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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO
CAMPUS IMPERATRIZ
Apostila I
O Surgimento da Sociologia
O surgimento da Sociologia ocorre no século XIX, a princípio, por influência da teoria positivista de
Auguste Comte, porém, muitos acontecimentos anteriores e concomitantes ao surgimento dessa
nova ciência humana contribuíram para a sua formação.
Podemos retomar os primeiros indícios de transformação da sociedade europeia que influenciaram
a Sociologia ainda no Renascimento. O Iluminismo também contribuiu para uma desestabilização
social e uma completa mudança da configuração urbana e política que tornaram a sociedade
europeia altamente complexa e carente de fontes de explicações teóricas rigorosas.
Já a consolidação da Sociologia enquanto ciência ocorreu com o trabalho desenvolvido pelo jurista
e sociólogo francês Émile Durkheim, que formulou o primeiro método preciso e exclusivo para a
nova ciência e a introduziu na universidade como disciplina autônoma.
Auguste Comte é um dos autores mais importantes da escola positivista e é considerado o fundador
da Sociologia.
Auguste Comte é um dos autores mais importantes da escola positivista e é considerado o fundador
da Sociologia.
Capitalismo mercantilista
O surgimento do capitalismo em sua primeira forma, o mercantilismo, desencadeou a expansão
marítima e comercial europeia, fator que possibilitou o desenvolvimento financeiro de potências por
meio do comércio e da exploração voraz das colônias situadas nas Américas e, mais tarde, na
África e na Ásia. Isso fez com que, em um primeiro momento (século XVI), o europeu buscasse
entender as diferentes culturas das colônias.
Em um segundo momento (século XIX), o europeu precisava justificar a exploração sanguinária
dos países africanos e asiáticos. No século XVI, começou, de forma embrionária, o
desenvolvimento de uma atitude de estudo das diferentes culturas. No século XIX, aquele estudo
tornou-se uma área científica das Ciências Sociais, a Antropologia. Em seu começo, por volta dos
anos de 1870, a Antropologia era extremamente elitista e etnocentrista, além disso criava teorias
para justificar a exploração das novas colônias, apesar de já estar em curso, no mesmo período, o
capitalismo industrial.
Iluminismo
Os ideais iluministas projetaram um novo cenário intelectual e político ideal, baseado na justificação
jurídica e política dos poderes e na separação entre Estado e Igreja. A partir disso, as pessoas
passaram a buscar, pouco a pouco, os seus direitos e a exigir do Estado a legalidade em suas
ações.
Isso não só provocou a Revolução Francesa, como fez com que houvesse uma gradativa alteração
na concepção de política, o que se expressou como fator marcante para o estabelecimento de uma
ciência capaz de compreender essa nova forma de sociedade e de política, baseada na legalidade
e nos direitos fundamentais.
Revolução Industrial
A consolidação da burguesia enquanto classe dominante e a formação do capitalismo industrial
firmaram-se com a mudança da economia, antes baseada na manufatura e agora baseada na
produção industrial, que gerou a divisão acirrada de classes sociais. Isso ocasionou uma intensa
explosão demográfica nos centros urbanos que se industrializaram, como Londres e Paris, pois as
pessoas migraram do campo para as cidades em busca de melhores condições de vida.
A falta de emprego para todo mundo resultou em miséria, fome, aumento significativo da violência
e alastramento de doenças. O caos desse novo cenário europeu era, para Auguste Comte, mais
um atestado de que era necessária uma ciência capaz de estudar e reordenar a sociedade, a fim
de colocar a humanidade novamente no rumo do progresso.
Como a Revolução Francesa contribuiu para o surgimento da Sociologia?
A Revolução Francesa marcou profundamente a história europeia e, como não poderia ser
diferente, foi um fator decisivo para o surgimento da Sociologia. O objetivo final alcançado da
Revolução Francesa era acabar com o Antigo Regime.
A lógica monárquica, herdeira do medievalismo, foi derrubada, e o pensamento republicano
começou a nascer na Europa. Forma de políticas menos excludentes, laicas e baseadas no Estado
de direitos começaram a florescer na França, o que alterou a configuração social do país. Apesar
dos fatores positivos que tornaram a revolução necessária, a França viveu anos de instabilidade
política por conta do caos deixado no cenário pós-revolucionário, pois a grande Revolução
Francesa, de inspiração burguesa e iluminista, ocasionou uma ruptura política dentro da Europa.
Segundo Comte, a Revolução Francesa foi necessária para o desenvolvimento de um novo
pensamento político, laico, republicano e juridicamente amparado, mas o caos deixado pela ruptura
abrupta impediu o crescimento social francês, fator que precisava ser alterado no século XIX. Como
solução, Comte apontou que a Sociologia devia entrar em cena para entender a nova sociedade e
reorganizá-la.
Diante da insegurança, que segundo Comte, era um empecilho para o crescimento, para a evolução
e para o progresso, o filósofo propôs a criação de uma ciência que, tal como as ciências naturais,
observasse e formulasse, metodologicamente, a sociedade a fim de propor rumos para a retomada
do progresso social, científico e moral. Diante disso, o filósofo formulou a sua Lei dos Três Estados
e inaugurou o positivismo.