consideradas
estritamente políticas.

A autoconteção prega que STF, só pode interferir em procedimentos legislativos, por exemplo,
processo de cassação, em uma das seguinte hipóteses: para assegurar o cumprimento da Constituição,
para proteger direitos fundamentais, e para resguardar os pressupostos de funcionamento das
democracias e das instituições republicanas. Ou seja, é a autocontenção, são princípios antagônicos.

Primeiro desdobramento do princípio do ativismo: lembrem-se, os poderes do juiz se desdobram


em dois: nós temos poderes de condução e poderes decisórios.

Relativização à rigidez em nome de um contraditório substancial: então a ampliação do poder de


condução relativiza rigidez procedimental. É um dos três pilares do direito processual, ao lado do devido
processo legal, e do contraditório. “Em regra apenas à lei federal e estadual podem modificar o
procedimento. Não cabe ao juiz inovar em matéria de processo. Esse padrão é muito preocupado com a
segurança e previsibilidade.

Então quais são as três condições para que o juiz possa relativizar a condução do processo?
Primeiro tem que ter um regime de exceção, tem que ter uma excepcionalidade. Aquele exemplo do
mensalão, os autos muito volumosos; tem que obedecer o contraditório, ou seja, toda decisão de ativismo
de relativização das regras do processo pode ser objeto contraditório; e não afastabilidade das regras do
processo. Por exemplo: Eu não posso pegar e diminuir o prazo da contestação. Dizer: ah, essa contestação
vai ter um prazo de 5 dias. Não posso diminuir.

Segundo desdobramento: maior poder de decisão. Também tem previsão normativa, artigo 139
CPC.

Limites à ampliação dos poderes decisórios do magistrado: o juiz ele não pode invadir os critérios
de conveniência e oportunidade do ato administrativo. Por exemplo: o poder público decidiu construir
um posto de saúde. Não pode o Poder Judiciário pegar e dizer: “não, você não vai construir, você vai
primeiro construir uma creche para as crianças. Perceba que são dois direitos sociais de alta envergadura,
que não há hierarquia entre os dois. Não pode um juiz dizer o que o administrador deve escolher, dizer
qual direito social vai atender naquele momento.

Por fim, o princípio do ativismo existe, é bom, é importante, mas ele deve ter uma relação de
antagonismo com o princípio da autocontenção. E o princípio da autocontenção também tem força
normativa.

8- MÁXIMA AMPLITUDE, ATIPICIDADE OU NÃO-TAXATIVIDADE

Princípio da máxima amplitude atipicidade ou não baixa taxatividade das ações coletivas, ele
serve para corrigir uma técnia que nós temos. Ele pensa que só existem cinco ações coletivas. ação civil
pública, ação popular, mandado de segurança coletivo, ação de improbidade administrativa, mandado de
injunção coletivo. lembra quando estudamos classificação das ações coletivas quanto ao objeto ,as ações
coletivas podem ser de duas espécies, ações coletivas e especiais que são apenas três, são as três ações
de controle de constitucionalidade adi adc, adpf, e as ações coletivas comuns que nós pensamos que são
apenas cinco, Mas dentro das ações coletivas comuns subdivide em dois grupos: ações coletivas comuns
típicas que são essas cinco citadas, e as ações coletivas comouns atípicas que são todas as outras. Esse
princípio da tipicidade ele serve realmente para essas ações comuns atípicas, o que é que diz esse
princípio, toda a ação pode ser coletivazada, o que vai dizer se uma ação vai ser regida pelo processo
individual ou pelo processo coletivo são os elementos da ação. Não é o nome da ação, pensamos “aaaa
so pode ser ação coletiva se for ação civil públia, se for ação popular, etc. mas não, toda ação pode ser
coletivizada, exemplo: a ação de indenização coletiva, ação de danos morais coletiva.

O que diz a ação monitoria coletiva o que é uma ação monitória é uma ação de procedimento
especial lembra que eu disse pra vocês. já existia desde o CPC 73. Era um procedimento especial, serve
para moniciar de força executoria um titulo executivo que não tenha circurstancialmente essa ação foi
modificada no CPC 2015, uma ação monitoria pode ser uma ação coletiva. Imagine um TAC, um autor
coletivo celebrou um TAC com uma certa empresa, só que ele vacilou ,não assinou, aquele TAC não tem
força não tem força executiva é possível a ação monitora coletiva para municiar, não precisará assinar.
Nós temos lastro probatório para provar que aquele TAC foi celebrado. Toda ação pode ser coletivizada.
Habeas corpus coletivo é possível. Entendo particularmente seria possível, existir uma ação que eu
entendo que ela é incompatível com o processo coletivo que a ação de interdição. Porque vai se interditar
todos os alunos de direito, é incompatível tá certo. Seria uma exceção a esse princípio da máxima
amplitude a tipicidade ou não taxatividade das ações coletivas.

9- AMPLA DIVULGAÇÃO DA DEMANDA COLETIVA

como dito acima princípio da ampla divulgação da demanda coletiva. existia uma discussão
antigamente se um processo coletivo seria ou não compatível com litisconsórcio, isto é mais de um sujeito
figura do polo ativo mais de um sujeito para o passivo ou vários sujeitos figuram tanto no polo passivo
quanto no ativo. percebam. que o começo do processo coletivo ele é resolvido por meio de litisconcórcio
e Isso cria um obstáculo de economia processual, um embaraço processual é um processo mais custoso
mais demorado. e durante muito tempo se questionou dizendo que o litisconsórcio é incompatível com o
processo coletivo até porque a gente quer que só tenha um autor e um reu defendendo o interesse da
coletividade , então o litisconsórcio não seria compatível com o processo coletivo, mas esse arumento foi
vencido, litisconsórcio nas ações coletivas é possível e é estimulado por força desse princípio princípio da
ampla divulgação da demanda coletiva, o que quis o legislador quando criou esse princípio tem previsão
expressa para o artigo 94 do CDC. Proposta a ação.

10- INTEGRATIVIDADE OU MICROSSISTEMA PROCESSUAL COLETIVO

não obstante nos não tenhamos formalmente um código de processo coletivo, Materialmente
nós temos sim um código de processo coletivo, só que esse código de proceso coletivo é espalhado em
várias normas e por causa desse princípio o princípio da Integratividade ou do microsistema processual
coletivo, é que nós podemos dizer que materialmente nós temos um código processo coletivo, porque
ele cria a chamada indiferença topográfico normativa entre os institutos, O que isso? Se um dado instituto
jurídico só existe no estatuto da criança e do adolescente nós podemos utilizar aquele dispositivo para
promover uma ação civil pública ambiental. Se um dado Instituto só é previsto no Estatuto do Idoso nós
podemos utilizar aquele dispositivo numa ação civil publica de direito consumidor. Por isso que nós
dizemos a indiferença topográfica normativa ou microssistema, porque é um microssistema? porque se
criou um microsistema no processo coletivo no Brasil.

Não confundam integratividade com subsidiariedade. Por exemplo o CPC. Ele não tem aplicação
integrativa dentro do microsistema mas ele é subsidiário. isto é se uma dada a situação nós não temos aí
nenhuma hipótese de vácuo legislativo nós podemos nos socorrer do CPC mas o CPC não tem aplicação
integrativa ele tem aplicação subsidiária, então primeiro nós nos socorremos nas normas do
microsistema. Não tem norma do micro sistema ou nós não podemos aplicar por uma incompatibilidade
lógica, Nós nos socorrem Lemos do CPC.

11 – ADEQUADA REPRESENTAÇÃO OU CONTROLE JUDICIAL DA LEGITIMAÇÃO

Então o Brasil diferentemente dos Estados Unidos, a adequada representação ela é presumida,
o legislador criou uma presunção iuris tanto de que aqueles entres eles são legitimados para fazer essa
defesa dos direitos transindividuais. países de common law temos a legitimação onde o juiz quem vai
dizer no caso concreto. se um dado escritório se aquela coletividade pode figurar no polo ativo de uma
demanda coletiva. O Brasil temos essa dicotomia citada.

Então qual a grande polêmica deste princípio o princípio da adequada representação do controle
judicial da representação. Ele investiga se é possível o controle jurisdicional sobre a legitimação nas ações
coletivas ativas, isto é, influência do controle ope judicis dentro do controle ope judicis.

se perguntarem Pra você qual espécie de legitimação foi adotada no brasil? Legitimação ope
judicis

já em relação as ações coletivas passivas, ope judicis

é possível controle judicial em relação a legitimação para ações coletivas ativas no Brasil. Esse é esta é a
grande polêmica do princípio do controle judicial da adequada apresentação. E vocês vão dizer que sim
mesmo em relação às ações coletivas ativas vai ser possível o controle judicial da adequada
representação. Então nós temos no Brasil uma legitimação ope judicis em relação às ações coletivas
ativas. Nós temos o controle ope judicis porem temperado, e os raros casos que vocês devem ver
informativos do STJ é exatamente de controle negativo sobre a adequada representação em relação dada
ação coletiva.

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