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PRIMEIRA AULA - APRESENTAÇÃO

A DISCIPLINA
Objetivo
O objetivo dessa disciplina é desenvolver no acadêmico competências gerais ou de
fundamento de área, de acordo com as unidades de ensino e conteúdos estudados,
com foco nas habilidades necessárias para a atuação profissional.

Competências
Conhecer os conceitos, as características e a estruturação da Jurisdição, dos sujeitos
processuais, das tutelas processuais e do processo eletrônico. Empregar os conceitos,
as características e a estruturação da Jurisdição, dos sujeitos processuais, das tutelas
processuais e do processo eletrônico.

- Compreender e aplicar o sistema processual e o funcionamento do processo


eletrônico, os sujeitos e as tutelas nela envolvidos para aplicar nos procedimentos
judiciais e administrativos. Elaboração de quadro comparativo apresentando o
sistema processual, sujeitos e processo eletrônico considerando caso hipotético
apresentado.
O Professor:
Leonardo Delabary V Alves

Bacharel em Direito – URCAMP /RS (2008)


Mestre em Direito – UML/EUA (2023)
Especialista em Ciências Criminais - UCAM /RJ(2009)
Especialista em Formação de Professores para a Educação Superior Jurídica - Uniderp (2015)
Especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário - Uniderp (2018)
MBA em Gestão Estratégica de Negócios - Uniderp (2020)
MBA em Marketing e Vendas – Uniderp (2021)
Especialista em Direito Penal e Processual Penal Contemporâneo (cursando) – Uniderp (2024)
ADVOGADO atuante desde 2010
Professor de cursos preparatórios para concursos desde 2010
Docente do curso de Direito da Faculdade Anhanguera de Porto Alegre
Membro da Casa Norma – ecossistema jurídico colaborativo
Co-fundador do NuJuris - Núcleo Jurídico da Associação Comercial de Porto Alegre
Co-fundador do Instituto Shibumikan de Karate-Do

Contato:
leonardo.d.Alves@cogna.com.br
BIBLIOGRAFIA:
Código de Processo Civil (básico para o estudo)

Theodoro Jr., Humberto. Curso de Direito Processual Civil - Vol. 1:


Volume 1. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2022. (disponível na biblioteca)

Didier Jr., Fredie. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL - V.1 -


INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL, PARTE GERAL E PROCESSO
DE CONHECIMENTO (Volume 1). Salvador: Editora Juspodivm, 2023

Negrão, Theotonio. Código de Processo Civil e legislação processual civil


em vigor. 54ª edição. São Paulo - SP: Saraiva Jur, 2023. (Disponível na
biblioteca) (disponível na biblioteca)
UNIDADE 1

PROCESSO ELETRÔNICO, SUJEITOS E TUTELAS PROCESSUAIS


INTRODUÇÃO BÁSICA

“Lide ou litígio é um conflito de interesses qualificado por uma


pretensão resistida ou insatisfeita. Esse conflito de interesses verifica-se
quando o titular da pretensão, ao tentar obter do outro sujeito da
relação jurídica (o obrigado) a prestação devida, encontra resistência ou
não logra êxito no seu objetivo. Tal ocorrendo, surge, para o titular da
pretensão, o interesse de agir."

_______
MEDINA, Paulo Roberto de Gouvêa Medina. Teoria Geral do Processo. Belo Horizonte: Ed. Del
Rey, 2012. p. 26.
Logo, a lide se caracteriza, pela resistência a uma pretensão manifestada por
alguém que quer obter o que entende lhe ser devido. Isso importa dizer que, em
virtude da não obtenção do bem de vida almejado, exatamente pela oposição
manifestada por aquele que poderia consentir, o prejudicado irá ter um juízo. Em
outras palavras, o insucesso da via consensual (de comum acordo) o levará a requerer
a intervenção do Estado, através da pessoa do Juiz.

Uma vez instaurada a relação processual válida, fatalmente, como regra geral, o
juízo decidirá sobre a lide específica, definindo se o bem de vida deve ser concedido,
ou não, ao demandante. Ora, a paz social, objetivo maior do Judiciário, recomenda que
os conflitos sejam solucionados de forma definitiva. Para que isso ocorra, o interessado
deverá, pelo princípio dispositivo, instar/provocar o Judiciário por meio da petição
inicial. De outro lado, o juízo haverá de, até mesmo em decorrência do princípio do
impulso oficial, conduzir o conflito a uma solução, desatando o mérito da lide.
O ideal é que todo processo alcance uma solução de mérito
(princípio da primazia do mérito), pela qual o juiz deliberará sobre o caso
concreto e contribuirá para a construção da paz social.

Nesse sentido, em seu art. 4º o Código Processual Civil de 2015


apregoa que "as partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução
integral do mérito, incluída a atividade satisfativa". Como consequência, as
decisões que extinguem o processo sem resolução de mérito (arts. 4º, 6º,
317 e 488 NCPC) devem ser encaradas como exceções, e só devem ser
proferidas quando for impossível a correção do defeito que impede a válida
formação da relação processual.
Com efeito, considerando que o pronunciamento judicial que deixa
de resolver o mérito não impede, a rigor, a repetição da ação (art. 486
NCPC), pode-se dizer que decisão deste naipe, longe de pacificar e contribuir
para a construção da paz social, é verdadeira causa de instigação à
perpetuação da lide. Não seria abusado dizer, pois, que o juízo deve ter
verdadeira obsessão pela prolação de sentença de mérito, único meio pelo
qual, decididamente, estará trazendo uma pacificação.

O Código de Processual de 2015 impôs ao juiz, que antes de encerrar


o processo sem resolução de mérito, oportunize à parte a correção do vício,
caso isto seja possível (art. 317 NCPC). O mesmo critério é adotado quando
do juízo de admissibilidade recursal (§Ú do art. 932 CPC), ou seja, o órgão
julgador deve, prioritária e obcecadamente, conhecer e examinar o mérito
recursal.
Ainda, é importante dizer que esta pacificação interessa às partes, ao Estado e à
sociedade!
Interessa às partes, porque a decisão de mérito, de um jeito ou de outro, estará
resolvendo o conflito. E, ao resolver o conflito, trará um norte a ser seguido pelos que
então litigavam, até porque - diz o Código de Processo Civil - a decisão de mérito, depois
de passada em julgado, tem "força de lei" (art. 503 CPC).
Em uma ação possessória, por exemplo, a definição por decisão de mérito acerca
de quem ficará com a posse do bem permite que as partes se posicionem dali em diante.
Aquele que sucumbir se verá na obrigação de respeitar a posse do outro, e poderá,
reposicionar-se sobre seus projetos, inclusive investindo em outra localidade, etc.
A decisão de mérito, no exemplo apresentado, trará, além do dado objetivo de
regramento do conflito, uma sensação subjetiva de segurança e paz social, pois os
litigantes não se verão mais estimulados a disputar sobre a posse do bem e deverão se
comportar em posição de respeito ao que foi deliberado. Interessa a pacificação, por
meio de decisão de mérito, também ao Estado, pois a solução de um conflito pelo Poder
Judiciário significará o verdadeiro funcionamento da regra constitucional de divisão dos
Poderes (art. 2º CRFB/88).
SUJEITOS DO PROCESSO
O livro III do CPC consagra a parte relativa aos SUJEITOS DO PROCESSO.

Sendo a paz social o objetivo a ser alcançado, será o processo o


instrumento possibilitará isso. E dele participam vários atores, denominados
pelo diploma processual como sujeitos.

Os sujeitos são todos aqueles que, de alguma forma, participam do


processo.

O Código de Processo Civil, ao tratar da forma dos atos processuais,


refere-se aos praticados pelas partes (arts. 200 a 202 CPC), pelo juiz (arts. 203
a 205 CPC), pelo escrivão ou chefe de secretaria (arts. 206 a 211 CPC).

Demais disso, o Código trata como "sujeitos do processo" as partes, os


advogados, os terceiros que intervêm no processo, o juiz e os auxiliares da
justiça, o Ministério Público, a advocacia e a Defensoria Pública (arts. 70 a 187
CPC).
SUJEITOS PRINCIPAIS DO PROCESSO

São três os sujeitos principais para que o processo se estabeleça:

Essa triangulação vincula as partes, que estão em busca da solução para o conflito de
interesses entre elas estabelecido, e ao juiz/Estado caberá a função de julgar.
Ocorre que, tal como visto anteriormente, muitos outros sujeitos podem participar
da relação processual, como forma de garantir a efetiva prestação da tutela jurisdicional.
Deve-se também mencionar que as testemunhas, eventuais credores e o
arrematante nos processos de execução e, ainda, terceiros que de alguma forma possam vir a
ter sua esfera de direitos atingidas, também são considerados sujeitos do processo e devem
cooperar visando a solução das controvérsias.
SUJEITOS (ATORES) DO PROCESSO:

Sujeitos que não possuem qualquer interesse


Aqueles que possuem algum interesse na causa.
no julgamento do processo.
Vários outros auxiliares ainda podem ser chamados para
atuar em situações especiais do procedimento processual, como
ocorre com os profissionais do serviço postal, da imprensa oficial, a
força policial, o leiloeiro, o corretor da Bolsa, o terceiro detentor de
documentos, profissionais de Instituições Financeiras, assistentes
técnicos e curador especial.
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS – Artigo 119 a 138 CPC/2015

1. O CPC/73 estabelecia a Nomeação (não é mais assim chamado -


382 CPC/15) a Autoria e a Oposição (agora é procedimento
especial – artigo 682 a 686 do CPC) como Intervenção de
Terceiros. Nos termos do CPC/15 não entram mais como
Intervenção de Terceiros.

2. O CPC/15 estabelece como Intervenção de Terceiro:

- Assistência (simples e litisconsorcial)


- Denunciação à lide
- Chamamento ao Processo
- Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica
- Amicus Curiae
TÍTULO III
DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
CAPÍTULO I
DA ASSISTÊNCIA
Seção I
Disposições Comuns
Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente
interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para
assisti-la.

Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de


jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre.

Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente
será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar.

Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir,
o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo.
ASSISTÊNCIA SIMPLES E LITISCONSORSIAL

Disposições Comuns sobre ambos os tipos - Artigo 119 e 120 CPC/15

1) Necessidade de interesse jurídico: na assistência alguém que está de fora do processo vem
para auxiliar no processo. Para isso, portanto, tem que haver interesse jurídico naquela
demanda. Ou seja, se o resultado daquela demanda puder interferir na relação jurídica
negocial com a parte, eu posso interferir.

- Exemplo 1: Se eu sou sublocatário e tomo conhecimento que há uma ação de despejo


contra o locador, eu tenho interesse jurídico sobre a demanda. Tem que haver um interesse
que interfira na relação jurídica entre as partes.

- Exemplo 2: Augusto deve Flávia e portanto é devedor de Flávia. Flávia toma conhecimento
que Augusto é credor de um processo e pode ganhar dinheiro para pagá-la. Ela pode
ingressar como terceira interessada? NÃO, pois aqui o interesse não é jurídico pois não
muda a relação entre Flávia e Augusto. Aqui há um interesse econômico e não jurídico pois
Flávia vai continuar sendo credora de Augusto.
2) Pode ocorrer em qualquer grau de jurisdição: pode ocorrer inclusive em grau recursal,
sempre antes do trânsito em julgado da decisão.

3) Em caso de impugnação a respeito da assistência, necessidade de decisão judicial: o


assistente (que é o terceiro que intervém no processo) diz que quer ser assistente do autor
ou do réu. O juiz analisará preliminarmente se há esse interesse jurídico e, entendendo que
há, intima as partes para que possam se manifestar acerca desse pedido. Não havendo
oposição das partes e se estiverem preenchidos os requisitos da assistência, o juiz deferirá
o pedido de assistência. Em caso de impugnação das partes o juiz analisará e decidirá via
decisão interlocutória, passível de AGRAVO DE INSTRUMENTO, nos termos do artigo 1.015,
IX do CPC/2015.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
ASSISTÊNCIA SIMPLES
Da Assistência Simples - Artigo 121 ao 123 CPC/15

- Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e
sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.

- ATENÇÃO: O ASSISTENTE SIMPLES NÃO É PARTE, ATUA COMO TERCEIRO. Sujeita-se aos mesmos
poderes e ônus. Exemplo: pode produzir prova, pode recorrer, pode ser condenado a pagar. A parte é
denominada ASSISTIDA.

- Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será
considerado seu substituto processual.
- ATENÇÃO: O substituição processual é uma palavra sinônima à legitimidade extraordinária. Sempre que
se lê substituto ou substituição processual pense em legitimação ou legitimado extraordinário.
- Legitimidade ordinária: Maria entra com uma ação para postular seus direitos em seu nome.
- Legitimidade extraordinária: O sindicato entra em nome dos funcionários. A mãe entra em lugar do
menor. São legitimidades previstas pelas lei.
- Sempre que eu tiver legitimidade extraordinária eu tenho autorização do ordenamento jurídico para tanto.
Aqui se autoriza o assistente atuar para defender os direitos do assistido nesse caso, conforme prevê a lei
no parágrafo único do artigo 121 do CPC/15.
- Se o assistido abandou o processo, o assistente pode então atuar em defesa do assistido. Pode pois a lei
expressamente o autorizou nesse sentido.

- Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido,
desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos.

- ATENÇÃO: O ASSISTENTE NÃO É O TITULAR DO DIREITO


- O assistente não tem o direito de intervir no sentido de impedir um acordo por exemplo. O fato do
assistente auxiliar no processo não significa que a parte não possa desistir do processo. O DIREITO É DO
TITULAR E NÃO DO ASSISTENTE.

- Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em
processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:

- Efeito de Intervenção: é diferente de coisa julgada. O assistente não poderá rediscutir a matéria, exceto nos casos
previstos em lei, artigo I e II do 123 do CPC/15.
ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL – Artigo 124 do CPC/15

Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir
na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.

Exemplo: Eu tenho um carro que está financiado com o Banco e vendo para o Giordano, mas não
aviso o Banco. Aí eu paro de pagar o carro para o Banco e este entra com uma ação executando o
contrato de financiamento contra mim. Nessa situação o Giordano poderá entrar como assistente
litisconsorcial do banco. Aqui o resultado do processo vai interferir diretamente no Giordano pois
ele poderá perder o carro e, assim, ele virará parte.

AQUI, ao contrário da assistência simples, O ASSISTENTE VIRA PARTE.


DENUNCIAÇÃO À LIDE – Artigo 125 à 129 CPC/2015
A denunciação da lide está relacionada ao direito de regresso.

Os exemplos estão na lei:

Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:

I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa
exercer os direitos que da evicção lhe resultam;
Exemplo: compro uma casa de alguém e depois descubro que essa casa pertencia a outrem

II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido
no processo.
Exemplo: seguradora

Eu sou obrigada a denunciar a lide? A denunciação à lide é um benefício que a parte tem para
que alguém cumpra a sua obrigação prevista por lei e que te vai garantir o direito de regresso.
Porém não é obrigatório e nada impede que depois eu possa discutir esse direito de regresso por
meio de AÇÃO AUTÔNOMA.
- Possibilidade de apenas uma denunciação sucessiva. Exemplo: quem foi denunciado pode
denunciar a outra pessoa, mas esta outra pessoa não pode mais denunciar.

- ATENÇÃO: então sempre que não for possível a denunciação a lide pode entrar com a ação
autônoma.

- LEGITIMADOS à denunciação: Autor e Réu


Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e
acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.
Art. 128. Feita a denunciação pelo réu:
I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em
litisconsórcio, denunciante e denunciado;
II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e
abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva;
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua
defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso.
Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença
também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva.
CHAMAMENTO AO PROCESSO – Artigo 130 ao 132 CPC/2015

- Intervenção de terceiro feita pelo réu no prazo que ele tem para contestar.
- Exemplo: situação do dedo duro. Eu fiz mas não fiz sozinho.
- O rol é taxativo, nos termos da lei.

Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:


I - do afiançado (é quem teve a sua dívida garantida), na ação em que o fiador (garante a dívida de
outrem por meio do contrato de fiança) for réu;
OBS. O AFIANÇADO não pode chamar o FIADOR, mas o FIADOR pode chamar o afiançado.
II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
OBS. Quando é cobrado 2 de 4 fiadores os outros podem chamar os demais.
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da
dívida comum.
OBS. Quando é cobrado de apenas alguns dos devedores solidários, os demais podem chamar os
outros.
Art. 131. A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na
contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento.
(No prazo de defesa eu peço a citação do réu chamado ao processo).

Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto,
o prazo será de 2 (dois) meses.

Art. 132. A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim
de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na
proporção que lhes tocar.
Exemplo: o devedor que pagou a dívida total pode executar nos mesmos autos as quotas dos demais
devedores.
PERSONALIDADE JURÍDICA (para entender o Incidente de Desconsideração da PJ)

• A pessoa jurídica não se confunde com as pessoas que a compõem. Este princípio, de
suma importância para o direito empresarial, também se aplica as sociedades.

• SOCIEDADE = PESSOA JURÍDICA


• SÓCIOS = SÃO OUTRAS PESSOAS (NATURAIS OU JURÍDICAS)

Conceito: “Pessoa jurídica é um expediente do direito destinado a simplificar a disciplina de


determinadas relações entre os homens em sociedade. Ela não tem existência fora de
direito, ou seja, para além dos conceitos partilhados pelos integrantes da comunidade
jurídica. Tal expediente tem o sentido, bastante preciso, de autorizar determinados sujeitos
de direito à prática de atos jurídicos em geral”. (COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito
Comercial. Direito de Empresa. 28 ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 30)
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Artigo 133 a 137 do CPC/2015

LEGITIMADOS: Parte e MP

Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério
Público, quando lhe couber intervir no processo.

FINALIDADE DA TEORIA

1) Função social da empresa: premissa de que a PJ é instrumento jurídico de desenvolvimento.


2) Desviada sua finalidade pode ter sua autonomia patrimonial afastada como forma de sanção.
3) Teoria fortalece a limitação de responsabilidade ao coibir fraudes e abusos.
4) A DPJ deve ser: judicial, casuística, episódica, temporária.

REQUISITOS
1) Desvio de finalidade
2) Abuso da personalidade
3) Confusão patrimonial
Direito Material e Direito Processual

Código Civil, art. 50: Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da
parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de
certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos
administradores ou sócios da pessoa jurídica.

PROBLEMA DO CC/02 ANTES DO CPC/15: AFRONTA AO CONTRADITÓRIO

CPC 2015, art. 133 ao 137: Incidente de desconsideração da personalidade jurídica. Visa a
garantia do contraditório e da ampla defesa e do devido processo legal, ambos princípios
de ordem constitucional.
Direito Material e Direito Processual

O CPC/15 inclui, entre as modalidades de intervenção de terceiro, o incidente de


desconsideração da personalidade jurídica. Trata-se, na verdade, de um incidente
processual que provoca uma intervenção forçada de terceiro (já que alguém estranho ao
processo – o sócio ou a sociedade, conforme o caso – será citado e passará a ser parte no
processo, ao menos até que seja resolvido o incidente).

Caso se decida por não ser caso de desconsideração, aquele que foi citado por força
do incidente será excluído do processo, encerrando-se assim sua participação. De outro
lado, caso se decida pela desconsideração, o sujeito que ingressou no processo passará a
ocupar posição de demandado, em litisconsórcio com o demandado original.
Direito Material e Direito Processual

O Incidente de desconsideração da personalidade jurídica, então, pode acarretar


numa ampliação subjetiva da demanda, formando-se, por força do resultado nele
produzido, um litisconsórcio passivo facultativo.

Importante salientar que esse incidente não estava previso no CPC anterior e veio
assegurar o direito ao exercício do contraditório e da ampla defesa e do devido processo
legal no que diz respeito ao fenômeno da desconsideração da personalidade jurídica. Ex:
antes do CPC/15, o STJ admitia a DPJ sem prévia citação daqueles que seriam atingidos
pelos efeitos da decisão. (STJ, RESP 1.266.666/SP, rel. Min, Nancy Andrighi, j. 09.08.2011). =
NÍTIDA AFRONTA AO PRINCÍPIO CONTITUCIONAL DO CONTRADITÓRIO E DEVIDO PROCESSO
LEGAL.
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA - Artigo 133 a 137 do CPC/15

Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério
Público, quando lhe couber intervir no processo.
§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei.
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica.

Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento
de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial.
§ 1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações devidas.
§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição
inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica.
§ 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2º.
§ 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para desconsideração da
personalidade jurídica.

Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas
cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória.
Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno. VER ARTIGO 1.015,IV CPC/15
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será
ineficaz em relação ao requerente. (se houver venda do patrimônio do sócio no curso do processo poderá ser
considerado fraude à execução).
Desconsideração inversa da PJ - Artigo 133, do CPC/15

Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do
Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica.

Casos comuns:

a) Direito de família para evitar comunicabilidade (meação) – Passa-se os bem para a PJ


para evitar a divisão.

b) Dívida do sócio e confusão patrimonial entre PF e PJ.

Atenção: a desconsideração inversa não afasta a regra da impenhorabilidade do bem de


família (STJ). Ainda que haja a desconsideração inversa, o bem de família é protegido pela
sua impenhorabilidade.
AMICUS CURIAE – Artigo 138 do CPC/2015
- Conhecido como amigo da corte. É aquela pessoa física ou jurídica ou até um ente despersonalizado que virá
para o processo com o intuito de auxiliar a causa, auxiliar quem vai julgar a causa e não auxiliar uma da
partes como na assistência.

- Isso porque parte-se do pressuposto que ele pode ajudar o julgador no momento de prolatar a decisão.
- No CPC/73 o amicus curiae era mencionado apenas nos tribunais superiores. Agora, o CPC/15 amplia esse
rol para a intervenção também no juízo de primeiro e segundo grau.

LEGITIMIDADE: juiz de ofício pode pedir, as partes jurisdicionada e interessados na causa.


NÃO é um dever. É uma possibilidade.

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a
repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem
pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada,
com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.
Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a
repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem
pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada,
com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.

§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos,
ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º.

Exemplo: A CEF pretende intervir num processo que tramita na justiça estadual que não é parte. Em que pese seja a CEF
seja de competência da justiça federal, ela vai se manifestar na justiça estadual;

§ 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae.

§ 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. (IRDR o
amicus curiae pode recorrer)

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