Você está na página 1de 5

CURSO DE DIREITO

PROF. ME. ANDRÉ LUIZ OLIVEIRA


KAMILLA NUNES BARROS

GÊNESE DO DIREITO PROCESSUAL- DA AUTOTUTELA À JURISDIÇÃO


Resenha crítica

Trabalho apresentado à disciplina de Teoria Geral


do Processo, do Curso de Direito, da Universidade
Estadual do Tocantins.

PALMAS-TO
2020
Gênese do Direito Processual- Da autotela à jurisdição

O livro que será apresentado é de autoria de Antônio Carlos de Araújo Cintra,


Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarca e foi intitulado de Teoria Geral
do Processo. Os assuntos a serem abordados são vantajosas ferramentas de grande
importância para a compreensão acerca da evolução do direito, sua lógica evolutiva e
em relação a uma das funções do Estado.
A obra em questão possui 229 tópicos, 36 capítulos e é dividido em 4 partes.
Para a composição desta resenha serão analisados os tópicos 3 e 4, encontrados no
capítulo 1 denominado Sociedade e Tutela Jurídica, na primeira parte introdutória do
livro.
O primeiro tópico em análise é nomeado de “da autotutela à jurisdição” e expõe
a inexistência de órgãos estatais nos tempos primitivos, sendo que os conflitos de
interesses eram resolvidos através da força, no qual o mais forte ganhava, mesmo se
esse não fosse portador da razão. Esse meio de fazer justiça com as próprias mãos é
o que se chama de autotutela, um método sem fundamentos e estabilidade, com a
ausência de um juiz imparcial para julgar os casos e há também a imposição da
vontade de um sobre o outro.
Após a autotutela surge a autocomposição, uma solução parcial caracterizada
pela desistência de uma das partes em conflito ou até a de ambas. A autocomposição
é dividida em desistência, submissão e transação.
Com o decorrer do tempo os indivíduos começaram a optar por resoluções de
conflitos mais estáveis (uma vez que os métodos anteriores possuíam muitas
desvantagens), através dos chamados árbitros, que decidiriam sobre as questões a
serem resolvidas, e estes seriam os sacerdotes ou então, os anciãos. Os primeiros
seriam guiados pelas divindades e os segundos pelos conhecimentos dos costumes
de cada uma das partes.
Com a evolução da sociedade foi surgindo e tomando forma, por mais mínimo
que seja, a ideia de um Estado e então, a jurisdição foi se formando. Os cidadãos
começaram a submeter seus conflitos a um pretor e logo após deveriam escolher um
árbitro que agiria conforme as observações do magistrado para decidir a causa e
assim conseguir solucionar o problema.
O poder estatal foi se fortalecendo aos poucos e chegou ao momento em que
foi possível nomear quem seria o árbitro, partindo para uma arbitragem obrigatória.
Foram surgindo regras e critérios para que as decisões fossem mais certas e objetivas
e então, é a partir desse momento que a figura de um legislador é criada.
Em uma nova fase, o pretor começou a proferir sentenças, sendo portanto,
portador de uma maior autoridade. A justiça passou de privada (pois era incapaz de
gerar a paz social) para pública e após todo o processo evolutivo, o Estado tornou-se
satisfatoriamente forte e com o poder que lhe foi atribuído começou a impor a solução
dos problemas aos entes envolvidos, substituindo os métodos antigos.
Esse poder que foi designado ao Estado para a resolução dos impasses é o
que se chama de jurisdição. Construída historicamente, após um longo processo,
desde a justiça com as próprias mãos, até essa forma justa de resolver os conflitos,
no qual ambos os envolvidos são tratados com igualdade e o que for detentor de mais
direitos, de acordo com a lei, é beneficiado com a vitória do caso. A jurisdição é
exercida através do processo, pois é esse o instrumento usado pelo Estado para
resolver os conflitos, fazendo cumprir as normas.
O segundo e último tópico a ser brevemente analisado é intitulado de “a função
estatal pacificadora (jurisdição)” e tem como foco principal demonstrar a principal
finalidade da jurisdição: a paz social. As funções do Estado na atuação do processo,
são: sociais, políticos e jurídicos. Todas as obrigações estatais visam a pacificação,
sendo este um propósito social.
Há de se afirmar que a autotutela ainda é utilizado, porém, é admitida somente
em casos específicos, uma vez que o seu uso é vedado pelo ordenamento jurídico
brasileiro, sendo inclusive considerada crime, como previsto no Código Penal
Brasileiro.
Somente em situações excepcionais, o legislador permitiu o
exercício da autotutela ao reconhecer que o Estado não
consegue estar presente em todos os conflitos, como ocorre na
legítima defesa e no desforço imediato no esbulho possessório.
(FIRMO, 2014, p.5).
As características da jurisdição de hoje refletem de algumas poucas maneiras
o modo como ela se originou, pois a lide, o conflito de interesses, sempre esteve
presente desde os primórdios, além da arbitragem, que tem semelhanças com o atual
sistema jurisdicional. “Há que se ressaltar ainda, que a lide é apenas uma parcela do
conflito que é levado ao Poder Judiciário; o conflito é muito maior, portanto a resolução
da lide nem sempre liquida o conflito social.” (JURISFIB, 2013, p.376).
Referências bibliográficas

CINTRA, Antonio Carlos de Araújo. DINAMARCO, Cândido Rangel. GRINOVER, Ada


Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 27ª Ed. São Paulo: Malheiros.

FERRARESI, C.S. MOREIRA, B.M. Conflitos e formas de resolução: da autotutela à


jurisdição. Revista JurisFIB, Bauru – SP, v.4, ano 4, p. 343-380, dez. 2013.

FIRMA, Luísa Santiago. A Busca pela Tutela Jurisdicional Efetiva. 2014. 20f. Artigo
Científico apresentado como exigência de conclusão de Curso de Pós-Graduação
Lato Sensu da Escola da Magistratura, Rio de Janeiro, 2014.

Você também pode gostar