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FUNDAÇÃO KONRAD ADENAUER

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/~nderscjn Nobara

Denise :<atchuian Dognini


Dida BesséJn.:=:

editora
unesp

--
Capítulo 4
Os partidos políticos 1

DAVID FLEISCHER

° Brasil é uma federação com 26 esta- a transição (ou transação) para a democra-
dos e um Distrito Federal, com eleições di- cia se processou sem rupturas entre 1974 e
retas em três níveis (federal, estadual e mu- 1985. Por essa razão, com a abertura do siste-
nicipal). Tem eleições de dois em dois anos ma partidário e com a liberdade de organizar
não totalmente coincidentes, e as eleições novos partidos (ou reorganizá-los), não res-
municipais são defasadas das eleições gerais. surgiram os partidos tradicionais do período
Para compreender o sistema partidário anterior ao golpe militar de 1964 - como re-
brasileiro atual, temos que buscar suas apareceram a Unión Cívica Radical e o Parti-
raízes no período pós-1945. Nestes últi- do ]usticialista na Argentina, os Blancos e
mos quase 60 anos, o sistema partidário Colorados no Uruguai e o Partido Democra-
sofreu dois "realinhamentos" forçados pelo ta Cristão no Chile, com o fim dos seus res-
regime militar, em 1965-1966 e em 1979- pectivos regimes militares.
1980. Com o retorno aos governos civis
em 1985, o sistema partidário passou por
1. Primórdios
uma grande expansão até 1993, quando se
iniciou um certo "encolhimento". Mas, o Depois de obter a sua independência de
sistema fragmentou-se de novo no final dos Portugal em 1822, o Brasil se tornou uma
anos 90, com 18 partidos, elegendo pelo monarquia constitucional até 1889. Duran-
menos um deputado em 1998 e 2002, e te esse período, o sistema partidário se con-
21 em 2006. solidou no Segundo Reinado (1840-1889)
Diferentemente dos outros regimes mi- como um sistema bipartidário, com um Par-
litares no Cone Sul (Chile, Uruguai e Argen- tido Conservador e um Partido Liberal, que
tina), os generais-presidentes brasileiros não se alternaram no poder de modo semelhan-
fecharam o Congresso Nacional nem pres- te ao modelo inglês dessa mesma época. Es-
creveram os partidos políticos; mantiveram ses dois partidos, porém, passaram por várias
as eleições em intervalos regulares, embora transformações. Em 1870, o pequeno Parti-
com várias restrições autoritárias - num es- do Republicano se organizou e começou a
forço para vender a imagem de uma "demo- sua pregação contra a 1T1Onarquia (CARVA-
cracia relativa" (FLEISCHER, 1994). Assim, LHO,1981).

1. Este trabalho foi apresentado inicialmente num seminário da Konrad Adenauer Stiftung, em 1995. O pre-
sente texto é uma versão modificada e atualizada de Fleischer (1997).

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I 303
.d\i
No período da chamada Primeira Repú- UDN e PTB) chegassem a ter uma abrangência FIGURA 1. Genealogia dos partidos políticos brasileiros, 1945-1965.
blica (1889-1930), os clubes republicanos em realmente nacional. O Brasil continuou a ser
cada estado se transformaram em Partidos uma república presidencialista federativa, com
Pré 1945 1945
Republicanos estaduais. Uma vez um Legislativo nacional bicamera!, mas com
institucionalizado o poder político civil em Legislativos estaduais unicamerais. Adotou- PSD I-+l
1898, a política nacional passou a ser domi- se o sistema de represêntação proporcional ~ UON ~ UON UON UON f-+I UON
nada pelos dois partidos maiores: o PRP de com lista aberta para a Câmara dos Depu-

~
~ f-+I
~
EO EO PSB PSB PSB
São Paulo e o PRM de Minas Gerais. Líde- tados, Assembléias Legislativas e Câmaras
vs VS
res políticos desses dois estados revezaram- Municipais, mas sem cláusula de exclusão.
Permitiram-se coligações em todos os níveis
PTB PTB ~ PTS f-+I PTB
se na Presidência da República e dominaram PPS
os trabalhos no Congresso Nacional - num e candidaturas simultâneas para cargos
sistema chamado de "Café com Leite" (M. majoritários e proporcionais. Os mandatos
e. SOUZA, 1974; CASALECCHI, 1987). legislativos eram de quatro anos, e os de pre- PCB PCB
Esse sistema político se tornou decaden- sidente da República e de metade dos então ~~ PRP PRP f-+I PRP PRP
te no final da década de 1920 (PRADO, 22 governadores estaduais eram de cinco anos. ~ PL I-+l PL PL f-+I PL PL
1986) e se mostrou incapaz de se transfor- Essa não-coincidência dos mandatos se tor- ~ PR 1-+1 PR PR f-+I PR PR
mar para enfrentar os novos desafios sociais nou problemática para o sistema político e, ~ POC I-+l PDC POC f-+I poc POC

e econômicos da época, sendo derrubado em parte, provocou a renúncia do presidente I PRO I-+l PRO PRT I-+l PRT H PRT

pela Revolução de 1930 liderada pelo ex- Jânio Quadros em 1961, depois de apenas sete PP do B PST f-+I PST H PST

governador do Estado do Rio Grande do meses de mandato (FLEISCHER, 1995;


PTN PTN 1-+1 PTN H PTN

Sul, Getúlio Vargas. Nos 15 anos seguintes SOUSA, 2005). Fonte: Marques e Fleischer, 1999: 14.
(que marcaram o primeiro governo Vargas), • Partido Republicano Populista
Partido da Representação Popular
a atividade político-partidária foi restrita ao
2.1 Os partidos "grandes"
período de 1933 a 1937, mas o sistema parti-
dário ainda se baseou em agrupamentos es- No período de 1945 a 1965, o Brasil período, embora se mantivesse como maior estava prestes a se tornar um "partido de
taduais e algumas tentativas de organizar chegou a ter treze partidos representados no partido. Ainda elegeu dois presidentes, o ge- massas", no conceito de Duverger (1980).
movimentos ideológicos em nível nacional, Congresso Nacional: três grandes (PSD, neral Eurico Dutra, em 1945, e Juscelino Era considerado um partido nacionalista, no
espelhando a polarização direita-esquerda da UDN e PTB), dois médios (PSP e PDC) e Kubitschek, em 1955 . Embora Kubitschek não estilo de "populismo de esquerda"
Europa nos anos 3 O. oito pequenos - como mostra a Figura 1. tivesse conseguido eleger seu sucessor em (LAVAREDA, 1991; BENEVIDES, 1989; e
O Partido Social Democrático foi organi- 1960, aspirava voltar à Presidência em 1965. D'ARAÚJO, 1996; BODEA, 1992).
zado por Getúlio Vargas em 1945, baseado Para arregimentar a população urbana, a A União Democrática Nacional, herdei-
2. Redemocratização e máquina varguista, baseada no Ministério do ra da União Democrática Brasileira, que se
no seu sistema de dominação unitária implan-
pluripartidarismo, 1945-1965
tado durante o Estado Novo (1937-1945). Em Trabalho e nos sindicatos por este tutelados, insurgiu contra o regime Vargas nas eleições
Esse período foi marcado pelo retorno cada estado o interventor varguista foi encar- fundou o Partido Trabalhista Brasileiro, im- marcadas para janeiro de 1938 (mas que fo-
ao estado de direito, com a Constituição regado de organizar o PSD, convocando todos pulsionado pelo alistamento ex o((ício de ram canceladas pelo golpe do Estado Novo
de 1946. No quadro teórico de Sartori os caciques locais que haviam sido nomeados eleitores. Numericamente modesto 110 iní- em novembro de 1937), aglutinou as forças
(1982), esse sistema iniciou-se com um como prefeitos municipais para fundar a cio do período, o PTB cresceu a ponto de de oposição a Vargas nas áreas rurais e urba-
pluralismo moderado em 1945 e acabou nova agremiação governista. Nessa época, a rivalizar com o PSD em 1963. Elegeu um nas. A UDN chegou a ocupar a Presidência
num pluralismo exacerbado após as eleições população brasileira ainda era quase 70% presidente (em 1950) e o vice-presidente da República em dois períodos curtos: 1954-
parlamentares de 1962 (M. e. SOUZA, rural e o sistema de coronelis1I1o garantia a João Goulart duas vezes (1955 e 1960), que 1955, quando o vice-presidente Café Filho
1976; NICOLAU, 2004). fidelidade dos votos (HIPPÓLITO, 1985). assumiu a Presidência em1961, para o perío- foi empossado após o suicídio de Getúlio
Finalmente, foram organizados partidos Inicialmente, o PSD era dominante no Con- do que se estenderia até 1964. Ao ser ex- Vargas e, entre janeiro e agosto de 1961, na
em âmbito nacional, embora apenas três (PSD, gresso Nacional, mas declinou ao longo do tinto pelo regime militar em 1965, o PTB gestão de Jãnio Quadros. Foi superada como

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.......
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-,--------------------------.------------------
o segundo maior partido no Congresso pelo 2.3 Os partidos pequenos Esquerda Democrática - ED - Pequeno Maranhão liderados por Vitorino Freire. Em
PTB em 1955, no Senado, e em 1963, na agrupamento de socialistas fabianos que dei- 1950, foi transformado em PST. Em 1953,
Na verdade, a Figura 1 nos mostra mais
Câmara (BENEVIDES, 1981; DULCI, xaram a UDN antes das eleições, em dezem- Freire retornou ao PSD e o PST passou ao
de oito partidos chamados "pequenos", pois
bro de 1945, quando elegeram dois consti- comando do senador Sylvestre Péricles Goes
1986). apenas incluímos os oito que chegaram a se
tuintes (Hermes Lima e Domingos Vellasco). Monteiro (Alagoas) (CERQUEIRA, 1973).
fazer representar em 1963 no Congresso
Em 1947, a ED elegeu alguns poucos depu- Partido Rural Trabalhista - PRT - Orga-
2.2 Os partidos médios
Nacional. tados estaduais em Goiás e no Distrito Fede- nizado em 1945 como PRD-Partido Repu-
° Partido Democrata Cristão foi orga-
nizado em 1945, baseado, em parte, na Liga 2.4 Os ideológicos
ral e, em 1950, reuniu-se com a Vanguarda
Socialista - VS para fundar o PSB (HECKER,
blicano Democrático por grupos evangéli-
cos. Tornou-se PRT em 1950 e passou a ser
Eleitoral Católica dos anos 30. A sua lideran-
ça inicial, porém, coube a int.elecr:u~i~ leigos,
Partido Comunista Brasileiro - PCB - °
mais "histórico" dos partidos brasileiros, or-
1998). uma legenda alternativa para candidatos do
PCB, que foi para a clandestinidade em 1948.
muitos deles professores umversltanos. No Em 1954 recebeu a adesão passageira do
ganizado em 1922. Conheceu a legalidade 2.5 Outros pequenos
deputado Hugo Borghi (CERQUElRA,
início da década de 1960, o PDC já contava apenas entre 1945 e 1948, mas teve uma atu- Partido Republicano - PR - Remanescen- 1973).
com outros profissionais liberais, empresm:ios ação destacada na clandestinidade até 1964. te dos Partidos Republicanos estaduais que Movimento Trabalhista Renovador -
mais modernos e alas operárias, estudantis e
Em 1947, o PCB já era o quarto maior parti- dominaram a política na Primeira República MTR - Cisão dissidente renovadora lidera-
universitárias. Atrelou-se a Jânio Quadros no
do no Congresso Nacional e o terceiro no (1889-1930), liderado pelo ex-presidente da da pelo deputado Fernando Ferrari, que dei-
governo do Estado de São Paulo e na P;esi-
dência da República. ° PDC elegeu vanos
governadores e chegou a ser o quinto maior
Estado de São Paulo e, assim, assustou o go-
verno Dutra (conservador) quando derrotou
República (1922-1926) Arthur Bermudes
(1870-1955), um forte desafeto da política
xou o PTB, em 1959, numa tentativa de fun-
dar um "trabalhismo" mais puro, na linha
o PTB na maioria das eleições sindicais. A varguista. Teve alguma expressão em pou- ideológica do PTB nos anos 40, articulada
partido no Congresso em 1963. No .fmal do
partir de 1950, passou a eleger alguns dos cos estados, como Minas Gerais e Bahia por Alberto Pasqualini (BASTOS, 1981;
período, estava dividido em alas dlstmtas, de
seus quadros por outras legendas. Em 1958, (CERQUEIRA, 1973). BODEA,1992).
esquerda, centro e direita, que tomanam ru-
houve uma cisão dos stalinistas, que funda- Partido Libertador - PL - Surgiu inicial-
mos diferentes após a extinção dos partidos
ram o PCdoB, de linha chinesa e, mais tarde, mente nos anos 20, quando era um partido
em 1965 (ALEIXO, 1968; VIANNA, 1981; 2.6 O fim do pluripartidarismo
albanesa (CHILCOTE, 1982; PACHECO, de oposição no Rio Grande do Sul. Lidera-
CARDOSO, 1975; COELHO, 2000 e 2003).
° Partido Social Progressista foi um veí-
1983; SEGATTO, 1995).
Partido de Representação Popular - PRP
do pelo Deputado Raul Pilla, o PL empu-
nhava a bandeira do parlamentarismo, que
Como se pode ver na Figura 1, o sistema
pluripartidário desse período testemunhou
culo político pessoal de Adhemar de Bar-
_ Herdeiro do integralismo (AIB) nos anos foi usada como a saída para evitar a guer- três cisões (facções que se tornaram parti-
ros, interventor (1939-1941) e governador
30, foi conduzido por seu "líder máximo", ra civil em agosto/setembro de 1961 dos) e duas fusões.
eleito duas vezes (1947 e 1962) em São Pau-
Plínio Salgado. De ideologia fascista/ (CERQUEIRA, 1973). Em 1945, a ED saiu da UDN, para depois
lo. Em 1950, o partido participou de uma
corporativa, o PRP participou de alguns go- Partido Trabalhista Nacional - PTN - se fundir com a VS e criar o PSB. Para viabilizar
coligação que elegeu Getúlio Vargas, e esse
vernos estaduais por meio de coligações Organizado em 1947 por Emílio Carlos a sua candidatura para o governo de São Paulo
apoio lhe rendeu a Presidência da Repúbh-
(TRINDADE,1974). Kyrillos em São Paulo. Em 1954, deu legen- em 1950, Adhemar de Barros aglutinou os
ca durante um curto período após a morte
Partido Socialista Brasileiro - PSB - Fun- da para Jãnio Quadros disputar o governo de minúsculos PAN e PPS ao PRP. Em 1958, o
de Getúlio (1954-1955). Adhemar concor-
dado com a fusão da Esquerda Democráti- São Paulo e novamente a Presidência da Re- pedoB deixou o PCB e, em 19S9, o MTR
reu à Presidência da República duas vezes,
ca e da Vanguarda Socialista em 1950, fi- pública em 1960. Ainda liderou as coligações rachou com o PTB (CERQUEIRA, 1973).
em 1955 e 1960. Freqüentemente, o PSP
cou restrito a um pequeno grupo de inte- que elegeram o prefeito de São Paulo em 1957 São várias as hipóteses sobre o esfacela-
era usado como uma legenda de conveni-
lectuais e não conseguiu ocupar o espaço eogovernadorem 1958 (CARDOSO, 1975; mento do sistema partidário de 1945 a 1965
ência em vários estados, especialmente por
político deixado pela proscrição do PC~, CERQUEIRA, 1973; KWAL, 2006). (M. C. SOUZA, 1976; SOARES, 1973 e
políticos dissidentes do PSD, que lhes "n~­
como foi o caso, na época, de alguns parti- Partido Social Trabalhista - PST - Orga- 2001), em parte refutadas por Lavareda
gava legenda". Era considerado um parti-
dos socialistas na Europa Ocidental (SIL- nizado como PPB - Partido Proletário do (1991). Uma das causas, sem dúvida, foi a
do "populista de direita" (SAMPAIO, 1982;
VA, 1989; MANGABEIRA, 1979). Brasil, em 1946, por dissidentes do PSD no legislação eleitoral (desigualdades regionais,
CARDOSO, 1995; KWAL, 2006).

-"--
1
!
I 307
306
;.
C/)
o lista aberta, coligação sem sublegenda, au- comandava à distância, em 1965, as campa- de 36010 para 32,5%. Assim, no conceito de tado com o mesmo objetivo. Em 1978, aAre-
(J
:-e sência de cláusula de exclusão), que permi- nhas estaduais do seu partido. Os primeiros Sartori (1982), a Arena pode ser considera- na conseguiu se manter no mesmo patamar
õ
"- tiu a proliferação de legendas fracas, sem nomes indicados por JK nos estados de Mi- da um partido dominante. no Congresso; 55010 na Câmara e 62,7% no
C/)
o consistência, e dificultou a formação de ali- nas Gerais e Guanabara (ex-Distrito Federal) Senado (Tabela 1) (FLEISCHER, 1994).
'O
t:co anças coesas e permanentes no Congresso foram declarados "inelegíveis" pela justiça Mesmo com esses casuísmos, o último
"- 3.2 O bipartidarismo não "resolve"
Vl (NICOLAU, 2004). eleitoral. Mas os candidatos subseqüentes do governo militar, do general João Figueiredo
o
O canto do cisne desses partidos foi o PSD nesses dois estados importantes vence- Com o endurecimento da ditadura militar (1979-1985), percebeu que, com a situação
pleito de outubro de 1965, já no segundo ram o pleito com maioria absoluta. em 1968 (AI-5) e o chamado "milagre econô- econômica e social cada vez pior e com a
ano do governo do general Castelo Branco, Logo em seguida, JK voltou ao Brasil mico", em 1970 a Arena aumentou a sua mar- tendência do insatisfeito eleitorado em vo-
que elegeu 11 governadores por via direta. para saborear essa vitória pessoal. A linha gem na câmara baixa de 67,50f<J para 72,3010. tar contra o governo (ou seja, em votar no
Esse primeiro governo militar havia aprova- dura não aceitou o desaforo e ameaçou der- Temendo uma "mexicanização" do sistema MDB), a "camisa de força" tinha que mudar
do um novo código eleitoral em junho da- rubar Castelo Branco, caso as eleições não partidário brasileiro, vários líderes do MDB para permitir maiores espaços para mano-
quele ano, que visava atenuar algumas das fossem anuladas. Após intensas negociações, pregavam a auto dissolução da sofrida legen- bras e negociação política para o governo
distorções acima mencionadas: proibir coli- o governo baixou o AI-2, que tornou as fu- da de oposição (KINZO, 1988). no Congresso. Assim, justamente quando o
gações nos pleitos proporcionais, cláusula de turas eleições para governador indiretas e Com o fim do "milagre" e a liberalização MDB se fortaleceu, quase se tornando um
barreira (5%), maioria absoluta (sem segun- extinguiu os partidos políticos existentes, das normas que regulamentavam a campanha "partido de massa", o governo militar de-
do turno popular) para cargos executivos garantindo, porém, a posse dos eleitos. Foi eleitoral de 1974 feita pelo general-presiden- cidiu promover um novo realinhamento
(presidente, governador e prefeito). Essas nesse ponto que o presidente Castelo Bran- te Ernesto Geisel, o MDB se fortaleceu mui- partidário, de cima para baixo, extinguin-
medidas reduziram, em 1965, o número de co perdeu o controle político e a condução to: elegeu 44010 dos deputados federais, 16 do a Arena e o MDB, para criar um novo
candidatos a governador para três ou quatro da sua própria sucessão (GASPARI, 2002). das 22 cadeiras para o Senado e maiorias em pluripartidarismo, agora "moderado", com
nesses 11 estados e, em 1966, provavelmen- seis legislativos estaduais - um ressurgimen- cinco 0\1 seis partidos.
te o número de partidos no Congresso teria to muito forte (GASPARI, 2003).
3.1 A transição para o bipartidarismo
sido reduzido para cinco ou seis. Essa tendência oposicionista do eleitora-
4. O novo pluripartidarismo,
Entretanto, os resultados das eleições de As novas regras ditavam que, para for- do, cada vez mais urbano, se manteve nas 1980-1997
1965 e os imperativos do regime militar for- mar uma nova organização particliria "pro- eleições municipais de 1976, apesar de algu-
çaram uma antecipação do realinha-mento visória", bastava arregimentar 120 depu- mas restrições impostas pelo governo. Não Esse novo sistema partidário passou por
do sistema pluripartidário de então por vias tados federais e 20 senadores. Em tese, obstante, o governo Geisel optou por duas fases distintas, e depois pareceu estar
autoritárias. poderiam ter sido organizados três parti- desacelerar o ritmo da abertura política, te- entrando numa terceira. Nos últimos cinco
dos novos, mas na pritica foi difícil até mendo maiorias oposicionistas nas duas ca- anos do regime militar (1980-1985), mante-
mesmo constituir dois. sas do Congresso resultante da eleição de ve-se um pluripartidarismo moderado, com
3. O bipartidarismo, 1966-1979 1978. Ao mesmo tempo, o t'v1DB elegeria por seis partidos e depois cinco. Com o retorno
Adesões governamentais facilitavam a
o gcneral-presidente Castelo Branco formação da Aliança Renoyadora Nacioml via direta os governadores nos seis estados aos governos civis (Sarney, 1985-1990;
mantcve sua promessa de realizar as elei- - Arena, mas o novo partido de oposição, onde obteve maioria legislativa em 1974 Collor, 1990-1992; Itamar, 1992-1994; e
ções diretas para governador marcadas para J'vlovimcnto Democrático Brasileiro - MDB, (FLEISCHER, 1980). F. H. Cardoso, 1995-1998), modificou-se
3 de outubro de 1965, embora recebesse teve dificuldade em juntar os 20 senadores e Para consertar o rumo das coisas, o presi- a legislação, o que facilitou a criação e o re-
pressões da linha dura militar para as tor- contou com uma pressão discreta do presi- dente Geisel outorgou o chamado "Pacote de gistro de legendas novas. Como conseqüên-
nar indiretas. O ex-presidente e entáo se- dente Castelo Branco para convencer dois Abril" em 1977, tornando a eleição indireta cia, em 1991, mais de quarenta partidos es-
nador Juscelino Kubitschek já era candida- senadores a filiar-se temporariamente ao para uma das duas vagas no Senado (senador tavam registrados no TSE, vinte dos quais re-
to presidencial pelo PSD quando foi cassado MDB. Nessa transição do antigo pluri- "biônico"), mantendo a eleição indireta para presentados no Congresso. Com a nova Lei
pelo AI-I, em junho de 1964. partidarismo para o bipartidarisl110 "provi- governadores por colégios eleitorais esta- Orgânica dos Partidos Políticos - LOPp, san-
Líder popular, JK coordenava uma dis- sório" no pleito de 1966, o MDB teve a sua duais manipulados para favorecer a Arena e cionada em agosto de 1995, anteciparam-se
creta oposição, do seu exílio na Europa, e presença na Câmara dos Deputados reduzida modificando as normas da eleição para depu- várias fusões entre 1993 e 1996, com um

308 309

...., , 'EM;;;: II1II..11111111111111111111..111111...........................................................


Vl
8 TABELA 1. Bancadas partidárias representadas no Congresso Nacional. 1979-2007.
~-?-
oa.
(/)
o
Partido 1979 1981 1982 1983 1987 1989 1990 1991 1992 1993 Partido 1994 1995 1997 1999 2001 2002a 2002b 2003c 2006d 2006e 20071
"O
·ero CÂMARA
:::>.
CÂMARA
(/)
o Arena/PDS/PPR/PPB 231 212 224 235 32 29 32 42 45 69 Arena/PDS/PPR/PPB 67 53 79 60 51 53 49 44 50 41 42
MDB/PMDB 189 113 168 200 260 178 131 108 98 101 MDB/PMDB 96 107 94 83 92 87 74 69 78 89 91
PP (1980-82) 66 @ PP (1980-82)
PTB 05 14 13 18 19 28 38 30 26 PTB 29 31 23 31 32 33 26 45 43 22 20
PDT 10 09 23 24 28 38 46 40 36 PDT 35 33 23 25 17 16 21 17 20 24 23
PT 06 05 08 16 15 17 35 36 35 PT 36 49 51 59 58 58 91 91 81 83 82
PFL 118 91 90 84 86 87 PFL 89 89 105 105 95 97 84 76 64 65 62
PCB/PPS 03 03 03 03 03 03 PCB/PPS 03 02 02 03 13 12 15 18 15 22 16
PCdoB 03 06 06 05 05 07 PCdoB 06 10 10 07 10 10 12 12 12 13 13
PSB 01 06 08 11 10 10 PSB 10 15 11 18 16 17 22 29 27 27 27
PL 06 22 13 15 18 14 PL 16 13 10 12 28 27 27 29 37 23 34
PDC 05 14 15 22 19 # PDC
PSDB 50 60 38 40 45 PSDB 48 62 97 99 91 95 71 65 59 66 63
PRN 20 31 40 26 16 PRN 04 01 00 00 00 00
PP (1993-95) 37 PP (1993-95) 45 36
Outros 08 13 23 16 47 17 Outros 19 12 08 11 10 8 21 18 27 38 40
TOTAL 420 420 420 479 487 495 495 503 503 503 TOTAL 503 513 513 513 513 513 513 513 513 513 513

SENADO SENADO

Arena/PDS/PPR/PPS 42 36 36 46 05 02 03 03 04 09 Arena/PDS/PPR/PPS 10 06 06 03 04 02 01 01 O
MDB/PMDB 25 20 27 21 44 31 22 27 26 27 MDB/PMDB 27 24 22 27 26 24 19 20 20 15 20
PP (1980-82) 10 @ PP (1980-82)
PTB 00 02 01 01 04 04 08 08 04 PTB 04 05 04 01 01 04 03 04 4 4
PDT 00 01 01 02 03 05 05 06 04 PDT 05 06 02 04 04 05 05 05 4 4
PT 00 00 00 00 00 01 01 01 01 PT 01 05 05 07 07 08 14 14 12 11 11
PFL 15 13 13 15 17 17 PFL 14 19 24 19 21 18 20 19 16 18 17
PSB 02 02 02 01 01 01 PSB 01 01 02 03 03 02 04 03 2
PSDB 10 12 10 09 09 PSDB 11 10 14 16 14 15 11 11 16 15 13
Outros 01 01 00 02 10 13 11 09 09
Outros 08 05 02 01 01 03 06 05 7 7
TOTAL 57 67 67 69 72 75 75 81 81 81
TOTAL 81 81 81 81 81 81 81 81 81 81 81

(fi! Fusão PP + prvlD8 em hwsreiw (Íu $ Fusão do PP + PPR --7 PPB em setembro de 1995.
# Fusão POC + POS PPR em abril de 1993. a = em agosto de 2002. b = eleitos em outubro de 2002. c = em 1 defevereiro de 2003. d = em setenlbro de 2006.
e = eleitos em outubro de 2006. f = na posse em fevereiro de 2007.

310 311

--------------------------------..._.~.----------------------------------
Vl
o certo "encolhimento" do sistema, o que 4.2 Realinhamento inicial 4.3 Resultados do pleito de 1982
t) 15 de janeiro de 1985), promoveu-se uma
:~ promoveu um pluralismo ligeiramente mais Após intensas negociações entre partidos, cisão no PDS, em junho de 1984, em torno
'O Por causa dos fortes casuísmos eleitorais
a. moderado nas eleições de 1998 e 2002.
Vl de dezembro de 1979 a fevereiro de 1980, adotados pelo governo Figueiredo no final de da escolha do seu candidato para essa elei-
o
'O
'';::; de fato, esses cinco grupos conseguiram arre- 1981, na tentativa de garantir a hegemonia ção indireta. Uma facção "liberal" dentro do
ti; PDS, liderada pelo então vice-presidente da
D.
4.1 Pluralismo moderado. 1980-1985 gimentar as bancadas no Congresso Nacional do PDS após as eleições de 1982 (voto vincu-
Vl
o em março de 1980. Em janeiro, o PP havia lado e proibição de coligações), o PP sentiu- república Aureliano Chaves, o senador Mar-
O bipartidarismo foi extinto por lei apro- recrutado uns 90 deputados, deixando o novo se inviabilizado e, em fevereiro, decidiu dis- co Maciel e o senador e então presidente do
vada pelo Congresso em dezembro de 1979. PDS sem uma maioria absoluta. Com a morte solver-se e se reincorporar ao PMDB. Como PDS José Sarney, preconizava a realização
Os estrategistas do governo Figueiredo com- do então ministro da Justiça Petrônio Portela c se pode ver na Tabela 1, esse desdobramento de uma eleição prévia interna no PDS para
preenderam que havia facções mal acomo- a sua substituição por um representante do ex- elevou o PMDB ao mesmo patamar de força determinar o seu candidato à Presidência da
dadas tanto dentro do MDB quanto na Are-
na (KINZO, 1980). Para sair da "camisa-
PSD mineiro, egresso da Arena, o governo con- política do ex-MDB na Câmara (45%) e per- República. ° grupo majoritário governista
seguiu reduzir os quadros do PP a 68 deputa- mitiu que superasse a marca do ex-MDB no preferiu manter o mecanismo tradicional:
de-força" do bipartidarismo para um sistema Senado (40,3% vs. 37,3%). Em junho de
dos e preservar uma precária maioria de 225 articulações informais confirmadas numa
de pluralismo "moderado", visavam uma con- 1982, porém, a maioria governista no Con-
para o PDS (FLEISCHER, 1988b). convenção nacional do partido (LAVAREDA,
figuração partidária que compreendia:
° antigo MDB foi dividido, ficando o gresso aprovou uma emenda que, entre ou- 1985).
dois partidos "sucessores": da Arena, o
PDS - Partido Democrático Social, e do
PMDB com apenas metade dos seus deputa- tras coisas, permitiu o êxodo de vinte depu-
tados do "novo" PMDB para o PTB e para o
° grupo dissidente, autodenominado
"Frente Liberal", selou a "Aliança Democrá-
dos. A coexistência das facções Brizola e Ivetc
MDB, o PMDB - Partido do Movimen- PDS em nove estados. Mesmo assim, o de-
dentro do novo PTB se tornou impossível e o tica" com o PMDB e articulou a chapa
to Democrático Brasileiro; sempenho do PMDB nas eleições de novem-
TSE concedeu legenda a esta facção menor Tancredo Neves para presidente e José
um novo partido de "centro", o PP - bro de 1982, em grande parte, se deve ao re-
em 1980. Assim, Brizola foi obrigado a orga- Sarney para vice; quanto ao PDS, sua con-
Partido Popular, formado por "modera- forço da fusão PP-PMDB. Entre os novos go-
nizar um novo partido, o PDT - Partido De- venção nacional escolheu o ex-governador
dos" do ex-MDB, liderados pelo senador vernadores oposicionistas, foram eleitos
mocrático Trabalhista. Para ter uma tribuna Paulo Maluf para presidente (derrotando o
Tancredo Neves (MG), e dissidentes li- Tancredo Neves (PMDB-MG), Franco
no Congresso Nacional, o PT aceitou a filiação ministro do Interior, Mário Andreazza) e o
berais da Arena, liderados pelo deputa- Montoro (PMDB-SP) e Leonel Brizola (PDT-
de cinco deputados e um senador egressos do deputado Flávio Marcílio para vice.
do Magalhães Pinto (MG), que funcio- RJ) (FLEISCHER, 1988b; KINZO, 1996).
MDB (SOARES e VALE, 1985). No segundo semestre de 1984, o Brasil foi
naria com um partido às vezes "auxiliar" Nas eleições para o Congresso (Tabela 1),
Como se pode ver, naquela fase, fora do agitado por uma segunda onda de grandes co-
ao governo no nível federal, mas um forte o pluripartidarismo bipolarizado foi confir-
concorrente direto no pleito de 1982 em
muitos estados, e um potencial parceiro
PTB, nenhum outro partido do período an-
terior a 1965 foi ressuscitado: nem a UDN, °
mado. PDS perdeu a sua maioria absoluta
na Câmara (49,10/0) mas manteve a suprema-
núcios nas maiores cidades em função das cam-
panhas de Tancredo e Maluf. No primeiro se-
nem o PSD ou o PDC, por exemplo. Os re- mestre, a grande mobilização se fez em torno
coligado em outros. cia no Senado (66,7%). Para constituir uma
manescentes dessa agremiação democrata da campanha das "Diretas Já", em favor da
talvez o ressurgimento de um partido "tra- maioria absoluta precária na Câmara, o go-
cristã acharam melhor permanecer no PMDB Emenda do deputado Dante de Oliveira
balhista" nos moldes do antigo PTB, o Par- verno Figueiredo constituiu uma coligação
para não dividir ainda mais a oposição (PMDB-MT), que marcava eleições diretas
tido Trabalhista Brasileiro pré-1965, lide- efêmera (51,8%) entre o seu PDS (235 depu-
(KINZO, 1980). Em 1979, discutiu-se entre para presidente c11115 de novembro de 1984.
rado pelo ex-governador Leonel Brizola e tados) e o PTB de Ivete Vargas (com 13 depu-
os líderes do "novo sindicalismo" e intelec- Apesar de os casuísmos de 1981 (que pro-
pela ex-deputada Ivetc Vargas; e talvez tados), viabilizada com distribuição de alguns
tuais de esquerda (incluindo o professor F. yocaram a reintegração do PP ao PMDB) te-
um partido "obreiro", nos moldes do cargos de segundo e terceiro escalão para os
H. Cardoso) a possibilidade de organizar rem gerado uma maioria escassa para o PDS
PSOE espanhol, com base no novo sin- trabalhistas (SOARES, 1988).
um partido da social-democracia, semelhan- no Colégio Eleitoral (361 entre 686 - 52,6%),
dicalismo emergente nas regiões Sudeste
te ao SPD alemão; mas, em 1980 os sindi- o STF decidiu que a lei da fidelidade partidá-
e Sul: o PT - Partido dos Trabalhadores,
calistas e uma parte dos intelectuais mais 4.4 A "Aliança Democrática". 1984-1985 ria não se aplicava fora do Congresso. As-
liderado por Luiz Inácio (Lula) da Silva
socializantes foram para o PT, e os intelec- sim, a chapa da "Aliança Democrática"
(MENEGUELLO, 1989; KECK, 1992). Tendo em vista a sucessão presidencial
tuais restantes permaneceram no PMDB arrebanhou 113 votos dos dissidentes da
(MARQUES e FLEISCHER, 1999). (a cargo do Colégio Eleitoral, marcada para Frente Liberal e ainda 55 votos dos que

312 313
Após um pequeno tropeço nas eleições pansão em 1989, quando o TSE habilitou
'"uo FIGURA 2. Genealogia dos partidos políticos brasileiros, 1966-1996.
municipais em novembro de 1985 (quando o
:.e 22 partidos para disputar a eleição direta para
(5
o.. senador Fernando Henrique Cardoso perdeu presidente da República no final daquele ano
if)
o ~1966-i9 a prefeitura de São Paulo para Jânio Quadros (GURGEL e FLEISCHER, 1990). Os dois
-o
€(O do PTB), o Plano Cruzado - plano de estabi- candidatos de partidos pequenos, cuja retó-
o. lização heterodoxa implantado em fevereiro
Vl
rica contra o governo Sarney fora mais con-
o PPB •••
de 1986 - empurrou o PMDB para uma es- tundente, Fernando Collor (PRN) e Lula
trondosa vitória nas urnas em novembro da- (PT), foram para o segundo turno em de-
quele ano. Como o PSD na Constituinte de zembro de 1989 (Tabela 3).
PFL
1946 e a Arena no período 1975-1979, o Os dois maiores partidos na ANC, par-
PL
P.MDB se tornou hegemônico (54,4%) na ceiros na chamada "Aliança Democrática" -
Assembléia Nacional Constituinte (ANC) de o PMDB e o PFL -, ficaram reduzidos à séti-
1987-1988. O PMDB elegeu 22 dos 23 go- ma e nona posições, respectivamente, na
vernadores (FLEISCHER, 1988c). corrida presidencial: Ulysses Guimarães, com
Até que o bloco suprapartidário conser- 4,74%, e Aureliano Chaves, com 0,89% dos
vador ("Centrão") impusesse a sua maioria votos válidos (Tabela 3). No segundo turno,
em dezembro de 1987, o PMDB havia do- realizado em 17 de dezembro, Collor logrou
MDB minado os trabalhos da ANC. Descontentes 49,94% dos votos contra os 44,21% obti-
com os rumos do PMDB na ANC, em junho dos por Lula. A comparação das votações
de 1988 a facção social-democrata MUP - desses dois candidatos pelo tamanho dos
Movimento de Unilhde Progressista se tor- municípios (Tabela 4) mostrG uma relação
PT nou um novo partido, o PSOB - Partido dG linear - quanto maior a população do muni-
PSTU
Social Democracia Brasileira, com 10,7% da cípio' mais Lula, quanto menor, mais Collor.
• O PPB mudou seu nome para PP (Partido Progressisto) em 11 de abril de 2003.
ANC (MARQUES e FLEISCHER, 1999; Essas tendências foram confirmadas nas
Partido Popular. ROMA,2002). eleições gerais de 1990, quando 19 pGrtidos
*** Partido Progressista Brasileiro. Outros cinco partidos ainda se habilita- alcançaram uma representação mínima no
ram para as eleições de novembro de 1988 - Congresso Nacional (Tabela 1). Dos seus 260
4.5 Pluripartidarismo menos PJ, PSC, PTR, PSD e PMB - nos então 4.287 deputados federais e 44 senadores eleitos em
permaneceram no PDS, e venceu a chapa moderado, com um partido municípios brasileiros (Tabela 2). Essa elei- 1986, o PMDB conseguiu eleger apenas 108
Maluf-Marcílio por uma margem de 300 dominante, 1985-1988 ção confirmou o declínio do até então deputados e 26 senadores em 1990 - embo-
votos (FLEISCHER, 1988a).
Finalmente, em maio de 1985, o Con- hegemônico PMDB, iniciado com a cisão do ra continuasse sendo o maior partido no Con-
No início de 1985, com a constituição for-
gresso aprovou a Emenda Constitucional n° PSDB, e serviu como prenúncio dos resulta- gresso. O PFL teve perdas menores; de 118
mal do Partido da Frente Liberal- PFL, o sis-
25, que, entre outras coisas, liberou a for- dos de 1989. Naquele pleito, o PMDB, que para 84 deputados e de 16 para 15 senado-
tema partidário brasileiro diversificou o
mação de novos partidos políticos. por par- detinha as prefeituras de 75 das cem maiores res. Assim, a configuraçáo partidária na câ-
pluripartidarismo em três pólos: 1'DS, PMOB
te da "esquerda", saíram da clandestll1ld~­ cidades brasileiras, foi reduzido, e passou a mara baixa ficou com dois partidos maiores,
e PFL. O governo Sarney (que assumiu em 15
de março de 1985, em razão da doença e mor- de os dois partidos comunistas até entao controlar apenas 20 (FLEISCHER, 1996). 38,2 o/Íl, seis partidos "médios" - PDS, PSDB,
te de Tancredo Neves) se sustentou com base enrustidos no PMDB, o PCB e o PCdoB, e PTB, PDT, PT e PRN -, com 47,4%, e 11
também o PSB. Egressos do PO S, a Iem ' do "pequenos", com 14,4%.
na coligação PMDB-PFL no Congresso, ten- 4.6 Pluralismo exacerbado,
do o PMDB eleito as presidências do Senado PFL foram criados o PDC e o PL (Figura 1989-1997 Voltando à Tabela 2, observamos que, nas
e da Câmara dos Deputados no mês anterior 2). Assim, o sistema partidário expandiu-se eleições municipais de 1992, houve uma
de 5 para 11 partidos e o PMDB se tornOU Dos 17 partidos constituídos no final de maior dispersão dos 4.762 municípios entre
(CANTANHEDE, 2001; LAVAREDA, 1985;
"dominante". 1988, o sistema partidário sofreu outra ex- os partidos concorrentes, com avanços para
TAROUCO, 2002).

1
I
314 ,
I
315

--------------------~-~-;---------------------------
(J)
o TABELA 2. Prefeitos eleitos entre 1982 e 2004, por partido. TABELA 3. Resultados do primeiro turno da eleição presidencial: 15 de novembro
'-'

ª
o
Q.
V1 1982* 1988 1992 1996 2000 2004
de 1989.

o
""O Partido Candidato
ttu nO %
a.
VJ
o PMDB 1.377 34,9 1.606 37,5 1.605 33,7 1.288 24,1 1.257 22,6 1.053 18,93
F. Collor PRN 20.611.030 25,11 28,51 30,48
PDS/PPR/PPB 2.533 64,3 446 10,4 363 7,6 624 11,7 618 11,1 550 9,89
Lula PT 11.622.321 14,16 16,08 17,19
PDT 22 0,6 192 4,5 377 7,9 435 8,1 288 5,2 302 5,43
L. Brizola POT 11.167.665 13,61 15,45 16,51
PTB 7 0,2 332 7,7 303 6,4 382 7,1 398 7,2 422 7,59 Mário Covas PSOB 7.790.381 9,49 10,78 11,52
PT 2 0,1 38 0,9 54 1,1 111 2,1 187 3,3 411 7,39 P. Maluf POS 5.986.585 7,29 8,28 8,85
G. Afif PL 3.272.520 3,99 4,53 4,84
PFL 1.058 24,7 965 20,3 928 17,3 1.028 18,5 786 14,13 Ulysses PMDB 3.204.996 3,91 4,43 4,74
PSDB 18 0,4 317 6,7 910 17,0 990 17,8 870 15,64 R. Freire PCB 769.117 0,94 1,06 1,14

PL 239 5,6 165 3,5 221 4,1 234 4,2 380 6,83 Aureliano PFL 600.821 0,73 0,83 0,89

PDC 232 5,4 211 4,4 R. Caiado PSD 488.893 0,60 0,68 0,72

PSB 37 0,9 48 1,0 150 2,8 133 2,4 175 3,15 A. Camargo PTB 379.284 0,46 0,52 0,56
Outros 1.732.273 2,11 2,40 2,56
3 0,1 98 2,1 0,0 3 0,05 Votos válidos 67.625.886 100,00
PJ/PRN
°
PSC 26 0,6 50 1,1 49 0,9 33 0,6 25 0,45 Brancos 1.176.367 1,43 1,63

PTR 8 0,2 48 1,0 Nulo 3.487.963 4,25 4,82

PCB/PPS 0,0 0,0 32 0,6 166 3,0 304 5,47 Votantes 72.290.216 100,00

0,0 35 0,7 116 2,2 111 2,0 Abstenções 9.784.502 11,92


PSD
Eleitorado 82.074.718 100,00
Fonte: Dados do TSE.
PMB 49 1,1

PST 122 2,6 9 0,2 16 0,3

30 0,6 14 0,3 31 0,56 o PSDB, PDT, PT, PSC e PTR; e perdas para sistema partidário brasileiro, que desembo-
PMN
o PMDB, PFL, PDS, PTB e PL. caram na configuração que durou até o plei-
PRP 30 0,6 18 0,3 37 0,66
Em antecipação à adoção de possíveis to de 2002.
Outros 36 0,6 83 1,5 216 3,88 restrições legais aos pequenos partidos nas Apesar das fusões preventivas no primei-
eleições de 1994, ocorreram duas fusões ro semestre de 1993, as modificações na le-
Total 3.941 100,0 4.287 100,0 4.762 100,0 5.351 100,0 5.559 100,0 5.562 100,0
partidárias no primeiro semestre de 1993: gislação eleitoral efetuadas pela Lei n° 8.713,
Fonte: Fleischer (2002), DilUaS do TSE, novembro de 2004. PDS e PDC formaram o PPR, e PST e PTR de 30 de setembro de 1993, não incluíram a
-:;- As capitais elos e as deS1DIlGdas COliiO "áreas de seguranqa nacioiloi" c formaram o PP (Figura 2). proibição de coligações e nem uma cláusula
prefeitos em 1952. Forar:l Os resultados das eleições de 1994 con- de "exclusão" (de 3% ou 5%) para os plei-
novembro d2 1985. tos proporcionais. Legalizaram, porém, as
tribuíram para subseqüentes alterações no

316 317

__________________________________________. . . . ~.~IUI~LI. . . . . .ILI~...~. . . . . . . . . . . . . .IIIIIIlIrrr.·IIII........................................IIIIIIIIIIIIIIIIII.........................


TABELA 4. Resultados do segundo turno da eleição presidencial por tamanho do
A evolução das preferências populares ao
município (x mil): em 17 de dezembro de 1989. longo da campanha presidencial de 1994 (en-
tre abril e setembro) foi sacudida com a in-
'<'-.,;:':< .

MunicípioSIHlr tamanho Ix mil) entre 100 e 200; entre 50 e 100 etc. trodução da nova moeda (Real), em 10 de
".\' .... ;,/ ": '<
julho de 1994, o que acabou invertendo o
Candidato mais de 200 100 a 200 50 a 100 20 a50 10 a 20 menos de 2' Total Brasil quadro a favor do ex-ministro da Fazenda e
Collor 39,17 43,96 48,13 55,44 59,35 62,59 60,17 49,94
mentor do plano de estabilidade econômica
61,92
e produzindo uma vertiginosa queda nas in-
Lula 54,96 50,18 45,87 38,59 34,97 32,56 32,08 34,56 44,23
tenções de voto no candidato do PT.
Brancos 0,9 1,11 1,31 1,66 1,93 1,95 1,87 1,73 1,41 Esse impulso levou o candidato da coli-
Nulos 4,97 4,75 4,69 4,31 3,93 3,57 3,46 3,35 4,42 gação PSDB-PFL-PTB, Cardoso, a ganhar a
100,00% 100,00%
eleição já no primeiro turno, com 54% dos
TOTAL % 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
votos válidos (Tabela 5). Lula ficou com 27%,
Votos 23.667.147 6.061.773 6.854.092 11.506.793 10.568.698 7.651.427 3.693.667 247.104 70.260.701
ou seja, 10% a mais do que recebera no pri-
N° de Municípios (40) (49) (113) (449) (596) 11371) (1329) (268) (4575) meiro turno de 1989. A grande surpresa foi
% de Votos 33,68% 8,63% 16,19% 16,38% 15,04% 10,89% 5,26% 0,35% 100,00% o candidato do Prona, Enéas Carneiro, ter
ficado em terceiro lugar, com 7,4%. Carnei-
Fonte: Compilado de dados do TSE. ro bateu Quércia e Brizola até mesmo nos
seus estados-base, São Paulo e Rio de Janei-
contribuições de pessoas jurídicas às campa- Como se pode ver na Tabela 1, essa se- Três dos partidos "maiores", PFL, PTB ro, respectivamente.
nhas eleitorais, através da emissão de um gunda restrição limitou as candidatllLls pre- e PP (Partido Progressista), decidiram não Na Tabela 1, se compararmos os resulta-
bônus, e obrigaram os partidos a identificar sidenciais aos partidos com mais de 15 de- lançar candidatos à Presidência, e o PFL e o dos das eleições legislativas de 1990 com as
a origem e a quantia de cada contribuição. putados federais (nove partidos). Um dos pe- PTB acertaram uma coligação com o PSDB, de 1994, observaremos que o PSDB e o PT
Entretanto, na truncada reforma consti- quenos partidos lesados, o PSC, entrou com que lançou o senador (e ex-ministro das Re- conseguiram avanços substanciais na câma-
tucional realizada no primeiro semestre de uma ação direta de inconstitucionalidade - lações Exteriores e da Fazenda) Fernando ra baixa, 67,6% e 40%, respectivamente,
1994, uma das poucas medidas aprovadas ADln junto ao STF contra essas duas res- Henrique Cardoso à Presidência. O candi- tendo o PT aumentado de um para cinco
foi a redução do mandato presidencial de trições, pois cogitava lançar a candidatura dato natural do PPR, Paulo Maluf (que foi senadores. PFL e PSB tiveram ganhos mais
cinco para quatro anos. Assim, de 1994 em do ex-presidente e então senador José Sarney derrotado em 1985 e 1989), então prefeito modestos, e o PMDB praticamente ficou na
diante (1998, 2002, 2006 etc.), as eleições (PMDB-AP) solicitando sua troca de parti- de São Paulo (eleito em 1992), decidiu não mesma. Por sua vez, o PPR - apesar da fusão
para o Congresso, governadores e legislativos do já fora do prazo (março de 1994). Além deixar o seu cargo, e o partido lançou o com o PDC -, assim corno PDT, PTB e PL,
estaduais passaram a coincidir com a do pre- disso, naquele momento o senador Sarney senador Espcridião Amin (SC). Novamen- sofreram perdas. O PCdoB conseguiu dupli-
sidente da República. est,wa em segundo lugar nas pesquisas de te, o PT liderou uma coligação integrada car a sua bancada federal de 5 para 10 depu-
Finalmente, a Lei 8.713 colocou duas opinião pública, embora distante do primei- por PSB, PPS, PCdoB, PV e PSTU, lançan- tados; e o PRN, sem seu grande líder (Collor)
restrições para os partidos quanto ao lança- ro lugar (Lula, do PT). O STF declarou do o ex-deputado Lula, que fora derrotado de 1990, ficou reduzido a um solitário de-
mento de candidatos em 1994: inconstitucional a segunda restrição aos pe- por Collor no segundo turno de 1989. Ou- putado, que trocou de legenda em 1995.
todos os candidatos teriam que definir a quenos partidos, mas manteve o prazo para tro candidato derrotado em 1989 foi Quanto aos governadores, 18 estados rea-
sua filiação partidária (nova ou troca de filiações partidárias. Assim, o PSC e outros relançado por seu partido, Leonel Brizola lizaram um segundo turno em novembro
partido) antes de 5 de janeiro de 1994; e dois partidos pequenos (Prona e PL) pude- do PDT. Finalmente, a convenção nacional de 1994. Em última análise, o PMDB e o
somente os partidos com mais de 3% de ram lançar candidatos à Presidência, mas o do PMDB escolheu o ex-governador Ores- PPR melhoraram ligeiramente a sua posi-
representação na Câmara dos Deputados senador Sarney foi impedido de se candidatar tes Quércia, que venceu uma eleição prévia ção quantitativa em 1994; aquele perdeu
em agosto de 1993 poderiam lançar can- pelo PSC, por estar bloqueado dentro do do partido, derrotando o senador Sarney e São Paulo e Paraná, mas recuperou o Rio
didatos a presidente e governador. PMDB pelo ex-governador Orestes Quércia. o governador Roberto Requião (PR). Grande do Sul, e este ficou restrito à região

3,8 319
Vl
o TABELA 5. Resultados do primeiro turno da eleição presidencial: 3 de outubro de TABELA 6. Eleição para deputado federal em nível nacional por partido, votos
u
:-E 1994. recebidos versus cadeiras ganhas: 1994 e 1998.
on.
Vl
o
u
.-2 Candidato Partido n. de votos %do % dos votos % dos votos' : >~ :, >;.:'j ~?~;
co eleitorado válidos'
.Cadeir~~'\ ':<.0/0
n.
Vl
o
Cardoso PSDB 34.365.895 36,26 44,09 54,28 PMDB 9.287.049 20,3 107 20,9 9.215.430 16,1 83 16,2
Lula PT 17.122.384 18,06 21,96 27,04 PSDB 6.350.941 13,9 62 12,1 9.389.128 16,4 99 19,3
Enéas Prona 4.671.540 4,93 4,99 7,38 PFL 5.873.370 12,9 89 17,3 10.862,915 19,0 105 20,5
Quércia PMDB 2.772.242 2,92 3,56 4,38 PT 5.859.347 12,8 49 9,6 6,468.001 11,3 59 11,5
Brizola PDT 2.015.853 2,13 2,58 3,18
PPR/PPB 4.307.878 9,4 53 10,1 6.869.638 12,0 60 11,7
Amin PPR 1.739.926 1,84 2,23 2,75
PDT 3.303,434 7,2 33 6,6 3.098.599 5,4
Gomes PRN 387.756 0,41 0,50 0,61 25 4,9
PP 3,169,626 6,9 36 7,0
Fortuna PSC 238.209 0,25 0,31 0,38
PTB 2,379.773 5,2 31 6,0 3,439.219 6,0
Votos válidos 63.313.805 100,00 31 6,0
PL 1.603.330 3,5 13 2,5 1.485.965
Brancos 7.192.255 7,59 9,23 2,6 12 2,3
Nulos 7.444.197 7,85 9,55 PSB 995.298 2,2 15 2,9 2.079.285 3,6 18 3,5
Votantes 77.950.257 100,00 PC do B 567.186 1,2 10 2,0 802,327 1,4 07 1,3
Abstenções 16.832.153 17,76 PSD 414.933 0,9 03 0,6 432.909 0,7 03 0,6
Eleitorado 94.782.410 100,00 Prona 308.031 0,7 00 0,0 336.020 0,6 01 0,2
Fonte: TSE, resultado fim-li em 15 de novembro dc; '1994.
PMN 257.018 0,6 04 0,8 312.816
Coligação ele Carcioso: PSDB, PFL e PTB; Coligação de Lula: PT, PSB, I"PS, PVe PSTU; Coligação de Quêrcia; 0,5 02 0,4
PMDB e PSD. PPS 255,427 0,6 02 0,4 630,404 1,1 03 0,6
PSC 214,792 0,5 03 0,6 366.020 0,6
amazônica. O PDT e o PFL tiveram um de- suficientes para levar o PT ao segundo turno. 02 0,4
sempenho inferior em J 994; os brizolistas Se o candidato do Prona, Enéas Carneiro, ti- PRP 207.307 0,5 01 0,2 203.051 0,3 00 0,0
perderam Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul vesse "puxado a sua legenda", os seus 4,7 PRN 184.727 0,4 01 0,2 34.135 0,0 00 0,0
e Espírito Santo, conquistados em 1990, fi- milhões de votos para presidente (7,4%) po-
PV 76.383 0,2 01 0,2
cando restri tos a Paraná c 1-.1ato Grosso, e a deriam ter eleito uns 3S deputados federais, 211,432 0,3 01 0,2
frente Liberal foi reduzida de nove para dois Dois outros fatores tiveram um forte impac- PSTU 76.302 0,2 00 0,0 117.508 0,2 00 0,0
estados - Bahia e 1-.1aranhão. O PSDB ele- to sobre o clesem penho dos partidos nas elei- PST 162.544 0,2 01 0,2
geu os governadores no "triângulo das ber- ções de 1994; as chamadas "desigualdades
mudas" - São Paulo, 1-.1inas Gerais e Rio de regionais" e o voto de legenda. PSL
140.240 0,2 01 0,2
Janeiro -, a primeira vez que um partido ga- Os dados apresentados na Tabela 6 mos- Outros 2,020* 0,0 00 0,0 849,481# 1,5 00 0,0
nhou nos três estados mais importantes si- tram como o sistema de representação pro-
TOTAL 45.694.172 100,0 513 100,0 57.152.387 100,0
multaneamente. porcional brasileiro, com suas desigualdades 513 100,0
Fernando Henrique Cardoso liderou em regionais, beneficiou outros em 1994. Essas Fonte: Nicolau 11998); Dados do TSE.
todos os estados, menos no Rio Grande do Sul desigualdades provêm da imposição de uma
* PCB, PTRB e PTdoB; # PCB, PTRB, PTdoB, PSDC, PSN e peo.
e em Brasília, onde os coattails de Lula foram "bancada mínima" de oito deputados para os

320 I
__ __ _ _. .J;
321
- - -_________ ~_~~T~~_r.~~~.~ _..._ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
t/)
estados menores e uma "bancada máxima" PSDB (10,9%). No caso do Prona, a imagem 1994, a Tabela 7 mostra a freqüência das múl- em 1996. O PMDB foi o grande perdedor:
o
u do seu "anti-candidato", Enéas, atraiu o elei- tiplas combinações entre "parceiros". Assim, de 1.605 (33,7%) prefeitos em 1992, caiu
:-2 de 70 (São Paulo). Assim, estados como
oCl- Roraima e Amapá, que, em virtude de sua tor alienado. A ideologia e o programa do é possível detectar afinidades entre parcei- para 1.288 (24,1%). Enquanto o PFL se
t/)
o pequena população, deveriam eleger um PT sempre atraíram muito voto de legen- ros mais freqüentes. As coligações mais fre- manteve no mesmo nível, o PPB, fortaleci-
-o
tco deputado, elegeram oito; e o Estado de São da. No caso do PRN, a imagem do seu ex- qüentes e consistentes foram lideradas pelo do pelas fusões com o PDC (211 prefeitos
Cl-
Paulo, com 23% da população nacional, de- presidente (Collor) ainda serviu, embora PT-PSB-PCdoB-PPS, e atraíram outros pe- eleitos em 1992) em 1993 e com o PP em
t/)
o veria eleger 118 deputados, e não 70. Nesse timidamente. Quanto ao PSDB, a figura do quenos partidos da esquerda (PSTU, PV e 1995, aumentou o seu cacife de 363 (7,6%)
caso, os partidos relativamente fortes nos candidato embalado à vitória no primeiro PMN) e também o PDT. Raramente, o PT para 624 (11,7%) prefeitos. O PDT e o PTB
estados pequenos (com quociente eleitoral turno pelo Plano Real parece ter sido a mo- participava de uma coligação com os parti- conseguiram pequenos avanços, ao passo que
menor) são beneficiados, ao passo que os tivação principal para os seus eleitores. Es- dos do centro (PP' PSDB, PMDB etc.). Como o PT dobrou e o PSB triplicou os seus resul-
partidos relativamente fortes em São Paulo ses teriam sido os partidos de princípios e já abordado, porém, o PCdoB teve uma es- tados.
(com quociente eleitoral maior) são prejudi- não de pessoas em 1994? Pode-se afirmar o tratégia eleitoral muito eficiente em 1994, e Apesar de um certo "enxugamento" do
contrário para partidos como PFL, PPR, Pp, pragmaticamente participou de algumas ali- sistema partidário no nível federal, observa-
cados.
Apesar de o PSDB ter recebido 477.641 PL, PSB e PCdoB em 1994? Em parte, sim. anças centristas (PMDB, PSDB, PDT etc.), do na Tabela 1, a diversificação do quadro
votos a mais que o PFL em nível nacional, O fenômeno do PCdoB é um caso à par- além das lideradas pelo PT. Esse quadro tam- partidário em 1996 foi grande - 23 partidos
os "tucanos" elegeram apenas 62 deputados te em termos de voto de legenda. A sua por- bém prevê muito bem a fusão do PP com o conseguiram eleger pelo menos um prefei-
federais versus 89 para o PFL; ou seja, 17 centagem de voto de legenda é muito pe- PPR para formar o PPB em 1995, partidos to, e 27 elegeram vereadores.
vagas a menos. No entanto, o caso do PT foi quena em função de uma estratégia política que estavam juntos em 14 coligações, em Qualitativamente, no chamado Brasil
pior; por uma diferença de apenas 9.448 de coligação muito bem acertada a partir de mais de metade dos estados. urbano (as cem maiores cidades), o PSDB
votos em relação ao PFL, elegeu 40 deputa- 1994, que permitiu que o PCdoB duplicasse A última observação sobre o pleito de cresceu de 13 para 21 cidades, ao passo que
a sua bancada na Câmara Federal, de 5 para 1994 focaliza os votos em branco; 7 milhões o PMDB recuou de 29 para 16. O PFL au-
dos a menos que este: 49 versus 891
PMDB, PTB, PSB, PCdoB, PMN e PSC 10 deputados. Diferentemente das coligações para presidente, 14 milhões para governa- mentou o seu cacife nas capitais, conquis-
proporcionais (lista fechada) com sublistas, dor, 21 milhões para senador e 26 milhões tando Rio de Janeiro, Salvador e Recife, e o
foram ligeiramente beneficiados, ao passo
como na Argentina, e as sublemas no Uru- para deputado federal. Embora os parlamen- PPB manteve São Paulo e ainda ganhou
que PDT, PL, PSD, PPS, PRp, PSDB e PT
guai - onde há um segundo "rateio" propor- tares procurassem remediar essa situação Florianópolis. O PT caiu de 12 para 9 dessas
foram prejudicados, sobretudo estes dois úl-
cional das cadeiras ganhas pela coligação com a Lei 8.713, dividindo a cédula eleito- cidades e manteve Porto Alegre, mas perdeu
timos.
entre os partidos parceiros -, no Brasil, os ral em duas, para cargos majoritários e para Belo Horizonte. O PSB obteve um excelente
Quanto à questão do "voto de legenda",
partidos parceiros entram na coligação como cargos proporcionais, e obrigando o eleitor resultado - aumento de 4 para 8 dessas cida-
o sistema de representação proporcional com
se fossem um "balaio grande" ou um a preencher a cédula para deputado federal des maiores - tendo conquistado três capi-
lista aberta usado no Brasil permite que o
"partidão", e todos os votos recebidos con- e estadual primeiro, não adiantou - o desin- tais, Belo Horizonte, Natal e Maceió.
eleitor vote no nome do candidato para
tam para a "lista" sem que seja feita uma teresse por estas eleições continuou alto
deputado ou na sua legenda (partido). Quan-
segunda divisão proporcional entre os par- (33%) em comparação com a eleição presi-
do a proporção de votos dados à legenda é 5. Período mais recente, 1997-2006
ceiros de acordo com o número de votos dencial (9,2 0/Íl).
significante, isso indica que, por alguma
razão, os seus eleitores são atraídos a votar recebidos por cada partido coligado. Por isso, N esse período, o sistema partidário so-
no partido e nelO em nomes individuais (8,3% o PCdoB instruiu os seus eleitores a concen- freu outro encolhimento em 1995 e um in-
4.7 As eleições de í 996
em 1994); no sentido contrário, quando essa trar os seus votos em um ou dois dos seus tenso realinhamento a partir do início de
proporção é baixa, o partido não atrai o elei- candidatos, e não a votar na legenda. Assim, Esse pleito municipal foi o primeiro teste 1996 (RODRIGUES, 1995).
tor, que é estimulado a votar em nomes de todos os votos de legenda dados ao PT conta- de urna para o governo Fernando Henrique Como se observa na Tabela 1 e na Figu-
candidatos individuais (NICOLAU, 2006). vam para a coligação toda e não exclusiva- Cardoso (AMARAL, 1996, FLEISCHER, ra 2, em setembro de 1995 houve outra
Em 1994, os partidos que receberam as mente para o PT, e ajudaram a eleger os qua- 2002; NOVAES, 1996a; 1996b). Em. termos grande fusão entre o PPR e o PP para for-
maiores proporções de voto de legenda (aci- tro deputados "a mais" para o PCdoB. gerais (Tabela 2), o PSDB de Cardoso teve o mar o PPB - Partido Progressista Brasilei-
ma da média) para deputado federal foram: Para se ter uma idéia da diversidade de co- melhor desempenho: de 317 (6,7%) prefei- ro. Também o PRN e o PRP deixaram de ter
Prona (81,7%), PT (33%), PRN (28,1%) e ligações organizadas para deputado federal em tos eleitos em 1992, conquistou 910 (17%) uma representação no Congresso Nacional.
,,
!
J
322 323
Vl
o Parceiros nas coligações para deputado federal nos 27 estados em Assim, a configuração partidária passou a tos contra, abstenções e ausências - especi-
TABELA 7.
~e 1994. contar com 16 entidades. ai mente no PPB e no PMDB, mas também

o. Entretanto, em relação à situação dos no PSDB e PFL - que privavam o governo
C/l
o Freqüência das combinações de parceiros coligados partidos na abertura da sessão legislativa dos 308 votos para aprovar mudanças COliS-
"O Partidos N°*
'f~ em 10 de fevereiro de 1995, com a posse titucionais.
(Cí
o.. FHC Coligação Eleitoral
Vl
dos eleitos em 1994, houve um forte A "volatilidade" eleitoral do sistema par-
o realinhamento dos deputados federais e, em
PTB-6 PL-6 PCdoB-6 PPS-4 PSD-4 tidário foi bastante alta entre as eleições de
PSDS 70 PMDB-11 POT-7 PFL-6 PPR-6
menor grau, dos senadores. Sem levar em 1982 e 1986 e também entre 1986 e 1990,
PFL 65 PP-11 PTB-10 PPR-9 PL·8 PSDB-6 PDT-6 PMDB-4 PSC-2 PV-2 conta a fusão que criou o PPB em 14 meses, por conta da queda do PDS, o crescimento e
até 8 de abril de 1996 mais de 10% dos de- declínio do PMDB e o aparecimento do PFL
PTS 63 PFL-10 PDT-10 PP-8 PL·8 PSDB-6 PPR-5 PMDB-3 PSC·3 PCdoB·2
putados trocaram de partido pelo menos uma (em 1985) e PSDB (em 1988). Entre 1990 e
Participaram da base de FHC no Congresso vez (MELO, 2000 e 2004). 1994, esta volatilidade diminuiu bastante e
Esse realinhamento foi muito concentra- continuou baixa entre 1994 e 1998, com
PMDB 66 PSDB-11 PPR-8 PP-7 PSD-7 POT-S PFL-4 PCdoB-4 PL-4 PTB-3
do na base do governo, sendo o PSDB, o menos variação do desempenho dos parti-
PPR 65 PP-14 PFL-9 PMDB-8 PSDB-6 PTB-5 PSD-4 PL-3 PSC-3 PMN-3 partido do presidente, o mais beneficiado - dos (MAINWARING, 2001). Porém, a
cresceu de 62 para 85 deputados, seguido volatilidade eleitoral voltou a crescer um
PP 69 PPR-14 PFL-11 PTB-8 PMDB-7 PL-5 PSDB-4 POT-4 PSC-3 PMN-3
pelo PFL, que aumentou de 89 para 99 de- pouco entre 1998 e 2002, com o crescimen-
PL 48 PFL-8 PTB-8 PSDB-6 PP-5 PMDB-4 PPR-3 PCdoB-2 PSD-2 putados, superando, assim, o PMDB - que to do PT e o declínio do PSDB e PFL. Como
perdeu dez deputados - como o maior par- houve menos diferenças no desempenho dos
Oposição
tido da Casa. Na oposição, as perdas foram partidos entre 2002 e 2006, este indicador
PT 66 PCdoB-13 PSB-12 PPS-10 PV-8 PMN-6 PSTU-6 PDT-5 PP-2 PSOB-1 menores: oito deputados no PDT e dois no diminuiu novamente.
PSB.
PDT 69 PTB-10 PSOB-7 PFL-6 PMN-6 PT-5 PSB-5 PCdoB-5 PPS-4 PV-4
Em princípio, a base parlamentar do go-
60 PCdoB-13 PT-12 PPS-8 PDT-5 PV-5 PSOB-3 PMN-3 PSTU-3 PMOB-2 verno Cardoso deveria ser sólida e confian- 5.1 A eleição da reeleição - 1998
PSB
te: se com a coligação eleitoral de 1994 -
pedoS 82 PT-13 PSB-13 PPS-13 PV-7 PSDB-6 PMN-6 PDT-5 PSTU-4 PMOB-4 Em 1997, o Congresso aprovou a emen-
PSDB, PFL e PTB -, teria 225 deputados, ou
da da reeleição, que permitiu aos governa-
PPS 70 PCdoB-13 PT-l0 PSB-8 PV-7 PSTU-5 PSOB-4 PDT-4 PMN-4 PMOB-3 43,9%, com a inclusão do PMDB, contaria dores e ao presidente eleitos em 1994 con-
com 319 deputados (62,2%) - 11 além do correr a um novo mandato em 1998. Esse
PSTU 24 PT-6 PPS-5 PCdoB-4 PV-4 PSB-3 PMN-2
quórum constitucional de 308 e, com o PPB, mesmo mecanismo foi estendido aos prefei-
PV 50 PT-7 PCdoB-7 PPS-7 PSB-5 PSTU-4 PDT-4 PSOB-3 PMN-3 PFL-2 chegaria aos 398 deputados (77,6%). Com tos eleitos em 1996 para concorrer novamen-
a oposição sistemática de apenas 98 deputa- te em 2000.
PMN 45 PT-6 PDT-6 PCdoB-6 PPS-4 PPR-2 PP-3 PSB-3 PV-3 PMOB-2
dos - PT, PCdol'" PSB, PPS, PY, PSTU etc. -, Ainda embalado pelos resultados do Pla-
Outros partidos pequenos por que, então, o governo enfrentou tanta no Real, o presidente Cardoso foi reeleito
dificuldade para aprovar as suas propostas no primeiro turno em outubro de 1998,
PSC 25 PPR-3 PP-3 PTB-3 PFL-2 PPS-2 PRP-2 PMN-2
de reformas constitucionais em 1996 e 1997? com 53,06% dos votos válidos (Tabela 8).
PSD 32 PMDB-7 PPR-4 PSDB-4 PCdoB-4 PP-2 PTB-2 PSB-2 PL-2 Apesar de Limongi e Figueiredo (1995) Favorecido pelo desempenho do presidente
mostrarem que, entre 1989 e 1993, os par- e pelos resultados positivos em 1996, o PSDB
PRP 19 PMDB-2 PPR-2 PL-2 PPS-2 PSC-2 PRN-2 PSDB-1 PP-l PDT-l
tidos na Câmara dos Deputados tinham um aumentou a sua bancada na Câmara Federal
PRN 15 PTB-2 PL-2 PSC-2 PRP-2 PMDB-1 PPR-1 PP-1 PCdoB-1 alto grau de consistência e coesão interna - de 62 para 99 deputados, e de 10 para 16
acima de 70%, em média - em votações no- senadores (Tabela 1). De forma semelhante
fonte: Compilação dos dados em Souza (1996).
minais, em algumas votações cruciais em ao PFL em 1994, em 1998 o PSDB aprovei-
j\jLlmero tO-;:Jl de parc8r::JS nos 27 estados.O tanlanho das coligações variou de 2 a 8 partidos: apenas ~ s" 1996, os cinco partidos que compõem a base tou bem as desigualdades regionais e, com
col:gaçocs '! 5 estados, 3 em 8 estados, 4 em 2 estados, e 5 em 2 f~st()dos. Gdfo = coligações "inconSistente . do governo tiveram índices variáveis de vo- 16,4% dos votos nacionais, elegeu 19,3% dos

----- ,.'.'
32/1 325
'"uo deputados. No entanto, o PFL ainda elegeu sas eleições, com a eleição de 19 dos 27 go- 5.2 A esquerda cresce - eleições
do a deputada Rita Camata (ES) como vice
a maior bancada da Câmara (105 deputados) vernadores - PSDB, sete; PFL, seis, e PMDB, municipais de 2000
na chapa. Porém, apesar da imposição de co-
e obteve 19% dos votos. O PMDB encolheu seis. O PT conseguiu eleger três. Assim, as Os resultados das eleições municipais de ligações "verticalizadas" - simetria entre co-
de 107 para 83 deputados; e o PDT, de 33 bancadas do presidente foram reforçadas no outubro de 2000, de uma certa maneira, fo- ligações para governador e presidente - pelo
para 25 - ao passo que o PSB aumentou a sua Congresso, mas, mesmo assim, o seu segun- ram um prenúncio da reviravolta partidária TSE, várias seções estaduais do PMDB deci-
bancada de 15 para 18 deputados. O PT e o do mandato foi menos tranqüilo que o pri- nas eleições gerais de 2002. Na comparação diram apoiar Lula informalmente.
PPB continuaram virtualmente empatados - meiro. O PMDB e o PFL se revezavam nas entre os pleitos de 1996 e 2000 (Tabela 2), a A direção nacional do PT decidiu aban-
59 versus 60 deputados - respectivamente presidências do Senado e da Câmara entre chamada "esquerda" elegeu 790 prefeitos donar o programa aprovado por um congresso
(FLEISCHER,1998). 1995 e 2001. Finalmente, nos últimos dois contra 741 em 1996. O PT cresceu de 111 do partido em fins de 2001, e elaborou uma
Dos 22 governadores que concorreram anos do seu segundo mandato, o presidente para 187 prefeitos e o PPS de 32, para 166. plataforma e estratégia de campanha
à reeleição, 15 venceram. O desempenho da emplacou o presidente da câmara baixa - Enquanto o PMDB, o PSB, o PDT e o PPB "centrista" para a campanha presidencial de
coligação Cardoso também foi evidente nes- deputado Aécio Neves (PSDB-MG), eleito sofreram pequenos declínios, o PSDB, o PFL, 2002. Além de propostas "centristas", o PT
em fevereiro de 2001. o PTB e o PL aumentaram suas cotas de pre- decidiu mover-se para o Centro na composi-
feitos. Nas 26 capitais, a esquerda aumen- ção de sua coligação, fechando uma parceria
tou o seu cacife de 8 para 12, inclusive em com o Partido Liberal (PL), que escolheu o
TABELA 8. Resultados do primeiro turno da eleição presidencial: 4 de outubro de São Paulo, com a vitória de Marta Suplicy senador e empresário José Alencar (PL-MG)
1998. (PT). Este crescimento talvez tenha sido um como o vice de Lula. A campanha "paz e
"prenúncio" dos resultados do pleito de 2002 amor" atraiu o apoio de vários empresários
:'~:~;~tt~
(FLEISCHER,2002).
Candidato Partido n. de votos %do % dos votos % dos votos: (SAMUELS, 2003b; MENEGUELLO, 2003).
eleitorado válido; Finalmente, o PSB, que participou da co-
5.3 Alternância no poder - Lula 2002
ligação liderada por Lula em 1989, 1994 e
Cardoso PSDB 35.936.918 33,87 43,14 53,06
1998, optou por lançar candidato próprio em
Lula PT 21.475.348 20,24 25,78 31,71 Sem poder concorrer a uma segunda re- 2002 - o governador Anthol1Y Garotinho, do
C. Gomes PPS 7.426.235 7,00 8,91 10,97 eleição em 2002, a coligação do presidente Rio de Janeiro. Garotinho havia sido eleito
Cardoso desabou. O PTB juntou-se ao PDT pelo PDT em 1998, mas em 2001 rompeu
Enéas Prona 1.447.076 1,36 1,74 2,14
para apoiar a candidatura do ex-governador com o presidente nacional do partido, Leo-
Outros 1.437.470 1,36 1,73 2,12
Ciro Gomes (PPS). O PFL ficou muito abor- nel Brizola, e mudou-se para o PSB.
TOTAL recido com a "implosão" da pré-candidatu- A candidatura do PSDB não decolou de
Votos Válidos 67.723.047 100,00 ra da sua governadora, Roseana Sarney verdade e Lula venceu o primeiro turno
(Maranhão), após a invasão ao escritório do com 46,440/0 dos votos válidos contra
Brancos 6.688.612 6,31 8,03
marido dela pela Polícia Federal em lo de 23,20% de Serra. Garotinho, com 17,87%,
Nulos 8.884.426 8,37 10,67 março de 2002. Os agentes encontraram R$ ultrapassou Ciro Gomes (11,97%) - vota-
Votantes 83.296.085 100,00 1,34 milhão em papel-moeda sem lastro ção semelhante aos 10,97 0/lJ obtidos pelo
22.798.904* 21,49
contábil. Assim, o PFL decidiu retirar-se do candidato do PPS em 1998 (Tabela 10).
Abstenções
ministério Cardoso, tornou-se um partido No segundo turno, Lula recebeu apoio dos
Eleitorado 106.094.989* 100,00
"independente", não lançou candidato à Pre- partidos dos outros candidatos (PSB, PPS,
Fonte: TSE, resultado final (~ill10 de outubro de 1998, sidência e não participou de nenhuma coli- PDT e PTB), obtendo a maior votação na
Coli98Ç30 de C"rdoso: PSOB, PFL, PT8, PP8 e PSO; Colignçáo do Lula: PT, POT, PSB, rCdaS e I"CB; Coligação de gação presidencial em 2002. história eleitoral brasileira - 62,48% dos
C. Gomes: PPS, PL e PAN; Outros Candidatos: Tilereza Ruiz IPTI~), Sérgio Bueno IPSC), José Marra de Almeida
O PSDB finalmente escolheu seu candi- votos válidos (Tabela 11). Finalmente,
(PSTU); José Maria EmayeIIPSDCi, Joao de Deus Barbosa de Jesus (PTdoB); Vasco de Azevedo Neto (PSNi,
Alfredo Si"kis IPV) e Brig. Ivan Moacir de Frota IPMN). dato em maio - o senador José Serra - e, em após três derrotas, o candidato do PT, Luís
junho, com muito conflito interno, o PMDB Inácio Lula da Silva, foi eleito presidente
\ Inclui 6,4 rnllhócs de possíveis eleitores fantasmas. Assim, a abstenção poderia ser recluzida para 16,4%. decidiu coligar-se com os tucanos, escolhen- (VAROGA e FORNES, 2003).

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327
~ >'! Em 2002, 15 governadores disputaram a para 71; o PMDB, de 83 para 74; o PFL, de
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reeleição e oito tiveram êxito. Dessa vez, 13 105 para 84; e o PPB, de 60 para 49 (Tabela
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+ estados realizaram um segundo turno. O PSDB 1). No troca-troca de legendas em janeiro de
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o elegeu sete - manteve os governos em São Pau- 2003, esses quatro partidos perderam ainda
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lo, Goiás, Pará e Ceará e ainda elegeu os go- mais deputados. As bancadas no Senado per-
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LO vernadores de Minas Gerais, Paraíba e maneceram mais ou menos iguais, exceto as
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g; Dl M Rondônia. O PMD B reelegeu os governado- do PSDB e do PPB - que caíram de 16 para
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da elegeu os três governadores da região Sul. que dobrou de 7 para 14 (NICOLAU, 2003).
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N O PT reelegeu os governadores do Acre e Mato Ao longo do ano 2003, houve bastante
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Grosso do Sul e conquistou o Piauí. "migração" partidária que reforçou o bloco
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N A grande surpresa, porém, se deu na elei- de apoio ao presidente Lula. Antes da posse
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N qual o PT obteve a maior bancada, com 91 deputados haviam trocado de legenda e o
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N r- deputados - 32 a mais que em 1998. Os par- "bloco Lula" foi de 218 (42,5%) para 252
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(j) tidos ligados ao governo Cardoso tiveram (49,1 %). Até maio, portanto antes de votar
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.2' as suas bancadas reduzidas - o PSDB, de 99 as reformas da previdência e tributária/fiscal,
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TABELA 10. Resultados do primeiro turno da eleição presidencial: 6 de outubro de
2002.
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E Lula PT 39.443.765 34,22 41,62 46,44


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C.Gomes PPS 10.167.597 8,82 10,73 11,97
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li:: Eleitorado 115.254.113* 100,00
11 Fonte: TSE, resultado final no dia 9 de outubro de 2002.
oo ~Ui Coligações: Lula: PT, PL, PCdoB, PMN e PC8; José Serra: PSDB e PMDB; Ciro Gomes: PPS, PDT 8 PTB; Anthony
o o... -' S ::J Garotinho: PSB, PGT e PTC; José Maria Almeida (PSTU); Rui Pimenta (peO).
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*Inclui talvez uns 5 milhões de eleitores fantasmas que não foram depurados do registro eleitorcll.
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323 329
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enquanto o PDT e PTB obtiveram resulta- cidades com 10.000 a 50.000 eleitores, o PT
TABELA 11. Resultados do segundo turno da eleição presidencial: 27 de outubro dos quase iguais aos de 2000. mais que dobrou a sua abrangência (de 60
de 2002. Nas 26 capitais, a esquerda avançou de para 134), e mais ainda nos chamados
12 para 17 cidades, e de 11 para 23 nas mai- "grotões" (municípios com menos de 10.000
ores cidades. Apesar de também aumentar a eleitores), de 80 para 219 prefeitos. Soman-
sua presença no "Brasil urbano" em 2004 o do o desempenho dos quatro maiores parti-
45,81 57,59 62,48 PT sofreu algumas derrotas significativa; - dos na coligação Lula (PT, PTB, PSB e PL)
PT 52.793.364
Lula cresceu de 524 para 826 municípios nos
perdeu São Paulo para o PSDB e Porto Ale-
33.370.739 28,95 36,41 37,52
J.Serra PSDB gre para o PPS. "grotões", e de 343 para 465 da próxima
84.164.103 100,00 Entretanto, em razão dos programas so- faixa.
Votos Válidos
1.727.760 1,50 1,88 ciais do governo Lula que alcançaram famíli- A Tabela 12 mostra que a penetração do
Brancos
4,12 as carentes em todo o Brasil, o PT conseguiu PSDB, PFL, PMDB e PP em cidades meno-
3.772.138 3,27
Nulos eleger muitos prefeitos em cidades pequenas, res diminuiu consideravelmente. Enquanto
91.664.001 100,00
Votantes em comparação com 2000 (Tabela 12). Nas o PDT se manteve mais ou menos estável, o
23.590.112* 20,47
Abstenções
115.254.113* 100,00
Eleitorado
Fonte: TSE, resultados parciais em 29 de outubro de 2002. TABELA 12. Eleições municipais (2000 versus 2004) - resultados nas cidades
grandes e pequenas, para os dez maiores partidos.
Coligações: Lula: PT, PL, PCdoB, PMN, PCB e, ainda, PSB, PPS, PDT, PTB, PSTU, peG e parte do PMDB; José
Serra: pSDB e parte do PMDB.
Partido Prefeituras Votos em 000 Eleitorados' 26 capitais. 96 maiores Tamanho das cidades@
cidades# de 10 a 50 menos de 10
5.4 O PT chega aos "grotões"
o PPB e o PMDB passaram a reforçar a coa- em 2004 2000'" 2004 2000 "'2004 em 2005 2000 .,. 2004 2000 .,. 2004 2000.,. 2004 2000'" 2004
lizão Lula que chegou a 370 (72,1 %) depu-
Se a eleição municipal de 2000 foi um PT 187"'411 11.939716.326 17.055.261 06"'09 25723 607134 80 7219
tados - semelhante à coalizão do presidente
Cardoso em 1995, "prenúncio" da vitória do PT em 2002, PTB 398.,. 425 5.803 75.255 6.705.263 01.,.01 04702 1427146 2387270

Apesar de algumas dissidências no PT e muitos acharam que o avanço do PT e seus PSB 133.,.176 3.86274.475 5.654.485 04.,.03 06.,.08 62760 60796

PMDB, em setembro o governo Lula conse- aliados nas eleições de 2004 poderiam re-
PL 234.,. 381 2.541 75.022 4.920.752 01.,.00 02702 797125 1467241
guiu aprovar a PEC da reforma da previdên- forçar as chances para a reeleição de Lula
cia com 355 votos, inclusive com 62 depu- em outubro de 2006.
Comparado com as eleições municipais PSDB 990.,. 871 13.518715.746 25.617.145 04"'05 18719 304"'294 6247516
tados do PSDB e PFL. Estes dois partidos
apoiaram esta reforma, por entender que fa- de 2000 (Tabela 9), a esquerda avançou mais PFL 1.0287790 12.974711.238 15.506.423 03.,.01 11706 2837253 709"'501

zia parte da agenda do presidente Cardoso. ainda no pleito de 2004, de 790 municípios
Oito deputados dissidentes do PT foram para 1.257, com 29,5% votos a mais, duas PPS 166.,.306 3.50774.948 6.752.066 00702 05708 547116 96.,.168

punidos com 60 dias de suspensão e três fo- vezes maior que o aumento geral (+ 12,53%).
PDT 288.,. 305 5.61975.567 8.627.693 02.,.03 08711 93788 173"'192
ram expulsos do partido (junto com a sena- O PT por sua vez dobrou o número de pre-
dora Heloisa Helena) em dezembro. Neste feituras conquistadas (187 para 411, com
36,65% votos a mais), e o PPS teve um de- PMDB 1.257"'1.057 13.258714.249 16.889.596 02702 13711 3617318 851» 685
mesmo mês, Leonel Brizola rompeu com o
governo Lula e levou "seu" PDT para a opo- sempenho bem positivo (166 para 304 pre- PP 618"'552 6.81376.103 6.726.691 01.,.00 02702 165.,.170 4327363

sição. No final de 2004, o senador Roberto feituras, com 40,98% votos a mais). Porém,
Fonte', F\i,.:ischer (2002) e Jornal Vaíor ,5 de novernbro de 2004.
o maior desempenho ficou por conta do PL í
Freire (PE) levou o PPS para o mesmo cami-
(com 98,34% de votos a mais, conquistoU
1 :(- Total de eleitorados nas cidades governados pelo partido em 2005.
nho. Assim, a coalizão Lula sofreu algnma 1 :(/: Cir~(Jdes com filais de 150.000 eleitores.
erosão em 2003 e 2004 (MORAIS e SAAD- 380 prefeituras). O PMDB, PSDB e PFL !
FILHO, 2003; SAMUELS, 2004b).
elegeram menos prefeitos que em 2000, tj @ Tamanho do oleít:)r2do (em OOO).

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PPS continuou crescendo. O sucesso da po- No final de 2005, a preferência de Lula TABELA 13. Resultado do primeiro turno da eleição presidencial"
nas pesquisas eleitorais caiu bastante a pon- 1 0 de outubro de 2006. .
lítica macroeconômica e o desempenho elei-
toral do PT em 2004 previam uma "fácil" to do pré-candidato do PSDB Qosé Serra)
reeleição para Lula em outubro de 2006 superar o presidente nas simulações de 2° Candidatos Partidos N° de votos %do % dos % dos votos
(HUNTER e POWER, 2005). turno - 50% vs. 36% l.,Datafolha) e 48% vs. eleitorado votos válidos
35% (Ibope). Parecia que a reeleição do pre-
sidente Lula já estava perdida (ATTUCH, Lula PT 46.662.365 37,06 44,51 48,61
5.5 A reeleição de Lula em 2006 2006; WAINWRIGHT e BRANFORD
Alckmin PSOB 39.968.369 31,74 38,12 41,64
2006). '
Em 2005, o presidente Lula viu as H.Helena PSoL 6.575.393 5,22 6,27 6,85
Porém, no início de 2006, Lula retomou
chances de sua reeleição abaladas, devido a: C. Buarque POT 2.538.844 2,02 2,42 2,64
a liderança nas pesquisas, especialmente de-
1) a eleição de um representante do chama- A. M. Rangel PRP 0,01 0,12 0,13
pois que o PSDE indicou o governador Ge- 126.404
do "baixo clero" - deputado Severino Ca-
raldo Alckmin como candidato à Presidên- J. M. Eymael PSOC 63.294 0,005 0,006 0,07
valcante (PP-PE) - como presidente da Câ-
cia da República, em março (A. SOUZA, L. Bivar PSL 62.064 0,005 0,006 0,06
mara dos Deputados em fevereiro; e 2) o
2006; The Economist, 2006). Com a desis- Rui Pimenta* PCO 0.000* 0,00* 0,00' 0,00'
escândalo do "mensalão" que explodiu em
tência dos candidatos Anthony Garotinho
maio. TOTAL
(PMDB), Roberto Freire (PPS) e Enéas Car-
Cavalcante foi eleito porque o PT lan- votos válidos 95.996.733 100,00
neiro (Prona), a campanha centrou-se na
çou dois candidatos à Presidência da Câma- 2,28 2,73
"dupla" Lula versus Alckmin, sendo que os brancos 2.866.205
ra, desencadeando a derrota, no segundo
outros candidatos, senadora Heloisa Hele- nulos 5.957.207 4,73 5,68
turno, do deputado Eduardo Greenhalgh
na (PSoL) e senador Cristovam Buarque votantes 104.820.145 100,00
(P'r~SP) por uma grande margem. O presi-
(PDT), não decolaram como concorrentes. 16,74
dente da Câmara do Deputados foi forçado abstenção 21.092.511**
No final de setembro, tudo indicava que
a renunciar, porém, sete meses depois, após eleitorado 125.912.656** 100,00
Lula seria reeleito no 1 ° turno, pois liderava
alguns casos de corrupção se tornarem pú-
com uma margem de 15 pontos sobre TSc, resultado 'finai 201Jél.
blicos. Desta vez, o presidente Lula proibiu
Alckmin com uma projeção de 55% dos vo-
o PT de lançar candidato e apoiou o deputa- Lula: PT, PFW e pedoB: ,L\!ckrnin: PSOB ü PF! . Hei,,' Ho' "C . .
í~l'ari~'~~~Çle~:I~,I~Ç.~.P;")[IL
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tos válidos. Na última hora, porém, pesou a José 1\1aria Evrnaeí: PSDC; Luciano Bivar: PSL; Ana
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r,)TU; Cnstovan' !:5uarque: :DDT;


do Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que venceu o
avaliação negativa do eleitorado sobre o cha-
candidato da oposição, deputado José .)( Candidato impugnado de documentaçao.
mado "Caso do Dossiê" e o presidente obte- lnc!ui talvez f.antasmas ncJo forarn depurados do registío sleitaral.
Thomaz Nonó, por uma apertada maioria. qUE
ve 48,61 % dos votos válidos com apenas 7
Mas, as acusações sobre uma "rede de
pontos à frente de Geraldo Alckmin.
corrupção" operada pelas lideranças de par-
Apesar de uma campanha em favor do
tidos da coalizão governista tiveram um im-
pacto muito maior. Dos 19 deputados acu-
voto nulo (ou branco) como protesto, somen- o 2° turno teve 2,8 milhões de votos a ou b ranco no )0 turno, uma outra parte veio
te 8,41 0A) destes votos foram apurados - menos que o 10 turno e menos votos nulos e d e aIc k'mIstas d01° turno. A previsão quan-
sados e julgados pelo Conselho de Ética da
menos que os 10,39% dados em 2002. Os brancos (6,04%). Aparentemente, esta mal'(l[ t o ao d esempen I10 (e i AI ckmin que vinha
Câmara,4 renunciaram aos mandatos, 3 fo-
candidatos do PSoL e PDT receberam 9,49% abstenção ajudou Lula vencer com 60,83% "embalado" do 10 turno não se confirmou.
ram cassados - inclusive o deputado José
dos votos válidos, muito menos que o de- dos votos válidos, com 11,6 milhões de vo- . ana'1'lses apontaram a cobertura de
V'anas
Dirceu (PT-SP), o todo-poderoso Chefe da
sempenho de Anthony Garotinho (PSB) e tos a mais, enquanto Alckmin recebeu 2 ' 4 programas " asslstencialistas"
. do governo Lula,
Casa Civil, e o líder do PTE, deputado
Ciro Gomes (PPS) em 2002 (29,84%). Nes- mi 11lões de votos a menos (39,17%). Ale'lll como o Bolsa Família, que atingia 11 milhões
Roberto Jefferson (RJ) - e o resto foi absol-
ta última fase da campanha, Alckmin havia de transferências de uma parte consl·dera'vel d e fai1Ú1ias (uns 40 milhões de eleitores), como
vido por voto secreto no plenário
avançado bastante e parecia que entraria no I
1 de Ieleitores de H. Helena e C. Euarque para
L um mecal1lsmo . d e forte apoio à reeleição do
(CAVALCANTI, 2005; FLYNN, 2005;
2° turno num embalo ascendente. i, u a e talvez até dos que haviam votado nulo preslC. 1ente, al'em da macroeconomia (baixa
NUNES, 2005; WAINWRIGHT, 2005).

332
___________ ~.~.~~m~____••IJ;I•._______________________________ .3.33.__
TABELA 14. Resultado do segundo turno da eleição presidencial: TABELA 15. D:sempenho dos partidos políticos na eleição proporcional para a
29 de outubro de 2006. Camara dos Deputados em 2006, frente à Cláusula de Barreira.

Candidatos Partidos N° de votos %do %dos % dos votos Partido Eleitos Bancada Eleitos % votos Estados
eleitorado votos válidos em 2002 Set./2006 em 2006 válidos i:om2%
PMDB 74 79 89 14,57
Lula PT 58.295.042 46,30 57,15 60,83 27
PT 91 81 83 15,01 27
Alckmin PSDB 37.543.178 29,82 36,81 39,17
PSDB 71 57 66 13,62 25
TOTAL
PFL 84 65 65 10,93 23
votos válidos 95.838.220 100,00
PP 49 50 41 7,15 26
brancos 1.351.448 1,07 1,33
PSB 22 27 27 6,15 23
nulos 4.806.553 3,82 4,71
PDT 21 20 24 5,21 21
votantes 101.996.221 100,00
abstenção 23.914.714 18,99 PTB* 26 44 22(23) 4,72(5,00) 18
eleitorado 125.910.935 100,00 PL# 27 36 23(26) 4,37(5,66) 21
PPS@ 15 15 22(27) 3,90(5,31) 16
Fonte: TSE, resultado final em 30 de outubro de 2006.
Coligações
Lula: PT, PRB e PCdaS.
PCdoB 12 12 13 2,13 16
Geraldo Alckn,in: PSDB e PFL. PV 5 7 13 3,61 7
PSC 7 9 1,87 7
PTC O 3 0,86 2
inflação, mais acesso ao crédito, menos de- Apenas sete partidos conseguiram ultra-
PMN@ O 3(0) 0,94 4
semprego etc.) (HALL, 2006). Houve uma passar a Cláusula de Barreira que vigorou
PSoL 7 3 1,23
forte correlação entre o nível socioeconômico em 2006 - pelo menos 5% dos votos váli- 4
PHS@
do município, medido pelo IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano apurado pelo
dos em nível nacional e 2% em pelo menos
9 estados (Tabela 15). Porém, em outubro e Prona# °6 O
2
2(0)
2(0)
0,47
0,97
O
5
PNUD) e o voto lulista, Em 1994 e 1998, novembro de 2006, três outros partidos PAN* O O 1(0) 0,28
havia fortes correlações entre a votação de conseguiram ultrapassar esta barreira atra- PRB O 0,25 O
Lula para presidente e a votação petista para vés de: uma incorporação (do PAN pelo
PTdoB#
deputado federal- +0,602 e +0,527, Mas,
em 2002, esta relação foi um pouco mais fra-
PTB); e duas fusões - do PL com Prona e
PT doB (para formar o Partido da Repúbli-
PSD °4 O
O
1(0)
O
0,32

ca (+0,462). E, em 2006, esta relação prati- ca) e do PPS C0111 PMN e PHS (para formar PST 3 O O
camente desapareceu (-0,193). O presidente o Movimento Democrático) - destacados PSDC O O
havia se "descolado" do PT (HUNTER e na Tabela 15. Assim, dez partidos ultrapas- Sem partido 3 O O
POWER, 2007; MONCLAIRE, 2007), saram a barreira e poderiam representar Total 513 513 513
Contrariando as expectativas, o PT re- seus deputados no Congresso Nacional, en-
cebeu a maior votação para deputado fede- quanto os outros seis ficariam sem banca- , Incorporaciio PTB + PA[\j--J> PTB
ral (15,01 %), mas, em função das desigual- das e lideranças. Mas, alguns destes logo # Fusão PL + Pro no + PTdoB--J> PR (Partido Republicano)
dades regionais (como visto na Tabela 6 para pediram uma ADIn (Ação Direta de Fusão PPS + PMr, + PHS -7 MD (Movimento Democrático)
1994), o PT elegeu 81 deputados enquanto Inconstitucionalidade) no STF contra esta CláuGu;;J dE: Barreirô -- O pôrtido eleve Ocu:nu!3r pelo rnenos 5% dos votos válidos para deputado federal e 2%}
em rejo ;ilenos 9 estddos.
o PMDB com 14,57% dos votos elegeu 89. "limitação".

334 335
No dia 7 de dezembro de 2006, o STF somente vigoraria para as eleições de 2010,
julgou este caso e unanimemente declarou o já que o Congresso não havia respeitado o TABELA 16. O impacto da verticalização sobre as coligações: 1994 e 1998 versus
2002 e 2006.
Art. 13 da Lei 9.096/95 [a cláusula de bar- Art. 16 da Constituição de 1988, que proíbe
reira] inconstitucional por "discriminar" os alterações nas regras eleitorais um ano an-
partidos menores. Na verdade, logo que esta tes do próximo pleito. Porém, o próprio
1994 1998 2002 2006
lei foi aprovada em 1995, o PPS e o PSC TSE, tendo imposto a verticalização em
entraram com duas ADIn - N° 1351 e N° março de 2002, também não havia respei- n. de coligações 72 79 140 140
1354, respectivamente, em outubro daquele tado esse prazo. Coligações por Estado
ano. Assim, onze anos e três eleições depois, Antes da verticalização, em 1994 e 1998 2 15 11* O
finalmente o STF decidiu contra a cláusula a média de coligações por estado era de 2,67 O
3 8 11
de barreira. O Congresso havia adiado o fun- e 2,93, respectivamente, subindo para 5,19 O
4 2 3
cionamento da cláusula duas vezes, em1998 em 2002 e 2006, com 19 estados com mais 8 7
e 2002, mas deixou esta medida vigorar para de 5 coligações. Então, o primeiro efeito foi 5 2 11 10
2006. Inicialmente, parecia que aqueles oito aumentar o número de coligações para de- 5+ O 8** 9**
partidos continuariam juntos nas três fusões putado federal (FLEISCHER, 2006b). Média 2,67 2,93 5,19 5,19
efetivadas, mas, em menos de uma semana Como visto nas Tabelas 1 e 15, a
Fonte: Fleischer 2D06b, Dalmoro e Fleischer. Machado e Sousa 1996.
após a decisão do STF, o PMN decidiu sair verticalização não reduziu o número de par-
~ Em 1998, Acre teve uma só co!!gaçao e o PFL, PP8 e PMDB concorreram sozinhos.
do recém criado Movimento Democrático tidos na Câmara dos Deputados (que ele- T-); S6 o Estado de Rio de Janeiro teve oito coligações ern 2002, e nove em 2006.
(l\1D) e assim conservar seus 21 anos de his- geram pelo menos um deputado), ao con-
"Afinidades" dos partidos em 2006:
tória e o PPS abandonou esta idéia de fusão. trário, aumentou para 21 partidos em 2006.
Quais foram as conseqüências para os par- Por outro lado, não produziu a desejada PSDB + PFl em apenas 13 estados
tidos políticos da chamada "verticalização" das verticalização entre coligações presidenci- PT + pedoB em 25 estados
coligações (em 2002 e 2006)? A verticalização ais e estaduais. Por exemplo, o PSDE e PFL PT + pedoB + PSB em 15 estados
obrigava partidos coligados na eleição presi- se coligaram para apoiar a candidatura de PPS + PSDB + PFl em 11 estados
dencial a replicarem essas coligações no nível Geraldo Alckmin para presidente, mas estes PPS + PT + pedoB em zero estado
estadual, para evitar coligações "esdrúxulas" dois partidos replicaram esta coligação em PMDB + PSDB + PFl em 7 estados
(na justificativa do TSE em 5 de março de apenas 13 estados. Já a coligação PT-PCdoE PMDB + PT + pedoB em 5 estados
2002).2 Em primeiro lugar, o número de coli- foi replicada em 25 estados, e recebeu a ade- PMDB "sozinho" em 15 estados
gações nos 27 estados praticamente dobrou são do PSE (que não lançou candidato à Pre-
com a verticalização (Tabela 16). sidência) em 15 estados. O PPS de Roberto
Logo depois, ainda em 2002, a Cãmara Freire também não participou de coligação
dos Deputados iniciou a tramitação de uma presidencial, mas preferiu se coligar com o lançou candidato à Presidência e tampouco
38,89Wo e 34,09%, respectivamente (DIAp'
PEC para anular a verticalização, mas a PSDB-PFL em 11 estados - e em nenhum participou de uma coligação, assim ficando
2006).
Emenda Constitucional (EC 52) somente foi estado com o PT-PCdoB. "livre" para participar das coligações que
aprovada em 8 de março de 2006. Em junho Aparentemente, a estratégia do maior mais lhe conviria nos estados - sete com o
do mesmo ano, o TSE decidiu que a emenda partido (PMDB) deu certo em 2006 - não PSDB-PFL, cinco com o PT-PCdoR, e sozi- 6. Conclusão: para onde vai
nho nos outros 15 estados. Em outubro de o sistema partidário brasileiro?
2006, o PMDB elegeu o maior número de
Como em 1994-1995 e 1998-1999, em
deputados federais (89) e governadores (7)
2002-2003 houve uma grande "migração"
e obteve o índice de reeleição mais alto
2. Respondendo a uma "consulta" do então Deputado Miro Teixeira (PDT RJ), o TSE interpretou o Artigo 6° de deputados trocando de legenda para in-
da Lei Eleitoral nO 9.504 de 30 de setembro de 1997, o que resultou na "imposição" da norma da verticalização (64,56%), enquanto o PL e o PTE tiveram
tegrar a coalizão que apoiava o novo gover-
sete meses antes do pleito daquele ano. os mais baixos índices (grande renovação) _
no Lula. Estes "migrantes" não ingressaram

336
337
</)
no PT, mas foram levados principalmente grande proliferação de uns 40 partidos no previstas na Tabela 15, apenas ocorreu a do partidos com menos recursos e os grandes e
o
u
~-E para o PL e PTB, partidos mais conservado- Bundestag (SARTORI, 1996; W. G. SAN- PL com o Prona para formar o PR (Partido médios com mais, de um modo geral, con-
oD. TOS, 2007). Republicano). As outras fusões previstas não forme o exemplo abaixo.
</)
res vinculados ao governo. Estas agremiações
o
praticamente dobraram as suas bancadas - Com a "lista fechada", os partidos políti- foram concretizadas depois que o STF de- Ao mesmo tempo, o PFL deve realizar
"O
ero PTB, 26+ 42 e PL, 26+ 40 - em 2003. cos teriam um controle maior sobre suas ban- clarou a cláusula de barreira inconstitucional uma convenção nacional de março para
0-
(/) No final daquele ano, uma comissão es- cadas e mais "fidelidade partidária". Ao mes- (porque criaria deputados de "primeira" e "refundar" o partido e talvez mudar o
o
pecial da Câmara dos Deputados aprovou mo tempo, se fosse adotado o mecanismo da "segunda" classe na Câmara dos Deputados). nome para Partido Democrata. O PSDB
uma reforma política (PL 2679/2003) que Ley de Cupos da Argentina (1991) para a lis- Em fins de janeiro de 2007, o TSE mo- também pensa numa "refundação" com uma
teria produzido um grande impacto sobre os ta fechada, os partidos seriam obrigados a dificou a fórmula para a alocação do fundo reorientação mais à esquerda. Finalmente, em
partidos no pleito de 2006: 1) a lista fecha- inserir uma mulher candidata a deputado pelo partidário entre os 28 partidos habilitados julho de 2007, o PT planeja um Congresso
da na eleição proporcional para deputado menos na 3 a, 5 a e 7a posições em cada lista, e de uma maneira que beneficiaria os peque- Nacional do partido para estabelecer novas
federal; e 2) a adoção de "federações" de isto poderia triplicar os 8,8% de deputadas nos partidos e prejudicaria as grandes e mé- diretrizes para as eleições em 2008 e 2010.
partidos no lugar de coligações. Estas novas presentes na Câmara dos Deputados em2007. dias legendas. Num esforço raro no Congres- É possível que, em 2007, o Congresso
regras teriam reduzido consideravelmente a Em 2006 + 2007, a "migração partidá- so brasileiro, os grandes partidos (governo e aprove alguma reforma política que produ-
proliferação de partidos - principalmente as ria" continuou como se pode ver na Tabela oposição) - PMDB, PT, PFL e PSDB - se ziria algumas mudanças em relação ao siste-
"legendas de aluguel" organizadas para pro- 1. Entre os eleitos em 10 de outubro de 2006 uniram para aprovar em 15 de fevereiro um ma partidário, no sentido de fortalecer os
mover um ou dois políticos - e teriam elimi- e a posse dos deputados em 10 de fevereiro Projeto de Lei "corrigindo" esta nova impo- partidos e reforçar a fidelidade e coesão par-
nado por completo a "migração" partidária. de 2007, uns 20 trocaram de legenda (me- sição do TSE em "legislar" normas eleito- tidária no Legislativo. Por outro lado, com
Porém, percebendo que seriam prejudi- nos que em 2002-2003) - PL/PR, 23 + 34; rais/partidárias. Embora esta "correção" não um número menor de partidos, provavel-
cados pelos critérios propostos para a com- PMDB, 89+91; PFL, 65+62; e PSDB, 66 restabelecesse totalmente a fórmula que vi- mente seria mais fácil operar o "presidencia-
posição da lista pré-ordenada de candidatos + 63 - por exemplo. Houve também migra- gorava em 2006, deixou os pequenos e micro lismo de coalizão".
em 2006, que dariam prioridade para os elei- ção de senadores que transformaram o
tos em outubro de 2002 em detrimento aos PMDB na maior legenda, 15 + 20; enquanto
as bancadas dos partidos de oposição foram TABELA 17. Distribuição do Fundo Partidário, antes (2006) e depois (2007) da
"migrantes", o PTB, o PL e o PP (com 143 intervenção do TSE em favor dos partidos pequenos.
deputados) ameaçaram boicotar a agenda do reduzidas - PFL, 18+17; e PSDB, 15 +13.
governo Lula em 2004, caso este Projeto de Assim, o bloco governista ficou com uma
Partido em 200S" pelo TSE" em 2007"
Lei fosse tramitar na Câmara. E assim, esta maioria de 353 (68,8%) na Câmara, e com
proposta de reforma ficou engavetada uma maioria mais apertada de 49 (60,5%) PT 2,01 1,08 1,45
(FLEISCHER,2004). no Senado. PMDB 1,46 1,10 1,40
Se no Brasil a cláusula de barreira (5% Na Câmara, o PT fez um acordo com o
PSDB 1,56 0,955 1,33
dos votos válidos) realmente "barrasse", PMD B para ficar com a Presidência em 2007-
2009, e o PMDB ficará no período de 2009- PFL 1,44 0,859 1,06
como na Alemanha, onde os partidos que
2011. Por uma margem pequena, o deputa- PDT 0,562 0,446 0,516
não alcançam a barreira não elegem nin-
guém, nas eleições de 2006, sete ou talvez do Arlindo Chinalgia (PT-SP) derrotou o PSB 0,579 0,495 0,613

dez partidos estariam representados no Con- deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que ten- pedoB 0,072 0,267 0,221
gresso em 2007, em vez de 21 (Tabela 15). tava a reeleição. No Senado, o senador Renan PRP 0,003 0,146 0,041
A Alemanha colocou esta barreira muito for- Calheiros (PMDB-AL) conseguiu se reeleger PSTU 0,146
0,003 0,028
te na sua Lei Fundamental em 1949, por porque o bloco governista estava mais uni-
-f- QUota rrWflSéll ern R$ milhóes
entender que o sistema de representação pro- do do que na Câmara.
porcional sem uma cláusula de barreira du- Das possíveis fusões de partidos para es-
rante a República de Weimar permitiu uma capar dos impactos da cláusula de barreira

338 339
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Glossário

PRP Partido da Representação Popular


Capítulo 5
AlB Ação Integralista Brasileira
(Plínio Salgado, 1945-1965)
Arena Aliança Renovadora Nacional
ARS Aliança Republicana Socialista PRP Patido Republicano Populista Eleitorado brasileiro:
(Adhemar de Barros, 1945-1947)
ED Esquerda Democrática
PRP Partido Republicano Progressista (1991-??)
composição e grau de participação
LEC Liga Eleitoral Católica
PRs Partidos Republicanos Estaduais (1890-1930)
MDB Movimento Democrático Brasileiro
PRS Partido ds Reformas Sociais (1990-1991)
MTR Movimento Trabalhista Renovador MÔNICA MATA MACHADO DE CASTRO
PRT Partido Rural Trabalhista
PAN Partido Agrário Nacional (1945-1946)
PRTB Partido Renovador Trabalhista Brasileiro
PAN Partido dos Aposentados da Nação (1997-??) (1994-??) Desde 1985, quando foi instituído o di- putados), os deputados estaduais, que for-
PCB Partido Comunista Brasileiro (1945-1949, PSB Partido Socialista Brasileiro reito de voto dos analfabetos, pode-se dizer mam as Assembléias Legislativas dos esta-
1985-1993)
PSC Partido Social Cristão que existe de fato o sufrágio universal no Bra- dos, e os vereadores, que compõem as Câ-
PCB Partido Comunista Brasileiro (1996-??)
PSD Partido Social Democrático sil: o corpo eleitoral passou a ser constituído maras Municipais. Com exceção do cargo
PCdoB Partido Comunista do Brasil
PSDB Partido da Social Democracia Brasileira por todos os cidadãos maiores de 18 anos, de senador, todos os demais sâo renovados
PCO Partido da Causa Operária (1997-??)
PSDC Partido Social Democrata Cristão (1997-??) independentemente da escolarização. A úni- através de eleição a cada quatro anos, sendo
PD Partido Democrático (de São Paulo)
PSL Partido Social Liberal ca restrição que se manteve, então, foi a permitida a reeleição para os cargos execu-
(1926-1934)
PSoL Partido Socialismo e Liberdade (2004-??) proibição da participação eleitoral dos ca- tivos somente uma vez. O mandato dos se-
PDC Partido Democrata Cristão
PDS Partido Democrático Social (1980-1993) PSP Partido Social Progressista bos e soldados. Posteriormente, a Constitui- nadores é de oito anos e o eleitor escolhe, de
PST Partido Social Trabalhista ção Federal de 1988 permitiu o alistamento quatro em quatro anos, um terço ou dois
PDT Partido Democrático Trabalhista
PSTU Partido Socicüista dos Trabalhadores dos brasileiros maiores de 16 e menores de terços dos membros do Senado Federal.
rFL Partido da Frente Liberal
Unificados 18 anos e dos cabos e soldados, com exce-
PHS Partido Humanista de Solidariedde (2000-??)
PT Partido dos Trabalhadores ção dos conscritos (recrutados) durante o ser-
PJ Partido da Juventude
PTB Partido Trabalhista llrasileiro viço militar obrigatório. O eleitorado é com- 1. A composição do eleitorado
PL Partido Liberal (1985-2006)
PTC Partido Trabalhista Cristão (1990-??) posto hoje por todos os brasileiros maiores
PL Partido Libertador (1945-1965) A população inscrita para votar em 2006
PTsoB Partido Trabalhista do Brasil (1996-??) de 16 anos, sendo o voto obrigatório para
PMDB Partido do Movimento Democrático Brasileiro foi de 126 milhões de eleitores, desigualmen-
PTN Partido Trabalhista Nacional os alfabetizados maiores de 18 anos e facul-
rMN Partido da Mobilização Nacional (1985-??) te distribuídos em termos regionais e sociais.
PTR Partido Trabalhista Renovador (1990-1991) tativo para os analfabetos, os maiores de 16
rI' Partido Popular (1980-1982) Considerando a divisão do país nas regiões
PV Partido Verde e menores de 18 anos e para os maiores de
PP Partido Populista (1993-1995) geográficas, verifica-se que o Sudeste concen-
UDB União Democr5tica lIrasileira 70 anos de idade; entre os maiores de 16
PP Partido Progressista (2003-?) tra a maior proporção de eleitores, 43,6%,
UD~ União Democrática Nacional
PPB Partido Progressista Brasileiro (J995-2003) anos só continuam sem direito de votar os vindo, em seguida, o Nordeste, com 27,1 %,
VS Vanguarda Socialista cabos e soldados recrutados durante o servi-
PPB Partido Proletário do Brasil (1945-1947) o Sul, co11115,1%, estando somente 7,1 % dos
['PIZ Partido Progressista Renovador (1993-1995) ço militar obrigatório. eleitores no Centro-Oeste e 7,01}ú na Região
PI'S Partido Popular Sindicalista (1947-1947) O eleitor escolhe, através do voto direto Norte, proporções bastante se111elh:ll1tes àque-
PPS Partido Popular Socialista (1993-??) e secreto, os mandatários do Poder Execu- las de 2002. A maioria do eleitorado é do
PR Partido Republicano (1945-1965) tivo - presidente e vice-presidente da Re- sexo feminino (51,5%) e tem entre 25 e 59
PR Partido Republicano (2006-?1) pública, governadores e vice-governadores anos (65,7% do eleitorado), provavelmente
PRB Partido Republicano Brasileiro (2005-??) dos estados, prefeitos e vice-prefeitos dos coincidindo, em termos de faixa etária, com
PRN Partido da Renovação Nacional (1989-2000) municípios - e os membros do Poder a população economicamente ativa.
Prona Partido da Reedificação da Ordem Nacional Legislativo: os senadores e deputados fede- Um dado importante para analisar a
(1898-2006) rais, que, em conjunto, constituem o Con- heterogeneidade social do eleitorado bra-
gresso Nacional (Senado e Câmara dos De- sileiro encontra-se na Tabela 1, que traz sua

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