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Outro grande desafio para o novo governo é a questão das polícias. Temos
muitas polícias, é verdade, mas nem por isso eu diria que temos polícias
demais, pois há uma lógica de pesos e contrapesos que faz bem ao sistema
processual acusatório. É certo que a segurança pública não pode ser vista
apenas como um problema de polícia, mas não se faz segurança pública sem
polícia, e o grande problema é a qualidade da polícia. Não estou falando da
qualidade técnica. O problema não é apenas o desenho constitucional, a divisão
de atribuições, o preparo técnico, a inteligência, a tecnologia, os instrumentos
de trabalho, o treinamento, a educação e tampouco a remuneração.
O que desafia a democracia no Brasil é a qualidade das polícias pelo seu grande
déficit democrático. A cultura autoritária, antidemocrática, antipovo, violadora
dos direitos humanos e truculenta são os verdadeiros problemas, que se aliam
à falta de planejamento em médio e longo prazo. A falta de políticas públicas
de segurança não é a causa do problema, mas, sim, ao contrário, o seu sintoma.
Não é possível fazer planejamento em segurança pública com as diretrizes
democráticas impostas pela Constituição em um país cujos governantes
apoiam, aplaudem e incentivam a violência policial. As forças de segurança se
sentem impermeáveis aos comandos constitucionais. O controle dessa polícia
é o grande desafio do Brasil, que talvez seja um sonho ainda distante demais
para ser vencido em quatro anos.
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9
min de leitura
O problema da
(in)segurança pública no
Brasil
POLÍTICA
BRASIL
12 de junho de 2023
Os dados de segurança pública no Brasil são alarmantes. Os números
de assassinatos anuais superam os registros de guerras como a Guerra
do Vietnã. O brasileiro médio vive constantemente com medo e receio.
Das 50 cidades mais perigosas do mundo, 10 estão no Brasil. Até a
Venezuela perde para o Brasil neste ranking.
Como entender este problema? E quais as possíveis soluções? Está
longe de ser um exagero dizer que os cidadãos vivem Entre Lobos.BER
• ir e vir;
• lazer;
• estudar;
• trabalhar.
Cabe ao Estado brasileiro zelar pela segurança pública. Por isto, o
Estado detém o monopólio do uso da força, para a preservação do
tecido social.
• polícia federal;
• polícia rodoviária federal;
• polícia ferroviária federal;
• polícia militar;
• polícia civil;
• corpo de bombeiros;
• Secretaria de Segurança Pública.
Todos estes órgãos são responsáveis por zelar pela integridade do
cidadão, implementando políticas públicas, fazendo o policiamento e
acompanhando os dados relacionados à segurança pública no Brasil.
Dados da Segurança Pública no Brasil
Como dito no início, os dados sobre a segurança pública no Brasil
são alarmantes. Para organizar a análise dos números, os dados serão
apresentados em quatro categorias:
1. Problema da insegurança;
2. Número de Assassinatos no Brasil;
3. Fracasso do sistema penal;
4. Crime organizado.
Problema da insegurança
O Brasil está à frente até da Venezuela, que tem 6 cidades entre as mais
perigosas do mundo.
A título de comparação:
Crime organizado
As leis restringem e inibem cada vez mais a ação policial. O que gera
uma grande sensação de impunidade. Diversos bandidos agem com a
certeza de que nunca serão punidos por seus atos.
• organização do crime;
• porte de armamentos de guerra, por parte dos criminosos;
• leis que restringem a ação policial;
• sensação de impunidade;
• corrupção das instituições;
• regras brandas para combater o crime.
O Brasil vive um estado de insegurança pública. O cidadão passa a
viver esperando pelo pior. O brasileiro se acostumou a viver assim,
com casas que parecem presídios, com sistemas de segurança
complexos.
Ele também irá mostrar o mundo real do combate ao crime, com o dia
a dia e as dificuldades das polícias no Brasil.
• INICÍO
• INSTITUCIONAL
•
•
•
•
• PESQUISADORES
• ARTIGOS
• BANCO DE DADOS
•
•
•
•
•
•
•
• EVENTOS
• CONTATO
Veja abaixo relatório do Ministério da Justiça sobre o perfil das instituições policiais no
Brasil
Anexo Tamanho
Relatório Descritivo – Perfil das
1.17 MB
Organizações de Segurança Pública.pdf
Relatorio das Delegacias da Mulher
290.53 KB
2005.pdf
Imagem de www.geocities.com
Referências:
ADORNO, Sérgio. “Consolidação Democrática e políticas de segurança pública no
Brasil: rupturas e continuidades.” In Zaverucha, Jorge (org.) Democracia e instituições
políticas Brasileiras no final do século XX. Recife. Bagaço. 1998.
CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros. Crime, segregação e cidadania em
São Paulo. São Paulo. Edusp/Editora 34. 2001.
CHEVIGNY, Paul. Edge of the Knife. Police violence in the Americas. New York: The New
Press. 1995.
PAIXÃO, Antonio Luiz. “Crime, controle social e consolidação da Democracia” in REIS,
Fábio Wanderley & O’DONNEL, Guilhermo. A Democracia no Brasil. Dilemas e
perspectivas. São Paulo. Vértice/Revista dos Tribunais. 1988.
PINHEIRO, Paulo S. “O passado não está morto: nem passado é ainda” In Dimenstein,
G. Democracia em pedaços – Direitos Humanos no Brasil, São Paulo, Companhia das
Letras. 1996.
PINHEIRO, Paulo Sérgio. “The rule of Law and the Underprivileged in Latin America:
introduction.” In MÉNDEZ, Juan E., O’DONNELL, Guillermo,
PINHEIRO, Paulo Sérgio (eds) (1999) The (Un) Rule of Law & the Underprivileged in
Latin America. Indiana. University of Notre Dame Press. 1999.
SOARES, Luiz Eduardo. Meu casaco de general. Quinhentos dias no front da Segurança
Pública do Rio de Janeiro. São Paulo. Cia. Das Letras. 2000.
Segurança pública e comunidades vulneráveis
Cenas do cotidiano de comunidades em São Paulo, marcado pelo conflito entre policia
e criminosos.
A presença do município na segurança também esteve diretamente ligada às idéias de
governo local, de cidadania participativa e, mais especificamente, de policiamento
comunitário. De toda forma, esse processo ainda é muito recente mas já tem feito com
que o governo municipal comece a ter uma outra idéia de seu papel e das
possibilidades novas de emprego das guardas municipais. Mesmo que ainda seja cedo
para uma avaliação adequada desse movimento, é possível, através da literatura
especializada, observar alguns parâmetros para a implementação de políticas locais de
segurança.
As políticas locais, mais do que as políticas estaduais, embora é preciso afirmar que o
esforço para a introdução de um referencial novo da segurança passa necessariamente
pela integração dos esforços tendo a área do município como foco, são propícias para
a disseminação das idéias que circulam no município e mesmo numa determinada
área da cidade.
Os parceiros das políticas públicas locais devem ter informações para poder tomar
posição diante das co-responsabilidades assumidas. Por exemplo, é importante que a
PM implante policiamento comunitário; é importante que as questões sociais tenham
um melhor encaminhamento na cidade, através de programas de transferência de
renda e de apoio às faixas da população mais vulneráveis.
Nesse sentido, os municípios estão sendo estimulados a implementar versões locais,
com o auxílio da Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania, de Centros
Integrados de Cidadania (busca de documentos, de emprego, do acesso à justiça e de
cursos de formação profissional, sobretudo para jovens). No âmbito dos municípios, o
acesso à justiça é fundamental e os Juizados Especiais Cíveis e Criminais precisam ser
dinamizados.
Anexo Tamanho
Juventude e Segurança
Sem dúvida, os jovens representam o grupo social mais vulnerável tanto em termos
de dificuldades de acesso ao emprego e à cidadania, quanto em termos de vitimização
à violência.
Os jovens tem uma presença significativa nas estatísticas de mortalidade por causas
externas, particularmente morte provocada pela violência. Eles compõem um grupo
muito vulnerável em relação ao contato prematuro com organizações criminosas, com
o cigarro, a bebida alcoólica e as drogas. Os jovens também têm uma importante
participação em situação que envolvem acidentes de trânsito e parcela importante
deles está fora do ensino público.
Não bastasse esse quadro, os jovens, sobretudo os moradores das periferias das
nossas cidades, são eleitos como alvo preferencial para a ação policial, sendo assim,
vítimas da violência policial e de maus-tratos dentro do sistema sócio-educativo.
Nesse sentido, é urgente que as políticas de segurança pública concebam projetos e
ações voltados para a inclusão dos jovens. Essa inclusão pode ser contemplada através
de inúmeras iniciativas, muitas das quais já estão sendo colocadas em prática.
Entretanto, essas politicas precisam ser integradas e expandidas para que o poder
público e a sociedade civil tenham condições de dar aos jovens a esperança de um
futuro melhor.
Nessa página, o OSP pretende observar as politicas públicas voltadas para a juventude
e indicar em que medida essas politicas contribuem para a melhora das condições de
cidadania e direitos humanos dos jovens.
Referências:
ASSIS, S. G.; MINAYO, M. C. S.; CONSTANTINO, P. Cumprindo medida socioeducativa
de privação de liberdade: perspectiva de jovens do Rio de Janeiro e seus familiares.
Rio de Janeiro: Claves/Ensp/Fiocruz/Ipea, novembro de 2002.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei no 8.069/90). BRASIL/MINISTÉRIO
DA JUSTIÇA/MINISTÉRIO DA SAÚDE. Por uma política nacional de saúde para os
adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de internação, internação
provisória e semiliberdade. Brasília, novembro de 2002 (documento referencial).
COSTA, A. C. G. da. De menor a cidadão. In: MENDEZ, E. G.; COSTA, A. C. G. Das
necessidades aos direitos. São Paulo: Malheiros Editores, 1994 (Série Direitos das
Crianças, n. 4).
JACCOUD, L. B.; BEGHIN, N. Desigualdade racial no Brasil: um balanço da intervenção
governamental. Brasília: Ipea, 2002.
MENDEZ, E. G. História da criança como história de seu controle. In: MENDEZ, E. G.;
COSTA, A. C. G. Das necessidades aos direitos. São Paulo: Malheiros Editores, 1994a
(Série Direitos das Crianças n. 4).
_____. A doutrina de proteção integral da infância das Nações Unidas. In: MENDEZ, E.
G.; COSTA, A. C. G. Das necessidades aos direitos. São Paulo: Malheiros, 1994b (Série
Direitos das Crianças n. 4).
_____. Legislação de “menores” na América Latina: uma doutrina em situação
irregular. In: MENDEZ, E. G.; COSTA, A. C. G. Das necessidades aos direitos. São Paulo:
Malheiros, 1994c (Série Direitos das Crianças n. 4).
_____. Infância e adolescência: a privação da liberdade nas normas internacionais. In:
MENDEZ, E. G.; COSTA, A. C. G. Das necessidades aos direitos. São Paulo: Malheiros,
1994d (Série Direitos das Crianças n. 4).
_____. O novo estatuto da criança e do adolescente no Brasil: da situação irregular à
proteção integral. In: MENDEZ, E. G.; COSTA, A. C. G. Das necessidades aos direitos.
São Paulo: Malheiros, 1994e (Série Direitos das Crianças n. 4).
OLIVEIRA, C. S. Sobrevivendo no inferno. Porto Alegre: Sulina, 2001. ONU.
Regras das Nações Unidas para a Proteção dos Jovens Privados de Liberdade, 1990.
TEIXEIRA, M. de L. T.; VICENTIN, M. C. G. O futuro do Brasil não merece cadeia: os
argumentos contra a redução da idade penal. Ciência Hoje, v. 30, n. 177, 2001.
UNICEF. A voz dos adolescentes. Brasília, 2002.
Anexo Tamanho
Vigilância eletrônica
A era da vigilância
www2.uol.com.br
Matéria do Folha Informática de 22/01/2003
Tecnologias atuais já permitem vigilância
JOHN MARKOFF e JOHN SCHWARTZ DO “THE NEW YORK TIMES”
Dentro do quadro da pesquisa que o Pentágono (comando militar dos EUA) está
fazendo para deter o terrorismo por meio do monitoramento eletrônico da população
civil, o detalhe mais notável talvez seja o fato de que a maior parte das peças que
compõem o sistema já está instalada.
Devido à presença cada vez maior da internet e de outras tecnologias digitais no
cotidiano das pessoas nos últimos dez anos, está cada vez mais possível reunir poderes
de vigilância dignos de um “grande irmão” empregando meios próprios de um
“pequeno irmão”.
Os componentes básicos incluem tecnologias digitais como o e-mail, as compras e
reservas de passagens on-line, os sistemas de caixa eletrônico, as redes de telefonia
celular, os sistemas de pagamento eletrônico de pedágio e os terminais de pagamento
de cartões de crédito.
O trabalho principal que o Pentágono ainda teria consistiria em criar softwares capazes
de interligar essas fontes de dados numa imensa malha eletrônica.
Os tecnólogos dizem que os tipos de filtragem computadorizada de dados e
comparação eletrônica de padrões que poderiam alertar os órgãos do governo para
atividades suspeitas e coordenar sua vigilância não diferem em muito de programas
que já são usados por empresas privadas.
Tais programas identificam atividade incomum de cartões de crédito, por exemplo, ou
permitem que várias pessoas possam colaborar num projeto, mesmo estando em
lugares diferentes.
Em outras palavras, a população civil já aderiu de bom grado aos pré-requisitos
técnicos para o sistema nacional de vigilância a que os planejadores do Pentágono
deram o nome de Total Information Awareness, ou Tia (Consciência de Informação
Total). A novidade possui uma certa ressonância histórica porque foi a agência de
pesquisas do Pentágono que, nos anos 1960, financiou a tecnologia que levou
diretamente ao surgimento da internet moderna. Hoje, a mesma agência -a Agência
de Projetos Avançados de Pesquisa em Defesa, ou Darpa, devido a suas iniciais em
inglês- está usando tecnologia comercial que evoluiu a partir da rede introduzida por
ela própria.
Conhecida como Arpanet, a primeira geração da internet era feita de correio eletrônico
e softwares de transferência de arquivos, ligando pessoas a pessoas. A segunda
geração ligou pessoas a bancos de dados e a outras informações, por meio da World
Wide Web (ambiente gráfico com links entre sites). Agora, uma nova geração de
software liga computadores diretamente a outros computadores.
E é essa a chave do projeto Tia, que é supervisionado por John M. Poindexter, que foi
assessor de segurança nacional dos EUA durante o governo de Ronald Reagan. Em
1990, Poindexter foi considerado culpado de crime por sua participação no caso Irã-
Contras, mas a condenação foi revogada por um tribunal federal de apelações -
Poindexter tinha recebido imunidade em troca de seu depoimento ao Congresso.
Embora o sistema proposto por Poindexter tenha sido largamente criticado pelo
Congresso norte-americano e por grupos de defesa das liberdades civis, um protótipo
dele já foi implantado e vem sendo testado por organizações de inteligência militar.
O Tia pode, pela primeira vez, fazer a conexão entre fontes eletrônicas diferentes,
como as imagens de vídeo registradas por câmeras de vigilância instaladas em
aeroportos, transações realizadas com cartões de crédito, reservas de passagens
aéreas e registros de telefonemas.
Os dados seriam filtrados por um software que ficaria constantemente à procura de
padrões de comportamento suspeito.
A idéia é que as polícias ou os órgãos de inteligência sejam alertados imediatamente
para padrões -observados em conjuntos de dados que, de outro modo, seriam
comuns- capazes de indicar ameaças.
Os alertas imediatos permitiriam a revisão rápida dos dados por analistas humanos.
Por exemplo: o fato de muitos estrangeiros estarem tendo aulas de pilotagem de
aviões em diferentes partes do país poderia não chamar a atenção de ninguém. O fato
de todas essas pessoas reservarem passagens de avião para o mesmo dia tampouco.
Mas um sistema capaz de detectar as duas coisas seria capaz de dar um sinal de
alarme.
Tradução de Clara Allain
Veja matéria sobre chips que vão substituir radares para fiscalização de veículos
Acesse o blog do Núcleo de pesquisa em tecnologias da comunicação, cultura e
subjetividade, sobre vigilância inteligente.
Veja vídeo Big Brother State no You Tube
Veja matéria da Folha de São Paulo sobre Pedofilia na Internet
Veja abaixo textos do Correio da Unesco que refletem a onda da vigilância virtual,
texto do Depen que discute o controle eletrônico de presos em liberdade vigiada e
análise sobre a politica de vigilância eletrônica dos EUA no contexto pós-11 de
setembro.
Anexo Tamanho
A era da
vigilância
Marcelo Flávio
Eduardo
Barabani Florido
Knapp Folha
Folha Folha
Imagem
Imagem Imagem
Tela do
Crianças
computador Câmeras no
brincando
mostra estádio do
num
imagem do Pacaembu
berçário
berçário
Embora não haja dados disponíveis,
estamos observando nos últimos anos uma
forte disseminação das tecnologias de
vigilância eletrônica no mundo inteiro. O
Grampos telefônicos.doc
Brasil, e particularmente, o Estado de São
Paulo, não foge à regra de um sistema de
vigilância que confunde as esferas da
segurança pública com a privada. Cada vez
mais, na verdade, os gastos privados (de
empresas e de particulares) vem se
ampliando, fazendo face ao também
crescente gasto público com segurança.
As câmeras de vigilância já eram realidade
em várias cidades do mundo, mas foi após
os ataques de 11 de setembro que a
vigilância eletrônica tornou-se uma
verdadeira febre mundial, em parte pelas
possibilidades quase ilimitadas das
tecnologias digitais. O jornal Folha de São
Paulo, de 11/09/2002, mostrou essa
disseminação nos EUA, com câmeras de
vídeo sendo instaladas em Washington e
Nova York para “deter terror’. Nesse
mesmo momento, ocorria um aperto na
filtragem dos turistas que passam pelos
aeroportos, os funcionários do Banco
Interamericano de Desenvolvimento são
controlados por leitura eletrônica de
digitais. Todos os funcionários de empresas
públicas ou que prestam serviços públicos
estão sendo obrigados a renovar seus
cadastros pessoais e, ao mesmo tempo,
estão sendo instruídos a denunciar
qualquer situação que saia do normal. Nos
primeiros meses após o 11 de setembro,
mais de 400 câmeras de TV foram
instaladas nas ruas de Washington. Em
Nova York, foram instaladas 6.000 câmeras
de segurança. O ápice da sociedade vigiada
norte-americana é o projeto de construção
de muro virtual contra imigrantes, formado
por sensores, câmeras e outros
equipamentos eletrônicos, com o objetivo
de aumentar a vigilância nos seus 12 mil km
de fronteira comum com o México e o
Canadá. O governo americano não divulga
cifras, mas as estimativas giram em torno
de US$ 2,1 bilhões os custos do projeto.
www2.uol.com.br
Matéria do Folha Informática de
22/01/2003
Tecnologias atuais já permitem vigilância
JOHN MARKOFF e JOHN SCHWARTZ DO
“THE NEW YORK TIMES”
Dentro do quadro da pesquisa que o
Pentágono (comando militar dos EUA) está
fazendo para deter o terrorismo por meio
do monitoramento eletrônico da população
civil, o detalhe mais notável talvez seja o
fato de que a maior parte das peças que
compõem o sistema já está instalada.
Devido à presença cada vez maior da
internet e de outras tecnologias digitais no
cotidiano das pessoas nos últimos dez anos,
está cada vez mais possível reunir poderes
de vigilância dignos de um “grande irmão”
empregando meios próprios de um
“pequeno irmão”.
Os componentes básicos incluem
tecnologias digitais como o e-mail, as
compras e reservas de passagens on-line,
os sistemas de caixa eletrônico, as redes de
telefonia celular, os sistemas de pagamento
eletrônico de pedágio e os terminais de
pagamento de cartões de crédito.
O trabalho principal que o Pentágono ainda
teria consistiria em criar softwares capazes
de interligar essas fontes de dados numa
imensa malha eletrônica.
Os tecnólogos dizem que os tipos de
filtragem computadorizada de dados e
comparação eletrônica de padrões que
poderiam alertar os órgãos do governo
para atividades suspeitas e coordenar sua
vigilância não diferem em muito de
programas que já são usados por empresas
privadas.
Tais programas identificam atividade
incomum de cartões de crédito, por
exemplo, ou permitem que várias pessoas
possam colaborar num projeto, mesmo
estando em lugares diferentes.
Em outras palavras, a população civil já
aderiu de bom grado aos pré-requisitos
técnicos para o sistema nacional de
vigilância a que os planejadores do
Pentágono deram o nome de Total
Information Awareness, ou Tia (Consciência
de Informação Total). A novidade possui
uma certa ressonância histórica porque foi
a agência de pesquisas do Pentágono que,
nos anos 1960, financiou a tecnologia que
levou diretamente ao surgimento da
internet moderna. Hoje, a mesma agência -
a Agência de Projetos Avançados de
Pesquisa em Defesa, ou Darpa, devido a
suas iniciais em inglês- está usando
tecnologia comercial que evoluiu a partir da
rede introduzida por ela própria.
Conhecida como Arpanet, a primeira
geração da internet era feita de correio
eletrônico e softwares de transferência de
arquivos, ligando pessoas a pessoas. A
segunda geração ligou pessoas a bancos de
dados e a outras informações, por meio da
World Wide Web (ambiente gráfico com
links entre sites). Agora, uma nova geração
de software liga computadores
diretamente a outros computadores.
E é essa a chave do projeto Tia, que é
supervisionado por John M. Poindexter,
que foi assessor de segurança nacional dos
EUA durante o governo de Ronald Reagan.
Em 1990, Poindexter foi considerado
culpado de crime por sua participação no
caso Irã-Contras, mas a condenação foi
revogada por um tribunal federal de
apelações -Poindexter tinha recebido
imunidade em troca de seu depoimento ao
Congresso.
Embora o sistema proposto por Poindexter
tenha sido largamente criticado pelo
Congresso norte-americano e por grupos
de defesa das liberdades civis, um
protótipo dele já foi implantado e vem
sendo testado por organizações de
inteligência militar.
O Tia pode, pela primeira vez, fazer a
conexão entre fontes eletrônicas
diferentes, como as imagens de vídeo
registradas por câmeras de vigilância
instaladas em aeroportos, transações
realizadas com cartões de crédito, reservas
de passagens aéreas e registros de
telefonemas.
Os dados seriam filtrados por um software
que ficaria constantemente à procura de
padrões de comportamento suspeito.
A idéia é que as polícias ou os órgãos de
inteligência sejam alertados imediatamente
para padrões -observados em conjuntos de
dados que, de outro modo, seriam comuns-
capazes de indicar ameaças.
Os alertas imediatos permitiriam a revisão
rápida dos dados por analistas humanos.
Por exemplo: o fato de muitos estrangeiros
estarem tendo aulas de pilotagem de
aviões em diferentes partes do país poderia
não chamar a atenção de ninguém. O fato
de todas essas pessoas reservarem
passagens de avião para o mesmo dia
tampouco. Mas um sistema capaz de
detectar as duas coisas seria capaz de dar
um sinal de alarme.
Tradução de Clara Allain
Veja matéria sobre chips que vão substituir
radares para fiscalização de veículos
Acesse o blog do Núcleo de pesquisa em
tecnologias da comunicação, cultura e
subjetividade, sobre vigilância inteligente.
Veja vídeo Big Brother State no You Tube
Veja matéria da Folha de São Paulo sobre
Pedofilia na Internet
Veja abaixo textos do Correio da Unesco
que refletem a onda da vigilância virtual,
texto do Depen que discute o controle
eletrônico de presos em liberdade vigiada e
análise sobre a politica de vigilância
eletrônica dos EUA no contexto pós-11 de
setembro.
Anexo Tamanho
Le courrier Unesco
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2001
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chains, 2003
Map of Surveillance
Societies around 134.81 KB
the world, 2007
Grampos
31 KB
telefônicos.doc
Venho debruçando meu olhar sobre Policia e Gênero, como pesquisadora, este tema
é o foco de meus estudos, desde 2000, para mestrado e doutorado na UFRGS. Assim,
me atenho de forma mais minuciosa, a analisar o impacto da presença das mulheres
nas policias militares, e como a lógica, a dinâmica, das instituições policiais absorveram
a presença da mulher nas Policias Ostensivas.
O fato é que a inserção de mulheres nas Polícias traz a marca da busca de uma polícia
de aproximação, de ampliação e especialização, levando a inferência de uma suposta
passagem, da evolução de um modelo de Polícia, o que, no campo empírico de
pesquisa, não parece ter correspondido, até agora, a um processo de modificação ou
de reforma da instituição policial.
Em contrapartida, podemos dizer que os conceitos de segurança pública e de
atividade policial sugerem que as mulheres parecem estar se beneficiando da lógica
institucional, uma vez que ingressam na organização através de habilidades
construídas no seu processo de socialização na família, na escola e nos mais diversos
grupos e instituições. Passam a atender ao “novo perfil” do policial, articulado na busca
de uma polícia de aproximação. Contudo, a ausência de políticas afirmativas, de
inclusão de mulheres nas polícias militares vem determinando o espaço que elas têm
reconhecido na instituição policial militar. A inserção feminina nas Polícias Militares
sugere estar ligada à busca de credibilidade com a população, a uma imagem pós-
ditadura.
A presença de mulheres nas polícias ostensivas é o encontro do desejo de tornarem-
se donas de seus destinos, buscando estabilidade no mundo do trabalho, o qual se
encontrava em franca precarização, associado a um momento de crise e buscas de
transformações no ofício de polícia, pois as “novas” concepções de segurança pública
mostravam-se orientadas para os cuidados, prevenções, de mudança de imagem junto
à população, e mais burocratizada, encontrando nas mulheres condições necessárias
a essa implementação. Essa combinação compôs um modo de inserção, mas que não
se definiu enquanto política de segurança pública.
Contudo, há uma associação entre a profissionalização do trabalho policial e o
ingresso de mulheres no aparelho policial militar, uma polícia menos voltada para o
uso da força, direcionada para a capacidade estratégica, exigências advindas das
transformações pelas quais vem passando o modelo de polícia e o próprio mundo do
trabalho.
É importante reconhecermos que as mulheres, mesmo como minorias simbólicas, em
uma instituição pautada pelo paradigma da masculinidade, introduziram a lógica da
diferença, uma vez que produziram desacomodação, desestabilização e
desorganização interna nessas instituições, colocando possibilidades de pensar o
medo, o risco do oficio de polícia e um questionamento a respeito da ordem
estabelecida.
Desse ponto, parece este ser o maior impacto da inserção feminina na instituição, a
introdução da lógica da diferença, no que confere um possível aproveitamento para
se pensar em uma nova Polícia, no sentido da incorporação da ética da diferença nos
currículos e na formação da cultura policial. Ao mesmo tempo, na carreira de oficiais,
os conflitos das promoções de homens e mulheres e suas alocações mostram uma
barreira informal à efetiva inclusão.
Aqui no RS a ausência de percentuais de vagas por gênero para o ingresso na
instituição, é sustentada como uma não-descriminação à inserção feminina, uma vez
que, no círculo de Oficiais, no último concurso, o ingresso foi caracterizado por um
significativo número de mulheres, sobrepondo-se aos índices de cotas dos projetos
de ações afirmativas.
Em contrapartida, as políticas de integração não sustentam tal argumento, que passa
a ser refutado no campo empírico, e mostram-se como políticas restritivas deste ponto
de vista, pois, não raro, as promoções de mulheres oficiais se dão por decisões
judiciais. Já no círculo de Praças, o conflito vivenciado pelas mulheres aparece pautado
pela subordinação ao círculo de Oficiais e caracterizado pela valoração do trabalho
prescrito, assim como pelas garantias dos regimentos disciplinares, e um conflito mais
explícito à militarização do ofício de polícia, sobretudo nas relações internas.
Sabemos que esses círculos, notadamente o de Praças, têm no cumprimento de tais
prescrições, garantias, através de uma série de regulações disciplinares, que objetivam
punir atitudes de não-cumprimento das atribuições previstas ou de execuções de
serviços fora da competência policial, e essa lógica também pesa sobre as mulheres.
Portanto podemos afirmar que, no Rio Grande do Sul, apesar de não haver barreiras
formais ao ingresso de mulheres na Polícia Militar, existem políticas restritivas de
integração e ascensão à carreira.Não há como reconhecer a passagem de um modelo
de polícia, no ingresso feminino nas polícias ostensivas, tampouco observamos a
abolição de paradigmas institucionais dessas corporações, o que vemos é que a
perspectiva da diferença é tratada como uma divisão que não apenas diferencia, mas
subordina e desiguala a mulher em relação ao homem.
Ao mesmo tempo, existe, também, a possibilidade da não diferenciação que passa a
ter sentido de igual, no qual o referencial é masculino, o que remete à possibilidade
da conversão a uma masculinidade subordinada – ainda que as mulheres incorporem
o ethos guerreiro – da masculinidade, violência e virilidade – tais aspectos, quando
incorporados por elas, passam a ser reconhecidos como a possibilidade da
“masculinidade subordinada”.
Assim, parte-se da identificação e não da diferença, não há interlocução à lei da
diferença, enquanto respeito ao desejo do próximo, em uma distância simbólica que
permita tratar o outro como próximo e não como semelhante feito à imagem do eu –
que parta da diferença e não da identificação.
Portanto, a inserção feminina parece não ter sido ainda plenamente explorada pela
própria corporação, tampouco pelas entidades responsáveis pela gestão da segurança
pública, apesar dessa presença trazer novas possibilidades para pensar a ação de
polícia. Na perspectiva da cidadania, dá visibilidade às questões de gênero e traz a
perspectiva de introduzir a ética da diferença nos currículos de formação e na ação
policial , e pensar possíveis ações – não fundadas em algum altruísmo narcísico ou em
uma identificação imaginária do sofrimento alheio – viabilizada pela verificação de
uma distância do eu e a si mesmo e do eu ao outro – o princípio da alteridade.
*Psicóloga-Pesquisadora: GP Violência e Cidadania – UFRGS. Mestre em Psicologia
Social e Institucional – UFRGS. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em
Sociologia – UFRGS.
Cleber da Silva Lopes é mestre em ciência política pela Unicamp. Atualmente faz
doutorado na USP, onde estuda o controle da segurança privada. clopes@usp.br
A tramitação no Congresso Nacional de um projeto de lei que estabelece novas regras
para a segurança privada e o assassinato de um cliente das lojas Casas Bahias por um
vigilantede uma empresa de segurança, ocorrido na cidade de São Paulo em
novembro de 2008, trouxeram recentemente para o noticiário o problema do controle
público da segurança privada.
O problema interessa não apenas ao setor de segurança privada, tomadores de serviço
e órgãos de controle, mas também à sociedade. Mais da metade dos vigilantes
regularizados e em atuaçãono Brasil promove a segurança de espaços freqüentados
pelos cidadãos comuns (shoppings centers, instituições financeiras, repartições
públicas, etc), o que faz da segurança privada umacorresponsável pela gestão da
segurança pública.
Atenta a esse fato, a sociedade brasileira, principalmente através dos meios de
comunicação, tem cobrado controle da segurança privada demodo que episódios
como o ocorrido nas Casas Bahias não se repitam.
Normalmente, essa cobrança recai sobre o Estado, mais especificamente sobre a
Polícia Federal, como se o controleda segurança privada fosse única e exclusivamente
o resultado da ação dos órgãos públicos de controle.
Subjacente a esse ponto de vista está uma concepção equivocada do que é o controle
dasegurança privada e de como ele é obtido.Em termos genéricos, o controle pode
ser definido como a probabilidade de que um ator A obtenha as condutas desejadas
de um ator B através do uso de incentivos, restrições epenalidades.
Esses atores podem ser organizações ou indivíduos. É possível então falar em duas
dimensões do controle: a dimensão organizacional, quando o controle recai sobre
osprocedimentos de uma organização de modo a afetar a sua ação coletiva; e a
dimensão individual, quanto o controle é direcionado para os membros de uma
organização com o objetivode afetar o seu comportamento individual. Normalmente,
essas duas dimensões do controle são interdependentes e complementares.
O controle de uma organização não existe se ocomportamento de seus membros não
é afetado, afinal, organizações são constituídas por indivíduos que cooperam para a
consecução de determinados objetivos.
Paralelamente, ocontrole também pode ser dividido em interno e externo, conforme
os mecanismos que o promovam estejam localizados dentro ou fora da organização.
Geralmente, os mecanismos decontrole externo visam controlar as organizações, ao
passo que os mecanismos de controle interno estão voltados para o controle da
conduta de seus membros.
A segurança privada está sujeita a várias formas e mecanismos de controle.
Internamente, empresas de segurança privada podem estipular critérios de
recrutamento e treinamento, definircódigos de conduta e utilizar supervisão, punições
e premiações para direcionar o comportamento de seus funcionários de acordo com
os seus interesses.
A segurança privadatambém pode ser controlada externamente pelos tomadores de
serviços (quando a segurança é terceirizada); pelas suas associações de classe; pela
sociedade através da supervisão da imprensaou de denúncias de indivíduos
descontentes com serviços prestados; e pelo Estado por meio de processos civis,
criminais e trabalhistas na Justiça, bem como por meio da regulação efiscalização da
Polícia Federal.
Assim, não é verdade que empresas e profissionais de segurança privada estão
submetidos a pouco controle. Grande parte do setor de segurança privada estásujeito
a mais formas de controle do que o setor de segurança pública, que não dispõe do
controle dos clientes e dos sindicatos tal como dispõe a segurança privada.
Uma organizaçãocuja segurança é garantida privadamente pode facilmente destituir
sua equipe de vigilantes ou contratar outra empresa se os serviços prestados não
corresponderem às suas expectativas. Umpaís, os Estados e as municipalidades não
podem fazer o mesmo com suas forças policiais.
Além disso, sindicatos e associações profissionais podem exercer algum tipo de
controle sobre o setorde segurança privada através da certificação de empresas e
profissionais que prestam serviços de acordo com padrões de qualidade estipulados,
mecanismo de controle que não se aplica às forçaspoliciais.
Contudo, afirmar que a segurança privada está sujeita a mais formas de controle do
que a segurança pública nada diz a respeito da natureza do controle.
O controle é um meio para aobtenção de fins que podem ser os mais diversos.
Empresas de segurança privada, tomadores de serviços e associações de classe podem
buscar controle para atingir objetivos que nãonecessariamente coincidem com o
interesse público.
Para que o interesse público seja resguardado, o controle deve garantir (i) que
empresas de segurança privada não se envolverão em atividades ilícitas, contrárias,
nocivas ou perigosas à segurança e a ordem pública; e (ii) que os profissionais de
segurança privada se comportarão de acordo com as regras e expectativaspúblicas
associadas ao exercício de suas funções.
A primeira forma de controle público é organizacional e diz respeito basicamente ao
controle que o Estado exerce sobre as empresas desegurança privada por meio da
Polícia Federal, que executa suas funções através das prerrogativas de normatizar,
autorizar/cancelar e fiscalizar atividades de segurança privada emtodo o território
nacional.
Já o controle público da conduta dos vigilantes é uma questão complexa que não
depende apenas do Estado, mas também das empresas do setor de segurançaprivada.
Ao Estado cabe definir os parâmetros segundo os quais os profissionais de segurança
privada devem atuar, bem como exigir e incentivar que as empresas controlem os
seusfuncionários para que eles atuem de acordo com esses parâmetros.
Ao setor de segurança privada cabe obedecer às exigências e responder aos incentivos
provenientes do Estado, o que na práticarequer que as empresas mantenham
mecanismos e procedimentos efetivamente capazes de moldar o comportamento dos
seus funcionários na direção dos parâmetros definidos legalmente.
O controle público da segurança privada ocorre quando o Estado controla
adequadamente as empresas e as empresas controlam adequadamente os seus
funcionários tendo em vista ointeresse público.
Um exemplo ajuda a entender a complexa dinâmica que envolve o controle público
da segurança privada ao nível individual. As regras públicas que disciplinam a
segurança privada(Portaria n° 387/06-DG-DPF) estabelecem princípios e valores
fundamentais para a prestação de serviços de segurança privada em conformidade
não apenas aos interesses daqueles quedemandam esse tipo de serviço, mas também
aos interesses da sociedade como um todo.
Dentre esses princípios estão os da dignidade da pessoa humana, o de relações
públicas, satisfação dousuário final, prevenção e ostensividade, proatividade,
aprimoramento técnico-profissional e observância das disposições que regulam as
relações de trabalho.
As normas públicas tambémdefinem as qualidades e os atributos exigidos dos
vigilantes para que esses princípios possam se concretizar. Mas a existência de uma
norma pública que consagre esses princípios e atributosnão é suficiente para se obter
condutas adequadas dos profissionais de segurança privada.
É necessário que esses princípios e atributos sejam incorporados à ação dos vigilantes.
Para queisso ocorra, o setor de segurança privada deve ser capaz de traduzir os
princípios e atributos que envolvem o trabalho de segurança privada em técnicas,
manuais de treinamento, códigos deconduta, práticas de supervisão, reforços ou
punições a determinadas formas de comportamento e outros mecanismos que
possam assegurar que os vigilantes se comportarão de acordo com osditames da
Portaria n° 387/06-DG-DPF.
A realização do controle público da segurança privada depende, portanto, não apenas
da ação do Estado. Depende também de as empresas do setor de segurança privada
secomprometerem com o propósito de controlar os seus funcionários de acordo com
as expectativas e regras públicas, lançando mão de mecanismos de controle efetivos
para aconsecução desse objetivo.
Somente na medida em que isso ocorre é que podemos falar em controle público da
segurança privada.
Anexo Tamanho
Ranking da criminalidade nos maiores municípios paulistas 1.17 MB
Papel dos municípios na Segurança Pública 1.54 MB
Plano de Segurança da cidade de Diadema, SP 117.91 KB
Situação das Propostas de Emenda à Constituição sobre Guardas
244.79 KB
Municipais
Municipalização da segurança pública 44.21 KB
Relatório Segurança Pública e os Municípios 116.55 KB
Relatorio de Seguranca Publica em Diadema.pdf 92.38 KB
Folha de S. Paulo DNA paulistano extremo sul distritos 165.37 KB
Relatorio de Atividades da Coordenadoria dos Consegs 2007 5.57 MB
Projeto CORUJINHA
O 9° Batalhão de Polícia Militar do Interior (9° BPM/I) desenvolveu em sua sede a
Escola de Futebol Corujinha, com o intuito da realização da prática do esporte a
crianças e adolescentes, os policiais militares voluntários participam como instrutores.
Esse projeto é divulgado como um programa de prevenção primária, sendo fornecido
para a população de baixa renda. Um dos requisitos para a participação na escolinha
é a freqüência escolar. Criado em 2001, no projeto constam 150 meninos (2005).
Mais informações consultar
JOVENS CONSTRUINDO A CIDADANIA (JCC)
Criado em 1999, nos Estados Unidos, e apresentado pela primeira vez na cidade de
Bauru, com o Brasil sendo o primeiro país da América Latina a adotar esse projeto.
Essa prática é uma iniciativa do Comando Geral da Polícia Militar do Estado de São
Paulo e atualmente funciona em mais de 220 escolas de todo Brasil. Em Marília, o
programa pioneiro é desenvolvido em uma escola estadual, na região Sul, pela 5ª
Companhia de Polícia de Marília, por policiais voluntários que reúnem alunos e
comunidade nos finais de semana no projeto educativo.
Mais informações consultar
JOVENS EM AÇÃO
O projeto atende adolescentes em Assis que se encontram em conflito com a lei,
desenvolvido pela filantrópica espírita “Nosso Lar”.Em 2004 foram abertas dez vagas
no projeto CIRCUS para os participantes do Jovens em Ação.
RENASCER
Instituído em 1998, o projeto Renascer está sendo desenvolvido no município com
adolescentes ligados à Fundação CASA. Trata-se de um projeto com coordenação de
um assistente social, estagiária de psicologia e administrativo, que acompanha e
desenvolve ações sócio-educativas para os adolescentes. Uma dessas ações é a
parceria com o SENAC de Marília, que disponibiliza palestras para esse público.
Mais informações consultar
PROJETO GURI
O trabalho do Projeto Guri com adolescentes se mostra como atuante na prevenção
da agressividade e da violência, com início em 1996 e parceria com a antiga Febem.
Atualmente, são atendidos cerca de 1.900 adolescentes em 47 unidades da Fundação
Casa. A associação Amigos do Projeto Guri promove a Mostra Regional com o
intercâmbio cultural e a troca de experiências entre os envolvidos, por meio do ensino
da música, principal característica do Projeto Guri. A Associação Amigos do Projeto
Guri é uma Organização Social de Cultura, sem fins lucrativos, que se apresenta com
o objetivo específico da inclusão sociocultural de crianças e adolescentes, entre 8 e 18
anos, por meio do ensino da música.
PROJETO VIOLÊNCIA E ARTE-EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA
O projeto do Núcleo de Ensino da UNESP, campus de Marília, que consistiu numa
experiência com a população infanto-juvenil, a proposta era intercambiar as
experiências entre jovens com realidades diferentes e, assim, instigar a integração
social e cidadania, para que percebam seus direitos e deveres de cidadãos e se
envolvam com a dinâmica da coletividade, com intuito de reduzir as perspectivas de
violência e abandono.
Acesse e baixe o projeto aqui
CASA ABRIGO
Desenvolvida em 2002 com a parceria da Prefeitura de Marília. Foi a primeira entidade
da cidade e região a abrigar mulheres vítimas da violência doméstica e seus filhos.
CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA MULHER DE MARÍLIA (CMDM)
Foi criado em 12 de setembro de 1996. Os objetivos apresentados do conselho são:
deliberar, normatizar, fiscalizar e executar políticas públicas; subsidiar a administração
nas questões relativas aos direitos da mulher e a sua constituição é paritária, sendo
representado pelo setor público e privado.
Endereço eletrônico
DELEGACIA DE DEFESA DA MULHER
A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Marília foi instalada no ano de 1987.
Segundo a Rede Mulher de Marília, criada em 2005, a partir de 1996 com o
desenvolvimento das atividades, a DDM passou a ter uma visão multifocal da violência
doméstica e sentindo a necessidade de intervenção multidisciplinar, iniciando assim,
as primeiras parcerias para combater esse tipo de violência.
ANTI-DROGAS
O site Anti-drogas foi criado por uma produção independente, início em 2000, com a
proposta de conscientização sobre os males causados pelas drogas que afetam o
organismo e prejudicam a saúde. Em 2001, o site realizou uma parceria com a Polícia
Federal de Marília, adotando a cartilha do Brasileirinho, e com o Submarino, inserindo
no site livros relacionados a drogas e vídeos com depoimentos.
Endereço eletrônico
CONSELHO ESTADUAL DE ENTORPECENTES (COMEN)
Vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, foi instituído no Estado de
São Paulo em 1986, frente à necessidade de o Estado ter uma ação conjunta e
articulada com órgãos federais, estaduais e municipais, sob orientação do Conselho
Federal de Entorpecentes (CONFEN). O conselho foi instituído em 1988 na cidade de
Marília. Os municípios da região de Marília que possuem COMEN são Assis e Ourinhos.
Endereço eletrônico
PAUTA ANTIDROGAS
A partir de 1999, a equipe Pauta Antidrogas iniciou um projeto de prevenção ao uso
de drogas. De início o projeto partiu da apresentação de palestras sobre o assunto
para um programa de entrevistas com especialistas na televisão, exibido em Marília
via TV a cabo local, denominado “Pauta Antidrogas – Onde está o seu filho agora?” e
a realização de um website com informativo virtual sobre a prevenção e recuperação
de dependentes químicos.
Endereço eletrônico
PROGRAMA EDUCACIONAL DE RESISTÊNCIA ÀS DROGAS E À VIOLÊNCIA
(PROERD)
O PROERD tem por base, o projeto D. A. R. E. ( Drug Abuse Resistance Education )
criado em 1983 nos Estados Unidos, desde 2002 é desenvolvido em todos os Estados
do Brasil. O programa chegou ao Brasil em 1992, através da PM do Rio de Janeiro, e
no Estado de São Paulo em 1993, através da Academia de Polícia Militar do Barro
Branco de onde o programa expandiu-se para os demais Estados. Os Policiais Militares
orientam as crianças sobre as informações a respeito das drogas e dos tipos de
abordagens que estão sujeitas.
Endereço eletrônico
SENTINELA
A Secretaria do Bem-Estar implantou na cidade o projeto Sentinela no ano de 2001,
que visa atender os adolescentes vítimas de violência sexual com idade até 18 anos
incompletos e seus familiares. O atendimento é prestado por assistente social e
psicóloga.
Segurança Pública na cidade de Marília e região
Marília e Região
Com a estimativa de 293.776 habitantes a região de Marília adotada para a análise das
políticas locais possui 13 municípios de porte pequeno e médio, os maiores em
números populacionais são Marília (221.593), Garça (42.218), Pompéia (19.091), Vera
Cruz (10.020).
Segundo o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP Regional), na região
de Marília os setores predominantes da indústria em 2008 se concentram nos setores
de produtos têxteis, metalurgia, produtos alimentares, confecção de artigos do
vestuário e acessórios, máquinas e equipamentos. Outra atividade econômica é a
agricultura, seguida da pecuária, além do café (é a segunda maior produtora do
Estado), destacam-se as culturas de cana-de-açúcar, milho, cítricos, arroz, feijão,
amendoim, seringueiras, sericultura, maracujá e outras, a criação de gado bovino
também representa importante atividade da região.
Fontes:
SEADE, 2006. Acessado em 25/06/2007, disponível:
http://www.seade.gov.br/produtos/imp/index.php?page=tabela
O Futuro das Cidades, ONU. Essa conferência foi realizada em Julho de 1999 em
Xangai, China, com o objetivo de delinear o cenário das cidades num futuro próximo
e sistematizar algumas propostas de encaminhamento de seus problemas via a
participação da sociedade civil. A classificação das cidades como médias
compreendem a população entre 50 mil a 800 mil habitantes.
Região Administrativa de Marília, Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS),
2006. Acessado em 29/06/2007, disponível:
http://www.al.sp.gov.br/web/forum/iprs06/Marilia.html.
WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros. Acessado em
28/06/2007, disponível: http://www.oei.org.br/. Divulgado pela Organização dos
Estados Ibero-Americanos (OEI), 2007. Esse estudo disponibiliza dados referentes a
chamada “interiorização da violência” de cada um dos 5.560 municípios brasileiros.
Ouvidoria de São Paulo. Acessado em 29/06/2007, disponível: http://www.ouvidoria-
policia.sp.gov.br/
Politicas Locais de Segurança Pública em Municípios selecionados
Lei Seca
Pensar em termos de políticas públicas de segurança no contexto local nos leva
imediatamente ao problema do controle dos horários de funcionamento de bares. A
chamada Lei Seca é uma estratégia adotada por vários municípios de Estado de São
Paulo para tentar melhorar o controle de um espaço tradicionalmente marcado pela
sociabilidade masculina, pelo acesso ao jogo, à bebida alcoólica e aos conflitos inter-
subjetivos.
Há uma grande polêmica em torno desse assunto. As primeiras medidas nessa direção
foram adotadas após a divulgação de pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência
(NEV-USP) ter constatado que 48,3% dos homicídios na cidade de São Paulo ocorrem
dentro dos bares ou em suas imediações. Segundo a pesquisa, os crimes violentos
(homicídios e agressões) são provocados por pessoas comuns, instigadas pelo uso do
álcool. A pesquisa observou 14 Distritos Policiais da Zona Sul da cidade e mostrou que,
no primeiro semestre de 1995, o maior número de homicídios se dá entre 22 e 24
horas. As pesquisas mostram que os gastos com violência representam cerca de R$
235 milhões por ano ao SUS. Esses valores referem-se a atropelamentos, acidentes de
trânsito, agressões físicas, violência doméstica etc.
Outro estudo que ensejou a adoção de Lei Seca foi apresentado pelo Comitê de
Segurança e Cidadania da cidade de Barueri, que, com base em dados do Ministério
da Saúde, mostrava que a bebida alcoólica estaria envolvida em 70% dos casos de
homicídios e 50% da violência doméstica.
As pesquisas sobre a implantação da Lei Seca e sobre seus efeitos nos conflitos sociais
ainda precisam ser aprofundadas e completadas. Mas todos os municípios que
adotaram a Lei Seca estão fazendo propaganda positiva dessas medidas, o que tem
feito com que vários outros municípios, através de seus representantes eleitos, fiquem
estimulados a restringir funcionamento de bares no horário noturno.
O controle do acesso à bebida alcoólica é fundamental para garantir políticas de saúde
pública que cortem esse grande problema pela raiz. Mas, a proibição da bebida deve
ocorrer na fonte e não apenas nos bares que, muitas vezes, são estabelecimentos
familiares que garantem não apenas o sustento das famílias, mas também o acesso a
determinados bens que, de outra forma, não poderiam ser comprados nas
proximidades da moradia das pessoas. É aviltante a liberalidade em relação à cerveja
no país, por exemplo. Sem falar do mal gosto e da ideologia misógina presentes nas
propagandas.
Analistas sempre mostram preocupação, pois dizem que essas medidas podem
implicar aumento das taxas de desemprego. Para deles, uma medida mais eficaz seria
aumentar a fiscalização dos bares irregulares assim como dos bares autorizados.
No começo do ano 2000, forças tarefas noturnas foram organizadas para conter a
venda ilegal de bebidas nos bares da cidade de São Paulo. Por exemplo, uma blitz
multou 12 bares que funcionavam depois da 1 hora. As multas giravam em torno de
R$ 14 mil. Donos de bares foram presos pela Guarda Civil Metropolitana por desacato.
Fiscais municipais foram vaiados por freqüentadores do bar Barraco’s do Itaim Bibi.
Essa blitz, na ocasião, foi brancaleônica porque apenas serviu para manter o sossego
nos bairros de classe média-alta, já que foram percorridos Itaim Bibi, Pinheiros e Vila
Madalena, onde o problema maior é o barulho e o incômodo aos vizinhos e não
ameaças à segurança pública. Evidente, é preciso reconhecer que faz parte da
qualidade de vida em qualquer cidade o direito ao silêncio e à paz no trânsito.
No entanto, após tanto alarde, alguns anos depois, qualquer caminhada feita nos
principais pontos de concentração de linhas de ônibus da cidade de São Paulo permite
observar a venda de bebidas alcoólicas em carrinhos nas calçadas. E os bares
continuam abertos, com sua clientela ruidosa…
A cidade de Jandira foi uma das que adotou a Lei Seca. Na cidade, os bares fecham às
23 horas. No período de adoção, foi feita uma pesquisa junto às 547 ocorrências
policiais, registradas entre 22 e 6 horas, no período de janeiro de 2001 a janeiro de
2002. Observou-se uma sutil queda no número total de ocorrências em torno de 5%.
Cidades como Hortolândia, Itapevi, Itapecerica, Laranjal Paulista, Diadema, Guarulhos,
São Caetano do Sul e São Paulo, no Estado de São Paulo e Curitiba (PR), Rio de Janeiro
(RJ), Caxias do Sul (RS), Brasília (DF) também adotaram medidas desse teor. O prefeito
de Barueri, por exemplo, afirmou que a lei, adotada no município desde 2001, é
responsável pela redução de 50% dos crimes na cidade. A lei não apenas obriga bares
a fecharem após 23 horas como também proíbe a construção desses estabelecimentos
num raio de 300 metros das escolas. Essa segunda medida é muito interessante.
Na cidade de Marília, a Lei Seca foi adotada tardiamente. Apenas em abril de 2006
passou a vigorar lei que altera o Código de Posturas do Município no que concerne o
funcionamento de estabelecimentos que vendem bebida alcoólica. Embora a lei seja
flexível em relação ao funcionamento nos fins-de-semana e no horário de verão,
vereadores reclamam das dificuldades que vêm sendo encontradas para sua
fiscalização e observação.
Importante também é que na cidade de Barueri foi desenvolvida campanha contra o
uso indevido do álcool junto à comunidade e aos jovens. A campanha contou com
apoio da comunidade, de educadores e de autoridades policiais. Essa campanha,
independentemente dos demais detalhes da Lei Seca, pode ser considerada uma boa
prática e estimulada a percorrer outras cidades do Estado de São Paulo.
Mas a Lei Seca, a despeito de sua polêmica, não pode desconsiderar outros aspectos
do problema.
O controle do crime e da violência, no entanto, deve ser aprimorado e mecanismos de
prevenção são sempre bem-vindos, afinal, o Estado ainda conta com taxas de crimes
e de violência relativamente altas.
Mas o controle não pode escorregar para medidas que impliquem discriminação de
bares periféricos ou presentes nas áreas degradadas das cidades. Também não podem
discriminar os grupos sociais que os freqüentam. Assim, se as municipalidades
decidirem pela via da adoção da Lei Seca, que ao menos estendam a proibição ou
limitação de horário de funcionamento a todos os estabelecimentos comerciais que
vendem bebidas alcoólicas. É imperativo controlar fortemente o consumo dessas
bebidas entre jovens de classe média, pois a bebida está fortemente relacionada ao
recrudescimento da violência no trânsito.
Não obstante, é importante sempre reconhecer que toda política de prevenção deve
levar em conta os três níveis de prevenção:
1. Prevenção primária. Ações que procuram interferir sobre condições físicas e sociais
do meio urbano;
2. Prevenção secundária. Ações que procuram identificar e intervir sobre grupos ou
populações consideradas de risco;
3. Prevenção terciária. Ações que procuram prevenir a reincidência criminal, por meio
de diversas ações.
Nesse sentido, está claro que a chamada Lei Seca tem um papel na prevenção
secundária. A prevenção do crime e da violência demanda atividades, ações e políticas
públicas locais mais ambiciosas, planejadas e articuladas.