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Direito Processual Civil I1

Livro indicado: Fredie Didier (Parte Geral)

Aula 2 – 25/2/2016
Breve histórico do Direito Processual

Ao assumir o poder-dever de resolução de conflitos, surgiu a jurisdição, tarefa


encarregada do Estado. O esforço imediato, como a autotutela, foi, em grande parte
substituído, sendo resquícios desse direito o esforço físico para impedir a invasão em
domicílio e a retenção de bagagem no caso de inadimplemento em estadia em hotel.

A ciência processual não é tão velha como o Direito. O DPC é um conjunto de regras
para que as pessoas, no caso de um direito lesado ou ameaça, ocorra a intervenção
estatal.

Autocomposição – as próprias partes resolvem o conflito, retirando, assim, o Estado da


negociação e resolução. A mediação é um método de estímulo de/para a
autocomposição para não ser necessário o andamento de um processo, chegar a uma
sentença, em busca da pacificação social. 2

O direito material (substancial) é diferente do direito processual: o primeiro é o


conjunto de regras vigentes em determinada sociedade, sendo o Direito Privado; o
processual, as regras procedimentais/instrumentais, como, p.ex., os requisitos de uma
petição inicial e as regras de tramitação. O direito processual precisa do direito
material para fazer sentido e vice-versa. O Direito Processual é a aplicação da lei no
caso concreto, levando em consideração os princípios constitucionais, pois não se
considera aplicação mecânica da “letra fria da lei”. É, portanto, considerado um meio
de efetivação de um direito.

São requisitos para acionar o Estado: legitimidade e interesse (antes se considerava


também possibilidade jurídica, não sendo mais requisito diante do Novo CPC).

A resposta estatal (tutela jurisdicional)/decisão do Estado leva em conta se, no


processo, ocorreu contestação, se houve citação, participação do MP em caso de
direitos indisponíveis etc.

Jurisdição vem do latim iuris/juris; -dição <- dicção (dizer o Direito) -> satisfação do
direito -> objetivo do processo. Quando ocorre coisa julgada material (a lei é
estabelecida entre as partes) não cabe mais nenhum recurso, havendo, assim, o
cumprimento da sentença.
1
Professora Edivaldo Souza. Anotações: alexandrepastre@yahoo.com.br
2
Na conciliação não estão envolvidos conflitos continuados, como os danos materiais gerados de um
acidente de automóvel. Na mediação, há relação continuada, como, p.ex., os relacionamentos
familiares.

1
A mediação é considerada pré-processual e se considera a participação estatal, sendo
alguns mediadores remunerados ou não em alguns Estados brasileiros.

Direito disponível, como direitos patrimoniais = passível de transação -> cabe


mediação

Direito indisponível -> não cabe mediação

Com o Novo CPC todo processo se iniciará por uma audiência de conciliação e
mediação, cabendo, opcionalmente, à parte autora pedir na inicial que não deseja essa
audiência (o silêncio implica a opção pela mediação e, havendo falta, há condenação
por litigância de má fé).

Reconhecimento do direito do outro

A satisfação do direito lesado pode ocorrer das seguintes formas:

Processo de conhecimento – o Estado/juiz conhece a pretensão, analisa se a parte tem


razão ou não, como no caso de uma reintegração de posse.

Processo de execução extrajudicial – há título reconhecido, o juiz manda citar, não


ocorrendo contestação.

Próxima aula: teóricos italianos que influenciaram o D/Processual; histórico do


D.Processual até 1973, partes e procuradores.

Aula 3 – 3/3/2016

O CPC brasileiro tem origem nos direitos alemão e italiano. O DP é o caminho


percorrido, é a tramitação necessária para ocorrer a tutela jurisdicional. A ciência
processual surgiu em 1868, ou seja, separada do direito material. O direito material
(ou substancial3) difere, assim, do direito processual.

Fixaram as bases do DP:

Alemães: Wach, Degenkold, Rosemberg, Lent, Schwab

Italianos: Francesco Carnelutti (definiu, entre outros conceitos, a lide - conflitos de


interesse qualificado por uma pretensão resistida), Giuseppe Chiovenda, Piero
Calamandrei

Tulio Liebman (descendente de judeus que fixou residência no Brasil, tendo sido
professor na USP4), Mauro Cappelletti

3
Regra a vida, o cotidiano, os atos da vida civil. É o Direito Privado. Não ocorrendo a autocomposição
(solução amigável), havendo a ameaça de direito, ocorre a sequência de atos do Direito Processual.

2
A partir da 1ª CF (1891) surgiram as legislações estaduais e a necessidade comum de
um direito processual válido para todos os Estados brasileiros, 1939 (CPC). De uma
sociedade rural, a sociedade caminhou para a industrialização e então ocorreu a
proposição de um novo código (1973/Código Buzaid), em resposta a essas
transformações, que refletia, sobretudo, as ideias da década de 50.

Noções gerais do processo

Chiovenda: definiu partes como quem pede ou contra quem se pede algo em juízo. Às
vezes, o terceiro (todo aquele contra qual não se pede) participa do processo/relação
processual como interessado na discussão junto ao Estado-juiz.

As partes podem ser autores e réus;

 se não tem lide: requerente – requerido;


 em processos de execução: na fase de cumprimento de sentença/se não
ocorreu execução da pena : exequente – executado.

Os incidentes processuais são os apensos. Para efeitos fiscais, é necessário ter o valor
da causa (na falta, o juiz pede para “emendar” a inicial);

 em causa de discordância da outra parte, pode haver impugnação ao valor da


causa – impugnante e impugnado);
 excipiente – excepto;
 reconvenção – reconvindo;
 se há denunciação da lide: denunciante – denunciado. Com o Novo Código não
haverá mais apenso, os incidentes serão feitos na peça de defesa/contestação
ou peça apartada.

Próxima aula: capacidade e capacidade postulatória/faculdades processuais (deveres


processuais)

Aula 4 – Capacidade Processual

4
As condições da ação, Legitimidade (titular do direito lesado, como no caso da legitimidade ordinária,
no qual, aquele que tem o carro danificado em acidente e pretende reparação, não pode ter a
pretensão substituída por outra pessoa, como um familiar; legitimidade extraordinária - o MP pode ser
autor da ação se haver permissão legal/autorização expressa), Interesse (o interesse, o direito lesado
está protegido pela legislação) e Possibilidade Jurídica do Pedido (utilizando como exemplo o divórcio,
proibido na Itália até então), foi definida por Liebman. Entre 1939 e 1973, houve alterações na
sociedade com a industrialização, e um novo código se tornou uma necessidade. Na legislação brasileira,
está expresso no art. 267, VI do CPC. A Possibilidade Jurídica do Pedido não é mais uma condição da
ação no Novo CPC.

3
- Capacidade de ser parte: art. 7º (NCPC: art. 70), todas as pessoas têm (inclusive
menores). Há entes sem personalidade, mas têm capacidade para ser parte para
facilitar a vida em sociedade -> entes despersonalizados; nascituros; condomínio –
representado pelo síndico; massa falida – representado pelo administrador judicial;
espólio – representado pelo inventariante; herança vacante; sociedades irregulares
(sociedades de fato) – representada por quem está na administração (Teoria da
Aparência – aquele que parece ser o dono).

- Capacidade de estar em Juízo: art. 71 do NCPC; há certos entes que precisam ter a
capacidade implementada e, para isso, é necessário estar representado, conforme
determinado pelo CC. O menor, de até 15 anos e 11 meses, precisa estar representado
(a procuração precisa estar assinada pelo representante). Assim, um menor pode ser
autor da ação, mas, para estar em Juízo, precisa estar representado por seu
“assistente”. Os interditados são representados pelos curadores. Os incapazes, por
idade ou doença, levam à participação do MP no processo.

- Capacidade postulatória: capacidade de postular em Juízo. São os advogados


(públicos e privados), devidamente regularmente e inscritos, e o MP (atua com os
mesmos deveres e direitos do advogado ou como custos legis – fiscal da lei). É
necessária a Procuração. Em casos de ajuizamento em causa própria, não é necessário
a participação de outro advogado (nem Instrumento de Procuração – previsão a partir
do art. 103 do NCPC; a petição inicial continua sendo narrada na terceira pessoa e com
a qualificação completa). No Juizado Especial, em caso de ações que envolvam causas
com menor de 40 salários mínimos, é dispensada a participação do advogado - Lei
9.099/95.

Art. 104 do NCPC - Procuração

Procuração Ad Judicia – Procuração para que o advogado possa atuar em Foro em


Geral com os poderes admitidos (retirar o processo com carga, contestar, peticionar,
recorrer, cabendo determinar expressamente certas possibilidades específicas, como
receber e dar quitação, confessar, transigir e firmar compromisso). Em alguns casos, é
permitida a regularização do processo pelo período de 15 dias, prorrogável por mais
15 dias (assinar a Procuração, em caso de ausência da parte). Se não atendido esse
prazo, o juiz extingue o processo.

Atos processuais especiais que devem constar na Procuração: desistência, confissão,


recebimento de citação.

Devem estar na Procuração (art. 105 do NCPC): poderes admitidos para transação
(acordo), renúncia ao direito, receber e dar quitação, reconhecer a procedência do
pedido (confissão), firmar compromissos.

Como as pessoas devem estar representadas em Juízo: art.75 NCPC

4
Próxima aula: consequências da irregularidade na representação

Aula 5 – 10/3/2016

Art. 75 NCPC (12 do Anterior)

76 (13 do anterior)

A representação é pressuposto para a validade do processo, determina a capacidade


em juízo. O autor deve estar devidamente representado: a inicial deve ter Procuração
(o processo deve ser regularizado em caso de falecimento de advogado, p.ex.); a PJ
com contrato social.

O processo pode ser suspenso por prazo (razoável, sendo, usualmente, por dez dias)
para sanar o vício/defeito das irregularidades da representação.

Se não for suprido, o juiz extingue o processo. O objetivo do processo é a apreciação


do pedido, mas, na persistência do defeito (réu não encontrado), ocorre Extinção sem
julgamento do mérito (art. 267 do antigo CPC) – sem apreciar o bem da vida (o
mérito). Se o autor der causa à extinção do processo, incide o Princípio da
Sucumbência (ele deve os honorários), podendo entrar novamente com outro
processo. Revelia (ausência de defesa, de contestação) – o réu foi citado, mas não se
defendeu. A intimação (atos contínuos, o réu é chamado para cumprir determinações
do processo, tem conhecimento dos atos do processo). Citação (todo processo se inicia
com a citação, tendo em conta a regularidade da inicial; ocorre apenas uma vez e deve
ser pessoal, podendo ser por carta precária. Persistindo o “LINS” 5, é permitida a
citação por edital). Quando a lei não falar que isso deve ocorrer por carta, ocorre a
intimação pelo DJE (Diário de Justiça Eletrônico); no Juizado, sem advogado, os atos
são comunicados pelo oficial de justiça.

A participação de terceiro pode ser espontânea ou provocada (ele assume o


litisconsórcio). Quando o terceiro não regularizou o processo (art. 76 do NCPC), ele
pode ser excluído se a participação for espontânea; se foi provocada, sofre as mesmas
consequências do réu (pode ser condenado).

Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da


parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o
vício.
§ 1º Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária:
I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor;
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em
que se encontre.
5
Lugar Incerto e não sabido

5
§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal
regional federal ou tribunal superior, o relator:
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao
recorrido.

Denunciação à lide: forma-se uma espécie de litisconsórcio. Um terceiro torna-se réu.


Se foi intimado e não apresentou defesa, ele deixa de ser intimado por atos
posteriores.

Citação por edital – citação é o ato pelo qual a pessoa que participa do processo é
chamada para exercer o contraditório e a ampla defesa (o processo é existente se isso
não foi feito). A citação ocorre apenas uma vez.

Art. 72 do NCPC (art. 9º do anterior)- O juiz nomeará curador especial ao:

I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os


daquele, enquanto durar a incapacidade; [ex.: pai e mãe querem vender um imóvel ao
filho maior, e um curador do menor é nomeado pelo juiz somente para aquele caso]

II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa,
enquanto não for constituído advogado.

Revel: aquele que não compareceu ao processo.

A citação por edital é a última opção entre as possíveis (preferencialmente ocorre


pelos Correios com carta “AR” e por oficial), ocorre quando não foi possível encontrá-
lo por outros meios. Há publicação na imprensa. Essa citação e a “por hora certa” são
fictas (presumidas). O prazo de validade do edital é fixado, normalmente, em 30 dias
(prazo para que o réu tome conhecimento do processo e constitua advogado).
Contestação por negação geral – ocorre nos casos com a citação por edital, na qual o
defensor público nega todos os fatos (todos os fatos são controvertidos).

Citação por hora certa – se o réu se oculta deliberadamente, se furta de receber a


citação, na terceira oportunidade um terceiro que conhece o réu é comunicado. Se
não houve defesa, em 15 dias, é considerado um revel (a Defensoria é chamada).

Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos
da lei.

Próxima aula: representação da pessoa casada, partes, procuradores e honorários

Aula 6 – 15/3/2016

Princípio da Eventualidade – regra geral.

6
Contestação por negação geral – o curador contesta por negação geral e torna
controvertidos todos os lados alegados pela parte contrária. Não se aplicam os efeitos
da revelia. Se não há contestação, os fatos são tidos como verdadeiros.

Impugnação especificada

Disposição de bens

A pessoa casada não é incapaz para os fatos da vida social. Não precisa estar
representada em juízo, mas, em alguns casos, é preciso que o marido ou a esposa
deem consentimento (arts. 73 e 74 do CPC; art. 10 do NCPC; outorgas uxória e
marital), ou seja, desde que a situação seja referente a direitos reais imobiliários.

Se há reivindicação de um bem imobiliário, é necessário o consentimento do cônjuge


ou companheiro. Para estar em juízo é preciso que essa condição esteja
implementada.

A autorização é necessária quando o regime de bens do casal é comunhão parcial de


bens – regime legal, lavrado pela lei (se há separação absoluta/convencionada pelo
pacto antinupcial, os bens continuam sendo particulares e, então, a autorização não é
necessária). O NCPC adotou o entendimento doutrinário e jurisprudencial para
aperfeiçoar a redação do código anterior, em relação à disposição de bens de acordo
com o regime de partilha. O CC já fazia essa previsão: 1.647 CC – comunhão por
separação total de bens.

Em caso de não haver autorização do cônjuge, o suprimento é feito em ação própria


(Ação de Suprimento de Consentimento). Em caso de se mover ação contra pessoa
casada e seja relativa a bens imobiliários, para o processo ter validade, é necessário
incluir os dois no polo passivo6.

Faculdades e e deveres processuais

Faculdade é uma possibilidade de se fazer ou não. É, p.ex., facultado praticar atos


processuais (como contestar e recorrer). Gera-se um ônus (prejuízo), em caso de não
atendida uma faculdade. É aplicada aos direitos disponíveis. Ex.: na ação sobre direito
disponível, há faculdade de contestar, que, se não ocorre, gera prejuízo para quem não
a alega.

Deveres processuais – se não cumpridos, geram pena. Ex.: art. 14 do antigo CPC (77 do
atual).

Os deveres e faculdades transcendem as partes.

Deveres (art. 14 do antigo CPC/77 do NCPC):

6
A herança é considerada bem mobiliário. Só é imobiliário, quando há o espólio e inventário.

7
* narrar os fatos conforme a verdade (a “mentira” é penalizada com a litigância de má-
fé – multa de 2% sobre o valor da pena, revertida para as partes, mais perdas e danos,
cfe. o NCPC);

* cumprir com exatidão os atos processuais, não colocar obstáculo ao cumprimento (o


empecilho é considerado ato atentatório à dignidade da justiça; descumprimento aos
incisos IV e VI  ato atentatório da dignidade da justiça  a multa é revertida para o
Estado que, caso não paga, é inscrita em dívida ativa). A multa/ sanção processual é de
até 20% sobre o valor da causa.

Art. 14, 16, 17 (antigo CPC)  77, 79, 80 (NCPC)

Parágrafo incluído no 77: quando o valor da causa não for estimado, a multa poderá
ser fixada em até 10 vezes o salário-mínimo.

Art. 15  80: emprego de expressões injuriosas, difamatórias (o juiz, por


determinação própria ou pedido da parte contrária, pode “riscá-las”, retirá-las do
processo; se for em audiência, pode “cassar” a palavra indecorosa).

Próxima aula: custas e despesas processuais e litisconsórcio

Aula 7 - 17/3/2016

Custas e despesas processuais – disciplinada pelo art. 82 do NCPC (antigo 19).

SP: Lei Estadual 11.608/2005: 1% inicial do valor da causa 7 (teoricamente, destinado ao


Judiciário, engloba o ressarcimento a gastos como material de escritório e atos dos
serventuários; não inclui perícia, taxa de citação para oficial de Justiça e edital) + taxa
de procuração (2% sobre o salário-mínimo, destinada a compor benefícios
previdenciários do advogado); 1% final (quando satisfeita a demanda; sentença
procedente); 4% apelação (também, teoricamente, destinada ao Judiciário). A parte
sucumbente é condenada a reembolsar tudo isso.

Justiça gratuita (isenta a pessoas que vão a Juízo e não têm condições de pagar as
custas processuais; pode haver condenação 10X das taxas judiciárias) X AJG (=
Defensoria Pública)

Art. 85 NCPC (antigo 20)

7
A Lei 11.606/2005 – a lei estabelece o mínimo de recolhimento

8
Princípio da Causalidade (Sucumbência) – aquele que deu causa à ação e sucumbiu
deve arcar com os honorários da outra parte (com o ressarcimento das custas, além de
honorários).

Sentença condenatória: 10% a 20% sobre o valor da condenação

Requisitos da PI (319 NCPC; antigo 282): valor da causa (patrimonial: valor da dívida,
mais juros e correção; algumas não têm valor patrimonial, o valor é inestimável - §4º).
A fixação dos honorários pode ser feito pelo juiz por equidade.

Sentença de improcedência: o autor é condenado a pagar as custas iniciais (o que foi


adiantado já liquida), acrescidas de outras despesas.

Lei 1.060/50 (art. 12) – isenta o beneficiário de pagar custas e também os honorários
da sucumbência. A condição de miserabilidade pode ser perdida. No processo de
execução, observa-se o art. 12 do NCPC (o direito da justiça gratuita pode ser cassado).
A impugnação ao valor da causa era apensada ao processo (o incidente era apensado
como Impugnação ao Valor da Causa). Com o NCPC, não é necessário o apenso (pode
ser alegada em contestação, réplica ou petição).

Lei 8.906/94, art. 23 – tem caráter alimentar e compõe o precatório dessa forma,
pertence ao advogado ou sociedade de advogados (os honorários de sucumbência são
impenhoráveis). Está previsto, dessa forma, também no NCPC.

Tabela de honorários (também vale para a Fazenda Pública – E, M, U e suas autarquias;


art. 85 do NCPC, §3º) – há um escalonamento – começa em 10% a 20% sobre o valor
da condenação se for até 200 salários-mínimos; acima de 200 salários-mínimos, há
escalonamento. Os honorários podem ser majorados, em caso de recurso.

Substituição de partes e Procuradores

Arts. 108 e 112 do NCPC (antigos 41 a 45 do CPC): em alguns casos, as partes de


legitimidade ordinária; e extraordinária (somente ocorre com previsão legal). Em regra,
ninguém pode pleitear direito alheio em Juízo (somente lesão e ameaça a direito
próprio).

Substituição de parte X processual (extraordinária). Na substituição de parte, sai de


um, entra outro. Antes da citação, em regra, pode haver aditamento da inicial e mudar
a parte envolvida, “consertar” o polo passivo (assim como mudar a causa do pedido).
Após a citação, somente pode haver aditamento com autorização legal. Em regra,
considera-se a estabilização da controvérsia e, então, após a citação há uma
controvérsia que deve ser discutida. O conserto do polo passivo é admitido com o
NCPC; antes havia extinção do processo e considerava-se a ilegitimidade de parte.

9
Morte de uma das partes

Em caso de morte de uma das partes e a ação for de conteúdo patrimonial (como
cobrança e reintegração de posse), o espólio, representado pelo inventariante, passa
compor um dos polos da ação. Se a ação for pessoal, a substituição é feita pelos
sucessores. Se for direito personalíssimo, como na ação de divórcio e interdição, e um
dos autores morre, o processo é extinto por perda do objeto.

Aula 8 – 22/3/2016

Sucessão de partes e procuradores X substituição processual (legitimação ordinária – é


o titular do Direito lesado; extraordinária – age em nome de terceiros com autorização
legal8)

Sucessão de partes – ocorre em caso de morte do autor (o espólio, que representa o


universo de direitos e obrigações do falecido, assume o polo ativo; o espólio é
representado pelo inventariante que permite, assim, a regularização da representação;
se o direito não for patrimonial, os sucessores assumem um dos polos da ação; se for
personalíssimo, como na interdição, a morte da parte leva à extinção do processo).

Se o Direito Material faz previsão legal, uma possibilidade de agir, a lei processual fará
cumprir essa determinação.

Um dos efeitos da citação (antigo 219 CPC) é a de tornar o objeto litigioso, como a
discussão acerca da titularidade do imóvel.

O bem litigioso não altera a legitimidade das partes.

Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título
particular, não altera a legitimidade das partes.

§ 1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante


ou cedente, sem que o consinta a parte contrária.

Assistente (litisconsorcial ou qualificada) – a parte interessada em fazer parte da ação,


mas que assim não for, é considerada assistente (auxilia a parte que integra um dos
polos da ação)

Intervenção de partes – antes tinha a nomeação de autoria (o NCPC retirou essa


previsão). Para todas as situações, se uma das pessoas for declarada ré e não tiver

8
Exemplo básico: MP

10
legitimidade (como no casos que envolvem veículos com propriedade questionada,
vendidos sem o DUT), a ação é considerada, parcialmente, perdida para a parte autora.

Substituição de Procuradores

Ao autor é admitido redigir carta de revogação para constituir outro advogado 9, assim
como a este é admissível a renúncia ao patrocínio da causa (com a devida notificação
ao cliente). É admitido prazo de 10 dias para que, mesmo após a destituição, alguns
atos processuais não fiquem sem representação10.

Previsão legal:

Art. 111. A parte que revogar o mandato outorgado a seu advogado constituirá, no
mesmo ato, outro que assuma o patrocínio da causa.

Parágrafo único. Não sendo constituído novo procurador no prazo de 15 (quinze) dias,
observar-se-á o disposto no art. 7611.

Procurações ad judicia – procuração para o foro em geral; extra -.

Litisconsórcio – Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em


conjunto, ativa ou passivamente.

Finalidade: economia processual e celeridade

Classificação

Ativo – dois ou mais autores, duas ou mais pessoas (físicas ou jurídicas)

Passivo – dois ou mais réus, duas ou mais pessoas rés

Bilateral; Misto

Inicial (Originário) – é formado ao se distribuir a ação (antes da citação não há


formação da relação jurídica)/Ulterior: formado depois da citação12.

Quanto aos efeitos/resultado

9
É admitida comunicação via e-mail. É preciso constituir outro advogado.
10
Se o juiz acabou de publicar sentença, o prazo para apelação não pode ficar prejudicado pela falta de
representação.
11
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz
suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.
§ 1o Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária:
I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor;
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre.
12
Se existe um despacho saneador, não pode ocorrer um litisconsórcio originário (já ocorreu a citação)

11
Simples = o resultado/a decisão pode ser diferente para os litisconsortes13;

Unitário = art. 116, os efeitos da decisão, do julgamento são SEMPRE os mesmos para
todos do litisconsórcio14 (no caso de anulação de casamento, o litisconsórcio é
necessário e unitário15)

Quanto à Obrigatoriedade/Quanto à Formação

Necessário = art. 114 NCPC (antigo 4716), é o obrigatório17, por previsão legal18 ou
quando a relação jurídica assim determinar 19; se não for formado, gera um vício
processual, como nulidade (ex.: em direitos reais imobiliários de pessoa casada em
comunhão parcial de bens, o litisconsórcio é necessário, sob pena de ilegitimidade de
parte - PROVA)20;

Facultativo – pode ser formado ou não (o autor, ao distribuir a inicial, tem a opção de
ajuizar contra um litisconsórcio; a lei não obriga a ir contra todos) - art. 113 (ex.: se a
ação for relativa a crédito, há opção do autor entrar contra um ou todos os devedores
21
- obrigações solidárias).

Aula 9 - 24/3/2016

Litisconsórcio com procuradores diferentes - art. 229 NCPC  prazo em dobro (o


prazo de contestação será em dobro a partir da citação, ou seja, se o prazo é de 15
dias, no caso de procuradores diferentes, esse prazo será de 30 dias). O prazo em
dobro também vale para a Fazenda Pública. Quando houver tumulto processual e a
defesa ficar prejudicada, pode haver cisão do processo para facilitar a análise 22.

13
A procedência da ação pode ter resultados diferentes para os réus: um pode ter de reparar por danos,
e outro não (eventualmente, pelas cirscuntância do caso, passa a ser diferente). Não é porque a decisão
foi igual que o resultado passa a ser unitário (pode continuar sendo simples).
14
Os efeitos são sempre iguais para todos. Se a ação for improcedente para um, será para os demais (se
um perde, os outros também perdem), conforme determinação da lei.
15
Se a pessoa casa, mas com algum impedimento, o MP propõe uma ação contra o casal e não contra
apenas um ou o bígamo (a relação jurídica é dissolvida para ambos).
16
A redação do artigo, do antigo CPC, foi refeita, e o artigo desmembrado em dois
17
A presença da parte é necessária, assim como a citação de todos os participantes do processo (art. 73
NCPC)
18
Disposição da lei. Outro ex.: art. 246, § 3º (art. 942 antigo CPC) todos devem ser citados para a
validade do processo (do contrário, haverá nulidade). Em caso de desconhecidos todos os que envolvem
a usucapião, a publicação do edital é necessária/obrigatória com a previsão dos possíveis interessados.
19
Em virtude da natureza jurídica (como a anulação de casamento)
20
Na maioria das vezes o litisconsórcio necessário é unitário.
21
Em caso de acidente com automóvel, é facultado entrar contra o proprietário do veículo e o condutor
(porque este poderá não ressarcir os danos)
22
Se o processo reúne 1000 pessoas, pode ocorrer cisão em 100 pessoas, p.ex., com vista a celeridade
processual. O juiz pode fazer a cisão de ofício, ou seja, sem pedido das partes.

12
Conexão do pedido ou causa de pedir – art. 55 (ações conexas com um pedido comum
relativo à causa de pedido ou de pedir)

O litisconsórcio visa a economia processual (pois, assim, não se forma mais de um


processo e não ocorre pagamento de mais custas, citação; ex.: acidente em rodovia,
com passageiros transportados por empresa de ônibus que se envolve em acidente
com várias vítimas  mesma causa de pedir: os autores, na mesma ação, podem
formar o litisconsórcio para pleitear reparação pelos danos).

Art. 113, em resumo: I – comunhão (solidariedade); II – conexão; III – litisconsórcio


com afinidade em relação ao pedido e à causa de pedir (de fato ou de direito) - PROVA

Ex.: funcionário público que atingir determinado nível tem direito a pagamento
adicional (progressão na carreira), com base na mesma lei  pode formar
litisconsórcio, com base no art. 113, III.

Próxima aula: efeitos da sentença para o litisconsórcio, regime jurídico do


litisconsórcio

Aula 10 – 29/3/2016

O litisconsórcio necessário, em regra/geralmente, é unitário, mas também pode ser


simples. Alimentos avoengos – o litisconsórcio com os avós maternos e paternos é
necessário, mas a decisão pode ser simples (diferente para as partes)23.

Venda de imóvel que pertence ao casal – necessário e unitário (os efeitos da sentença
são os mesmos para ambos).

Usucapião – o litisconsórcio é necessário, ou seja, obrigatório (conforme determinação


legal) e simples (a decisão pode ser diferente para os litisconsortes).

Outro exemplo: “A” move ação contra condutor que bateu em seu carro e também
proprietário do mesmo veículo. A procedência pode considerar os dois e ser do tipo
simples (ambos podem ser condenados de diferentes formas ou não).

Litisconsórcio facultativo e simples – pode ocorrer. Ex.: a ação pode ser movida contra
o condutor e proprietário, com efeitos diferentes para ambos.

Condôminos podem defender a posse e a propriedade em conjunto ou separadamente


(1.314 CC), em caso de invasão  litisconsórcio facultativo e unitário. A legitimação
ocorre, neste caso, de forma ordinária (alguns escolheram participar do processo) e
extraordinária24.
23
Posicionamento do STJ
24
Somente a lei, em circunstâncias extraordinárias, pode defender direitos de terceiros (como o MP
movendo ação contra o Município). Isso pode ocorrer de forma ulterior, como assistente litisconsorcial.

13
O litisconsórcio facultativo pode ser do tipo multitudinário 25. Várias pessoas podem
fazer parte dos polos ativo e passivo, como no caso de todos os funcionários da USP
em decorrência de uma mudança efetuada na legislação e que alegam prejudicá-los.

Efeitos da não formação no litisconsórcio facultativo – nenhum. E se for necessário? O


juiz manda emendar a inicial. E se esse problema surgir após a sentença (ou seja,
ninguém percebeu)? O código passado (46, § único) e jurisprudência consideravam o
processo inexistente. No NCPC (art. 115), se a sentença deveria ter sido uniforme e
considerando o litisconsórcio necessário e unitário, a decisão é considerada nula (há
ação rescisória)26. Se é necessário e simples, a lei diz que a decisão não será nula, mas
sim ineficaz em relação àquele que não participou do processo (e pode haver
discussão em outra ação)27.

Figuras problemáticas

Passivo e eventual? Pode o juiz dizer que, em caso de uma pessoa não ser a autora,
eventualmente substituí-la para condená-la? Não, não há previsão no OJ brasileiro.

Ativo e facultativo? Sim, é possível. Ex.: três amigos firmam contrato: A, B e C. “A”
entra com ação contra “C”. A lei (NCPC) autoriza, p.ex., que uma parte mova ação
contra “C”, sem anuência de “B” (ou seja sozinha) que se nega a litigar contra “C”. “B”
é chamado a integrar a ação: recusando-se pode se tornar réu; aceitando, integra o
litisconsórcio ativo.

Terceiros: têm relação jurídica com as partes. Não há interesse dos tipos moral,
econômico ou social de terceiros fazerem parte da ação. Importa apenas a relação
jurídica entre as partes. Assim, a intervenção de terceiros se faz por interesse jurídico.
Os efeitos da relação jurídica também podem atingir terceiros, de diferentes formas,
possibilitando, portanto, a assistência litisconsorcial (ou qualificada). A assistência
pode ser do tipo simples, como no caso do sublocatário. A assistência também pode
ser espontânea (participa se quiser) e provocada (denunciação à lide, intervenção no
processo).

Aula 11 – 5/4/2016

As partes que escolheram não integrar o polo ativo podem integrá-lo posteriormente, formando o
litisconsórcio ulterior (assistentes litisconsorciais), sendo também uma forma de legitimação
extraordinária.
25
Lembrar de multidão.
26
Como no caso de direitos reais imobiliários (o cônjuge não integrou o processo).
27
Como no caso da usucapião em que os efeitos podem ser ineficazes em relação àquele que não
integrou o processo.

14
Litisconsórcio – prazo em dobro para contestar, recorrer, se manifestar de forma geral.
Isso se faz necessário para possibilitar o trabalho dos Procuradores (se um retira o
processo com carga, ou seja, fora da serventia, o outro será prejudicado). Essa regra
não se aplica ao processo digital (art. 229 do NCPC, § 2º).

As partes do litisconsórcio são tratados indistintamente. O ato de um não prejudica


nem beneficia o outro. Há possibilidade de decisões diferentes para os litisconsortes,
exceto se o litisconsórcio for unitário (daí há possibilidade do ato de um beneficiar ou
prejudicar o outro, como no caso de anulação de casamento).

Art. 117 NCPC – Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte
adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os
atos e omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar.

Em resumo, no litisconsórcio unitário, há possibilidade de beneficiar, mas nunca


prejudicar.

Se for simples, o juiz pode decidir de forma diferente para os litisconsortes, ou seja,
nem prejudica, nem beneficia.

O ato prejudicial (maléfico) não aproveita no unitário e simples. No unitário, sempre se


beneficia. Já no simples pode beneficiar ou não, a depender do caso concreto.

Intervenção de terceiros – arts. 119 ao 138 NCPC

Quem são as partes? Chiovenda: parte é quem pede ao Estado-juiz ou contra quem se
pede alguma tutela jurisdicional. Parte é uma dos polos da ação.

Quem é o terceiro? Todo aquele que não faz parte do processo. O terceiro é contra
quem não é pedida a tutela jurisdicional. Gajardoni: terceiro, em regra, é quem não
pede ou tem pedidos formulados contra si. Quando o terceiro passa a integrar o
processo, na intervenção provocada, assume função de parte, podendo fazer parte do
litisconsórcio.

Interesse jurídico: capacita o terceiro a fazer parte do processo.

Requisitos para o interesse jurídico: ex.: A e B fazem parte um processo pendente de


julgamento. Um terceiro, para justificar a sua intervenção no processo, tem uma
relação jurídica (um contrato, p.ex.) com A ou B (1º requisito).

Essa relação jurídica de terceiro com A ou B tem de ser diferente da discussão do


processo (outro contrato, pois, do contrário, já seria autor ou réu no processo) – 2º
requisito

15
3º requisito (principal): o que for decidido no processo entre A e B poderá causar
algum reflexo na relação de C com alguma das partes.

O interesse jurídico não é o mesmo que interesse econômico. Exemplo: A tem um


crédito contra C e pleiteia receber 40 mil. O único bem de C vale 40 mil. Assim, se A
ganha a ação, penhora o bem. Na relação entre B e C, o primeiro pede um crédito de
30 mil de C. O que juiz decide no processo entre A e C influencia juridicamente na ação
de B contra C? C pode intervir o primeiro processo? Há interferência apenas no
patrimônio (há interesse econômico de que B não perca o bem para A), logo não há
interesse jurídico. Haveria apenas interesse jurídico se houvesse a relação entre A e C
interferisse na relação entre B e C.

Exemplo 2 – A loca imóvel para B que subloca a garagem de um edifício para C. A


decisão dessa relação pode afetar C. Há interesse jurídico. C pode ser assistente
litisconsorcial de B (a assistência é simples28).

Embargos de terceiro29 – não é uma intervenção de terceiros. No caso dos embargos


de terceiro, um bem pode ter sido esbulhado. Uma ação/remédio pode ser manejada
para cessá-lo. A ordem é chamada de embargos de terceiros.

Espontânea – o comparecimento ao processo é espontâneo

 Assistência simples; litisconsorcial (qualificada)


 Amicus curiae
 Recurso de terceiro prejudicado (art. 996 do NCPC) - é aquele que poderia ter
sido assistente (como um sublocatário em relação ao locador), mas não foi.

Provocada – a parte é chamada, denunciada ou incluída no processo

 Denunciação da lide
 Chamamento ao processo
 Desconsideração da personalidade jurídica

Em relação ao código anterior, a oposição deixou de ser intervenção de terceiros. A


nomeação à autoria era utilizada até o Código anterior, e o processo era extinto
sem julgamento de mérito, sendo necessário mover outro processo (arts. 62 e 63
do CPC anterior). Atualmente, a nomeação à autoria não mais existe, entra outra
parte, o mesmo processo é aproveitado, havendo possibilidade de formação de
litisconsórcio (pode então uma parte ser substituída por outra).

28
Difere-se da qualificada. Quando a assistência for simples, há condicionamento de um em relação ao
assistido principal (o sublocador em relação ao locador, p.ex.).
29
Alguns chamam os embargos de terceiros de intervenções atípicas de terceiros, assim como concurso
de credores (instaura-se um incidente para saldar créditos, de acordo com a ordem de preferência de
penhora).

16
Aula 12 – 7/4/2016 - matéria da P1 até (inclusive) aqui

Assistência: simples (atingido reflexamente por um processo pendente, em


andamento); litisconsorcial (qualificada) – diretamente atingido por um processo (atua
como parte no processo; entra como assistente); acontece nos casos de legitimação
extraordinária (o MP pode, p.ex., discutir em nome de outro, conforme previsão legal).

Coisa julgada (faz lei entre as partes: formal (sem julgamento de mérito); material (há
apreciação do mérito)

Intervenção anódina (Assistência anódina) – art. 5º da Lei 9.469/97: toda vez que uma
autarquia, sociedades de economia mista, ligada a União, está litigando, a União pode
atuar como assistente litisconsorcial. Ex.: no caso de posse coletiva de terra, os órgãos
ligados à reforma agrária podem ser convidados para audiência (§ 4º, art. 565 CPC) 30.

As partes são chamadas a integrar a ação por interesse jurídico. Na assistência simples
a atuação de uma parte está vinculada à do assistido. Apenas há, mediante autorização
expressa, atuação sozinha no caso da parte ser revel (daí pode contestar). Por outro
lado, se o réu confessa e o juiz julga procedente a ação, a outra parte não pode se opor
(não pode contestar), no caso da assistência simples.

No caso da assistência litisconsorcial, há possibilidade de se praticar todos os atos. Um


terceiro atua como parte no processo (é diretamente atingido). Assim, ele pode arrolar
testemunha, contestar, recorrer (a sua atuação não depende da do outro).

Outra consequência é que, sendo a ação procedente para um, a coisa será julgada para
o assistente litisconsorcial (é atingido pela coisa julgada material).É admissível que o
terceiro discuta as consequências jurídicas advindas do vinculado com a parte em
outro processo.

No caso de assistência31 simples, um terceiro não é atingido como no caso do


assistente. Ele é atingido parcialmente. É o caso, p.ex., de uma ação na qual ”A”
discute o contrato de locação com “B” que subloca para “C”. C não poderia discutir
com A (porque a sua relação jurídica é com “B”), mas C pode discutir os resultados
com B, questionando a justiça da decisão (por possível dolo e má-fé).

Em resumo, efeitos para terceiros. Litisconsorcial: o terceiro está sujeito à coisa julgada
(não dá para discutir mais); simples: não está sujeito, em regra (mas pode ocorrer
questionamento em casos de má-fé e dolo) - PROVA.

30
Pode ser visto como uma espécie de amicus curiae
31
Intervenção espontânea

17
Poderes do assistente litisconsorcial: tratado como se fosse parte 32, os atos praticados
mudam de acordo com a situação (se simples ou litisconsorcial).

Art. 119 a 124

Ingresso do assistente: é espontânea, pode participar a qualquer tempo no caso de


processo pendente (art. 120 CPC). Se houve sentença, o terceiro entra com um recurso
como terceiro prejudicado (ou seja, é um terceiro que poderia ter sido parte no
processo, cabendo demonstrar interesse jurídico).

Processo de conhecimento X processo de execução 33 – conhecimento: o Estado-juiz


aprecia o pedido e avalia os fatos constitutivos de direito. O ônus de provar é o do
credor. Nesse tipo se pode ser resolvido por arbitragem, mediação, conciliação;
execução: o direito já é reconhecido (já há um título executivo, podendo ser
extrajudicial, como um cheque), cabendo a possibilidade de embargos pelo executado
(a fim de descaracterizar o título). O ônus é do embargado. Busca-se uma sentença
desconstitutiva do direito.

Em resumo, não cabe intervenção de terceiros em execução. Os embargos são


considerados uma ação de conhecimento.

A desconsideração da PJ passou a ser uma forma de intervenção de terceiros pelo


NCPC (art.1062).

Aula 13 – ausente

Denunciação à lide

Aula 14 - 26/4/2016

Denunciação à lide – pressupõe direito de regresso (ressarcir), por lei ou contrato.


Pode ser feita tanto pelo autor quanto pelo réu. Não há obrigatoriedade de denunciar
a lide. Há possibilidade de formação de litisdenunciado.

1ª hipótese (no mesmo processo há duas lides) – evicção.

Exemplo: contrato de seguro de veículo após acidente provocado por pessoa que
avança sinal vermelho.

Denunciações sucessivas – não admitidas. Há possibilidade de acontecer apenas uma


vez.

Próxima aula: chamamento ao processo

32
A doutrina o considera como parte e não como “se fosse”
33
O título tem certeza de liquidez, exigibilidade (tem de estar vencida a dívida, mas não paga)

18
Aula 15 – 28/4/2016

Chamamento ao processo – arts. 130-132 CPC

O que autoriza a participação de terceiro no processo? A solidariedade de obrigações


como, p.ex., uma parte responda por parte de dívida. É feito pelo réu e não é
obrigatório. O prazo para chamamento é o de defesa.

Finalidade: trazer ao polo passivo os responsáveis ou coobrigados/corresponsáveis


para arcarem com as suas quotas-partes34; celeridade e economia processuais.

A denunciação à lide surge diante do direito de regresso contra terceiro em virtude de


contrato35. Já o chamamento ao processo o terceiro faz parte da mesma relação
jurídica, por isso é chamado a responder solidariamente.

Em resumo, características: 1) só cabe ao réu; 2) cabe no processo de conhecimento (e


não no de execução); 3) solidariedade; 4) não há obrigatoriedade (litisconsórcio
facultativo)

Hipóteses: art. 130 – I – o fiador, acionado pelo credor, pode chamar o afiançado (o
contrário, como no caso de locatário/afiançado chamar o fiador para compor o polo
passivo, não é admitido36); II - o fiador pode chamar outro fiador (um contrato pode
ter vários fiadores e haver solidariedade de obrigações); III – sintetiza todos os incisos
(solidariedade/dívida comum).

Chamamento ao processo atípico – art. 1.694/1.698 CC (alimentos entre parentes do


mesmo grau: os parentes são chamados a prestar alimentos 37). Segundo Gajardoni, é
uma participação anômala (e não chamamento ao processo).

Procedimento do chamamento ao processo: art. 131 CPC – na peça de


defesa/contestação

Quando o afiançado é chamado a compor o polo passivo tem-se um litisconsórcio


passivo facultativo e ulterior.

Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica

34
Reconhecer a solidariedade (se um é garantidor e outro o devedor principal, no caso da procedência,
todos serão condenados). Aquele que pagar, como ter bens penhorados, pode se voltar, no mesmo
processo, contra outro integrante do polo passivo – art. 132 CPC
35
O CDC, entre consumidor e fornecedor (no caso de direito de regresso), faz referência a chamamento
ao processo; o CPC, por outro lado, diz que se trata de denunciação à lide
36
Os contratos de locação costumam constar obrigações expressas no art. 827 do CC, ou seja, o fiador
renuncia direitos
37
O STJ considera, no caso de avós, litisconsórcio necessário (avós maternos e paternos são chamados
para prestar alimentos) – alimentos avoengos

19
A criação de uma pessoa a torna sujeito de direitos e obrigações. Trata-se de uma
ficção jurídica a fim de facilitar a vida em sociedade. Cada pessoa responde pelo que
causou. Retira-se o “véu” de proteção dos bens de determinada pessoa para saldar
obrigações.

O incidente é a possibilidade de que o patrimônio dos sócios responda pelas dívidas da


sociedade (como ocorrer a penhora)38.

Como se deve dar atualmente a Desconsideração da Personalidade Jurídica – arts. 133-


137 CPC

Há possibilidade de ocorrer desconsideração de forma inversa (a empresa responde


pela dívida dos sócios) – art. 133, § 2º.

Requerimento para DPJ: pode ocorrer desde a petição inicial (ação de


conhecimento39). Os sócios já podem ser chamados desde o início (O exercício do
contraditório é obrigatório) – art. 134, § 2º.

Próxima aula: continuação de DPJ e amicus curiae

Aula 16 – 3/5/2016

Desconsideração da PJ - o véu é retirado da PJ para atingir o patrimônio dos sócios


(podendo ocorrer de forma inversa). Tem de haver citação e inclusão dos sócios no
polo passivo da obrigação40. Se a citação é válida em relação a um credor 41,
comprovada a boa-fé do demandante, é assim considerada eficaz.

Momento: cabível em qualquer fase processual. Pode ser feita na inicial (art. 134
CPC42). É possível também na fase de execução (ou cumprimento da sentença, como
no caso de não encontrados bens e assim esses são buscados no patrimônio dos
sócios). Cabe no Juizado Especial (art. 106 CPC). O pedido feito em relação aos sócios e
empresa na fase de conhecimento. Na fase de satisfação do direito (ou cumprimento
de sentença), a decisão em relação aos sócios, obrigados ao reconhecimento do
direito, haverá uma decisão interlocutória (a partir da qual o recurso cabível é o

38
Antes de recente regramento (133-137 CPC), havia dois entendimentos. Art. 50 CC – toda vez que
houver abuso da PJ, como causar prejuízo a terceiros (gestão fraudulenta), o patrimônio pode responder
pelas obrigações (Teoria Menor). Art. 28 CDC (Teoria Maior) – o CDC via uma possibilidade de
desconsiderar a personalidade (ampliam-se as possibilidades em relação de consumo).
39
Anteriormente, até 18 de março de 2016, considerava-se apenas na fase de execução
40
Na fase de execução, pode haver inversão do polo (se a empresa é condenada, os sócios podem estar
no polo ativo). A emissão de certidão negativa já passa a ter o nome dos sócios com a inclusão deles em
polo dessa ação (pois houve cadastro no distribuidor). Um veículo já pode assim ficar “bloqueado” para
responder por penhora.
41
E retirada certidão relativa a um veículo ou imóvel
42
É mais fácil alegá-la em decorrência de relações de consumo

20
agravo). Assim, é possível a desconsideração por incidente43 ou sentença. A decisão em
incidente faz coisa julgada? Sim, não cabendo mais recurso, embora não seja sentença
(e sim decisão interlocutória), faz coisa julgada (art. 502 CPC), ocorrendo antecipação
da tutela.

Anteriormente, não havia possibilidade do contraditório (já ocorria a penhora on-line,


p.ex.). Com o NCPC, houve constitucionalização desse direito (e não burocratização do
procedimento, como defendido por alguns).

Requisitos (arts. 50 e 28 do CDC): abuso da autoridade, abuso da PJ para fraudar etc.

Amicus curiae44 no Processo Civil (= trad. Amigos da corte; Damares Medina traduz
como amigo da parte, porque há colaboração para uma das partes do processo) – art.
138 CPC

Há possibilidade de um terceiro participar do processo como “amigo da corte” (ou


opinar a respeito45) - art. 7º, Lei 9.868/89 (ADI, ADC, ADPF)

Função: ampliar a legitimidade democrática da decisão, haver uma pluralidade de


debate, incorporar elementos de decisão, defesa de tese.

Cabimento: em qualquer processo (e com relevância da matéria discutida) com os


requisitos expressos pelo art. 138 do CPC; quando houver repercussão social
controvertida. Por especificidade do tema: envolve o objeto da matéria, como
demarcação de terras indígenas.

A decisão que admite ou nega a participação do amicus curiae é irrecorrível (não cabe
recurso).

Legitimidade (quem pode ser amicus curiae?): qualquer PJ ou PF com


representatividade adequada; pode ser sindicatos, entidades religiosas, federações
bancárias, entidades de classe. Um terceiro é chamado ou vem a juízo para participar
do processo (pode ser espontânea, habilitando-se para participar, ou chamada pelo
juiz).

Difere-se do MP é sujeito especial do processo, atua como fiscal da lei (o amicus curiae
é apenas um assistente), muitas vezes sendo obrigado a participar; também é
diferente de assistente (mais parecido com este, mas não é assistente simples, porque
este tem interesse jurídico, diferentemente do AC que tem interesse moral).

Poderes: parágrafos 1º, 2º e 3º do art. 138 CPC. Não é admitido recorrer, exceto em
casos de embargo de declaração (embora este não modifique a decisão, apenas visa
sanar obscuridade, aclarar eventual omissão ou integrar a decisão) e nos casos de IRDR
43
Que em regra não geram honorários de sucumbência
44
Plural: amici
45
Como no caso das células-tronco, na qual opinaram a Igreja Católica e Conselho Federal de Medicina

21
(Incidente Resolução de Demandas Repetitivas), uma previsão do NCPC (os tribunais
foram autorizados a criar esse incidente; os processos são selecionados, chama-se o
amicus curiae para emitir uma opinião para casos com repetitividade de matéria e
assim democratizar a decisão, bem como uniformizar entendimento, ou seja, dar
segurança jurídica e efetividade à justiça).

Intervenção do MP (no Processo Civil: art. 176 a 181 CPC) - função social definida pelo
art. 127 da CF - defesa da ordem publica e jurídica, do regime democrático, defesa dos
direitos socais e individuais indisponíveis (art. 176). No Processo Civil, atua no processo
como parte (age como legitimação extraordinária46) ou fiscal da lei.

Como parte tem as seguintes prerrogativas: prazo em dobro para recorrer, para se
manifestar de forma geral e contestar (art. 180); isenção de despesas processuais e
pagamento de honorários (a não ser que haja má-fé do seu representante).

Como custos legis (art. 178 CPC): deve participar no caso de interesses de incapazes
(incluindo os relativamente incapazes); interesse público, como no caso de usucapião.
Conflitos coletivos da posse de terras urbana e rural.

Exemplos de participação do MP: nulidade de atos simulados em prejuízo de ordem


pública; extinção, criação e mudança de fundação; suspensão de poderes familiares
(guarda, visita, interesses de incapazes). Mesmo sem uma previsão legal, se houver
interesse público, o MP deve ser chamado.

Como parte: mesmo poderes e deveres

Como custos legis: mesmos deveres

Aula 17 - 5/5/2016

MP, com fiscal da ordem jurídica, pode intervir quando há interesse de incapazes 47. Se
o MP não participar quando deveria, considera-se a sua falta de interesse (e não se
pleiteia a nulidade do processo)48.

MP pode ser parte nos polos ativo e passivo. A intimação é sempre pessoal. Não há
condenação em verbas de sucumbência, exceto em casos de má-fé, como, p.x., fraude,
abuso de direito e perseguição a determinadas pessoas (há responsabilização pessoal
do agente do MP49).

46
Como em Ação Civil Pública
47
O interesse do incapaz é sempre preservado.
48
Art. 180, § 1º
49
Art. 181

22
Outra participação do MP: quando há falência decretada (por ser uma execução
coletiva).

Tanto como parte como custos legis: pode recorrer, arguir competência, se manifestar
e arguir nulidade do processo em caso de falta de citação (art. 277).

Competência dos Órgãos do Judiciário

STJ: 32 ministros divididos em Câmaras de Direito Privado e Público. STF: 11 ministros.

Abaixo deles: TJ e TRF’s50

E abaixo desses: juízos de 1º grau

Pela regra geral, a ação é ajuizada no domicílio do réu. Competência relativa (pode
haver ajuizamento de ação em um foro ou outro 51) e absoluta (a decisão absoluta não
pode ser modificada por vontade das partes, como no caso de um caso da Justiça do
Trabalho). A competência relativa pode ser derrogada; na absoluta NÃO Pode.

Consequências: alegação no prazo de defesa na competência relativa e o juiz acolher


 o processo é encaminhado ao respectivo foro (o autor responde pelas despesas); se
há incompetência e não há alegação: ambos respondem pelas despesas.

Competência: art. 102 e seguintes da CF; Constituições Estaduais; CPC; Lei de


Organização Judiciária de cada Estado.

Competência interna (21 a 23 CPC): exclusiva e concorrente.

Art. 21 Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I


– o réu, que mantiver qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no
Brasil [vale também para PJ que tenha domicílio no Brasil); II – no Brasil tiver de ser
cumprida a obrigação; III – o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil
[como acidente aéreo].

Par. Único: para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a


pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.

Art. 22 Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I


– de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b)o réu
mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de
50
E justiças especializadas: Trabalhista, Militar e Eleitoral
51
Cláusula de eleição de foro: estabelecido pelo contrato. O réu tem de alegar incompetência do
foto no prazo de defesa nos casos de competência relativa. Do contrário, o processo tem
andamento no respectivo foro. No caso de competência de absoluta, pode ser alegada a
qualquer tempo e grau de jurisdição (é matéria de ordem pública, porque ultrapassa os
interesses individuais).

23
renda ou obtenção de benefícios econômicos; II – decorrentes de relações de consumo
(como compras pela internet), quando o consumidor tiver domicílio ou residência no
Brasil; III –em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição
nacional.

Art. 23 (competência exclusiva da Justiça brasileira) – Compete à autoridade brasileira,


com exclusão de qualquer outra (em atendimento à soberania nacional): I – conhecer
de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II – em matéria de sucessão hereditária,
proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário [o espólio, universo
de direitos e obrigações, é considerado um bem imóvel – art. 80 CC] e à partilha de
bens [imóveis] situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III – em divórcio, separação
ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda
que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território
nacional.

Em resumo, ações que versem sobre direitos imóveis, situados no Brasil, competem à
Justiça brasileira, no foro onde está situado o imóvel.

Morreu argentino que tinha imóveis em Florianópolis? O inventário é feito em


Florianópolis52. Aplica-se a lei material53 do domicílio do falecido ou onde estão
localizados os imóveis? A lei é do domicílio do falecido.

Competência concorrente: arts. 21 e 22 CPC. Não há litispendência se um processo


correr nas Justiças brasileira e estrangeira – vale a decisão transitada em julgado
primeiramente (art. 24) – a ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária conheça da mesma causa e das
que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados
internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.

A sentença estrangeira é considerada transitada em julgado, no Brasil, se aqui for


homologada (art. 105, I CF).

Critérios para definir a competência interna:

Hierárquico (definida pelas constituições federal, em seus arts. 102, 105 e 108, e
estaduais) ou funcional (há uma relação de acessoriedade, um “guardar relação” da
matéria, como, p.ex., uma ação de Execução Judicial/Embargos do devedor, que é
defesa contra a ação que também tem natureza de ação de conhecimento. Se a
execução tramita na primeira vara, por prevenção do Juízo, os embargos têm de ser
distribuídos na mesma vara a fim de evitar fraude, litispendência, decisões

52
Bens são destinados aos descendentes, ascendentes/cônjuge e colaterais
53
As leis processuais são brasileiras. Na relação patrimonial, em processo que tramita no Brasil, se a lei
material brasileira é mais benéfica em relação à estrangeira, aplica-se a lei brasileira. Art. 10 da LINDB.

24
contraditórias e analisar possibilidade de extinção). Trata-se de aplicação da
competência absoluta.

Material – qual o ramo da justiça competente para apreciar o processo? ADI  STF;
Embargos de terceiro  Vara onde corre a Execução. Também se trata de aplicação
de competência absoluta. Tudo que não for justiça especial, deve ser julgada na justiça
comum (também chamada de residual), podendo ser da estadual ou federal (o que
difere a competência é a constituição do polo passivo 54; normalmente tem uma
autarquia, empresa pública num dos polos da ação).

Aula 18 - 10/5/2016

Valorativo – leva em consideração o valor da causa. Se o valor não puder ser estimado
(como no caso da interdição), será o valor patrimonial. As ações com valor inferior a 60
salários-mínimos, em âmbito federal, são, conforme estabelecido pela Lei de Juizado
Especial Federal (12.155/2000, alterada pela Lei 10.259/2001), de competência
absoluta do juizado. Se não for ente federal, a competência é relativa, ou seja, o autor
escolhe entre as justiças federal ou estadual (9.099/95). Assim, no caso do critério
valorativo, a competência pode ser absoluta ou relativa.

Territorial (definido pelo CPC) – a competência é relativa. Se o réu não alegar


incompetência na defesa (contestação), a ação continua correndo no local da ação. A
única hipótese de competência territorial de caráter absoluto se refere a direitos reais
imobiliários (usucapião, posse). Hipóteses de competência territorial: art. 42-63 CPC. A
medida cautelar pode ser pedida na justiça estadual, mesmo envolvendo a CEF, p.ex. A
competência é relativa (com uma única exceção expressa pelo art. 47 CPC).

Diferenças e semelhanças entre as competências absoluta (artigos 63 e 64,§ 1º) e


relativa - PROVA:

 Ambas são alegadas na contestação (sendo este o momento mais adequado,


podendo ser alegadas depois)
 Absoluta – a competência é uma imposição pela lei, ou seja, é
imperativa/cogente (não aceita diferença55); relativa: dispositiva (pode ser
escolhida a Comarca/o foro56)
 Absoluta – matéria de ordem pública (todas as matérias que extravasam a
vontade das partes) e que devem ser conhecidas de ofício, ou seja, mesmo que
54
Se forem o CEF e o INSS, p.ex., serão na justiça federal; BB, economia mista  estadual. Se houve,
p.ex., uma denunciação à lide, pode ter deslocamento de competência, como, p.ex., da estadual para a
federal. Pode ter ente federal no polo passivo e, mesmo assim, ser de competência estadual. É o caso de
acidentes de trabalho (auxílio acidentário, por definição da CF – art. 109, a competência é estadual).
55
Os atos processuais são inválidos, entre eles a do juiz (que não passa a ser competente por inércia das
partes)
56
Mas não a Vara

25
ninguém alegue; relativa: não pode ser conhecida de ofício pelo juiz (art. 63, §
3º CPC), não é de ordem pública (preclui se não for alegada)
 Absoluta – não pode ser alegada a qualquer tempo (não pode ser derrogada,
não pode ser prorrogada); relativa: pode ser prorrogada e derrogada (pode ser
eleita, como no caso de eleição de foro, excepcionando a regra geral 57).
Exceção de incompetência relativa – se não for feita no prazo de defesa, há
preclusão (a ação continua correndo no foro onde foi proposta)

Outros assuntos abordados na aula:

Prevenção ou dependência

Litispendência

Foro – é o mesmo que Comarca. A Lei de Organização Judiciária do Estado de SP


chama equivocadamente de foro a reunião de comarcas. Até 500 salários mínimos, a
competência é absoluta dos foros regionais. Acima desse valor, o foro é central.

Em contratos de adesão (direto real móvel, relações de consumo), ocorre o único caso
de competência relativa no qual o juiz pode decretar a incompetência de ofício,
mesmo com a cláusula de eleição de foro.

Aula 19 – 12/5/2016

Competência de foro – art. 42 a 63

Para definir a competência devem ser verificadas as partes, a causa de pedir, o pedido.
Em relação à competência no âmbito federal, esta, em regra, é definida pela pessoa.
Em caso de pedido de danos morais contra a CEF, a competência é no âmbito federal;
se contra o Itaú, estadual. Se a ação está tramitando na esfera estadual, mas um ente
federal entra como ente interessado, há deslocamento de competência  Justiça
federal.

Ações de acidente de trabalho contra o INSS, ente federal (auxílio acidentário por
invalidez) - art. 109 CF, há uma exceção (competência da Justiça estadual; eventual
recurso será apreciado pelo TJ estadual); se contra o empregador  Justiça do
Trabalho.

57
Regra geral do foro – domicílio do réu.

26
Art 109, § 3º - ação para revisão por tempo de serviço  Justiça estadual. Nos locais
sem Justiça Federal, como revisão de pensão, a pessoa pode propor a ação na Justiça
estadual (é considerada uma função delegada, ou seja, o juiz estadual atua como um
juiz federal; eventual recurso vai para o TRF). Serão processadas e julgadas na justiça
estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas que forem
parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede
de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras
causas que sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

§ 4º Na hipótese de parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o TRF da


área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

Processo de falência: se tem um ente federal no polo da ação ou terceiro interessado,


a competência é da justiça federal. Contudo, nos casos de falência, mesmo com entes
federais, o caso continua sendo apreciado na justiça estadual.

Justiça Comum (tudo que for de competência residual, é da justiça comum). É federal
ou estadual? Depende de quem está no polo da ação. Em qual comarca? Regra geral:
Art. 46 – A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens imóveis será
proposta, em regra, no foro de domicílio [art. 70 CC] do réu. Esta competência é
relativa (chamada exceção de competência relativa), porque, se o réu não alegar, a
ação continuará tramitando no foro onde foi proposto. Trata-se da aplicação da regra
da perpetuação da jurisdição (perpetuatio jurisdictionis).

PROVA - Art. 47 (única situação de competência absoluta entre arts. 42-63) Direito
pessoal sobre imóvel – Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é
competente o foro de situação da coisa. Ex.: usucapião de imóvel de Araraquara 
direito real, a ação deve ser proposta em Araraquara (mesmo que o réu não alegue, as
decisões do juiz de foro da situação da coisa serão nulas).

§ 1º O autor pode optar pelo for de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio
não recair sobre direito [direitos imóveis] de propriedade, vizinhança, servidão....

A admissão da eleição de foro é possível nos casos de competência relativa.

Propriedade entre municípios diferentes – a competência é absoluta, mas, nesse caso


em especial, ambos foros são competentes, pois são locais da coisa. Se há conexão
entre as ações ou a decisão de um interfere no outro, como no caso de usucapião e
reintegração, o foro competente é o local onde a primeira ação foi proposta.

Se a ação envolver conflito entre dois estados ou tribunais diferentes, o conflito será
decidido pelo STJ; se forem tribunais federais, o conflito será decidido pelo TRF.

27
Conflito positivo (ambos querem o processo) X conflito negativo (sendo a forma
comum, nenhum quer passar o processo; ex.: um quer passar o processo, outro não 
o Tribunal decide o conflito; se forem tribunais diferentes  STJ decide)

Pela prevenção, a competência é do foro onde foi distribuída, primeiramente, a ação.


Art. 43 Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da
petição inicial.

Conexão – causa de pedir ou pedidos parecidos entre duas ações. Devem ser reunidos
para julgamento conjunto a fim de evitar decisões contraditórias (e por celeridade
processual). Art. 55 Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for
comum o pedido ou a causa de pedir. § 3º Serão reunidas para julgamento conjunto os
processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou
contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles.

Regras especiais

Envolvem competências relativas, em aplicação da regra da perpetuação da jurisdição.

Art. 53 – É competente o foro: I – para a ação de divórcio, separação, anulação de


casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: a) de domicílio do
guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal. II –
de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos.

Próxima aula: Lugar de cumprimento da obrigação, conexão e continência

Aula 20 – 17/5/2016

Art. 46 – Regra Geral – móveis (direito pessoal e real) e imóveis (direito pessoal). A
ação será proposta no domicílio do réu. A regra geral é aplicada quando não há regras
especiais.

Regras especiais: em caso de acidente automobilístico, o local de competência do fato;


relações de consumo  domicílio do consumidor (por ser uma regra mais específica
que a do CPC).

Hierárquica (funcional) – competência absoluta

Material - absoluta

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Valorativa – absoluta/relativa

Territorial – em regra, relativa. Está expressa no CPC, do art. 42 ao 63. Exceção que a
torna absoluta: direito real/posse - imóvel (art. 47)

CF

Constituições Estaduais

CPC

Lei de Organização Judiciária

Foros concorrentes: a ação pode ser ajuizada no local do fato ou domicílio do autor.
No caso de automobilístico, pode ainda acumular uma terceira possibilidade que é o
domicílio do réu.

Outros foros especiais (que prevalecem sobre a regra geral): art. 53. A competência
continua sendo relativa (se não alegada, a ação continua correndo no foro onde a ação
foi proposta)

Se houver incapaz, o foro competente é o do guardião do incapaz – art. 53, a

Deslocamento de competência – por continência (art. 56) ou conexão (definida no art.


55)

Conexão – causa de pedir (como um contrato bancário) ou pedido iguais (forem


conexas). Para evitar decisões contraditórias, os processos serão reunidos num único
Juízo para decisão conjunta.

Art. 55 Reputam-se conexas duas ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a
causa de pedir. § 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão
conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado.

Juiz prevento – o juiz que, primeiramente, recebeu o processo apreciará o pedido (vale
a ordem de distribuição)

Justiças estaduais diferentes: o conflito é avaliado pelo STJ; entre comarcas do Estado
de SP  TJSP; comum X especial (como Justiça do Trabalho) – STJ.

Continência – art. 56 CPC: dá-se a continência entre duas ou mais ações quando
houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser
mais amplo, abrange o das demais. É considerada uma conexão de grau mais forte.
Toda ação continente é conexa.

29
Difere-se da litispendência que é uma ação repetida.

Art. 139 CPC – poderes, deveres e responsabilidades do juiz

Aula 21 – 19/5/2016

1 – Juiz – arts. 139-142

Art. 139 assegurar às partes igualdade [material, tratamento desigual para conseguir
sustentar efetiva desigualdade, como no caso do hipossuficiente que precisa da
assistência judiciária gratuita] de tratamento.

Prazos dilatórios (podem ser reduzidos e dilatados); peremptórios (não podem


alterados) – atualmente, com o NCPC, todos os prazos são dilatórios, a depender da
autorização do juiz.

Demandas repetidas – o juiz tem o dever de oficiar o MP ou órgão de classe para


propor ação coletiva, a fim de evitar a multiplicação de novas ações

Art. 140 – O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do
ordenamento jurídico.

Trata-se do Princípio da Indeclinabilidade (Inafastabilidade da Jurisdição) – o juiz não


pode se eximir de decidir, pois o Judiciário tem o dever de jurisdição

Parágrafo único: O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.

Princípio da Equidade (ou Legalidade Estrita) – equidade é a justiça do caso concreto.


Se a lei para aquele caso não é tão justa, a equidade é aplicada, a depender de
autorização legal.

Art. 141 – O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado
conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.

Princípio da Inércia ou da Demanda – uma vez provocado, o juiz decide de acordo com
os limites apresentados. Julgamento extra petita – fora do pedido (é nula); ultra – além
do pedido, ambas proibidas.

O juiz pode deferir a realização de provas para estar convicção da decisão, para se
aproximar da verdade real. A busca da verdade é um diligência do juiz para o seu
adequado convencimento. O que não está no processo não pode estar no mundo
jurídico.

30
Responsabilidade do juiz por seus atos – é necessária caraterização do dolo ou fraude.
O ato culposo não leva à responsabilidade pessoal. Cabe à parte, nesse caso, voltar-se
contra o Estado.

Atos do juiz – arts. 203-205  despacho, decisão interlocutória (resolvem o incidente


processual, está sujeita ao recurso, chamado de agravo de instrumento), sentença
(arts. 485-487 CPC). Há ainda o poder de realizar atos materiais: realizar audiências,
fazer diligências.

2 – Auxiliar da justiça58 – arts. 149-164

Atos do escrivão – art. 206-211

Administrador – nomeado pelo juiz em caso de falência; é remunerado

O juiz pode homologar o acordo pactuado entre as partes

3 – Atos processuais – arts. 188 e s.s

Atos judiciais – atos do juiz + atos de seus auxiliares

Atos das partes – art. 200-202. Ao ser protocolado, os atos são assim considerados (a
contestação é válida como protocolada).

3.1 Requisitos Gerais: modo (art. 192), lugar (os atos processuais, como penhora e
protocolos, são praticados no foro do juiz, das 6 às 20h59), tempo (prazos processuais60)
– art. 223

Prazos para as partes – prazos próprios (são os para os partes); impróprios.

Alguns atos geram preclusão61 – perda de praticar um ato processual. Somente os


prazos para as partes estão sujeitos à preclusão.

Prazos para juízes auxiliares e MP – prazos impróprios; não geram preclusão, apenas
penas administrativas.

58
São os colaboradores da atividade jurisdicional, expedindo mandados, recebendo e encaminhando
autos, ou mesmo de acionar peritos, fazer citação, intimar as partes. Incluem o escrivão, oficial de
justiça, perito, intérprete, administrador judicial, depositário, mediadores e conciliadores, ou seja, todos
aqueles que auxiliam na decisão do juiz. Podem exercer Poder de Polícia. O escrivão, na JF, é chamado
de chefe de secretaria. Testemunha não é auxiliar da justiça.
59
O horário é definido pela Organização Judiciária de cada Estado.
60
É a quantidade de tempo fixada para a prática do ato. O prazo processual é contado em dias úteis (não
são contados os sábados, domingos e feriados). O início do prazo é contado um dia útil após a
publicação no Diário Oficial.
61
A preclusão pode ser temporal (decurso do tempo), consumativa (o ato é consumado) e lógica

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Os atos que colocam fim ao processo constituem a sentença. As decisões colegiadas
(chamadas de acórdão feitas por órgãos colegiadas) são apreciadas por
desembargadores e ministros.

Recesso forense – não corre prazo nesse período

Requisitos específicos – o objetivo dos atos específicos é a pacificação social.

Somente são anulados os atos que não atingirem o seu objetivo. Assim, mesmo
quando a lei determinar certa forma específica para o ato, mas este é praticado de
outra forma e atingiu o seu objetivo, considerar-se-á este válido. Trata-se de aplicação
do Princípio da Instrumentalidade das Formas (ou Princípio do Aproveitamento dos
Atos)

Próxima aula: Formação (art. 2º, 312 e 329 CPC), Suspensão (313), Extinção do
Processo (desistência da ação dif. renúncia ao direito; 485-487 CPC)

Aula 22 – 24/5/2016

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