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Político e Econômico
Prof. André Marcos Vieira Soltau
Prof. Edison Lucas Fabrício
2012
Copyright © UNIASSELVI 2012
Elaboração:
Prof. André Marcos Vieira Soltau
Prof. Edison Lucas Fabrício
909.829
S691h Soltau, André Marcos Vieira
História do pensamento político e econômico / André Marcos Vieira
Soltau e Edison Lucas Fabrício. Indaial : Uniasselvi, 2012.
192 p. : il
Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico/a!
Quer uma dica para sua formação profissional? Procure assistir aos
filmes indicados, ler os livros citados e faça perguntas aos nossos professores-
tutores, durante sua leitura. Um bom historiador é curioso e procura novos
caminhos para perceber melhor os contextos históricos em estudo.
Então, vamos aos estudos e que esse caderno contribua para sua
formação.
III
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E
ECONÔMICO................................................................................................................ 1
VII
4 MERCANTILISMO............................................................................................................................... 57
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 59
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 62
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 63
VIII
TÓPICO 2 – OS PENSADORES DA ECONOMIA: DOS CLÁSSICOS AOS
CONTEMPORÂNEOS..................................................................................................... 131
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 131
2 THOMAS MALTHUS E O PROBLEMA DA POPULAÇÃO........................................................ 131
3 DAVID RICARDO E O VALOR DO TRABALHO NA ECONOMIA LIBERAL...................... 134
4 JOHN STUART MILL E A LIBERDADE MERCANTIL................................................................ 136
5 KARL MARX E O PRINCÍPIO AUTODESTRUTIVO DO CAPITALISMO............................. 138
6 JOHN MAYNARD KEYNES E A VIABILIDADE DO CAPITALISMO..................................... 140
LEITURA COMPLEMENTAR 1............................................................................................................. 145
LEITURA COMPLEMENTAR 2............................................................................................................. 147
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 149
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 150
IX
X
UNIDADE 1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está organizada em três tópicos. Em cada um deles você
encontrará diversas atividades que o(a) ajudarão na compreensão das
informações apresentadas.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
O que hoje compreendemos por política é resultado de um processo
histórico, que define nossas concepções contemporâneas, nossos significados,
dando consistência às atividades políticas, como algo fundamental na vida social
dos seres humanos. Ao compreendermos o surgimento das ideias políticas e
percebermos as mudanças que essas tiveram, podemos refletir acerca de uma
atividade que está sempre em movimento e, consecutivamente, é construída em
diversos momentos históricos do ocidente.
O estudo que você, caro(a) acadêmico(a), fará, nessa unidade, será sobre
o processo histórico que aponta o pensamento político em sua trajetória no
mundo ocidental, bem como, perceberá que as instituições e organizações sociais
surgem vinculadas às ideias políticas ricas em argumentos e capazes de constituir
movimentos sociais e agentes de atuação tão necessários quanto os governos ou
partidos políticos.
3
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
4
TÓPICO 1 | DEBATES NA GRÉCIA ANTIGA E EM ROMA
NOTA
politikós
Termo grego que indicava os procedimentos relativos às cidades-estado. Termo que
dá origem à palavra política – palavra que, etimologicamente origina de polis (cidade).
Poderíamos afirmar, portanto, que política é a arte de gerir os destinos da cidade.
3.1 ATENAS
Como vimos anteriormente, o termo “política” tem uma relação íntima com
a cultura grega. Era a arte de administrar, gerenciar e discutir os rumos e destinos
da polis (cidade). Como a Grécia chegou a esse ideal, quais foram os caminhos e
instituições que levaram os gregos a criar o sistema político democrático?
Segundo Funari (2002, p. 25), demos são grupos de indivíduos que estão:
UNI
Você deve ter notado a palavra demos. É justamente desta palavra que deriva
a palavra “democracia” (poder do povo). Portanto, a democracia é uma invenção grega. Mas
nem sempre a Grécia foi democrática.
Por volta do século VIII a. C., muitos cidadãos de classe média e pobres
começaram a integrar as forças militares que faziam a defesa das cidades. Desta
forma, começaram a questionar a restrição de direitos e buscaram ampliar sua
participação política.
6
TÓPICO 1 | DEBATES NA GRÉCIA ANTIGA E EM ROMA
De acordo com Funari, “foi Sólon, arconte ateniense, em 594 a.C., que
aboliu o sistema de escravidão por endividamento”. (FUNARI, 2002, p. 33).
Sólon foi uma figura muito importante na política ateniense. Em seu tempo
a democracia vai ganhando centralidade na política ateniense, e a Eclésia ganha
mais poder de decisão nas questões da cidade. Eclésia? Sim. Parece familiar essa
palavra? Ela quer dizer assembleia, uma instituição que congregava todos os
cidadãos para discutir e propor soluções para os problemas da cidade.
Perry Anderson nos responde essa questão. Segundo este autor, foi
justamente a formação de uma população escrava que liberou os cidadãos para
a vida pública, “que elevou a cidadania grega a alturas até então desconhecidas
de liberdade jurídica consciente. A escravidão e a liberdade helênicas eram
indivisíveis: uma era condição estrutural da outra [...]”. (ANDERSON, 1989, p.
23).
3.2 ESPARTA
Segundo a tradição, Esparta foi fundada no século IX a.C. Ao
conquistarem os territórios, os espartanos também dominavam seus habitantes e
os transformavam em hilotas, que quer dizer “aprisionados”. Desta forma, cada
espartano tinha uma fração de terra e também hilotas que a cultivavam, embora
estes não fossem escravos. Por diversas vezes os hilotas se revoltaram por causa
da sua condição de submissão.
8
TÓPICO 1 | DEBATES NA GRÉCIA ANTIGA E EM ROMA
3.3 ROMA
Os romanos também contribuíram com importantes instituições e
conceitos para a história do pensamento político. Uma das mais caras é a noção
de “república”, em latim res publica, que quer dizer “coisa pública, coisa do
povo”, ou seja, aquilo que é do interesse coletivo. Em Roma havia dois cônsules
ou magistrados, eleitos anualmente por um conselho de anciãos chamado de
senado. Estamos notando muitas palavras familiares. Isso faz parte do legado
greco-romano para a civilização ocidental. Foi a herança sobre a qual construímos
nosso pensamento político.
A história política em Roma foi muito parecida com a da Grécia, pois por
muito tempo o poder político esteve nas mãos de uma pequena aristocracia. Mas
com o passar dos anos, a plebe, aqueles que não tinham uma nobreza de sangue,
passou a fazer valer seu poder econômico na pressão por direitos políticos.
Nesta luta, conseguiram criar um cargo de magistratura chamado de “tribuno
da plebe”, que defendia os interesses e tinha poder de veto ante as decisões do
senado e dos cônsules, se porventura viessem a prejudicar os interesses da plebe.
Segundo Funari, a democracia romana foi bem mais ampla que a ateniense.
TUROS
ESTUDOS FU
9
RESUMO DO TÓPICO 1
10
AUTOATIVIDADE
11
12
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Duas das mais importantes cidades-estado gregas – Esparta e Atenas –
tiveram um longo envolvimento na Guerra do Peloponeso. O resultado desse
processo foi a derrota de Atenas (século IV a.C.), cidade que acolhia, em sua
população, Platão e Aristóteles, filósofos que levantavam polêmicas diante de
temas políticos, sempre em busca de uma verdade e, muitas vezes, criticando
os poderosos na política Grega. Ambos, diferentes dos sofistas, donos de uma
retórica e defensores de muitos argumentos.
2 PLATÃO
13
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
Escreveu Platão (1996, p. 39) “Um Estado nasce das necessidades dos
homens, ninguém basta a si mesmo, mas todos nós precisamos de muitas coisas.”
E continua sua reflexão com uma pergunta: “se procurássemos uma base comum
de acordo [...] qual deve ser o principal objetivo do legislador ao ditar suas leis
com vistas na organização de cidade – qual o maior bem e qual é o maior mal?”.
(PLATÃO, 1996, p. 113).
14
TÓPICO 2 | PLATÃO, ARISTÓTELES E OS SOFISTAS
Platão fundou a Academia, uma escola filosófica (Figura 1). Este era um
espaço onde dialogava com seus discípulos, procurando a verdade sobre temas
diversos. Esse espaço de diálogos manteve suas atividades do ano IV a.C. até o
ano de 529 d.C., quando foi fechada por ordem de Justiniano, imperador.
3 ARISTÓTELES
15
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
E
IMPORTANT
16
TÓPICO 2 | PLATÃO, ARISTÓTELES E OS SOFISTAS
4 SOFISTAS
FIGURA 3 – OS SOFISTAS
17
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
NOTA
O termo sofista é utilizado para designar alguém que não fala completamente a
verdade, mas utiliza de retórica para seduzir um grupo sobre suas ideias, utilizando-se de um
argumento enganador.
DICAS
18
TÓPICO 2 | PLATÃO, ARISTÓTELES E OS SOFISTAS
Nesta perspectiva:
Esse modo de produção surgiu na Grécia Antiga, mas sua expansão foi
com os romanos, após a conquista desses sobre os gregos. Esse Modo de Produção
foi justificado no pensamento grego e ampliado e praticado em todo o Império
Romano.
6.1 INSTAURAÇÃO
O modo de produção escravista resultou em guerras constantes, nas quais
um povo conquistava o outro. Diante desse contexto de conflitos e pilhagens, o
escravismo permitiu que o trabalho de um grupo fosse apropriado por outro.
20
TÓPICO 2 | PLATÃO, ARISTÓTELES E OS SOFISTAS
Veja o texto que segue sobre como tratar o escravo, sua importância na
economia e modo de perceber sua condição, o material data dos século II e III
escrito por Gaio:
21
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
DICAS
22
TÓPICO 2 | PLATÃO, ARISTÓTELES E OS SOFISTAS
LEITURA COMPLEMENTAR 1
Moses I Finley
23
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
FONTE: FINLEY, Moses I. Generalizações em história antiga. In: Uso e abuso da história. São
Paulo: Martins Fontes, 1989, p. 60-62.
24
TÓPICO 2 | PLATÃO, ARISTÓTELES E OS SOFISTAS
LEITURA COMPLEMENTAR 2
Pierre Vidal-Naquet
A meu ver, nossa concepção moderna de classe social está ligada a três
ordens de fenômenos bem distintos que enumerarei aqui bem empiricamente e
sem escolher:
1. Uma classe é um grupo de homens que ocupa um lugar bem definido na escala
social. É o que exprimimos em linguagem comum quando falamos da “grande
burguesia” ou da “pequena burguesia”, da pretensa “classe média” ou das
“classes inferiores”. [...]
2. Uma classe social ocupa um lugar definido nas relações de produção; esta é a
principal contribuição do marxismo, e é inútil insistir nesse ponto.
25
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
[...] Em suma, é claro, simples e radical, e isso mostra ao mesmo tempo que
as três categorias da sociedade ateniense, cidadão, estrangeiro residente e escravo
– esse estrangeiro absoluto, esse outsider, como diz Finley – são efetivamente
vividas como tal em Atenas. [...]
[...] Além disso, todo jovem espartano que sofreu o agôgê, a educação
espartana, pode tornar-se homoioi, mas nem todos tornam-se e constata-se, no
século V, uma multiplicação de intermediários, uma profusão de categorias,
dentre as quais algumas remontam a uma época muito antiga. [...]
26
TÓPICO 2 | PLATÃO, ARISTÓTELES E OS SOFISTAS
FONTE: VIDAL-NAQUET, Pierre. Os escravos gregos constituíam uma classe? In: VERNANT,
Jean Pierre; VIDAL-NAQUET, Pierre. Trabalho e Escravidão na Grécia Antiga. Campinas: Papirus,
1989, p. 86-91.
27
RESUMO DO TÓPICO 2
l Platão, Aristóteles
e os sofistas foram considerados os estudiosos que deixaram
contribuições sobre política desde a Grécia Antiga aos dias atuais.
l Os sofistas defendiam suas ideias, afirmando ser necessário usar a arte de bem
falar para persuadir os outros por meio da palavra.
28
AUTOATIVIDADE
29
30
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Esse contexto foi chamado, por séculos, de Idade das Trevas e associado
à tirania da Igreja, intolerância, fome, pestes, guerras, domínio das ideias
sobrenaturais, irracionalidade. Esse processo seria rompido apenas com o
Renascimento, no qual a humanidade retoma o pensamento da antiguidade
clássica e prepara os fundamentos para o Iluminismo.
31
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
NOTA
O surgimento do relógio mecânico foi na Europa, final do século XIII, por volta do
ano de 1271. Os relógios eram considerados como símbolo do equilíbrio, virtude e sabedoria.
32
TÓPICO 3 | PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO NA IDADE MÉDIA
2 SANTO AGOSTINHO
33
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
Sua obra foi decisiva para a história do pensamento cristão. Por viver
em um contexto no qual duas épocas se interpõem, Santo Agostinho trouxe, em
seus escritos, o registro do seu tempo, com bases fixadas no pensamento antigo,
mas preocupado em transformar o que já estava em decadência e apontar para
o que ainda estava por vir. Seu pensamento dominou a cultura medieval ao
descrever o encontro entre a fé e a razão, Estado e Igreja tendo como objetivo a
pureza da fé. Diríamos que seu pensamento ainda persistiu por parte da Idade
Moderna e ainda é fonte de debate em grupos cristãos pelo mundo.
34
TÓPICO 3 | PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO NA IDADE MÉDIA
DICAS
O Nome da Rosa
35
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
O senhor, por sua vez, não poderia castigar o servo, mas poderia, por
exemplo, vender as terras com o servo e sua família juntos. O servo, portanto,
tinha usufruto da terra. Parte do que ele produzia era para seu sustento, se
utilizasse um tempo do seu trabalho para seu senhor.
Foi essa pequena brecha no sistema feudal que ampliou o poder das
cidades, habitadas por artesãos e mercadores. As vilas, ou pequenas cidades,
estavam sob o jugo do senhor das terras onde ficava, mas, gradativamente, foram
aperfeiçoando o sistema de comércio e produção de matéria-prima, permitindo
o aparecimento de novas maneiras de produção diferentes do sistema feudal.
Serrarias, cutelaria, fabricação de armas, cordoarias e ferrarias foram o motor
do desenvolvimento das vilas, tornando-as importantes centros comerciais. As
relações de produção começaram a mudar.
TUROS
ESTUDOS FU
36
TÓPICO 3 | PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO NA IDADE MÉDIA
DICAS
O SENHOR DA GUERRA
Segundo Paulo Miceli, o termo “feudal” vem de fief e feodum, que são
palavras de origem germânica ou celta e designam “o direito de desfrutar qualquer
bem, geralmente uma terra: não se trata de uma propriedade no sentido atual,
mas de seu usufruto, um direito de uso. Assim, o feudo poderia ser considerado
como uma forma de posse sobre alguns bens reais”. (MICELI, 1994, p. 29).
37
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
Assim como a crença que inspirava a religião cristã – para a qual o pai,
o filho e o Espírito Santo compõem uma divindade una –, a sociedade
que se formara durante e após a lenta e violenta acomodação dos povos
também deveria projetar sua unidade baseada em três componentes.
Nesse caso, as pessoas que rezavam, as pessoas que combatiam e as
pessoas que trabalhavam. (MICELI, 1994, p. 32).
Tripla é, pois, a casa de Deus que se crê una: embaixo, uns rezam
(orant), outros combatem (pugnant), outros ainda trabalham (laborant);
os três grupos estão juntos e não suportam ser separados; de forma
que sobre a função (officium) de um repousam os trabalhos (opera) dos
outros dois, todos por sua vez entreajudando-se. [...] Demonstrou que,
desde a origem, o gênero humano se dividiu em três: as gentes de
oração (oratoribus), os agricultores (agricultoribus) e as gentes de guerra
(pugnatoribus); fornece evidente prova de que cada um é o objeto, por
parte dos outros dois, de um recíproco cuidado. (DUBY, 1994, p. 16,
17).
O discurso acima, citado por Duby (1994), foi formulado por Adalberão,
bispo de Laon, e por Gerardo, bispo de Cambrai, nos anos vinte do século XI.
Ele também é um indício importante do poder que a Igreja havia conquistado na
época.
38
TÓPICO 3 | PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO NA IDADE MÉDIA
5 A DESINTEGRAÇÃO DO FEUDALISMO
O feudalismo começou a entrar em decadência quando as cidades
começaram a se fortalecer. Mesmo no auge do feudalismo havia grupos de
artesãos e comerciantes que permaneciam à margem dos feudos. Esses grupos
habitavam os burgos, lugares fortificados onde se concentravam pessoas livres,
com os mesmos objetivos e que não eram constrangidos pelas obrigações feudais.
39
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
Que vende ele, de fato, senão o tempo que passa entre o momento em
que empresta e aquele em que é reembolsado com juros? Ora, o tempo pertence
somente a Deus. Todos os contemporâneos o dizem, depois de Santo Anselmo e
de Pedro Lombardo: “O usurário não vende ao devedor nada que lhe pertença,
somente o tempo, que pertence a Deus. Ele, portanto, não pode tirar proveito da
venda de um bem alheio”.
40
TÓPICO 3 | PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO NA IDADE MÉDIA
41
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
42
RESUMO DO TÓPICO 3
• A Idade Média possui o estigma de ser a Idade das Trevas. Ideia cunhada
no período renascentista, em que os pensadores, para reafirmarem as novas
ideias, menosprezam o pensamento anterior.
43
AUTOATIVIDADE
2 A obra Cidade de Deus faz uma alusão às necessidades de fé, para que
o Estado exerça a justiça verdadeira. Escreva a sua opinião sobre esse
postulado.
a) ( ) F- F- V- V.
b) ( ) F- V- F- V.
c) ( ) V- V- F- F.
d) ( ) V- F- V- F.
44
UNIDADE 1
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
O período da história considerado como uma transição grandiosa,
visto que a humanidade ocidental sofre mudanças econômicas – transição do
feudalismo para o capitalismo – e culturais, é chamado Renascimento.
45
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
E
IMPORTANT
2 NICOLAU MAQUIAVEL
Falar desse pensador exige que lembremos sempre que ele nasceu e viveu
em Florença, cidade Italiana, onde iniciou o processo de questionamento ao
pensamento estável da Idade Média. O chamado Renascimento Italiano rejeitou
o pensamento voltado para uma fé em torno das decisões da Igreja e promoveu a
criatividade, a livre expressão, estimulou descobertas e o individualismo.
46
TÓPICO 4 | FILOSOFIA, ECONOMIA E POLÍTICA NA MODERNIDADE
Seu livro mais controverso sem dúvida é O Príncipe. Este teve, na história,
defensores e críticos, sendo, inclusive, incluído no Index ( Livros proibidos da
Igreja Católica).
47
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
NOTA
48
TÓPICO 4 | FILOSOFIA, ECONOMIA E POLÍTICA NA MODERNIDADE
DICAS
A Rainha Margot
Na França do século XVI o casamento entre uma católica e
um protestante, feito para acabar com as disputas religiosas
locais, acaba desencadeando um violento massacre. Com
Isabelle Adjani, Daniel Auteuil e Virna Lisi. Recebeu uma
indicação ao Oscar.
Título Original: La Reine Margot
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 136 minutos
Ano de Lançamento (França): 1994
Direção: Patrice Chéreau
49
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
50
TÓPICO 4 | FILOSOFIA, ECONOMIA E POLÍTICA NA MODERNIDADE
51
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
3 THOMAS HOBBES
52
TÓPICO 4 | FILOSOFIA, ECONOMIA E POLÍTICA NA MODERNIDADE
NOTA
53
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
Sua teoria política veio num período de grandes guerras e trouxe aos
homens algumas respostas possíveis. De um lado, apresentou uma solução aos
problemas resultantes das guerras e conflitos, sobretudo religiosos, que viviam na
Europa Ocidental; noutra situação, suas ideias apresentaram um projeto possível
de sociedade, que deixasse aos indivíduos o direito de cuidarem de suas vidas
privadas e desenvolverem suas capacidades pessoais.
DICAS
A Letra Escarlate
54
TÓPICO 4 | FILOSOFIA, ECONOMIA E POLÍTICA NA MODERNIDADE
Mas como fazer para que o homem saia do Estado de Natureza? Para
Hobbes, é através da lei que o homem verá seu direito regulamentado. Mas o
elemento jurídico por si só não é capaz de regular a conduta humana. É preciso
que haja o Estado e com ele o aparato militar para impor a ordem, o respeito e a
lei.
No entanto, qual é o tipo de Estado que preconiza Hobbes? Para Hobbes,
o Estado deve ser soberano e absoluto. Não deve haver forças que rivalizem com
o poder do Estado, sejam elas aristocráticas, eclesiásticas, parlamentares etc.
55
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
Por mais que o Estado pensado por Hobbes seja absoluto e soberano, ou
seja, sem nenhuma força que rivalize seu poder, há o direito à vida. O indivíduo
tem o direito de lutar pela conservação de sua vida. Mas é um Estado marcado
pelo medo. O próprio nome do livro, “O Leviatã”, que ele compara ao Estado
moderno, como vimos anteriormente, é uma referência a um monstro descrito na
Bíblia, capaz de amedrontar e impor sua vontade pela violência.
4 MERCANTILISMO
A partir do século XIV, a Europa enfrentou uma profunda crise que
determinou a derrocada do Sistema Feudal. Crise essa superada apenas no final
do século XV, com a expansão marítima e comercial.
58
TÓPICO 4 | FILOSOFIA, ECONOMIA E POLÍTICA NA MODERNIDADE
LEITURA COMPLEMENTAR
Thomas Hobbes
59
UNIDADE 1 | RECORTE HISTÓRICO: ORIGENS DO PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO
A única diferença entre eles consiste, portanto, na forma como seu poder
é exercido, dizendo-se que é rei aquele que bem governa, e àquele que não
governa chama-se tirano. Chegamos assim à conclusão de que, em um governo
constituído legitimamente, se aos súditos parecer que o príncipe governe bem, e
de forma que lhes seja agradável, lhe será dado por eles o nome de rei; e, se não
lhes parecer desta maneira, irão chamá-lo tirano.
Assim, notamos que reino e tirania não são formas distintas de governo,
mas que o nome conferido ao mesmo monarca é: rei, quando em sinal de
honra e reverência; e tirano, a fim de que este seja censurado. Além disto, o que
frequentemente é encontrado nos livros escritos contra os tiranos tem sua origem
naqueles autores gregos e romanos, cujo governo era em parte democrático e em
parte aristocrático, de maneira.
60
TÓPICO 4 | FILOSOFIA, ECONOMIA E POLÍTICA NA MODERNIDADE
FONTE: HOBBES, Thomas. Do cidadão. São Paulo: Martin Claret, 2006, p. 66-68.
61
RESUMO DO TÓPICO 4
• Thomas Hobbes, assim como Maquiavel, foi um dos maiores contribuintes para
a formação do pensamento político moderno. São dele as noções de “Estado de
Natureza” e “Contrato Social”.
62
AUTOATIVIDADE
63
64
UNIDADE 2
O LIBERALISMO POLÍTICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. Ao final de cada um deles,
você terá atividades específicas que contribuirão para a fixação dos conteú-
dos estudados.
65
66
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Foi nos séculos XVII e XVIII que podemos apontar a origem do Liberalismo
com as primeiras ideias divulgadas na Europa, tomada pelo pensamento burguês
que altera, significativamente, a maneira de pensar as relações com o mundo.
O que, em época anterior, estava sob o jugo religioso, agora aponta o espírito
empreendedor dos seres humanos.
E
IMPORTANT
68
TÓPICO 1 | CONTEXTO HISTÓRICO DO SEU SURGIMENTO
TUROS
ESTUDOS FU
69
RESUMO DO TÓPICO 1
70
AUTOATIVIDADE
71
72
UNIDADE 2 TÓPICO 2
O LIBERALISMO POLÍTICO
1 INTRODUÇÃO
Enquanto doutrina política e econômica, o Liberalismo defendia
as limitações do poder do Estado para ampliação da liberdade individual.
Fundamentava-se, sobretudo, nas teorias racionalistas e empiristas oriundas do
Iluminismo, servindo de base para as ações revolucionárias de uma burguesia
emergente, que se opunha às tradições feudais.
2 JOHN LOCKE
FIGURA 10 – JOHN LOCKE
73
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
74
TÓPICO 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
Mas como John Locke aparece neste contexto? Locke foi criado numa
família burguesa e liberal, seu pai havia lutado ao lado das forças do Parlamento na
Revolução Puritana que culminou com a deposição e execução de Carlos I. Locke
formou-se em Medicina na Universidade Oxford, tornando-se posteriormente
professor nesta mesma universidade. No ano de 1666 foi chamado para trabalhar
como médico e conselheiro do lorde Shaftesbury, um dos mais importantes
líderes liberais do Parlamento, opositor do Rei Carlos II. Em 1681, Locke teve que
exilar-se na Holanda, juntamente com lorde Shaftesbury, que havia sido acusado
de conspiração contra o rei.
Foi neste contexto que Locke escreveu suas obras mais importantes. No
campo da filosofia política, os “Dois tratados sobre o governo” é a sua obra-prima.
O Primeiro Tratado é uma rejeição à ideia do direito divino dos reis. Segundo esta
teoria, os reis teriam sua autoridade fundamentada e outorgada por Deus, pois
os reis da era moderna seriam descendentes da linhagem de Adão, considerado
o primeiro rei.
75
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
Aqui reside outra diferença entre Locke e Hobbes. Para Hobbes, não
existe propriedade no Estado de natureza, somente a partir da constituição do
Estado é que ela passa a existir, e o Estado pode suprimi-la a qualquer momento.
Para Locke, a propriedade é anterior ao Estado, portanto é um direito natural do
indivíduo e não pode ser violado.
76
TÓPICO 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
objetivo e o propósito a que fora criado, esta violação coloca o governo em estado
de guerra contra a sociedade. Cabe o “direito legítimo de resistência à opressão e
à tirania”. (MELLO, 2001, p. 88).
3 VOLTAIRE
FIGURA 11 – FRANÇOIS MARIE AROUET, CHAMADO VOLTAIRE
Seus textos têm um tom sarcástico e não poupam críticas para a ausência
de liberdade de expressão. Dizia: “Não concordo com nada do que dizes, mas
defenderei até a morte o direito de dizeres”.
77
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
TIRANIA
Chamamos tirano ao soberano que não conhece por leis senão o próprio
capricho, que se apodera dos bens de seus súditos e que em seguida os arrola
para ir tomar os dos vizinhos. Não existe tal espécie de tiranos na Europa.
Sobre qual tirania gostaríeis de viver? Sob nenhuma; mas se fosse preciso
escolher, eu detestaria a tirania de um só do que a de vários. Um déspota tem
sempre alguns bons momentos; uma assembleia de déspotas jamais. Se um
tirano me faz uma injustiça, poderei desarmá-lo por intermédio de sua amante,
por seu confessor ou por seu pajem; mas uma companhia de graves tiranos é
inacessível a todas as deduções. Quando não é injusta é no mínimo impiedosa
e jamais concede favores.
FONTE: VOLTAIRE. Dicionário filosófico. (1764). Edição Ridendo Castigat Mores. Disponível em:
<www.jahr.org> Acesso em: 5 jun. 2012.
78
TÓPICO 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
4 MONTESQUIEU
79
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
FONTE: MONTESQUIEU, Charles. O espírito das leis. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
80
TÓPICO 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
5 JEAN-JACQUES ROUSSEAU
FIGURA 13 – ROUSSEAU
O pensador acreditava que o ser humano não era social por natureza.
Defendia que a sociedade é que corrompia os indivíduos, permitindo inclinações
à agressividade e ao egoísmo.
81
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
82
TÓPICO 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
83
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
6 A DEMOCRACIA MODERNA
Na antiguidade clássica, o termo democracia foi sendo moldado pela
aspiração dos cidadãos gregos. Suas manifestações foram múltiplas, mas
podemos dizer que foram poucas e raras as experiências que viveram conforme
a denominação e ideal teórico.
Um desses pensadores é o inglês John Locke que afirmou ser essa a origem
do poder dos governos, exigindo a separação dos poderes. Já Montesquieu, outro
filósofo do período, distinguia ações de um déspota – fundamentadas no temor; de
um monarca – poder assegurado pela honra; e governo republicano – garantido
pela virtude. Suas ideias foram os fundamentos da democracia moderna.
84
TÓPICO 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
DICAS
MARIA ANTONIETA
(2006, Direção: Sofia Coppola)
O filme mostra a vida de Maria Antonieta (Kirsten Dunst), uma
jovem vienense que, em 1774, tornou-se a rainha da França.
Às vésperas da Revolução Francesa, ela ficou conhecida entre
a população por seu desinteresse político, um dos fatores que
culminaram na violenta revolta popular contra a família real
francesa.
DICAS
85
RESUMO DO TÓPICO 2
• John Locke acreditava que o Estado devia se preocupar com o direito à vida,
saúde, defesa dos bens e da liberdade dos indivíduos.
• Rousseau acreditava que o ser humano não era social por natureza. Defendia
que a sociedade é que corrompia os indivíduos, permitindo inclinações à
agressividade e ao egoísmo.
• John Locke rejeição a doutrina do direito divino dos reis e afirma que a única
fonte do poder legítimo é o consentimento expresso dos governados.
86
AUTOATIVIDADE
87
88
UNIDADE 2 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a), neste tópico veremos mais detalhadamente as ideias
de alguns pensadores políticos dos séculos XVIII e XIX. Estes pensadores fizeram
suas reflexões num contexto conturbado, marcado por mudanças profundas,
ocasionadas pelas revoluções inglesa, francesa e americana.
89
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
2 EDMUND BURKE
FIGURA 14 - EDMUND BURKE
90
TÓPICO 3 | OS PENSADORES DA POLÍTICA: DOS MODERNOS AOS CONTEMPORÂNEOS
91
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
desejável. Não creio, entretanto, que esse seja o caso da França ou de qualquer
outro grande país. Até o presente, nunca tivemos exemplos de democracias
dignas de nota.
Eu creio que ele tem toda razão, pois a história ratifica esse fato, que se
coaduna muito bem com a teoria.
FONTE: BURKE, Edmund. Reflexões sobre a revolução em França. Brasília: EdUnb, 1982, p. 135-136.
92
TÓPICO 3 | OS PENSADORES DA POLÍTICA: DOS MODERNOS AOS CONTEMPORÂNEOS
3 IMMANUEL KANT
93
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
Mas o bem público, que deve ser atendido acima de tudo, é precisamente
a constituição legal que garante a cada um sua liberdade através da lei.
Com isso, continua lícito a cada um buscar sua felicidade como lhe
aprouver, sempre que não viole a liberdade geral em conformidade
com a lei e, portanto, o direito dos outros consorciados. (KANT apud
ANDRADE, 2001, p. 60).
94
TÓPICO 3 | OS PENSADORES DA POLÍTICA: DOS MODERNOS AOS CONTEMPORÂNEOS
O DIREITO UNIVERSAL
Se, portanto, minha ação ou minha condição em geral pode coexistir com
a liberdade de todos de acordo com uma lei universal, então, quem me impedir
de realizar essa ação ou de manter minha condição comete uma injustiça contra
mim, na medida em que esse impedimento (essa oposição) não pode coexistir
com a liberdade segundo leis universais. [...] Segue-se que a lei universal do
direito é: aja externamente de maneira que o livre uso de seu arbítrio possa
coexistir com a liberdade de todos segundo uma lei universal.
95
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
O que é o esclarecimento?
Preguiça e covardia são as razões pelas quais uma tão grande parcela da
humanidade permanece na menoridade mesmo depois que a natureza a liberou
da condução externa (naturaliter maiorennes); e essas são também as razões pelas
quais é tão fácil para outros manterem-se como seus guardiões. É cômodo ser
menor. Se tenho um livro que substitui meu entendimento, um diretor espiritual
que tem uma consciência por mim, um médico que decide sobre a minha dieta
e assim por diante, não preciso me esforçar. Não preciso pensar, se puder pagar:
outros prontamente assumirão por mim o trabalho penoso.
FONTE: Textos de Kant. In: ANDRADE, Régis de Castro. Kant: a liberdade, o indivíduo e a
república. In: WEFFORT, Francisco Carlos (org.). Os clássicos da política. 13. ed. São Paulo:
Ática, 2001 (volume 2).
96
TÓPICO 3 | OS PENSADORES DA POLÍTICA: DOS MODERNOS AOS CONTEMPORÂNEOS
97
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
Hegel via na República de Platão não um Estado ideal, mas uma realidade
a ser alcançada. Na sua concepção, a derrocada da cidade-estado é fruto da
expansão da individualidade e da propriedade privada. É justamente a ideia de
uma liberdade subjetiva e autônoma do indivíduo privado, introduzida com o
cristianismo e que ganhou status universalista no período da modernidade.
98
TÓPICO 3 | OS PENSADORES DA POLÍTICA: DOS MODERNOS AOS CONTEMPORÂNEOS
UNI
O ESTADO
99
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
FONTE: Textos de Hegel. In: BRANDÃO, Gildo Marçal. Hegel: o estado como realização histórica
da liberdade. In: WEFFORT, Francisco Carlos (org.). Os clássicos da política. 13. ed. São Paulo:
Ática, 2001 (volume 2)
5 ALEXIS DE TOCQUEVILLE
FIGURA 17 - ALEXIS DE TOCQUEVILLE
100
TÓPICO 3 | OS PENSADORES DA POLÍTICA: DOS MODERNOS AOS CONTEMPORÂNEOS
Veja o que Tocqueville escreve em uma carta a John Stuart Mill: “Partindo
de noções que me forneciam as sociedades americanas e francesas, eu quis pintar
os traços gerais das sociedades democráticas, das quais não existe ainda nem um
modelo completo”. (QUIRINO, 2001, p. 153).
101
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
102
TÓPICO 3 | OS PENSADORES DA POLÍTICA: DOS MODERNOS AOS CONTEMPORÂNEOS
UNI
103
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
Ela não devia mudar o caráter que nossa civilização até então possuía,
como pensaram outros, deter-lhe os progressos e nem mesmo alterar, em sua
essência, nenhuma das leis fundamentais sobre as quais se baseiam nossas
sociedades humanas ocidentais.
FONTE: Textos de Tocqueville. In: QUIRINO, Célia Galvão. Tocqueville: sobre a liberdade e a
igualdade. In: WEFFORT, Francisco Carlos (org.). Os clássicos da política. 13. ed. São Paulo:
Ática, 2001 (volume 2).
104
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você viu que:
• Kant é um dos filósofos que mais teorizou sobre a liberdade. Para Kant, sem
a ideia de liberdade não podemos conceber o ser humano como um ser moral
e racional. Para este pensador, o Estado deve promover o bem público e a
manutenção da legalidade que fundamenta a liberdade.
107
108
UNIDADE 2
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Compreendamos que o movimento histórico responsável pelo
desencadeamento da conhecida Revolução Industrial no mundo ocidental,
definindo condições para que ela produzisse mudanças significativas, teve início
durante a Idade Moderna, sendo resultado de múltiplas transformações que
ocorreram na Europa.
• o trabalho, que antes era cumprido pelo servo, passa a ser pensado como mão
de obra assalariada;
• o trabalho ficou mais dividido e segmentado em muitos setores oriundos,
principalmente, das cidades;
• as propriedades e atividades que antes eram principalmente agrícolas foram
modificadas;
• as muitas revoluções no domínio da técnica permitiram uma infinidade de
transformações tecnológicas;
• as reformas religiosas liberaram os indivíduos dos compromissos com a igreja
católica – em se falando de economia, podemos apontar a usura e acúmulo de
dinheiro;
• o Estado Nacional fortalece as fronteiras e os mercados internos;
• o processo de revoluções que eclodiram na Europa muda a maneira dos
indivíduos se relacionarem com as instituições;
• ocorre, também, um acúmulo grande de riqueza nas mãos da burguesia
europeia, advindas dos lucros com metais vindos da América e do comércio.
110
TÓPICO 4 | REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS
DICAS
Vejam o que Canêdo (1987, p. 55) descreve sobre esse processo após
analisar muitas leis direcionadas para a nova realidade da mão de obra:
111
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
E
IMPORTANT
112
TÓPICO 4 | REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS
DICAS
Os Miseráveis.
113
UNIDADE 2 | O LIBERALISMO POLÍTICO
LEITURA COMPLEMENTAR
Texto 1
FONTE: THOMPSON, E. P. Costumes Comuns. São Paulo: Cia das Letras, 1999.
Texto 2
Texto 3
FONTE: THOMPSON, E. P. A Formação da Classe Operária Inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987. p. 9-11.
Texto 4
114
TÓPICO 4 | REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS
FONTE: DANTON, Robert. O Beijo de Lamoourette. São Paulo: Cia das Letras, 1990.
115
RESUMO DO TÓPICO 4
116
AUTOATIVIDADE
117
118
UNIDADE 3
TEORIAS POLÍTICAS
E ECONÔMICAS
CONTEMPORÂNEAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. Ao final de cada um deles, você
terá atividades específicas que contribuirão para a fixação dos conteúdos es-
tudados.
TÓPICO 3 – O SOCIALISMO
119
120
UNIDADE 3
TÓPICO 1
O LIBERALISMO ECONÔMICO
1 INTRODUÇÃO
Como já estudamos anteriormente, os pensadores iluministas
desenvolveram ideias em torno da economia. Essas ideias originaram duas
grandes correntes de pensamento, no final do século XVIII com os fisiocratas; e o
liberalismo que influencia o pensamento político e econômico do mundo até os
dias atuais.
2 OS FISIOCRATAS E O LAISSEZ-FAIRE
O processo inicial do capitalismo teve a política mercantilista aplicando a
forte intervenção dos Estados Nacionais na economia. Essas intervenções tinham
como objetivo principal garantir elevados lucros para companhias de comércio e
tornar volumosas as fontes de renda dos governos nacionais, acumulando metais
preciosos para os países em formação.
121
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
122
TÓPICO 1 | O LIBERALISMO ECONÔMICO
E
IMPORTANT
O que é LAISSEZ-FAIRE?
A expressão que demonstra o princípio do liberalismo, que defende a menor intervenção
possível do Estado na economia, deixando que os mecanismos do mercado atuem livremente.
“Laissez faire, laissez passer, lê monde va de lui même” (Deixe fazer, deixe passar, o mundo
vai por si mesmo).
Gournay (1712–1759)
3 ADAM SMITH
FIGURA 18 – ADAM SMITH
123
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
Um dos legados que Smith deixa é o fato de tratar a economia como uma
Ciência que possui suas leis próprias. Dentre os liberais que seguem suas ideias,
está a defesa da livre concorrência, a lei da oferta e da procura e a divisão do
trabalho como caminho para o desenvolvimento econômico de uma nação.
Hunt & Sherman (1987, p. 66) citam trecho do livro de Adam Smith. Nele,
podemos analisar melhor a função que o autor dá ao Estado:
124
TÓPICO 1 | O LIBERALISMO ECONÔMICO
TUROS
ESTUDOS FU
Caro(a) acadêmico(a)!
Teremos a oportunidade de estudar, durante toda essa unidade, os desdobramentos das
ideias econômicas e seus efeitos sociais. Algumas das ideias que se opuseram às perspectivas
liberais de compreensão da economia serão, por nós, analisadas a seguir.
125
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
126
TÓPICO 1 | O LIBERALISMO ECONÔMICO
No final do século XVIII temos notícias das primeiras greves. A luta era
contra as profundas alterações nos modos de produção. Esses movimentos,
considerados perigosos, eram banidos com o uso da força.
Cita Mantoux (1988) uma carta escrita em 1779 sobre as reações contra a
nova realidade:
Portanto, durante o século XVIII e metade do século XIX, uma nova classe
social começa a surgir: a classe operária.
127
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
DICAS
128
RESUMO DO TÓPICO 1
• Para esse pensador, o Estado não deveria intervir nas leis do mercado.
129
AUTOATIVIDADE
130
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a), neste tópico veremos mais detidamente as ideias
de alguns pensadores da economia dos séculos XVIII ao XX. Estes pensadores
fizeram suas reflexões num contexto marcado por mudanças profundas. Era o
momento da ascensão e consolidação do capitalismo industrial. No plano político,
as revoluções burguesas e liberais tinham afastado os entraves tradicionais da
economia. O livre comércio e a concorrência se tornaram as grandes reivindicações
e conquistas da classe burguesa.
131
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
Para Malthus, a pobreza não era problema dos ricos e dos proprietários de
terras. Na sua visão, as leis que impunham tributos aos ricos para prover auxílios
aos pobres eram injustas. O único responsável por sua pobreza era o próprio
pobre e, portanto, ele deveria encontrar um caminho para solucioná-la.
No entanto, Malthus argumenta que sua teoria é tão óbvia que dispensa
até mesmo dados empíricos para comprová-la. Conforme Malthus (1982), a
própria natureza corrigiria o problema do aumento demográfico, através de
epidemias, guerras etc.
133
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
134
TÓPICO 2 | OS PENSADORES DA ECONOMIA: DOS CLÁSSICOS AOS CONTEMPORÂNEOS
135
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
136
TÓPICO 2 | OS PENSADORES DA ECONOMIA: DOS CLÁSSICOS AOS CONTEMPORÂNEOS
137
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
138
TÓPICO 2 | OS PENSADORES DA ECONOMIA: DOS CLÁSSICOS AOS CONTEMPORÂNEOS
DICAS
140
TÓPICO 2 | OS PENSADORES DA ECONOMIA: DOS CLÁSSICOS AOS CONTEMPORÂNEOS
NOTA
141
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
admitiam. Ele não chega a pensar como Marx, que o capitalismo tem um caráter
intrinsecamente destrutivo, mas admite que ele deva ser regulado pelo Estado
para tornar-se viável e não entrar em recessão.
142
TÓPICO 2 | OS PENSADORES DA ECONOMIA: DOS CLÁSSICOS AOS CONTEMPORÂNEOS
A proposta de Keynes (1996) foi vista inicialmente como uma heresia pela
ortodoxia econômica. Ao emitir títulos, o Estado contraía dívidas, e com uma
reduzida carga tributária o Estado correria o risco de quebrar. O orçamento do
Estado estaria desequilibrado. O governo gastaria mais do que arrecadaria. Mas
segundo Keynes, somente com um endividamento consciente e um déficit público
programado a economia sairia da recessão num médio prazo.
143
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
Neste período começa a tomar corpo uma nova doutrina econômica, que
reafirmava os princípios liberais e que preconizava o “enxugamento” da máquina
pública através do corte de gastos e privatização das empresas estatais. Já eram
tempos de Neoliberalismo, tema que estudaremos nos próximos tópicos.
144
TÓPICO 2 | OS PENSADORES DA ECONOMIA: DOS CLÁSSICOS AOS CONTEMPORÂNEOS
LEITURA COMPLEMENTAR 1
Thomas Malthus
Não conheço nenhum escritor que tenha admitido que nesta terra,
o homem, fundamentalmente, seja capaz de viver sem alimento. Mas o Sr.
Godwin prognosticou que a paixão entre os sexos pode ser extinta com o tempo.
Contudo, como ele considera esta parte de seu trabalho um desvio para o campo
da conjectura, não insistirei mais sobre isso agora, a não ser em afirmar que os
melhores argumentos para provar a perfectibilidade do homem provêm de um
estudo do grande progresso que ele já realizou desde o estado bárbaro e da
dificuldade de dizer onde ele se detém. Mas, com relação à extinção da paixão
entre os sexos, nenhum progresso, qualquer que ele seja, foi feito até aqui. Ela
parece existir com tanto ímpeto agora como existia há dois ou há quatro mil anos.
Existem exceções hoje como sempre existiram.
145
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
FONTE: MALTHUS, Thomas. Ensaio sobre a população. São Paulo: Abril Cultural, 1996, p. 246-
247. Disponível em: <www.each.usp.br/rvicente/LendoStuartMill.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2012.
146
TÓPICO 2 | OS PENSADORES DA ECONOMIA: DOS CLÁSSICOS AOS CONTEMPORÂNEOS
LEITURA COMPLEMENTAR 2
O VALOR DO TRABALHO
Karl Marx
Tomemos, por outro lado, o camponês servo, tal como existia, quase
diríamos ainda ontem mesmo, em todo o oriente da Europa. Este camponês, por
exemplo, trabalhava três dias para si, na sua própria terra, ou na que lhe havia
sido atribuída, e nos três dias seguintes realizava um trabalho compulsório e
gratuito na propriedade de seu senhor.
147
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
para si e 6 horas para o seu patrão; ainda que nesse caso a parte do trabalho pago
e a do não remunerado apareçam inseparavelmente confundidas e o caráter de
toda a transação se disfarce por completo com a interferência de um contrato e o
pagamento recebido no fim da semana.
FONTE: MARX, Karl. O valor do trabalho. In: O Capital. São Paulo. Editora Nova Cultural, 1996, p.
103-104 (grifos do autor). Disponível em: <www.pstu.org.br/biblioteca/marx_salario.rtf>. Acesso
em: 25 jul. 2012.
148
RESUMO DO TÓPICO 2
149
AUTOATIVIDADE
O SOCIALISMO
1 INTRODUÇÃO
As ideias socialistas têm um profundo impacto nos movimentos sociais
que eclodem pelo mundo ocidental, tendo as divisão de classes e as profundas
desigualdades sociais como foco de seus questionamentos.
151
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
2 O SOCIALISMO CIENTÍFICO
Os principais pensadores dos princípios básicos do socialismo foram Karl
Marx (1818 -1883) e Friedrich Engels (1820-1895). Foram ambos que se dedicaram
a formular ideias sobre as relações entre sociedade e natureza, relações sociais,
movimentos históricos e formas de organização da sociedade.
152
TÓPICO 3 | O SOCIALISMO
153
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
l Comunismo primitivo.
l Escravismo.
l Feudalismo.
l Capitalismo.
154
TÓPICO 3 | O SOCIALISMO
E
IMPORTANT
3 O SOCIALISMO REAL
FIGURA 22 – MARCHA DOS SOLDADOS REVOLUCIONÁRIOS – 1917/MOSCOU
155
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
E
IMPORTANT
Nos primeiros anos do século XX, a Rússia – então em guerra com Japão –
sente o estágio de descontentamento, após passar uma crise política que provoca
um movimento grandioso na cidade de São Petesburgo – sede do governo e
lugar onde morava o Czar Nicolau II. Os confrontos foram catastróficos e muitas
pessoas morreram. Esse confronto resultou em greves organizadas em todo o
país e, somado a isso, a tripulação de marinheiros do Encouraçado Potemkin
atraca nos portos para apoiar os grevistas contra seu próprio governo.
156
TÓPICO 3 | O SOCIALISMO
FONTE: WILSON, Edmund. Rumo à Estação Finlândia. São Paulo: Cia das Letras, 1989.
DICAS
Encouraçado Potemkin
(1974. Direção: Sergei Eisenstein)
O filme é considerado um marco na montagem cinematográfica.
Filmado em 1925 e feito sob encomenda para comemorar os vinte
anos da Revolução Russa, o filme parte de um fato histórico de 1905
- rebelião de marinheiros de navio de guerra - para criar uma obra
universal que fala contra a injustiça e sobre o poder coletivo que há
nas revoluções populares.
4 LENINISMO
Lênin, um marxista russo, publicou, em 1902, um livro intitulado
Chto dielat? (Que fazer?), dando as diretrizes daquele que seria o movimento
revolucionário que mudaria a história do seu país, bem como influenciaria os
movimentos de esquerda pelo mundo.
157
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
Essa é uma afirmação que ecoa em debates infinitos que causam diferenças
nas maneiras de conduzir o processo revolucionário na Rússia pós 1917. Porém,
foram as teses de Lênin que conduziram o país para o desejado socialismo.
158
TÓPICO 3 | O SOCIALISMO
5 A ERA STALIN
FIGURA 24 – IOSSIF DJUGACHVILLI , CONHECIDO COMO STALIN
159
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
160
TÓPICO 3 | O SOCIALISMO
E
IMPORTANT
Como você deve ter percebido, caro(a) acadêmico(a), o texto acima fala
da Rússia e, à medida que a período histórico avança, falamos de União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS). Por quê?
O que antes era chamado Rússia (formado por várias etnias) passa a ser rediscutida em
constituição de 1918, quando é chamada República Federativa Socialista. As dificuldades
internas do país impediram, na prática, a efetivação da República. Em 1922, surge uma nova
constituição e como ela o nome de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)
formada por Rússia, Ucrânia, Bielo-rússia e Transcaucásia. Mais tarde seriam anexados o
Uzbequistão, Turcomênia e Tadjiquistão.
6 ANARQUISTAS
161
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
E
IMPORTANT
162
TÓPICO 3 | O SOCIALISMO
a sociedade é um organismo vivo que deve funcionar como tal. Eis o motivo
porque os anarquistas abominam organizações partidárias, considerando que
esses burocratizam a organização social e atuam com poder de imposição sobre
a maioria.
A ajuda mútua que nada mais foi do que a clássica formulação das
ideias comuns e quase todos os anarquistas de que a sociedade não
passa de um fenômeno natural existente antes da aparição do homem
que por sua vez e por sua natureza respeitaria as leis sem precisar de
regulamentos artificiais, onde as pessoas se solidarizariam ajudando-
se umas às outras.
163
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
Portanto:
l eliminar o Estado;
l acabar com a propriedade privada;
l defender a autodisciplina e cooperação;
l dar direito de decisões a todos;
l mudar a dinâmica do currículo escolar;
DICAS
FILME
“Liberdade” (1996) Direção Vicente Aranda.
Em meio a Revolução Espanhola, o grupo de mulheres,
chamado “Mulheres Livres”, está recrutando um batalhão
feminino para irem para Zaragoza, para o campo de batalha,
ajudar as tropas revolucionárias anarquistas. Entre as
guerrilheiras estão operárias, donas de casa, prostitutas e uma
freira.
Além de retratar o papel das mulheres na revolução, o diretor
Vicente Aranda mostra o descrédito na religião, representado
através do padre que adere à revolução.
164
RESUMO DO TÓPICO 3
165
AUTOATIVIDADE
166
UNIDADE 3
TÓPICO 4
REGIMES TOTALITÁRIOS
1 INTRODUÇÃO
FIGURA 26 – DISCURSO NAZISTA DO LÍDER ADOLF HITLER
O sistema capitalista também passa por uma crise que teve início em 1929
(o chamado Crack da Bolsa nos EUA), que afetou a economia do mundo inteiro
e provocou a falência de grandes empresas, bancos e indústrias, causando uma
queda na produção de alimentos. Situação que acarretou desempregos, protestos
e aumento dos problemas sociais.
167
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
Após essa crise, o capitalismo mundial sofre remodelações que dão força
ao Estado – contrariando inclusive os preceitos liberais – nas definições dos rumos
da economia. Essa crise econômica mundial provoca, é claro, mudanças nos
rumos políticos do mundo e gera uma instabilidade. Nesse contexto complicado
para a economia e política, surgem sentimentos de nacionalismo e cuidados com
os interesses de cada país, com animosidades que provocam o fortalecimento de
ideias e movimentos totalitários começando pela Europa.
2 FASCISMO
FIGURA 27 – MUSSOLINI ( ESQ.) AO LADO DE HITLER
168
TÓPICO 4 | REGIMES TOTALITÁRIOS
DICAS
170
TÓPICO 4 | REGIMES TOTALITÁRIOS
3 NAZISMO
FIGURA 28 – MORTOS PELOS NAZISTAS ENTERRADOS EM COVAS COLETIVAS
171
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
• Defender uma raça superior ariana – considerando ser essa a única na história
que havia contribuído para o progresso da humanidade.
• Dissolver partidos políticos – menos o Partido Nazista.
• Reforçar a indústria bélica, instituindo o serviço militar obrigatório.
• Reivindicar regiões perdidas na I Guerra Mundial e habitadas por alemães,
como na Polônia e Áustria – um dos fatores que desencadeou a II Guerra
Mundial.
• Além de perseguir minorias raciais, também combateu socialistas, comunistas
e liberais.
• Promover propagandas que incitavam o ódio aos judeus e seus descendentes,
negros, ciganos, mestiços, deficientes físicos e mentais.
• Promover uma economia direcionada para a indústria bélica, estimulando a
produção agrícola. Essa dinâmica diminuiu o desemprego, conquistando os
alemães para a causa nazista.
172
TÓPICO 4 | REGIMES TOTALITÁRIOS
DICAS
173
RESUMO DO TÓPICO 4
174
AUTOATIVIDADE
175
176
UNIDADE 3
TÓPICO 5
1 INTRODUÇÃO
FIGURA 29 – CENA CONTROVERSA EM UM MUNDO GLOBALIZADO
177
UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
2 NEOLIBERALISMO
O que chamamos de neoliberalismo aqui é o retorno a alguns princípios
liberais do século XIX.
E
IMPORTANT
Neo – novo
Liberalismo – ideologia que justifica e defende os princípios do capitalismo, baseado na
propriedade privada.
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TÓPICO 5 | POLÍTICA E ECONOMIA NA HISTÓRIA RECENTE
Esse processo teve seu início no final da década de 70 e ampliou sua ação
nas décadas de 80 e 90. Observemos que, a partir dessa década, muitos fatores
sociais eclodem pelo mundo, considerando que, para o neoliberalismo, a moeda
só estabilizará se os gastos com políticas sociais forem contidas. Os investimentos
com saúde, educação, moradia e outra necessidades básicas devem ser
segurados, além de considerar que certa quantidade de desempregados é parte
natural do processo de reajuste do capitalismo. Lembrando-nos sempre de que a
concentração de riquezas é que garante o acúmulo de capital e os desempregados
são necessários para que a economia neoliberal esteja equilibrada.
Ou melhor dizendo, o que se apresenta como cordeiro pode ser o lobo,
pois “a teoria liberal apresenta-se como globalização. Este conceito serve para
esconder o que acontece na realidade. A globalização fornece justificativa da
dominação econômica dos Estados Unidos”. (COMBLIN, 1999, p. 19)
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DICAS
FILME
O Corte (2005. Direção Costa-Gravas)
Após quinze anos de leais serviços como executivos de uma fábrica
de papel, Bruno D. é despedido com centenas dos seus colegas
devido a corte de despesas.Três anos se passam sem que ele
encontre um novo emprego. Agora ele está disposto a tudo para
conseguir um novo posto, inclusive a partir para a ofensiva.
3 GLOBALIZAÇÃO
FIGURA 30 – MARCAS DE UMA ALDEIA GLOBAL: EXCLUSÃO SOCIAL
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TÓPICO 5 | POLÍTICA E ECONOMIA NA HISTÓRIA RECENTE
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UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
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TÓPICO 5 | POLÍTICA E ECONOMIA NA HISTÓRIA RECENTE
LEITURA COMPLEMENTAR
Karl Marx
Friedrich Engels
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UNIDADE 3 | TEORIAS POLÍTICAS E ECONÔMICAS CONTEMPORÂNEAS
Ser capitalista significa ocupar não somente uma posição pessoal, mas
também uma posição social na produção. O capital é um produto coletivo: só
pode ser posto em movimento pelos esforços combinados de muitos membros
da sociedade, e mesmo, em última instância, pelos esforços combinados de
todos os membros da sociedade. O capital não é, pois, uma força pessoal; é uma
força social. Assim, quando o capital é transformado em propriedade comum,
pertencente a todos os membros da sociedade, não é uma propriedade pessoal
que se transforma em propriedade social. O que se transformou foi apenas o
caráter social da propriedade. Esta perde seu caráter de classe.
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TÓPICO 5 | POLÍTICA E ECONOMIA NA HISTÓRIA RECENTE
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RESUMO DO TÓPICO 5
• Uma nova ordem mundial configurou-se no final do século XX. Muitos chamam
de globalização. Outros, de práticas neoliberais.
• Essa nova ordem econômica e política desenha um mundo que nos aproxima
dos iluministas como defensores de uma sociedade sem conflitos e baseada na
razão e no progresso.
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AUTOATIVIDADE
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REFERÊNCIAS
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