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Contexto histórico da teoria geral do processo

Houve uma época pré-jurídica na qual inexistia um ordenamento


jurídico consolidado para pôr fim aos conflitos dos indivíduos. Na verdade,
quem desejasse satisfazer o seu interesse, deveria fazer uso de sua própria
força impositiva. É o que se denomina autotutela.

Assim, a ordem Estatal era ausente para, de forma equidistante, criar normas e
leis, a fim de que as pessoas pautassem suas condutas por elas.

Após essa fase que predominava a autotutela e com o surgimento do direito


romano arcaico, o Estado foi ganhando força para dirimir os conflitos das
partes na medida em que se nomeavam Árbitros de confiança de forma
facultativa para decidir a lide que lhe era apresentada.

Com o tempo, essa nomeação de árbitros tornou-se obrigatória, e o Estado ia


ganhando forças e editando normas e leis. Emerge assim a figura do legislador.
A Lei das XII Tábuas, do ano 450 A.C, é um marco histórico fundamental da
época.

Mais tarde, após o Estado se consolidar, os julgamentos passaram a ser mais


autoritários, pois o poder Estatal se impõe sobre a vontade dos particulares,
examinando o mérito dos conflitos e cumprindo coercitivamente as decisões.

A atividade em que um julgador investido de autoridade, concedida pelo


Estado, passa dirimir os conflitos sociais que lhes são apresentados e recebe o
nome de Jurisdição.

As considerações acima mostram que, antes de o Estado conquistar para si o poder de


declarar qual o direito no caso concreto e promover a sua realização prática
(jurisdição), houve três fases distintas:a) autotutela; b) arbitragem facultativa; c)
arbitragem obrigatória. A autocomposição, forma de solução parcial dos conflitos, e
tão antiga quanto a autotutela. O processo surgiu com a arbitragem obrigatória. A
jurisdição, só depois (no sentido em que a entendemos hoje).
CINTRA, Antônio Carlos; DINAMARCO, Cândido Rangel; GRINOVER,
Ada Pellegrini. Teoria geral do processo – 28ª ed.– São Paulo: Malheiros Editores,
2012.

Logo, a razão de ser da teoria geral do processo não é outro senão a


necessidade de pacificação social, na medida em que o Estado toma para si,
com observância do princípio da reserva legal, a responsabilidade de dirimir
conflitos com a Justiça e dando a cada um o que é seu.

É importante ressaltar que se a lógica do processo é a pacificação social, e as


normas processuais refletem esse espírito. Como exemplo temos o Novo CPC.
Ele apresenta que o Juiz, ao iniciar a audiência, tentará conciliar as partes (art.
359).

Ademais, a mediação, conciliação e arbitragem, os meios de solução


consensual, serão empregados para dirimir os conflitos (Art. 3º, § 3º).

Têm-se também a lei dos juizados especiais cíveis e criminais em que as partes
são instadas a conciliação. Em matéria trabalhista, a CLT é integralmente
voltada à pacificação por meio de acordo (arts. 847 e 850).

Leia também: Veja o que são embargos de divergência e suas principais


características!

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