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CURSO: DIREITO (1º SEMESTRE)

DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO PROCESSO

DOCENTE: PROFESSOR MESTRE JOSAFÁ MARQUES


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APOSTILA DE TEORIA GERAL DO PROCESSO

- Livro utilizado como base para a elaboração da apostila: MARTINS, Sergio


Pinto. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Saraiva.

- SOLUÇÃO DE CONFLITOS:
● Denominação: Do latim conflictus, tem o significado de combater, lutar,
designando posições antagônicas. Tal situação, de fato, representa fato inerente
à sociedade, uma vez que a controvérsia faz parte da vida humana. Ex: guerras.
OBS: Litígio tem sentido jurídico. Compreende o conflito uma pretensão
resistida, que é a lide.

● Formas de Solução dos Conflitos:


a) Autodefesa/Autotutela: Como o próprio nome determina, é uma defesa
própria, em que as próprias partes fazem a defesa de seus interesses. Assim,
se verifica, muitas vezes, a ausência do juiz e a imposição de uma parte à outra.
Ex: art. 23 do CP – legitima defesa, a qual representa um meio excludente da
ilicitude do fato; greve.

b) Autocomposição: É a forma de solução dos conflitos realizada pelas próprias


partes, em que elas mesmas chegam à solução de suas controvérsias sem a
intervenção de um terceiro. Este é, realmente, o melhor meio de solução dos
conflitos, pois ninguém melhor do que as próprias partes para solucionar suas
pendências, uma vez que conhecem os problemas existentes.
Formas comuns de autocomposição:
1) Autocomposição Unilateral: É caracterizada pela renúncia de uma das
partes à sua pretensão ou pelo reconhecimento do direito da outra parte.
1.1.) Renúncia (ou desistência);
1.2.) Submissão (ou reconhecimento).
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2) Autocomposição bilateral - Transação: Ocorre quando cada uma das


partes faz concessões recíprocas, ao que se denomina de transação.
- Conciliação (Pessoas sem laço afetivo): O conciliador sugere uma solução
para o conflito, o resolvendo através de um acordo celebrado entre as partes.
Ex: acordos e convenções coletivas de trabalho.
OBS: Na conciliação, pode ou não haver a figura de um terceiro, pois as partes
podem se conciliar sozinhas, fazendo concessões recíprocas.
O conciliador é um terceiro que nem faz propostas ou mediação, servindo
apenas para aproximar as partes. Assim, as próprias partes chegam à
conciliação. O que o conciliador faz é organizar/coordenar as tratativas, ouve e
ajuda as partes, etc. O conciliador pode ser tanto judicial quanto extrajudicial.

c) Heterocomposição: Se verifica a heterocomposição quando a solução dos


conflitos é determinada por um terceiro.
Formas comuns de heterocomposição:
1) Mediação (Pessoas com laço afetivo anterior ao conflito): Busca-se o
diálogo entre as partes. Assim, as próprias partes solucionam o conflito. Ex:
conflitos familiares e de vizinhança.
2) Arbitragem: Intervenção de um terceiro (árbitro), que julga o conflito, tendo
força de título executivo judicial (Sentença arbitral).
3) Jurisdição: Como já visto no início da apostila, a jurisdição é a forma do
cidadão buscar a solução judicial da sua lide. Representa a forma tradicional de
solução de controvérsias.
- DIREITO PROCESSUAL:
● Conceito de Direito Processual: Processo – vem de procedere, seguir
adiante.
“Direito Processual é o conjunto de princípios, de regras e de instituições que
visa solucionar o litígio entre as partes.” (Representa um conjunto, um todo, um
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sistema).
Tal ramo do Direito possui princípios próprios (Na Constituição Federal e
em outros ramos do Direito – CPC, CPP, CLT, etc.)

●Teorias que tratam do Direito Processual:


a) Teoria Monista: Determina que o Direito Processual é um só, não haveria
subdivisões. Assim, o Processo Civil e o Processo Penal se diferenciam não pelo
fato de terem raízes distintas, mas por serem dois ramos que se bifurcam de um
único tronco. Em ambos os processos, se verificam 3 sujeitos: juiz, autor e réu.
b) Teoria Dualista: Determina que há autonomia do direito processual, no
sentido de se verificar 2 subdivisões.

PROCESSO PENAL PROCESSO CIVIL


A relação discutida é de direito público A relação discutida é de direito
(direito penal) privado (direito civil ou direito
empresarial)
É o instrumento indispensável A resolução do conflito pode ser feita
utilizado para a aplicação da lei penal. fora do Poder Judiciário.
Poder dispositivo das partes é restrito. Poder dispositivo das partes é amplo.
Julga o homem. Assim, o juiz terá que Trata de questões mais materiais.
levar em consideração os critérios
ético-sociais.
Objeto: Pretensão punitiva do Estado, Objeto: Pretensão de direito privado.
em relação a um crime.
O interesse é sempre público e Paridade de tratamento, com largos
objetivo, não havendo paridade de poderes de disposição.
tratamento.
Os atos de formação e discussão são Muitos atos são escritos. Menor
orais. O juiz penal tem liberdade de liberdade de convencimento para o
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convencimento mais amplo que o juiz juiz.
cível.
A ação é pública, sendo que o Não há obrigação de propor a ação
Ministério Público tem obrigação de por uma das partes.
propô-la.
Busca-se a verdade real/material. É Busca-se a verdade ficta ou
aquela verdade a que chega o processual/formal. É aquela verdade
julgador, reveladora dos fatos tal que resulta do processo, embora
como ocorreram historicamente e não possa não encontrar exata
como querem as partes que correspondência com os fatos, como
apareçam realizados. aconteceram historicamente.

OBS: Não quer dizer que cada um dos ramos do Direito Processual é autônomo
em relação ao gênero, mas sim que há autonomia didática de cada um dos
ramos do Direito Processual.

A autonomia do Direito Processual proporciona:


a) Autonomia legal: As normas de Direito Processual estão na CF, quando esta
trata da organização e da competência do Poder Judiciário (Arts. 92 a 126 da
CF). Se encontram também no Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015),
Código de Processo Penal (Decreto – Lei nº 3.688/1941) e nos artigos 643 a 910
da Consolidação das Leis do Trabalho. Além disso, várias leis esparsas tratam
de processo, tal como a Lei nº 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais), a Lei nº
8.009/1990 (Lei da Impenhorabilidade do Bem de Família), etc.
b) Autonomia doutrinária, científica e didática: Existência de disciplina
própria.
● Posição Enciclopédica do Direito Processual: Ele pertence ao Direito
público, uma vez que a maioria das normas são de direito público, como a CF, a
legislação, etc. Exceção: sistema da mediação e conciliação, bem como a lei de
arbitragem (Lei nº 9.307/1996), uma vez que pode ser realizado entre
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particulares. Em verdade, “O Estado, por meio do juiz, vai se pronunciar no
sentido de dirimir a controvérsia existente entre o autor e o réu quanto à
pretensão postulada na inicial e resistida na defesa.”

● Relações do Direito Processual com os demais ramos do Direito:


O Direito Processual é o gênero do qual são espécies:
a) Direito Processual Penal;
b) Direito Processual Civil;
c) Direito Processual do Trabalho;
d) Direito Processual Militar;
OBS: Na verdade, o direito processual se relaciona com todos os ramos do
direito material, fazendo surgir o processo tributário, administrativo, etc.
Art. 15 do NCPC: “Na ausência de normas que regulem processos eleitorais,
trabalhistas, administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas
supletiva e subsidiariamente.”
(Supletivo – supletius = completar, servir, suplementar)
(Subsidiário – subsidiarius = reserva, retaguarda, que auxilia, ajuda, apoia,
reforça).

● Fontes do Direito Processual:


a) Fontes formais: São as formas de exteriorização do Direito. Exs: leis,
costumes, etc.
b) Fontes materiais: São o complexo de fatores que ocasionam o surgimento
de normas, compreendendo fatos e valores. São fatores reais que irão influenciar
o surgimento da norma. Ex: fatores sociais, psicológicos, econômicos, históricos,
etc.
c) Fontes heterônomas: São as impostas por agente externo, de maneira
unilateral. Exs: CF, leis, decretos,
d) Fontes autônomas: São as elaboradas pelos próprios interessados, de
maneira bilateral. Exs: contrato de trabalho, convenção coletiva de trabalho, etc.
e) Fontes estatais: São as que o Estado estabelece a norma. Exs: CF, leis, etc.
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f) Fontes extraestatais: São as fontes oriundas das próprias partes. Exs:
regulamento de empresa, contratos de trabalho, etc.

● Quanto à vontade das pessoas, as fontes podem ser:


a) Fontes voluntárias: São as fontes dependentes das vontades dos
interessados, como ocorre com o contrato de trabalho.
b) Fontes interpretativas: São as impostas coercitivamente às pessoas pelo
Estado, como a CF e as leis de uma maneira geral.

● Fontes do direito processual propriamente dito:


- Decretos;
- Regimentos Internos de Tribunais;
- Provimentos de Tribunais
- Jurisprudência – análise de disposições processuais;
- Convenções e Tratados Internacionais.

- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PROCESSUAL:

1) Princípio do Devido Processo Legal (Art. 5º, LIV, da CF): Até o final do
século XIX, o devido processo legal dizia respeito apenas ao contraditório, à
ampla defesa, à produção de provas, à assistência por advogado e ao juiz
imparcial.
Com a CF de 1988, o artigo 5º, inciso LIV, passou a determinar que
“ninguém será provado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal, que depende, porém, da previsão da lei ordinária”. Assim, trata-se de uma
garantia estabelecida pela CF ao jurisdicionado, em que o juiz não poderá
estabelecer um processo especial, diverso do previsto em lei. Representa,
portanto, uma garantia da parte contra o Judiciário e pode compreender o juiz
imparcial, o acesso ao Judiciário e o contraditório.

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2) Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa (Art. 5º, LV, da CF): A CF
determina que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes”.
Autor – Tese (Afirmação)
Réu – Antítese (Contestação)
Juiz – Síntese (Conclusão)

Art. 9º no NCPC: Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela
seja previamente ouvida. Isso caracteriza o contraditório.
Art. 10 do NCPC: O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com
base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes
oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deve
decidir de ofício.
OBS: a) Contraditório diferido – É aquele que será disponibilizado ao réu em
momento posterior, como ocorre nas tutelas de urgência, em que a defesa é
apresentada em outro momento, pois poderia inviabilizar a concessão da liminar
se a parte adversa fosse ouvida.
b) Contraditório eventual – Ocorre quando o contraditório é transferido para
uma ação incidental, como nos embargos do devedor, embargos de terceiro, etc.
c) Contraditório mitigado – Ocorre nas situações em que o legislador limitas
as matérias de defesa, como nas ações de execução, em que as matérias que
podem ser opostas pelo executado são poucas.

3) Princípio do Juiz Imparcial (Art. 5º, LIII, da CF): Para o artigo 10 da


Declaração Universal dos Direitos do Homem, “toda pessoa tem direito, em
condições de igualdade, de ser ouvida publicamente e com justiça por um
tribunal independente e imparcial, para a determinação de seus direitos e
obrigações ou para o exame de qualquer acusação contra ela em matéria penal”.
Além disso, como já visto, o princípio do juiz natural é entendido como o
“juiz previamente instituído em lei, isto é, juiz instituído e determinado com base
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em critérios gerais fixados com antecedência e não com vistas a certas
controvérsias em particular”.
Por fim, o artigo 5º, LIII, da CF ainda determina que “ninguém será
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”, bem como o
artigo 5º, XXXVII, da CF, proíbe os juízes e tribunais de exceção. Dessa forma,
o juiz deverá ser imparcial, se colocando entre as partes, mas também ficando
acima delas, uma vez que a imparcialidade judicial se caracteriza por ser um
pressuposto da relação processual.
Assim, se o juiz é suspeito, fica maculada a possibilidade de o juiz
atuar no processo. Portanto, a imparcialidade do juiz é uma garantia para as
partes no processo e uma forma de se fazer justiça!

4) Princípio do Acesso à Justiça (Art. 5º, LXXIV, da CF): Tal princípio


compreende a facilidade de se estar em Juízo, com dispensa de custas para
entrar com o processo, pois quem tem razão não deve ter de pagar custas para
ser reembolsado muitos anos depois ou não se reembolsado, principalmente aos
mais pobres. Dessa forma, o acesso à justiça compreende também a prestação
da assistência judiciária gratuita, em que a parte poderá ajuizar ação sem o
patrocínio de um advogado. Ex: JEC – até 20 salários mínimos – sem
necessidade de advogado.
Em razão do acima apontado, a CF, em seu artigo 5º, LXXIV, traz a regra
em que o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recurso. Esse é o direito de assistência judiciária
gratuita, em que a Defensoria Pública é o maior ícone.
Por fim, a CF também traz a gratuidade de algumas ações, tais como o
habeas corpus e o habeas data – Art. 5º, LXXVII.
5) Princípio do Direito de Petição (Art. 5º, XXXIV, a, da CF): A todos é
assegurado, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição
aos Poderes Públicos para a defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abusos
de poder.
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6) Princípio da Igualdade Processual (Art. 5º, caput, da CF): Segundo o caput


do artigo 5º da CF todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza. Essa é a igualdade perante a lei, de forma genérica, mas também pode
ser entendida como a igualdade processual, em que todos são iguais perante o
processo.
Art. 139, I, do NCPC: Incumbe ao juiz assegurar às partes igualdade de
tratamento.
OBS: Quando se justifique, a lei poderá tratar as partes de forma diferenciada,
principalmente quando elas não são iguais. Ex: consumidor- parte mais fraca da
relação (inversão do ônus da prova), prioridade na tramitação processual aos
idosos, etc.

7) Princípio da Publicidade (Art. 93, IX, da CF): Todos os julgamentos do


Poder Judiciário serão públicos e fundamentadas todas as decisões, sob pena
de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias
partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o
interesse público à informação.
Art. 189 do NCPC: Os atos processuais são públicos, sendo que somente
alguns atos correm em segredo de justiça.

8) Princípio da Motivação das Decisões Judiciais (Art. 93, IX, da CF): Todas
as decisões do Poder Judiciário devem ser fundamentadas, uma vez que as
partes devem saber quais são os fundamentos pelos quais o juiz acolheu ou
rejeitou o pedido para poder recorrer. A parte não tem como recorrer se a decisão
não tem fundamentação.
Art. 371 do NCPC: O juiz apreciará a priva constante dos autos,
independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as
razões da formação de seu convencimento.
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9) Princípio da Celeridade e da Razoável Duração do Processo (Art. 5º,


LXXVIII, da CF): Tal princípio assegura a todos, no âmbito judicial, a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Art. 4º do NCPC: As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução
integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.

10) Princípio da Licitude da Prova (Art. 5º, LVI, da CF): A licitude da prova
concerne ao fato de que são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos.

11) Princípio da Oralidade: Tal princípio é mais relevante no processo do


trabalho, em razão de suas peculiaridades. No Direito do trabalho, a petição
inicial e a contestação podem ser orais. Além disso, os juizados especiais
também trazem a oralidade como um de seus princípios basilares. No processo
penal, a prova é normalmente oral.

12) Princípio da Concentração dos Atos na Audiência: A concentração da


maioria dos atos processuais em audiência decorre da oralidade e da celeridade.

13) Princípio da Lealdade Processual: As partes e seus advogados devem


proceder em Juízo com lealdade e boa-fé.
Art. 5º do NCPC: Aquele que de qualquer forma participa do processo deve
comportar-se de acordo com a boa-fé, não se admitindo a má-fé em qualquer
caso, inclusive em Juízo.
Art. 80 do NPCP: Situações de litigância de má-fé.
A deslealdade processual praticada pela parte é entendida como ilícito
processual, que compreende o dolo e a fraude processual.

14) Princípio da Economia Processual: No processo, deve-se obter o máximo


de resultado, com um mínimo de atividade processual. Ex: processos agrupados
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em um só (continência ou conexão), ação e reconvenção serem julgadas em
uma única sentença, etc.
A consequência da economia processual é o aproveitamento da parte
válida dos atos processuais. Assim, não se anula todo o processo, o fazendo
apenas com relação a aquilo que não pode ser aproveitado. Se o ato alcançar a
sua finalidade, não se anula o processo.

15) Princípio do Dispositivo: Este princípio faz referência ao poder dispositivo,


que é a liberdade garantida a todo cidadão de exercício de seus direitos. No
direito processual este princípio se traduz pela possibilidade ou não de
apresentar em juízo a sua pretensão, do modo como bem entenda.
- Processo Civil: A regra é a disponibilidade. (VERDADE FORMAL, de acordo
com o ônus da prova). O mesmo se dá no processo do trabalho.
- Processo Penal: A regra é a indisponibilidade. (VERDADE REAL, pois parte-
se do pressuposto de que o réu é inocente, até que se prove o contrário).

- PROCESSO:
● Conceito: É uma palavra polissêmica. Em um sentido geral, o processo
representa um conjunto de ações destinado a proporcionar um resultado.
Assim, o processo pode ser entendido como o “complexo de atos e termos
coordenados por meio dos quais a ação é exercitada, sendo concretizada a
prestação jurisdicional por intermédio dos órgãos jurisdicionais.”
Para João Mendes Júnior, o processo é “o meio, não só para chegar ao
fim próximo, que é o julgamento, como ao fim remoto, que é a segurança
constitucional dos direitos e da execução das leis.”
Para Carnelutti, “o processo é o continente, do qual a lide é o conteúdo. A
pretensão é o reconhecimento do direito material postulado em juízo.”

OBS: Autos – representam a reunião de peças e documentos do processo,


como a petição inicial, contestação, documentos de defesa, ata de audiência,
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sentença, recursos, etc. Dessa forma, em verdade, não se consulta o processo,
mas sim os autos do processo.

● Espécies de Processo: São 3 as espécies de processo:


1) Processo de conhecimento ou de cognição: Envolvem ações declaratórias,
constitutivas e condenatórias.

a) Ação Declaratória - É aquela na qual o interesse do reclamante se limita à


firmação da existência, ou inexistência, de uma relação jurídica. O juiz evidencia
o que no mundo do Direito já existia, eliminando a falta de certeza que
sombreava a verdadeira vontade da lei. Ex: Ação declaratória de paternidade,
ação declaratória de reconhecimento e dissolução de união estável, etc.

b) Ação Constitutiva - É a ação de conhecimento que tem por fim a criação,


modificação ou a extinção de uma relação jurídica, sem estatuir qualquer
condenação do réu ao cumprimento de uma prestação. Ex: ações que visam a
anulação de um negócio jurídico, por apresentar vício de consentimento (erro,
dolo ou coação) ou vício social (simulação e fraude), ação de separação judicial
litigiosa, dissolvendo a sociedade conjugal, etc.

c) Ação Condenatória – É a ação que visa uma sentença de condenação do


réu. Tais ações tendem a uma sentença em que, além da declaração quanto à
existência de uma relação jurídica, contém a aplicação da regra sancionadora.
Representa a grande maioria das ações na prática!! Ex: Ação de indenização por
danos materiais e morais.

2) Processo de execução: Possui como fundamento o título executivo, o qual,


por sua vez, pode ser judicial ou extrajudicial.
a) Títulos executivos judiciais (Art. 515 do NCPC): São, via de regra, os títulos
proferidos em sentença judicial que reconheçam a exigibilidade de obrigação de
pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa.

b) Títulos executivos extrajudiciais (Art. 784 do NCPC): São os elaborados


pelas próprias partes, à luz de sua autonomia da vontade (autonomia contratual 13
das partes), elaborando títulos que a lei confere eficácia executiva. Mera
liberalidade privada.

OBS: Processo sincrético:

Antes se tinha duas demandas: Ação de conhecimento e ação de execução


separadamente. Paralelo a isso, o Brasil começou a introduzir o sincretismo
(colocar dentro do mesmo processo, mais de uma atividade).

Processo de conhecimento Sentença Processo de execução

Assim, na atualidade, o processo sincrético é aquele que vai da etapa do


conhecimento até a etapa da execução, com a obtenção do bem jurídico
pretendido.

3) Processo Cautelar: Ações cautelares são como que neutras com relação ao
resultado do processo, ou de seu desfecho, inspiram-se pela prevenção, vez que
buscam assegurar o resultado útil do processo, ou seja, cuidam do êxito da
execução futura. Trata-se, em verdade, de uma medida urgente, que visa
assegurar meio processual para o cumprimento da decisão. Seu objetivo não é
conceder o próprio direito material à parte, que teria característica satisfativa.
O processo cautelar está dividido em duas espécies:
a) Processo Cautelar Preventivo/Preparatório: É aquele proposto antes da
ação principal
b) Processo Cautelar Incidental: É aquele proposto depois da ação principal
ter sido proposta.
● Natureza Jurídica do Processo: No direito romano, o processo era um
contrato entre as partes (litiscontestatio), por meio do qual as partes acordavam
aceitar a decisão proferida, quando o contrato ficava perfeito e acabado.
Assim, o processo seria um contrato judicial, em que as partes dão ao juiz
os elementos necessários a respeito das suas razões para acatar a sua decisão,
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mas em juízo não se faz contrato.
No entanto, com o desenvolvimento do pensamento jurídico, constatou-
se que o contrato representa uma livre manifestação de vontade das partes, ao
passo que no processo isso não ocorre, na medida em que o réu se apresenta
em uma posição de sujeição se comparado com a aparte autora. Assim, verifica-
se que o processo não é decorrente de um negócio jurídico celebrado pelas
partes.
No que tange, portanto, às diversas naturezas jurídicas do processo,
merecem se apontar as seguintes:

a) Processo como quase-contrato (Século XIX): Para Guényvau, se o


processo não era um contrato como entendiam os romanos, só poderia ser um
quase contrato, na medida em que o consentimento da parte ré não era
inteiramente livre, uma vez, caso não comparecesse perante o pretor romano, o
autor poderia conduzi-lo à força.

b) Processo como relação jurídica (Final do Século XIX - 1868): Para Bullow,
no processo se verifica uma relação de direitos e obrigações recíprocos entre as
partes e o juiz, sendo essa relação considerada uma relação jurídica pública.
Para ele, a relação processual está em constante movimento e transformação.
Assim, há uma relação jurídica processual que irá estabelecer regras de conduta
no processo para as partes e para o juiz. Em verdade, o processo passa a ter 2
relações:
1) A relação de direito material, que é discutida no processo;
2) A relação de direito processual, que representa o meio pelo qual se faz a
discussão do direito material postulado em Juízo.
c) Processo como situação jurídica: Para Goldschmidt, onde havia o direito,
agora há meras chances, possibilidades, expectativas e ônus. Possibilidades
porque há necessidade de praticar atos para que o direito possa ser reconhecido
pelo juiz (expectativa no reconhecimento do direito). O que se espera, ao se
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ajuizar uma demanda, é que a sentença seja favorável à pretensão, devendo,
para tanto, a parte agir de determinada forma. Assim, para tal jurista, o processo
seria uma situação jurídica e não uma relação jurídica. Em verdade, no processo,
o que se verifica não é apenas uma situação jurídica, mas sim um complexo de
situações.

d) Processo como instituição: Para Jaime Guasp e Eduardo Couture, o


processo tem natureza jurídica de instituição. Assim, o processo de
caracterizaria como instituição jurídica na seguinte medida:
- o Estado – juiz tem característica de superioridade em relação às partes;
- a obra construída, caracterizado pelo processo/Justiça, teria característica de
durabilidade.
No entanto, diferentemente das instituições (família, Estado, igreja, etc),
o processo não foi feito para durar muito tempo e hoje se defende ainda a
razoável duração do processo.

OBS: Conclusão no que tange à natureza jurídica do processo na


atualidade – O processo não é um mero procedimento, mero regulamento de
formas e ordem dos atos do juiz e das partes, mas sim um instrumento pelo
qual o autor postula em Juízo para fazer valer o seu direito. É o meio pelo
qual se exercita a função jurisdicional do Estado, sendo o complexo de
atos que tem por objetivo ser proferida a sentença (representa a pacificação
social da relação jurídica entre as partes).

● Relação Jurídica Processual: Ela é triangular (actum trium personarum:


judicis, actoris et rei) – é formado por 3 pessoas (juiz, autor e réu).
Tal relação se distingue da relação jurídica material, na medida em que
geralmente é composta apenas por 2 partes (contratante e contratado, vendedor
e comprador, etc). Tal relação é dinâmica e complexa, importando em uma
sucessão de atos, além de representar uma relação de direito público, pois
baseado em normas de ordem pública. O objetivo do processo é eliminar
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insatisfações.
OBS: O juiz representa um agente do Estado imparcial e as partes se encontram
em um estado de sujeição em relação a ele.

● Sujeitos do Processo: Juiz (dirige o processo – agente estatal), autor e réu


(atores do processo).
O juiz possui:
a) Poderes Ordinatórios: De promover o andamento do processo;
b) Poderes Instrutórios: De ouvir as partes e as testemunhas e de analisar as
provas apresentadas nos autos;
c) Poderes Decisórios e de Execução Forçada: De decidir a lide e de
promover atos de execução no processo, tal como a determinação da penhora
de bens.
Autor/demandante: Faz a dedução do seu pedido perante o Juízo (Posição de
postulação).
Réu/demandado: Tem uma pretensão deduzida contra si (Posição de defesa
ou de sujeição).
- Litisconsórcio: É a existência de várias pessoas em cada polo da relação
processual. Tal situação pode aparecer tanto no início do processo, em que
vários autores ingressam com a ação, como no decorrer da ação, em que
acabam aparecendo outras pessoas estranhas à lide inicial.
a) Litisconsórcio Ativo: É a pluralidade de autores no polo ativo da ação. Ex:
herdeiros em um processo de inventário.
b) Litisconsórcio Passivo: É a pluralidade de réus no polo passivo da ação.
Ex: fornecedor do produto e transportadora pela não entrega de móvel na data
acertada.
OBS: As demais classificações acerca do litisconsórcio serão vistos nas aulas
de Direito Processual Civil.

- Intervenção de Terceiros: Pessoas estranhas à lide podem ingressar no


processo, por provocação de qualquer das partes ou de maneira voluntária, a
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fim de defenderem interesse próprio. Ex: sublocatário, em ação de despejo
movida em face do sublocador; funcionário público, em ação de indenização
proposta em face da administração pública por dano causado por ele.
OBS: Todas as espécies de intervenção de terceiros serão estudadas nas aulas
de Direito Processual Civil.

- Pressupostos de Existência do Processo: São a existência de jurisdição, do


pedido e das partes.
a) Jurisdição: “O órgão ao qual é dirigida a ação deve estar investido do poder
de dizer o direito no caso concreto que lhe é submetido, para que possa
solucionar o conflito.”
b) Pedido: O processo se inicia com a elaboração da petição inicial, em que a
parte autora descreverá a pretensão, formulando o seu pedido.
c) Partes: “As partes são pessoas que têm as pretensões resistidas, que entram
em conflito e que pretendem vê-lo solucionado pelo Poder Judiciário.”

- Pressupostos de Validade do Processo: São eles a competência, a


insuspeição, a inexistência de coisa julgada e de litispendência, a capacidade
processual dos litigantes e a regularidade da petição inicial e da citação.
a) Competência: É uma parcela da jurisdição. “É o espaço geográfico e a
matéria em que o juiz pode analisar a questão que lhe é submetida.”
b) Insuspeição: O juiz não pode ser amigo íntimo ou inimigo de qualquer das
partes, não podendo também, é claro, ser parcial em seu julgamento, devendo
se pautar pela total imparcialidade.
c) Inexistência de coisa julgada: O juiz não pode decidir aquilo que já foi
decidido anteriormente por outro juiz. Assim, caso se verifique a coisa julgada
em determinado processo, o juiz não poderá reanalisar tal situação.
OBS: Há identidade de ações quando o pedido, a causa de pedir e as partes
forem as mesmas.
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d) Inexistência de litispendência: “O conflito de interesses não poderá ser
submetido duas vezes aos mesmo órgãos competentes. Se uma ação já está
em curso com as mesmas partes, causa de pedir e pedido, não é possível que
o autor ingresse com uma segunda ação, repetindo a primeira.”
e) Capacidade processual dos litigantes: As partes devem ser capazes para
proporem uma ação judicial, bem como para realizarem os atos processuais.
(Matéria de Direito Civil – Capacidade Civil)
f) Regularidade da petição inicial: A petição inicial deverá atender aos ditames
legais determinados. Caso contrário, a petição inicial será considerada inepta.
g) Regularidade da citação: A fim de que se promova o andamento do
processo, a citação deve ter sido realizada devidamente, sob pena de nulidade
absoluta desse ato. A citação representa a comunicação feita ao réu de que tem
uma ação tramitando contra si.
h) Pressupostos objetivos: Representa o pedido formulado ao juiz, a citação
do réu, a inexistência de litispendência e de coisa julgada.
i) Pressupostos subjetivos: Representa as questões relacionadas ao juiz
(jurisdição, competência e imparcialidade) e relativo às partes (capacidade para
ser parte, para estar em Juízo e capacidade postulatória).

- APLICAÇÃO DAS NORMAS DO DIREITO PROCESSUAL:


● Eficácia da Norma: “A eficácia representa a aplicação ou a execução da
norma jurídica. É a produção de efeitos jurídicos concretos ao regular as
relações. Aplicabilidade tem o sentido de pôr a norma em contato com fatos e
atos.”
Assim, a eficácia compreende a aplicabilidade da norma e se ela é
obedecida ou não pelas pessoas. Dessa forma, tem-se:
- Eficácia Global: Quando a norma é aceita por todos.
- Eficácia Parcial: Quando a norma é aceita parcialmente.
A eficácia da norma pode ser também dividida em relação ao tempo e ao
espaço:
a) Eficácia no Tempo: A eficácia no tempo refere-se à entrada da lei em vigor.
19
Assim, existem 3 teorias sobre a aplicação de novas normas de direito
processual:
a1) Teoria da Unidade do Processo: Por essa teoria, o processo é uno como
um todo, representando um complexo de atos que são inseparáveis uns dos
outros. Dessa forma, tal teoria defende que em caso de lei processual nova, esta
não poderá retroagir para alcançar atos processuais já praticados.
a2) Teoria da Autonomia nas fases do procedimento (Postulatória,
Instrutória, Decisória, Recursal e Executória): Por essa teoria, a lei
processual nova atingiria a fase processual que estivesse em curso, respeitadas
as fases encerradas, que já se tivessem praticados atos processuais com base
na lei processual anterior, uma vez que há autonomia em cada fase do
procedimento.
a3) Teoria da Aplicação Imediata da Regras de Direito Processual: Por essa
teoria, deve-se observar o isolamento dos atos processuais. Se o ato processual
já tiver sido praticado sob a égide da lei processual velha, não será atingido pela
nova lei processual. No entanto, se ainda não foi praticado o ato, deverá ser
praticado com base na lei processual nova. Essa é a teoria adotada pelo
ordenamento jurídico brasileiro!
OBS: As leis de Direito Processual entram em vigor a partir da data da
publicação da lei, tendo eficácia imediata, razão pela qual atinge os processos
em curso.
- Art. 14 do NCPC: A norma processual não retroagirá e será aplicável
imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais
praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada.
- Art. 2º do CPP: A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo
da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

b) Eficácia no Espaço: A eficácia no espaço refere-se ao território em que vai


ser aplicada a norma. A lei processual se aplica ao Brasil, tanto para os nacionais
20
como para os estrangeiros que se socorrerem das vias judiciais. Entretanto, no
caso de execução da sentença estrangeira, isso dependerá de homologação do
presidente do STJ (Art. 105, I, i, da CF)

- JURISDIÇÃO:
● Conceito: O Estado tem o poder e a obrigação de realizar/dizer o Direito
(direito material).
ius/iuris = Direito e dictio do verbo dicere = dizer → dizer o Direito

● Função da Jurisdição: Uma das funções do Estado é prestar a jurisdição,


estabelecendo-se a solução para o caso concreto. Assim, a jurisdição é uma
função do Estado decorrente da sua soberania, exercida por meio do Poder
Judiciário. Importante ressaltar que a jurisdição necessita da existência de lei
anterior estabelecendo o Direito, a fim deste ser aplicado, não podendo, portanto,
criar o Direito, como ocorria com os magistrados romanos.
● Elementos e Poderes da Jurisdição: São 5 os elementos da jurisdição,
segundo a doutrina clássica:
a) Notio: “É a faculdade de conhecer certa causa ou a faculdade de ser investido
da condição de decidir a lide, ordenando os atos respetivos.”
b) Vocatio: “É a possibilidade de fazer comparecer em juízo todas as pessoas
que sejam úteis à justiça e ao conhecimento da verdade.”
c) Coertio ou coertitio: “É o direito de fazer respeitar e de reprimir as ofensas
feitas ao juiz no exercício de suas funções.”
d) Iudicium: “É o direito de julgar e de proferir a sentença.”
e) Executio: “É o direito exercido em nome do poder soberano para tornar
obrigatória e coativa a obediência da decisão.”
Para a doutrina moderna, a jurisdição possui 3 poderes:
a) Poder de Decisão: Nesse poder, o juiz profere a sentença, seguindo os
ditames da lei e com efeito de coisa julgada.
b) Poder de coerção: Nesse poder, o juiz determina qualquer ato útil ao
desenvolvimento do processo. Ex: citação, execução, requisição de força policial
21
para cumprimento de sua determinação, etc.
c) Poder de documentação: Nesse poder, verifica-se a necessidade de
documentar os atos processuais perante os órgãos judiciais, de serem feitos por
escrito. Ex: ata de audiência, certidão de citação, etc.

● Características da Jurisdição:
a) Una (Unidade) e Indivisível (Indivisibilidade): A jurisdição é exercida em
todo o território nacional, havendo, portanto, uma unidade de jurisdição do Poder
Judiciário brasileiro. Importante ainda apontar que a jurisdição é indivisível,
havendo apenas uma divisão interna dentro do Poder Judiciário, com fins de
organização judiciária (justiça estadual, federal, trabalhista, eleitoral e militar).
b) Secundária (Secundariedade) – “ultima ratio”: A jurisdição deve ser
sempre a última alternativa da parte no tocante à busca de solução para a sua
controvérsia, na medida em que se verificam medidas alternativas de solução de
conflitos, tais como a mediação, a conciliação e a arbitragem, que poderão
propiciar, de maneira mais célere, o deslinde da contenda.
c) Substitutiva (Substitutividade): A jurisdição substitui a vontade das partes
pela vontade imperativa do Estado. Assim, a atividade privada é substituída pela
atividade pública.
d) Imparcial (Imparcialidade): A jurisdição deve ser imparcial, na medida em
que o juiz deve proferir uma decisão levando em consideração as alegações e
provas produzidas pelas partes, de maneira igualitária, não devendo ser parcial
ou tendencioso com qualquer das partes litigantes.
e) Criativa (Criatividade): A jurisdição se apresenta como um ato criativo do
juiz, na medida em que este irá proferir uma decisão diferente para cada caso
concreto que lhe é apresentado, inovando, portanto, na prestação jurisdicional.
f) Inércia: Não há jurisdição se não for proposta a ação, uma vez que o juiz não
pode agir de ofício, sem provocação da parte. Dessa forma, a jurisdição
permanece inerte, aguardando a iniciativa da parte.
g) Definitiva (Definitividade)/Imutável (Imutabilidade): Tal característica
representa o fato de que a sentença proferida pelo juiz transitará em julgado, não
22
podendo, portanto, ser modificada, não podendo ser mais discutida, reanalisada.
Dessa forma, o interesse do Estado prevalece sobre a vontade das partes, com
o objetivo final de pacificação social, evitando, por consequência, a eternização
da demanda. Nesse sentido, a decisão judicial opera a denominada coisa
julgada.
h) Imperativa (Imperatividade): A jurisdição decorre do fato de que a decisão
judicial é imposta, de maneira coercitiva, às partes, como forma de pacificação
da demanda. Dessa forma, o Estado impõe a sua decisão/o resultado aos
litigantes, que se submetem, portanto, aos seus ditames. Ex: caso uma das
partes não cumpra com o decidido em termos de uma condenação de
pagamento de quantia, o juiz poderá determinar a penhora de bens para
pagamento da dívida.
i) Inafastável (Inafastabilidade): Tal característica mostra que caso haja
provocação de uma das partes na solução jurisdicional do litígio, a outra não
poderá se recusar a tal atividade. A inafastabilidade da jurisdição é decorrente
do direito de ação.
Art. 5º, inciso XXXV, da CF: A lei não pode excluir da apreciação do Poder
Judiciário qualquer lesão ou ameaça a direito.
j) Indelegável (Indelegabilidade): A jurisdição do Estado não pode ser
delegada a alguém que não está investido dessa condição pelo Estado. Assim,
o juiz tem que exercer pessoalmente a jurisdição. Ex: o ato de oficial de justiça
que profere uma sentença é formalmente inexistente.

● Princípios da Jurisdição:
a) Princípio da Investidura: Por tal princípio, a jurisdição só pode ser exercida
por quem está legitimamente investido para tal fim, como ocorre com o juiz. Isso
também pode se dar com o árbitro, no caso das partes terem escolhido a
arbitragem como meio de solução de controvérsias.
b) Princípio do Juiz Natural: Por tal princípio, o juiz natural representa o juiz
competente de acordo com as regras gerais e abstratas previamente
estabelecidas, isto é, a determinação do juízo competente para a causa deve ser
23
feita com base em critérios impessoais, objetivos e pré-estabelecidos. Trata-se,
pois, de garantia fundamental que resulta da junção de dois dispositivos
constitucionais: proibição de juízo ou tribunal de exceção – Art. 5º, XXXVII, da
CF (aquele designado ou criado, por deliberação legislativa ou não, para julgar
determinado caso) e que determina que ninguém será processado senão pela
autoridade competente – Art. 5º, LIII, da CF. É uma das principais garantias
decorrentes da cláusula do devido processo legal. Substancialmente, a garantia
do juiz natural consiste na exigência da imparcialidade e da independência dos
magistrados.
c) Princípio da Indelegabilidade: Como já visto anteriormente, tal princípio
representa o fato do juiz exercer a atividade jurisdicional por delegação do
Estado, não podendo delegá-la a outra pessoa que não está investida dessa
condição como representante do Estado para dizer o Direito. Ex: sentença
proferida por juiz aposentado é inexistente, pois ele não tem mais jurisdição.
d) Princípio da Aderência ao território: Por tal princípio, o juiz exerce sua
atividade dentro de determinado território, que representa a sua comarca ou
como a lei determinar. Assim, o juiz irá exercer a sua jurisdição de acordo com
a previsão legal e nos limites da circunscrição territorial determinada pela lei de
organização judiciária local. Fora da sua jurisdição, o juiz não é juiz, mas sim um
cidadão comum. Ex: STF – tem jurisdição nacional; TJs – tem jurisdição sobre
determinado Estado.

● Classificação da Jurisdição:
a) Jurisdição quanto ao objeto:
a1) Jurisdição civil: Representa a função do Estado de dirimir os litígios não
penais (civis, administrativos, trabalhistas, etc), mediante a provocação por meio
de ação.
a2) Jurisdição penal: É a jurisdição exercida nas lides de natureza penal, em
que há denúncia do Ministério Público de um crime e o juiz tem de dizer se o
24
acusado é inocente ou culpado. Pode também haver ação proposta pelo próprio
ofendido contra o réu, caso em que se verifica a ação penal privada.

b) Jurisdição quanto ao critério do organismo judiciário:


b1) Jurisdição comum/ordinária: É exercida pela justiça estadual.
b2) Jurisdição especial: É exercida pela justiça trabalhista, eleitoral, militar e
federal.

c) Jurisdição quanto à gradação ou posição hierárquica:


c1) Jurisdição inferior: É a exercida pelo juiz de primeiro grau (juiz da vara)
c2) Jurisdição superior: É a exercida pelos Tribunais.

d) Jurisdição quanto à proveniência:


d1) Jurisdição legal: É a exercida pelos juízes.
d2) Jurisdição convencional: É a determinada pelas partes, em que optam por
solução da lide diversa da judicial, por pessoa ou órgão diverso do Poder
Judiciário, como ocorre no caso da arbitragem (árbitros).

e) Jurisdição quanto à fonte de direito:


e1) Jurisdição de direito: É aquela em que p juiz aplica o direito ao caso
concreto.
e2) Jurisdição de equidade: É aquela em que a lei autoriza o juiz a decidir por
equidade.

f) Jurisdição quanto à forma:


f1) Jurisdição contenciosa: É a exercida pelo juiz em razão de um litígio,
havendo a necessidade do juiz decidir a questão, dizendo o direito da parte.
Assim, a jurisdição contenciosa é qualificada pelo fato de existir uma pretensão
da parte posta em Juízo que precisa ser solucionada pelo Estado. Aqui existem
partes e processo, produzindo-se coisa julgada.
25
f2) Jurisdição voluntária/administrativa ou graciosa: Não existe lide, não
havendo partes, mas sim interessados. Representa verdadeira administração
pública de interesses privados. Assim, não existe processo, mas mero
procedimento, em que não se produz coisa julgada, possuindo apenas um
caráter constitutivo. Exs: suprimento de consentimento para o casamento,
autorização para a venda de bens de menores, autorização do juiz para o menor
viajar, emancipação, divórcio consensual, partilha consensual de bens entre as
partes, etc.

● Limites da Jurisdição:
a) Limite espacial: A jurisdição tem que ser exercida no local em que a lei
determina para o juiz.
b) Limite subjetivo (se relaciona às pessoas): “A jurisdição brasileira se impõe
aos brasileiros e a todas as pessoas que estejam no território nacional.” Exceção:
imunidades diplomáticas.

- AÇÃO: vem de actio – atuar em Juízo.


● Conceito: É o meio de se provocar a jurisdição. É o direito público subjetivo a
um pronunciamento estatal que solucione o litígio, que confira ao cidadão o
poder de exigir do Estado uma prestação jurisdicional a cargo do Poder
Judiciário, a fim de se restabelecer a ordem violada (Direito de Ação do cidadão).

● Teorias da ação:
a) Teoria Imanentista ou clássica: Para tal teoria, a ação representava o direito
de pedir em juízo o que nos é devido, seria um capítulo do direito privado. Nessa
fase, importante apontar que não se distinguia direito de ação do direito material
e a ação seria, portanto, o direito reagindo a uma violação.
Para Savigny, o direito de ação ou o direito de agir em juízo estava ligado
diretamente com a existência do correspondente direito material. Assim, não
haveria ação sem direito, nem direito sem ação. Foi essa a teoria adotada no
26
Código Civil de 1916, sendo que o de 2002 não reproduziu tal ideia, pois entende
que se o pedido do autor é rejeitado em Juízo, fica claro que não existia direito
material, mas o direito de ação já foi exercido.

b) Teoria de Windscheid-Muther: Para Muther, se distinguia o direito lesado de


ação. Assim, para ele, nascem, do direito de ação, 2 direitos de natureza pública:
b1) Direito do ofendido à tutela jurídica do Estado;
b2) Direito do Estado a eliminar a lesão, em relação à pessoa que o praticou.
Dessa forma, a ação seria um direito contra o Estado para invocar a sua
tutela jurisdicional, sendo considerado um direito público subjetivo.

c) Teoria do direito autônomo: Para tal teoria, a ação é um direito autônomo,


uma vez em que há ações sem direitos materiais, bem como há direitos materiais
sem ações. Dessa forma, a ação vem a ser um direito próprio, autônomo,
totalmente desvinculado do direito material.

c1) Ação como direito autônomo e concreto (Teoria alemã – Adolph Wach
- 1885): Para tal teoria, a ação é um direito autônomo, uma vez que não possui
relação com o direito material violado ou ameaçado. Assim, a ação representa o
direito daquele a quem é devida a tutela jurídica, sendo, tal pretensão, um direito
público contra o Estado.
A pretensão da tutela jurídica é o meio pelo qual se permite fazer valer o
direito, mas não é o direito. Dessa forma, a tutela jurisdicional só pode ser
satisfeita pela sentença que julga o pedido favorável do autor. Se o rejeitar, o
direito material não existia. Por fim, a ação é considerada como um direito
potestativo (contra todos), uma vez que se dirige contra o Estado, mas também
contra o réu, o qual se exige uma sujeição. Ao direito de ação ninguém pode se
opor.

c2) Ação como direito autônomo e abstrato (Teoria alemã – Degenkolb –


1877): Para tal teoria, a ação é desvinculada da pretensão dos que a exercitam
27
e independe do direito material postulado, existindo tal direito mesmo quando a
sentença justa rejeita o pedido do autor.
Assim, o direito de ação depende da tutela do Estado e se configura pelo
fato de que a pessoa faz referência a um interesse. Assim, o ofendido deve
solicitar a intervenção do poder jurisdicional do Estado, que toma para si a
exclusividade da tutela. É um direito público subjetivo do indivíduo contra o
Estado e este, por sua vez, intervém eliminando os obstáculos que a incerteza
ou a inobservância da norma aplicável ao caso concreto possam opor à
realização dos interesses tutelados.
Para Emílio Betti, a pretensão representa uma situação de direito,
abstratamente idônea, feita pela parte. Assim, a ação é o poder de dar início ao
processo, é o poder jurídico de provocar a atuação jurisdicional da lei com
referência a determinada pretensão. A ação seria proposta, então, contra o
adversário e não contra o Estado.
Para Francesco Carnelutti, a ação é um direito abstrato e de natureza
pública, mas é dirigida contra o juiz, e não contra o Estado, ou melhor, é proposta
contra o réu. Por fim, entende que a ação é um direito subjetivo processual das
partes.

d) Teoria de Liebman: “Para Liebman, o direito de ação é um direito subjetivo


instrumental. É mais do que um direito, um poder ao qual não corresponde a
obrigação do Estado. O Estado tem interesse na distribuição da justiça. Entende
que foi exercida a função jurisdicional quando o juiz pronuncia a sentença de
mérito, analisando a pretensão material deduzida em juízo. Entretanto, o juiz
pode extinguir o processo sem resolução de mérito.”
● Natureza jurídica da ação: “O direito de ação é decorrente do direito de
petição, autônomo do direito material, sendo um direito público subjetivo
da parte invocar a tutela jurisdicional, que é prestada pelo estado, e não pelo
particular, como ocorreria na arbitragem ou na mediação. A própria Constituição
assegura o direito de livre acesso ao Judiciário, não excluindo da apreciação
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deste a lesão ou ameaça de qualquer direito (Art. 5º, XXXV). É direito subjetivo,
pois se trata de faculdade de agir, de ajuizar a ação, e não de obrigação legal.”

● Elementos da ação: Os elementos da ação são os sujeitos, a causa de pedir


e o pedido.
a) Sujeito da ação: Como já visto anteriormente, o sujeito da ação representa a
pessoa que pode ingressar com um processo perante o Judiciário, bem como a
pessoa que tem um processo contra si (o réu).

b) Causa de Pedir (causa petendi): Pressupõe a existência de um direito


material assegurado ao autor, o qual gerou a pretensão resistida. Assim, esta
será a base para o pedido, que é a consequência da pretensão resistida.
Importante apontar que a causa de pedir compreende 2 searas:
b1) Fundamentos de fato – Causa de pedir próxima ou imediata: É o fato
que dá origem ao direito. São os FATOS JURÍDICOS! Ex: contrato.
Teoria da Individuação/Individualização: Tal teoria afirma que a causa de
pedir é composta pelos fatos jurídicos, também chamados de fatos essenciais
ou principais (Narrativa dos fatos exigidos). Assim, os fatos essenciais (fatos que
tenham consequências jurídicas à demanda) descritos na inicial são tidos como
“causa de pedir próxima, imediata” do pleito judicial.
b2) Fundamentos de direito/jurídicos – Causa de pedir remota ou mediata:
É o direito que fundamenta o pedido do autor. São os FUNDAMENTOS
JURÍDICOS! O pedido é a conclusão de tudo o que foi narrado na exordial.
Teoria da Substanciação/Substancialização: Tal teoria preleciona que a
causa de pedir é composta pelos fatos jurídicos e pelos fundamentos jurídicos,
cabendo ao autor alegar os fatos constitutivos de seu direito. Importante apontar
que o novo CPC adotou a “teoria da substanciação”, onde os fatos jurídicos têm
maior relevância ao julgamento da causa (Art. 319, III, do NCPC).
Assim, fato e fundamento jurídico devem guardar nexo com o pedido. É
dizer, o efeito jurídico almejado na demanda deve corresponder ao fato que
serve de alicerce à sua pretensão de fundo. Ex: se peço a reintegração de posse
29
de um terreno, há de existir um fato condizendo com uma indevida invasão por
um terceiro.
OBS: Fundamentos jurídicos ≠ Fundamentos legais.
- Fundamento legal: Diz respeito à norma jurídica com a qual o autor entende
ser o agasalho de sua pretensão. Note que a norma revela que há tão só a
necessidade de evidenciar-se, com a exordial, os fatos e os fundamentos
jurídicos. Por isso há o brocardo “jura novit curia, narra mihi factum, dabo tibi jus”
(“Dá-me os fatos que te darei o direito”).
- Fundamento jurídico: Especifica qual o enquadramento jurídico dos fatos
narrados. Ex: o autor expõe que o inquilino não pagou 2 meses de aluguéis,
incorrendo em infração contratual e legal, permitindo, com isso, o despejo.

c) Pedido (objeto da ação - petitum): O objeto da ação então representa o


pedido de obtenção de um pronunciamento judicial, que pode ou não ser
favorável ao autor. O pedido se divide em 2:
c1) Pedido imediato ou direto: É o que se pretende que o Poder Judiciário
assegure à parte. É o que o autor deseja diretamente. Indica a natureza da
providência solicitada. Ex: declaração da relação jurídica, condenação do réu,
execução de quantia, etc.
c2) Pedido mediato ou indireto: É o que o autor pretende ver assegurado, o
bem material ou imaterial postulado. É o bem da vida pretendido, é o resultado
prático que o demandante espera conseguir com a tomada daquela providência.
Ex: quantia em dinheiro ou bem que se encontre em poder do réu – no caso de
um pedido imediato de execução.

● Classificação das Ações Individuais:


- Quanto ao Número de Autores:
a) Ações Individuais: Em que há um único autor no polo ativo;
b) Ações Plúrimas: Em que existem vários autores no polo ativo da demanda;
c) Ações Coletivas: Ação em que se verifica um número indeterminado de
pessoas que se beneficiam com a tutela jurisdicional. Ex: dissídios de greve.
30

- Quanto à Providência Jurisdicional:


As ações individuais podem ser classificadas como:
a) Ações de Conhecimento: São as que buscam a solução de dado conflito de
interesses ou de uma pretensão resistida (assegura-se se o direito é devido ou
não).
As ações de conhecimento, como já visto anteriormente, ainda podem ser
divididas em ações declaratórias, constitutivas e condenatórias.

b) Ações Executórias: Já vista anteriormente.


c) Tutelas Cautelares: Já vista anteriormente.
d) Ações Mandamentais: Visam a que a autoridade cumpra uma ordem,
fazendo ou deixando de fazer algo. Referidas ações são classificadas da
seguinte forma:

d1) Quanto ao procedimento:


- Procedimento comum: Procedimento geral das maiorias das ações;
- Procedimentos especiais: Compreendem ritos diferenciados para certas
ações, que, depois de contestadas, seguem o rito ordinário.

d2) Quanto ao objeto:


- Ações mobiliárias: São as que dizem respeito a bens móveis. Ex: ação para
se exigir o pagamento de um cheque.
- Ações imobiliárias: São as que dizem respeito a bens imóveis. Ex: ação de
imissão na posse, ação de reintegração de posse, ação de despejo, etc.
d3) Quanto ao fim:
- Ações Reipersecutórias/Pessoais: Nessas ações, o pedido é do que é devido
à pessoa ou do que está fora do seu patrimônio. Assim, a ação pessoal ou
reipersecutória visa relacionar se existe alguma ação em nome do proprietário
atual do imóvel, decorrente de uma obrigação acordada e não honrada pelo
devedor, que repercutiu sobre o imóvel tomando-o do proprietário, e entregando-
31
o à um terceiro. Ex: ação pauliana - é cabível quando estiver caracterizada a
fraude contra credores prevista no artigo 158 do Código Civil. Assim, quando o
devedor, em estado de insolvência, realiza um negócio de transmissão de bens
onerosa (compra e venda), gratuita (doação) ou remissão (perdão) de dívida, os
credores quirografários, ou seja, que não têm garantia real, podem pleitear a
anulação do ato por ser lesivo aos seus direitos.
- Ações Penais: São as que se pedem uma penalidade. Ex: clausula penal,
multa contratual, etc.
OBS: A clausula penal é também conhecida como multa convencional ou sanção
civil que se impõe à parte que não cumprir a obrigação contratual na sua
totalidade ou por descumprimento parcial de alguma de suas cláusulas especiais
ou ainda simplesmente retardar o seu cumprimento.

- Ações Mistas: Sãos as ações em que há aspectos reipersecutórios e penais


ao mesmo tempo. Ex: ação de sonegação de bens em inventário – pede-se a
devolução dos bens ao espólio, com a cominação de pena, importando, ainda, a
destituição do inventariante no espólio.

● Classificação das Ações Coletivas: Os dissídios coletivos podem ser


divididos em:
a) Dissídios coletivos de natureza econômica/de interesse: Tem por objeto
a criação de novas condições de trabalho, ou a modificação das já existentes.
Ex: criar novas condições de trabalho para determinada categoria.
b) Dissídios coletivos de natureza jurídica/de direito: Visam apenas
interpretar certa norma, declarando-se seu conteúdo ou sua aplicação correta.
Ex: declarar a legalidade ou a ilegalidade de uma greve.
● Condições da Ação:
a) Possibilidade Jurídica do Pedido: O pedido do autor tem de estar amparado
por uma norma de direito material que o assegure.
OBS: - Atualmente, o NCPC não mais considera a possibilidade jurídica do
32
pedido como condição da ação. Deve, portanto, ser considerado mérito, de
analisar se existe ou não o direito da parte.
- No processo penal, exemplo clássico de impossibilidade jurídica do pedido é a
ausência de tipicidade da conduta da pessoa.

b) Interesse de Agir: “É o interesse da parte de recorrer ao Judiciário para a


obtenção do reconhecimento de um direito ameaçado ou violado. É a
necessidade de obter o provimento postulado, em razão de que não foi satisfeito
pelo réu. Faltará interesse de agir se a parte puder obter a sua postulação sem
a intervenção do Poder Judiciário”. Ex: empregado não pode pretender a
indenização em dobro, em decorrência de ser estável, se não foi despedido.
Falta interesse de agir.
OBS: O interesse de agir compreende o seguinte trinômio:
- Utilidade: Tem o sentido de obter o resultado útil na utilização do Poder
Judiciário.
- Necessidade: É o fato de que, sem a intervenção do Poder Judiciário, não irá
o autor obter o seu direito, pois a parte contrária se nega a satisfazê-lo.
- Adequação: É a situação em que o autor pretende ver obtido o provimento
jurisdicional pedido, visando corrigir aquilo que pretende e não é satisfeito pelo
réu.
Assim, o interesse processual de agir representa a utilidade e a
necessidade de ajuizar a ação para obter a tutela jurisdicional em razão da
resistência do réu.
c) Legitimidade da parte (“Ad causam”): Deve haver identidade da pessoa
que faz o pedido (autor) com a pessoa a que a lei assegura o direito material,
devendo o mesmo ocorrer com o polo passivo da ação, ou seja, esta deve ser
proposta contra pessoa que nega o direito pretendido pelo autor. Ex: o
empregado não pode mover ação trabalhista contra empresa na qual não
trabalhou.
A legitimação pode ser:
- Legitimação para a causa (legitimatio ad causam): Diz respeito ao direito de
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ação para determinada demanda. A ação só pode ser proposta por quem é o
titular do direito, é a legitimação para agir. Ex: o empregado não pode mover
ação trabalhista contra empresa na qual não trabalhou.

- Legitimação para o processo (legitimatio as processum): Refere-se à


relação jurídico-processual, quanto a qualquer processo. É a capacidade
processual genérica de estar em Juízo, é a legitimação formal.
A legitimação pode ser ainda:
- Legitimação ordinária ou comum: Ocorre quando o próprio titular do direito
é quem ajuíza a ação. Representa a grande maioria das ações;
- Legitimação extraordinária: Ocorre quando a lei autoriza que terceiro postule
e nome próprio direito de outra pessoa. Ex: condomínio – ajuíza ação em seu
nome, mas em nome dos condôminos;
- Legitimação exclusiva: Se dá quando apenas uma pessoa detém a
legitimidade para atuar em juízo;
- Legitimação concorrente: Se dá quando a ação puder ser proposta tanto pelo
titular do direito como por terceiro. Ex: ação civil pública.

PROCESSO É o meio pelo qual se vale o Estado


para o exercício de sua função
jurisdicional e diz o direito no caso
concreto. É o meio de pacificação
social para a solução de conflitos.
É o instrumento da jurisdição.
PROCEDIMENTO São os atos praticados no
desenvolver do processo (dentro do
processo) para se chegar ao resultado
final buscado no exercício do direito
de ação.

34
DIREITO MATERIAL
(Cidadão)

JURISDIÇÃO
(Estado)

AÇÃO
(Cidadão)

PROCESSO
(Estado)

PROCEDIMENTO
(Estado)

- COMPETÊNCIA:
● Conceito: A palavra competência vem do latim competentia, de competere
(estar no gozo ou no uso de, ser capaz, pertencer ou ser próprio). A competência
é entendida como uma parcela da jurisdição, dada a cada juiz.
Assim, para “Liebman, a competência é a quantidade de jurisdição cujo
exercício é atribuído a cada órgão, ou seja, a medida da jurisdição. A jurisdição
é exercida na medida estabelecida na Constituição e nos limites da lei. É a parte
da jurisdição atribuída a cada juiz, ou seja, a área geográfica e o setor do Direito
em que vai atuar, podendo emitir suas decisões. É uma delimitação da
jurisdição”. (É O LIMITE/A MEDIDA/A QUANTIDADE DE JURISDIÇÃO)
OBS: A competência não abrange a jurisdição, mas sim está contida nela.
COMPETÊNCIA
JURISDIÇÃO ←
35

● Classificação da Competência:

● Competência Originária e Derivada/Decorrente:


a) Competência Originária: É a atribuída originariamente a determinado órgão
e não a outro, em que o processo não se inicia no primeiro grau de jurisdição.
Ex: STF julga originariamente as infrações penais comuns do presidente da
república, do vice, dos membros do Congresso Nacional, dos Ministros de
Estado e do Procurador Geral da República (Art. 102, I, b, da CF).
b) Competência Derivada/Decorrente: É aquela que decorre da previsão legal.
Ex: competência da justiça do trabalho (Art. 114, IX, da CF).

● Competência interna ou internacional:


a) Competência Interna: Se refere aos órgãos competentes no território
brasileiro. Representa a distribuição da competência entre os juízes brasileiros.
b) Competência Internacional: Envolve aspectos de direito internacional ou
que tenha incidência em relação a estrangeiros.
Exs: - Art. 12 da LINDB: É competente a autoridade judiciária brasileira,
quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a
obrigação;
- Art. 21 do NCPC: Compete à autoridade judiciária brasileira processar e
julgar as ações em que:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no
Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se
domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência,
filial ou sucursal;
- Art. 23 do NCPC: Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão
de qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de
testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no 36
Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou
tenha domicílio fora do território nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável,
proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
- Art. 24 do NCPC: A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça
da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições
em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no
Brasil.
Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não
impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida
para produzir efeitos no Brasil.

● Competência Objetiva e Subjetiva:


a) Competência Objetiva: É a que decorre da previsão da lei, observando a
natureza da causa (matéria), o valor, os limites das circunscrições judiciárias e o
aspecto funcional.
b) Competência Subjetiva: Se refere aos sujeitos, às pessoas. Ex: competência
pessoal.

● Competência Absoluta e Relativa:


a) Competência Absoluta: Se refere à matéria de ordem pública absoluta,
podendo o juiz declará-la de ofício (Art. 64, §1º, do NCPC: A incompetência,
absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação.
§1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau
de jurisdição e deve ser declarada de ofício.). Essa incompetência era antes
arguida em exceção de incompetência.
Ex: competência em razão da matéria e em razão das pessoas.
OBS: A incompetência absoluta é improrrogável.
b) Competência Relativa: Aqui, não se verifica matéria de ordem pública
absoluta, mas sim norma de ordem pública relativa, que se direciona à parte e
não ao juiz, ao interesse dela exclusivamente, devendo, portanto, ser arguida em
momento próprio e pela parte. Ex: competência em razão do valor,
incompetência em razão do lugar ou de foro, competência pela situação do
37
imóvel, etc.
OBS: 1) Prorroga-se a competência relativa e não a absoluta se o réu não a
alegar em preliminar de contestação - Art. 65 do NCPC: Prorrogar-se-á a
competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de
contestação.
2) A competência relativa poderá ser modificada pela conexão e pela continência
(Art. 54 do NCPC):
a) Conexão (Art. 55 do NCPC): Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações
quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.
§1º: Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta,
salvo se um deles já houver sido sentenciado. Ex: as execuções fundadas no
mesmo título executivo.
b) Continência (Art. 56 do NCPC): Dá-se a continência entre 2 (duas) ou
mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir,
mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. Ex: José
entra com ação contra Maria, na 1ª Vara Cível de São Paulo, com os seguintes
pedidos:
A) alimentos

Maria entra com ação contra José, na 2ª Vara Cível de São Paulo, com os
seguintes pedidos:
A) alimentos
B) averiguação de paternidade
C) indenização por danos morais.
Nesse caso, a ação da 1ª Vara Cível será apensada na da 2ª Vara, pois a
primeira ação está "contida" na segunda!
PARTES PEDIDO CAUSA DE
PEDIR
LITISPENDÊNCIA X X X
CONEXÃO X X
38
CONTINÊNCIA X X

3) Diferentemente do que ocorre com a competência absoluta, a relativa pode


ser modificada por convenção das partes.

● Competência Comum ou Ordinária e Especial:


a) Competência Comum/Ordinária: É a estabelecida para a Justiça Estadual
ou Federal, por intermédio da CF ou da lei.
b) Competência Especial: É a atribuída às Justiças do Trabalho, Eleitoral e
Militar.

● Competência em Razão da Matéria/Material (“Ex Ratione Materiae”): Tal


competência se refere à matéria que o juiz pode examinar em determinado local.
Importante apontar que a lei muitas vezes atribui ao juiz a competência em
função de questões políticas ou de questões de ordem mais prática.
a) Competência em razão da matéria do STF: Vide Art. 102, Inciso I, Alíneas
a, b, c, d, g, i, j, l, m, o, p, q, Inciso II, alíneas a e b e Inciso III, alíneas a, b, c
e d, da CF.
b) Competência em razão da matéria do STJ: Vide Art. 105 da CF, Inciso I,
alíneas a, b, c, d, e, f, g, h, e i, Inciso II, alíneas a e b e Inciso III, alíneas a,
b e c.
c) Competência em razão da matéria dos Tribunais Regionais Federais:
Vide Art. 108, Incisos I e II completos, da CF (Competência dos TRFs) + Art.
109, Incisos III, IV, V, V – A, VI, VII, VIII, IX, X e XI, da CF (Competência dos
Juízes Federais).
OBS: - Compete à justiça federal processar e julgar a execução fiscal promovida
por Conselho de fiscalização profissional (Súmula 66 do STJ).
- É competente a justiça federal para processar e julgar crime de falso
testemunho no processo trabalhista (Súmula 165 do STJ).
d) Competência em razão da matéria da Justiça do Trabalho: Vide Art. 114,
39
todos os incisos, da CF.
e) Competência em razão da matéria da Justiça Estadual: De maneira
residual, a justiça estadual versará acerca de matérias que não foram acima
apontadas, se dividindo da seguinte forma:
- Varas da Infância e Juventude: Tem competência para decidir as questões
relativas a registro civil, capacidade, poder familiar, tutela, suprimento de idade
e consentimento para casar, adoção, alimentos, etc.
- Varas de Família e Sucessões: Te, competência para decidir as questões
relacionadas a família, separação, divórcio, inventários, partilha de bens, etc.
- Varas de Falência: Competente para analisar as questões atinentes a falência
e recuperação judicial.
- Varas Cíveis: Competente para analisar outras matérias cíveis, bem com as
empresariais.
- Varas Criminais: Competente para decidir sobre as questões penais.
- Varas de Registros Públicos: Competente para analisar questões atinentes
aos registros (nascimento, casamento), etc.
OBS: Acidente do trabalho (Súmula 15 do STJ) – Referida súmula entendeu
que a competência para julgar questões relativas a acidente do trabalho
propostas pelo segurado contra o INSS é da justiça estadual.
Tal súmula se pautou por tal entendimento em razão de não se formar
relação de trabalho entre o prestador de serviços (segurado) e o INSS, mas sim
uma relação de seguridade social, de direito público. Assim, a justiça do trabalho
apenas tem competência para dirimir controvérsias entre o prestador de serviços
e o tomador de serviços e não entre o segurado e o INSS, razão pela qual tal
matéria não se enquadra no Art. 114, inciso I, da CF.
Além disso, deve se atentar ao detalhe de que o acidente do trabalho,
muitas vezes, traz repercussões penais, tais como a morte ou a lesão corporal
do segurado, razão pela qual a competência seria da justiça estadual.
Importante ainda apontar que os pedidos oriundos do acidente do trabalho
irão versar sobre: - pedido de auxílio - doença acidentária; - pedido de
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aposentadoria por invalidez acidentária; - pedido de auxílio - acidente e pedido
de pensão por morte acidentária.
f) Competência da Justiça Militar: Vide Art. 124 da CF – Compete processar
e julgar os crimes militares definidos em lei.

● Competência em Razão das Pessoas/Pessoal (“Ex Ratione Personae”): É


a competência que diz respeito às pessoas envolvidas no litígio.
a) Competência pessoal do STF: Vide Art. 102, Inciso I, alíneas e, f, n e r, da
CF.
b) Competência pessoal do STJ: Vide Art. 105, Inciso II, alínea c, da CF.
c) Competência pessoal dos juízes federais: Vide Art. 109, Incisos I e II, da
CF.
d) Competência pessoal da Justiça do Trabalho: Possui competência para
julgar questões relativas entre empregados e empregadores.
OBS: - A justiça do trabalho é competente para apreciar reclamação do
empregado que tenha por objeto direito fundado no quadro de carreiras (Súmula
19 do TST);
- A justiça do trabalho é competente para julgar questões ambientais do trabalho
contra o empregador, inclusive por meio de ação civil pública;
- Compete a justiça do trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir
o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde
dos trabalhadores (Súmula 736 do STF).
e) Competência pessoal da Justiça Estadual: Se a localidade tiver Vara da
Fazenda Pública, poderá a justiça estadual julgar matérias relativas à Fazenda
Pública Estadual e Municipal.
OBS: - Compete à justiça estadual processar e julgar ação de servidor estadual
decorrente de direitos e vantagens estatutários no exercício de cargo em
comissão (Súmula 218 do STJ);
- Compete à justiça estadual processar e julgar ação de cobrança ajuizada por
profissional liberal contra o cliente (Súmula 363 do STJ).
41

● Competência em razão do valor: O que determina a competência aqui será


o valor dado a causa.
Exs: - Questões de até 40 salários mínimos são propostas perante os Juizados
Especiais Cíveis – JECs (Art. 3º, Inciso I, da Lei nº 9.099/1995);
- Questões de até 60 salários mínimos em causas de competência da justiça
federal são propostas perante os Juizados Especiais Federais – JEFs (Art. 3º da
Lei nº 10.259/2001).

● Competência territorial (Competência em razão do lugar – “Ex Ratione


Territorii”/”Ex Ratione Loci”): É aquela que indica o lugar em que o juiz tem
competência para atuar.
a) Geral: É a determinada pelo domicílio do réu, desde que fundada em direito
pessoal ou em direito real sobre bens móveis (Art. 46 do NCPC);
OBS: Art. 53 do NCPC: É competente o foro:
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento
ou dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;rr
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do
casal;
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem
alimentos;
III - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica
contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou
associação sem personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o
cumprimento;
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no
respectivo estatuto;
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano
por ato praticado em razão do ofício;
IV - do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano 42
sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.

b) Especial: É a determinada em razão das pessoas, das coisas ou dos fatos.


- Competência de razão das pessoas: Ex: As causas em que a União for autora
serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte (Art. 109,
§1º, da CF).
- Competência em razão das coisas: Nas ações fundadas em direito real sobre
bens imóveis é competente o foro da situação da coisa (Art. 47 do NCPC).
- Competência em razão dos fatos: Será fixada a competência pelo domicílio
do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão
de delito ou acidente de veículo, inclusive aeronaves (Art. 53, inciso V, do
NCPC).
E, certos casos, a delimitação da competência é estabelecida pelo
território:
● TJ → Tem competência no respectivo Estado;
● TRF → Tem competência na área estabelecida na lei que o criou. Ex: TRF da
3ª Região tem jurisdição sobre os Estados de São Paulo e de Mato Grosso do
Sul, tendo sede na cidade de São Paulo.
OBS: No Brasil, existem 5 Regiões Judiciárias da Justiça Federal, distribuídas
da seguinte forma:
1ª Região - Acre, Amapá, Amazonas, Bahia; Distrito Federal, Goiás, Maranhão,
Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins. Com
a sede no Distrito Federal.
2ª Região - Espírito Santo e Rio de Janeiro. Com a sede no Rio de Janeiro.
3ª Região - Mato Grosso do Sul e São Paulo. Com a sede em São Paulo.
4ª Região - Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Com a sede em Porto
Alegre/RS.
5ª Região - Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e
Sergipe. Com a sede em Recife/PE.

43

LEGENDA:
Tribunal Regional Federal da 1ª Região
Tribunal Regional Federal da 2ª Região
Tribunal Regional Federal da 3ª Região
Tribunal Regional Federal da 4ª Região
Tribunal Regional Federal da 5ª Região

● TRT → No Brasil, existem 24 Regiões da Justiça do Trabalho, que possuem


competência para analisar questões atinentes ao Direito do Trabalho,
distribuídas da seguinte forma:
 Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (Rio de Janeiro)
 Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (São Paulo - Capital)
 Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (Minas Gerais)
 Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (Rio Grande do Sul)
 Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (Bahia)
 Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (Pernambuco)
 Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (Ceará)
 Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (Pará e Amapá)
 Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (Paraná)
 Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (Distrito Federal e
Tocantins)
 Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (Amazonas e Roraima)
44
 Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (Santa Catarina)
 Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região (Paraíba)
 Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (Acre e Rondônia)
 Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas)
 Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região (Maranhão)
 Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (Espírito Santo)
 Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (Goiás)
 Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (Alagoas)
 Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região (Sergipe)
 Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (Rio Grande do Norte)
 Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região (Piauí)
 Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região (Mato Grosso)
 Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (Mato Grosso do Sul)
 Tribunal Superior do Trabalho (Brasília/DF)

● Juízes de Direito → Atuam na sua Comarca;


● Juízes do Trabalho → Atuam na área de jurisdição determinada pela lei
federal que criou a Vara.

OBS: - Foro de Eleição: É aquele em que as partes, em um contrato, acordam


no sentido de que qualquer pendencia será resolvida em determinado
local/determinada cidade. É muito utilizado no Direito Civil (direito contratual).
- Processo do Trabalho: A regra é a ação ser proposta no último local da
prestação de serviços do empregado (Art. 651 da CLT).
- Processo Penal (“Forum Delicti Commissi”): “A competência será, de regra,
determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa,
pelo lugar em que for praticado o último ato de execução”. (Art. 70 do CPP)
Não se conhecendo o local da infração, a competência será determinada
pelo domicilio ou residência do réu (Art. 72 do CPP)
45

● Competência funcional: É estabelecida em razão das funções


desempenhadas pelo juiz em cada processo.
- Juiz Singular: julgas as questões que lhe são submetidas, por sentença.
- Tribunal: É composto por 3 juízes, em que o relator apresenta o seu voto, que
é analisado pelo revisor e pelo terceiro juiz, proferindo, ao final, um acórdão.

● Perpetuação da Jurisdição (“Perpetuatio Iurisdictionis”): A competência


do juiz perdura até o final da demanda. É o que se chama de perpetuação da
jurisdição. Assim, o juiz competente para conhecer e decidir a postulação
continua competente até que se esgote a sua função jurisdicional com a decisão
da causa.
A competência é determinada no momento da distribuição da petição
inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato (mudança de
endereço do réu, do valor da coisa, etc) e do estado do direito (incorporação de
um imóvel por outro município), salvo quando suprimirem órgão judiciário (a ação
continuará no seu sucessor) e alterarem a competência absoluta (o processo
segue no órgão para o qual foi designado) – Art. 43 do NCPC.

● Conflitos de Competência: Tal conflito ocorre quando dois ou mais juízos se


derem por competentes ou por incompetentes.
Assim, o conflito de competência ocorre quando: Art. 66 do NCPC
a) 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes: Esse é o denominado
Conflito de Competência Positivo;
b) 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao
outro a competência: Esse é o denominado Conflito de Competência Negativo;
c) entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou
separação de processos.
OBS: Pode o conflito ser suscitado pelas partes, pelo juiz ou pelo MP (Art. 951
do NCPC).

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● Competência por Distribuição: No processo civil, a distribuição da petição
inicial torna prevento o juízo (Art. 59 do NCPC). Juiz prevento é aquele que
tomou contato com o processo em primeiro lugar em relação aos outros.
“Prae venire” = chegar primeiro.

- PODER JUDICIÁRIO (Art. 2º e Arts. 92 a 135 da CF): Diante do princípio da


Separação dos Poderes, o art. 2º da CF determina que: “São poderes da União,
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
O Poder Judiciário é nacional, mesmo que os Estados possuam
competência para criar a justiça estadual, esta pertence ao Poder Judiciário
como um todo. Além disso, ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
administrativa e financeira (Art. 99 da CF).
O Poder Judiciário é composto pelos seguintes órgãos: Art. 92 da CF
1) Supremo Tribunal Federal – STF;
2) Conselho nacional de Justiça - CNJ;
3) Superior Tribunal de Justiça – STJ;
4) Tribunal Superior do Trabalho – TST;
5) Tribunais Regionais Federais e juízes federais – TRFs;
6) Tribunais e juízes do trabalho - TRTs;
7) Tribunais e juízes eleitorais – TREs;
8) Tribunais e juízes militares;
9) Tribunais e juízes dos Estados, do DF e dos Territórios – TJs.

● Órgãos Não Jurisdicionais:


a) Conselho nacional de Justiça (CNJ) – Arts. 92, I-A e 103 - B, da CF: Com
sede em Brasília, é composto por 15 membros.
b) Ouvidorias dos Tribunais: Possui competência de receber as reclamações
e as denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder
Judiciário ou contra os seus sérvios auxiliares, representando diretamente ao
CNJ – Art. 103 – B, §7º, da CF.
c) Escolas de Magistratura – Art. 93 da CF e Lei Complementar nº 35/1979:
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O Estatuto da Magistratura conterá a previsão de cursos oficiais de preparação,
aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória do
processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou reconhecido por
escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrado – Art. 93, IV, da
CF.

● Princípios do Poder Judiciário:


a) Independência: A independência do Poder Judiciário é caracterizada pelas
garantias da vitaliciedade, da inamovibilidade e da irredutibilidade de subsídios.
De fato, as garantias dos juízes são uma forma de assegurar a independência
do Poder Judiciário e de suas decisões, assegurando à sociedade a
independência e a imparcialidade das decisões proferidas pelo Judiciário.
OBS: Vide Art. 96 da CF – competência privativa dos Tribunais.
Os critérios de ingresso na magistratura podem ser:
OBS: Magistrado é o membro da Magistratura, gênero de que são espécies os
ministros, desembargadores e juízes.
1) eleição pelo voto popular. É feita dessa forma nos Estados Unidos e o juiz
faz campanha para ser eleito. A única questão que gera discussão é se for eleito
alguém que despreparado para a política e que não terá condições efetivas de
desempenhar bem as suas atribuições;
2) livre escolha do Poder Executivo. Escolha dos Ministros do STF pelo
Presidente da República. Também possui o inconveniente de se acabar
escolhendo uma pessoa despreparada e que seja apenas amigo do presidente.
3) nomeação pelo Poder Executivo dos desembargadores dos TJs. A
nomeação dos desembargadores que irão compor os TJs ocorre pelo
governador do Estado, o qual recebe uma lista tríplice e escolhe um juiz.
4) nomeação pelo Poder Executivo, após a aprovação pelo Poder
Legislativo. É o que ocorre nos Tribunais Superiores (STF, STJ, STM e TST),
em que a escolha é feita pelo Presidente da República, mas com a necessidade
do Ministro passar por uma sabatina no Senado Federal.
5) livre nomeação pelo Poder Judiciário. O Poder Judiciário nomeia livremente
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os seus integrantes, podendo favorecer a criação de “panelas”, indicando
pessoas amigas. Ex: cargos em comissão/de confiança.
6) escolha por órgão especializado – Quinto Constitucional (Art. 94 da CF).
A escolha é feita por pessoas especializadas em assuntos do Direito, como
representantes dos três poderes do Estado e também pela classe de advogados.
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos
Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de
membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de
advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de
dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla
pelos órgãos de representação das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice,
enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes,
escolherá um de seus integrantes para nomeação.

7) escolha por concurso público. Ingressam na magistratura as pessoas que


passaram me concurso público de provas e títulos, que podem ser consideradas
melhor preparadas.
A independência política, como já visto, é a garantia do juiz para o
exercício das suas funções, sendo exemplos de tal garantia a vitaliciedade, a
inamovibilidade e a irredutibilidade de subsídios.

b) Vitaliciedade (Art. 95, inciso I, da CF): Por tal garantia, o juiz não pode
perder o cargo senão por sentença.
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de
exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença
judicial transitada em julgado;
OBS: Aposentadoria compulsória aos 75 anos ou por invalidez permanente.
c) Inamovibilidade (Art. 95, inciso II, da CF): Por tal garantia, o juiz não pode
ser removido para outro local sem o seu consentimento. Não significa dizer, no
entanto, que o juiz irá exercer a magistratura sempre no mesmo lugar, havendo
atos de remoção, por interesse público, que precisará de decisão por voto da
49
maioria absoluta do respectivo Tribunal ou do CNJ, assegurada a ampla defesa
– Art. 93, VIII, da CF.
OBS: promoção para entrâncias.

d) Irredutibilidade de subsídios: Subsídios são os pagamentos destinados a


quem exerce cago eletivo, estendendo-se aos juízes. Assim, como o salário é
irredutível (Art. 7º, VI, da CF), os vencimentos dos funcionários públicos, bem
como os subsídios dos juízes, também o são. Não é possível que o juiz fique
julgando recebendo sempre o mesmo valor, devendo este ser periodicamente
atualizado, mas não podendo ser reduzido. Importa apenas salientar que sobre
os subsídios pode incidir tributos, principalmente o IR (Art. 153, III, da CF).

● Impedimentos (Art. 95, parágrafo único, incisos I a V, da CF): Representam


as situações que importam que o juiz exercerá suas funções com imparcialidade
e independência. Assim, o juiz não pode:
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma
de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em
processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de
pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
previstas em lei;
V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou
exoneração.
- MINISTÉRIO PÚBLICO (Arts. 127 a 130 – A da CF e Lei Complementar nº
75/1993):

● Evolução: O Ministério Público foi incluído no capítulo do Poder Judiciário com


a CF de 1946. Com a promulgação da CF de 1988, o MP passa a ser
considerado uma “instituição permanente, essencial à função jurisdicional do 50
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis”. Importante apontar que o MP
inaugura o Capítulo IV da CF, que trata das funções essenciais à justiça - Art.
127 da CF

● Princípios (Art. 127, §1º, da CF): São princípios institucionais do Ministério


Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
a) Unidade: A instituição é uma e indivisível. Todos os membros fazem parte de
um todo. No entanto, nada impede que um promotor substitua o outro;
b) Indivisibilidade: O MP não pode ser dividido;
c) Independência funcional: Cada promotor ou procurador age de acordo com
a sua consciência, não tendo subordinação aos juízes ou ao Poder Executivo.

● Divisão:
Art. 128: O Ministério Público pode ser dividido em:
I - Ministério Público da União, que compreende:
a) o Ministério Público Federal (Procurador da República);
b) o Ministério Público do Trabalho (Procurador do Trabalho);
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
II - Ministérios Públicos dos Estados (promotores de justiça – atua em 1º
grau e procuradores de justiça – atuam no 2º grau).

OBS: - Os membros do MP possuem as garantias da vitaliciedade após 2 anos


de exercício, não podendo perder o cargo senão mediante sentença transitada
em julgado; possui também a inamovibilidade do cargo, salvo por motivo de
interesse público e possui também irredutibilidade de subsídios.
- O Ministério Público Estadual é regulamentado pela Lei Orgânica Nacional do
Ministério Público – Lei nº 8.625/1993.
- O Conselho Nacional do Ministério Público foi criado pela Emenda
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Constitucional nº 45/2005.
Art. 130-A: O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de quatorze
membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois
anos, admitida uma recondução.

● Impedimentos (Art. 128, II, da CF): Os membros do MP estão impedidos de:


II - as seguintes vedações:
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens
ou custas processuais;
b) exercer a advocacia;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo
uma de magistério;
e) exercer atividade político-partidária;
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em
lei.

- ADVOGADO:
● Denominação: A denominação de advogado é privativa do bacharel em
Direito inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil – OAB.
OBS: Estatuto da Advocacia e a OAB – Lei nº 8.906/1994. Referido Estatuto
sofreu modificações e 2016, com o advento da Lei nº 13.245, de 2016.
● O advogado: No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e
exerce função social (Art. 2º, §1º, da Lei nº 8.906/1994). Importante apontar que
as relações entre o advogado e o cliente são reguladas por contrato de direito
privado, de prestação de serviços (contrato de honorários advocatícios).
São consideradas atividades privativas da advocacia: Art. 1º da Lei nº
8.906/1994.
a) a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais;
b) as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.

● Direitos do Advogado: Vide Art. 7º da Lei nº 8.906/1994.


● Honorários Advocatícios: Em Roma, o vencedor de uma demanda judicial
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prestava honrarias a seus adversários, originando a palavra honorarius.
Honorário, assim, possui como conceito atual a figura do prêmio ou estipêndio
dado ou pago em retribuição a certos serviços profissionais. O fundamento dos
honorários é o fato objetivo de alguém ter sido derrotado. Dessa forma, aquele
que ganhou a demanda não pode ter diminuição patrimonial em razão de ter
ingressado em Juízo.
Os honorários de advogado decorrem, portanto, da sucumbência, em que
a parte vencedora tem direito à reparação integral dos danos causados pela
parte vencida, sem qualquer diminuição patrimonial (os honorários seriam
devidos em razão das despesas da parte em contratar o advogado). Esses são
os denominados honorários sucumbenciais.
Diferentemente, os honorários contratuais são os contratados entre a
parte e o advogado para lhe prestar serviços (previstos em contrato de
honorários).

● Incompatibilidades e Impedimentos: A incompatibilidade determina a


proibição total, e o impedimento, a proibição parcial para o exercício da
advocacia – Art. 27 da Lei nº 8.906/1994.

● Ordem dos Advogados do Brasil (OAB):


Art. 44: A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), serviço público, dotada de
personalidade jurídica e forma federativa, tem por finalidade:
I - defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito,
os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela
rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das
instituições jurídicas;
II - promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a
disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.
§1º A OAB não mantém com órgãos da Administração Pública qualquer vínculo
funcional ou hierárquico.
§2º O uso da sigla OAB é privativo da Ordem dos Advogados do Brasil.
Art. 45: São órgãos da OAB:
I - o Conselho Federal;
II - os Conselhos Seccionais;
III - as Subseções;
IV - as Caixas de Assistência dos Advogados. 53

● Advocacia Pública (Arts. 131 e 132 da CF e Lei Orgânica da Advocacia-


Geral da União – Lei Complementar nº 73/1993):
Art. 131: A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através
de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-
lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e
funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder
Executivo.
§1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de
livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta
e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
§2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este
artigo far-se-á mediante concurso público de provas e títulos.
§3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União
cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em
carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos,
com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases,
exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas
unidades federadas.
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada
estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de
desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das
corregedorias.
● Defensoria Pública (Arts. 134 e 135 da CF e Lei Complementar nº 80 de
1994): A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do
regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos
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direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na
forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.
Os defensores públicos igualmente ingressam a carreira mediante
concurso público de provas e títulos, assegurados a eles a garantia da
inamovibilidade, bem como as garantias constitucionais da unidade,
indivisibilidade e independência funcional, sendo vedado o exercício da
advocacia foras das atribuições institucionais. Os Defensores Públicos não
possuem vitaliciedade, mas sim estabilidade, que somente será atingida após 3
anos de exercício na função.
Art. 2º A Defensoria Pública abrange:
I - a Defensoria Pública da União;
II - a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios;
III - as Defensorias Públicas dos Estados.

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