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INSTITUTO BRASILIENSE DE DIREITO PÚBLICO

DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO PROCESSO CIVIL


PROFESSOR: LEANDRO GOBBO
NOME DO(A) ALUNO(A): JOSÉ EDUARDO FERNANDES MARTINS

PROCESSO CIVIL

INTRODUÇÃO

Antes de começar esse resumo gostaria de salientar que o mesmo se fundamenta nos
pensamentos do professor José Miguel Garcia Medina, em sua obra Curso de Direito
Processual Civil Moderno 4° Edição, algumas reflexões foram tiradas do livro Doutrinas
Essenciais, escrito pelo autor Antônio Pereira Gaio Junior. Já de começo podemos
perceber que mesmo se tratando de um repertório atualizado, Medina ressalta a
importância dos conceitos antigos. E como não podemos deixar a atividade jurisdicional
só em números, técnicas ou em tempo, nos norteamos a buscar através do processo a
aplicação do direito.

É visível que o Código de Processo de 1987 emergiu em uma época onde os problemas
presentes eram mais simples e não apresentava direitos difusos, como por exemplo direito
ambiental, que era mais adequado para aquela época. Fato é, se existiu conflitos
econômicos, sociais e políticos mais complexos na década de 80 poucos foram passados
para o poder judiciário. Com as estruturas processuais fixas a participação do juiz era
básica e a solução jurídica pequena, tendo assim uma pouca movimentação nas regras do
direito substantivo. Com isso percebemos o quão o Código de Processo Civil precisou de
um ‘upgrade” para realidade em que vivemos.

Essa atualização precisou ser feita ainda mais com a presença de uma nova constituição,
a de 88, que mudou o jeito dos juízes julgarem os casos. Antes era dever dele aplicar a lei
de forma robotizada, esse processo de humanização do direito trouxe a lentidão de vários
casos, fazendo as pessoas quererem procurar menos seus direitos no Poder Judiciário.

INFLUÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO DE 88

A constituição foi o ponto de partida para a substituição de um direito por regras em


códigos e passa a se tornar um estado de direito constitucional, isso devido a supremacia
da constituição de 88 que passa a ser conhecida de forma efetiva e normativa a partir do
século XX e XXI. Criando assim um Estado democrático.
Para se levar a sério a Constituição, é imposto que o direito processual passe a ser revisto
e identificar novos conceitos, ajustando a nova formação do Estado e como consequência
o direito processual.

O Estado Constitucional e Democrático de Direito altera todo o funcionamento da


Jurisdição, passa agora a proteger direitos fundamentais, não só mediante o processo, mas
no processo. Ou seja, o direito de ação agora é visto como direito a participação
procedimental, compreendendo problemas sociais.

A lei processual a cada dia apresentava uma distância considerável entre o Código e a
Constituição, algo então deveria ser feito para aproximar a sociedade e a lei processual.
Resolverem então modificar a partir da década de 90, aplicando tal modificação nos anos
2005 e 2006. Para José Miguel Garcia Medina as alterações dos art.273 e 461 do
CPC/1973 marcam a transformação pela qual passou a lei processual, que era vigorada
há 20 anos, deixando explicito que o direito processual civil moderno brasileiro é
resultado de todos esses elementos.

PROCESSO CIVIL DE 2015 VS PROCESSO CIVIL 1973

A partir de uma comissão de juristas criada pelo Senado Federal para realizar o
surgimento do Novo Código de Processo Civil, criado entre 2009 e 2010, o projeto já
inicia com uma valiosa informação, somente podendo ser interpretado a luz da
constituição, fechando assim o pensamento para interpretações que não sejam
democráticas.

Colocando os Códigos lado a lado nota-se que o de 1973 tem uma ausência em sua
parte geral dedicado ao processo cautelar. Já na de 2015 a tutela cautelar passa a ser
tratada no contexto das tutelas urgência, no âmbito da Parte Geral.

No CPC/1973, os recursos eram disciplinados antes do tópico dedicado à execução, se


buscava obter certeza quanto a existência do direito. No novo código, a disciplina dos
recursos localiza-se mais ao final, depois da parte dedicada à execução, antecedendo
apenas as disposições finais e transitórias.

Ao cuidar dos processos tribunais, a lei processual destaca a necessidade de criar e manter
a jurisprudência integra (cf. arts. 926 e 927). Esse aspecto ao lado da clara ênfase dada
pelo legislador a fundamentação das decisões judiciais (cf., sobretudo, art.489, §§1°. e
2°.) revela a preocupação da nova lei com aquilo que antes se mencionou: a criação da
solução jurídica desenvolve-se hoje de modo incisivo no processo.
Nesse contexto, os direitos fundamentais processuais passam a ocupar o centro do Novo
Código de Processo Civil.

PRINCIPIOS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

José Miguel Garcia Medina deixa claro que a lista de princípios no processo é longa,
principalmente para alguns autores que a acabam por dividir em jurisdição, oração e
processo. Divisão essa que não deveria ocorrer já que os princípios se ligam a todos esses
institutos.

Portanto o livro Curso de Direito Processual Civil Moderno Ed. 2018, tem como objetivo
falar dos princípios de forma igual, sem destacar uma caraterística e deixar raso outra.

PROCESSO JUSTO

É inquestionável que as garantias mínimas têm suas raízes no conceito de direito


americano, conhecido como “due processo of law”, este traria uma garantia de processo
equitativo e justo. Conforme é dito na Constituição Federal, “ninguém será privado da
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” (art.5 LIV, CF). Alias, é
interessante perceber que o CPC/2015 reproduz muitas dessas disposições em seus
primeiros artigos.
PROCESSO VOLTADO AO PRESENTE E FUTURO

É de suma importância que a atividade jurisdicional seja entendida como um agir


orientada por normas fundamentais, ou seja, não deve ser orientada pelo passado.
De acordo com a Constituição Federal, a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário, lesão ou ameaça ao direito (art.5°, XXXV, da CF). Ex: a imposição de taxas
exageradas para se exercitar o direito de pedir a tutela jurisdicional.

ACESSO A JUSTIÇA

É de forma expressa que a Constituição no art. 5°, XXXV coloca como direito
fundamental o acesso a justiça. Logo, os conflitos excessivos que acontecem na sociedade
ficam a cargo do Judiciário, a este é estabelecido organizar políticas públicas a fim de
organizar em âmbito nacional solução para divergências, em especial dos consensuais,
como mediação e conciliação.

Daqui em diante torna-se importante inserir o conceito de “multiportas” no sistema da


Justiça. Conceito esse introduzido pelo CPC/2015 com base nos pensamentos de Frank
Sander. No qual é necessário compreender como ocorreu o surgimento do problema, para
verificar o meio mais adequado de solucioná-lo, vedando assim alternativas impostas por
meio da jurisdição ordinária acionada de forma ilegal.

DIREITO A UM PROCESSO ADEQUADO

Ter um processo adequado é um dos princípios referidos no art. 5°, XXXV da CF. Sob
essa perspectiva a lei deve prever procedimentos adequados, ajustando a cada situação.

DEMANDA

O direto a demandar parte quando a pessoa entra em juízo, iniciando a atividade


jurisdicional (status libertatis). Aplicando esse direito, a parte reclama a prestação
jurisdicional que lhe deve ser conferida pelo Estado (status positivo).

A demanda é a primeira manifestação processual do exercício do direito a ação, por meio


dela a jurisdição se movimenta, ficando antes disso, inerte. A inércia da jurisdição é a
outra face do princípio da demanda, encontrando-se ambos os princípios positivados no
art. 2º do CPC/2015.

Outro processo se desenvolve dado a provocações das partes, o chamado “por impulso
oficial” (art. 2° do CPC/2015). Colocando assim a jurisdição a realizar as garantias
decorrentes do “due process of law”.

DIREITO EXERCIDO DEMOCRATICAMENTE

O órgão jurisdicional deve participar de forma ativa e racionalmente durante o processo


pois, é através dele que o processo ocorre de forma democrática a realização dos direitos
do indivíduo.
CONTRADITÓRIO

O contraditório exige o direito de se manifestar, de ser ouvido e ter suas manifestações


levadas em consideração. É vedado a surpresa nesse contexto de prolação de decisões
para as partes.
Não há ofensa ao princípio do contraditório na concessão de liminares inaudita altera
parte – art.804 do CPC , pois pressupõem a situação de urgência, e apenas postergam o
contraditório, sem suprimi-lo. Também não há ofensa na produção de sentença
de improcedência liminar do pedido (art. 332, CPC). Não se justificaria que o processo
prosseguisse quando já se sabe qual será o resultado. Além disso, o réu não sofre nenhum
prejuízo.

Seguindo as palavras do Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, “o princípio do


contraditório, garantia constitucional, serve como pilar do processo civil contemporâneo,
permitindo às partes a participação da realização do provimento”. Assim, o princípio do
contraditório concretiza-se através da participação das partes no processo, e do diálogo
que deve ter o órgão jurisdicional com as partes.

ISONOMIA PROCESSUAL

É pelo meio da isonomia que as partes durante processo são tratados de forma igualitária
para equilibrar a relação. A lei consagra uma serie de medidas protetivas à parte
vulnerável, com isso o juiz deve conduzir o processo de maneira que garanta igualdade
em ambas as partes, dando assim os dois a oportunidade de manifestação.

IMPARCIALIDADE

A imparcialidade em um tribunal é expressamente assegurada pelo art.14 do Pacto


Internacional, garantindo o direito de toda pessoa ser ouvida por um juiz imparcial. Esse
direito também consta no art.10 da Declaração Universal das Direitos Humanos. A
própria Constituição diz, “ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente” (art.5°, LIII). A preocupação com a imparcialidade do juiz se
encontra também ressaltada nos art. 144 do CPC/2015, referentes ao impedimento e à
suspeição.

SEGURANÇA JURIDICA

Segundo o jurista José Joaquim Gomes, em seu manual de direito constitucional, sobre a
proteção à confiança como um dos elementos constitutivos do Estado de direito, “se
reconduz à exigência de certeza e calculabilidade, por parte dos cidadãos”.
A construção de um sistema jurídico-processual racional requer não apenas instrumentos
que possibilitem a realização imediata, mas também assegura os direitos sem
instabilidade dos entendimentos jurisprudenciais. No CPC/2015, a preocupação com a
uniformidade e estabilidade da jurisprudência é objeto de destaque (cf. arts. 489, § 1º, V
e VII, 926 e 927 do CPC/2015).
BOA-FÉ

A boa-fé está associada à lealdade processual e a necessidade de respeito com todos


participantes do processo. “A verificação da violação à boa-fé objetiva dispensa a
comprovação do animus do sujeito processual”. Diz o n. 1 da Jornada de Direito
Processual Civil do Conselho da Justiça Federal, que tem entre suas várias funções o
critério interpretativo, limite a exercício de posições jurídica e fontes de deveres
comportamentais.

Além disso, a boa-fé objetivada atua como fonte de deveres comportamentais.

COOPERAÇÃO

Segundo o art 6. do CPC/2015, todos sujeitos do processo (partes e órgão jurisdicional) e


terceiros, devem colaborar entre si para que o processo alcance seu objetivo em tempo
razoável. Não que isso acelere mais a justiça, na verdade ela fica mais eficiente. Com isso
o princípio da cooperação age em conjunto da boa-fé e da lealdade processual, fazendo
as partes colaborarem para que o processo evolua adequadamente.

Já pela parte do órgão jurisdicional a cooperação se manifesta no dever de decidir em


observância ao princípio do contraditório, sem surpresas para as partes. Também é
manifestado por meio de viabilizar a emenda na petição inicial, antes de indeferi-la, ou
seja, é orientado ao magistrado o dever de esclarecer, prevenir, bem como de consultar e
auxiliar as partes, o tornando um agente-colaborador do processo.

ECONOMIA PROCESSUAL

Há dois princípios para esse conceito. O primeiro nada mais é que o acesso à Justiça onde
não pode ser dificultado por meio do seu custo, portanto, as taxas e custos devem ter
moderação, pois os custos do processo não podem servir de empecilho para o acesso a
tutela jurisdicional.

O segundo ponto de vista deve obter o máximo de resultado na atuação do direito com o
mínimo emprego possível de atividade jurisdicional. Manifestando então a economia de
processos, tal como se dá o litisconsórcio. Também não se realizando, inutilmente,
audiências ou atividades probatórias.

RAZOAVEL DURAÇÃO DO PROCESSO

Um dos principais problemas dos processos atualmente é com relação a demora no


julgamento. Por isso, o princípio da razoável duração do processo tem seu foco no
legislador, aplicando-se as leis para que acelere o andamento do processo.

Em consonância com o texto constitucional o Código de Processo Civil expressa no


art. 4º e no art. 1.048, I do CPC/2015, correspondente ao art. 1.211-A do CPC/1973
(inserido no Código de 1973 pela Lei 12.008/2009), prevê a prioridade de tramitação de
processos em pessoas com idade igual ou superior a 60 anos ou portadora de doença
grave.
PUBLICIDADE

“A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da


intimidade ou interesse social o exigirem.” Esse comando mais detalhado vem através do
art.93, IX, da Constituição Federal, limitando assim em determinado caso, o sigilo desde
que este não prejudique a informação em interesse público.

FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO JUDICIAL

É de suma importância para a compreensão do direito que não haja entendimentos vagos
durante o texto legal. Para que isso não ocorra o art.93, IX, da Constituição diz,
“fundamentadas todas as decisões proferidas pelo órgão jurisdicional, sob pena de
nulidade”. Essa regra também é reproduzida no CPC/2015, art.11 do caput. Com isso o
juiz em sua fundamentação precisa se mostrar democrático.

CONCLUSÃO

Por fim, percebemos que o Código de Processo Civil em seu processo de democratização
tornou o processo mais humanizado, ouvindo todas as partes e segurando a privacidade
quando este não tem efeito de interesse público. Algumas dessas ferramentas tornou o
processo igualitário até mesmo para o cidadão considerado desigual perante a sociedade.

Porém, essa remodelagem do CPC de 1973 para o de 2015 ocasionou a lentidão desse
processo, inclusive um dos modos para acelerar o processo está segurado no CPC de 2015
em conjunto com a CF para maiores de 60 anos ou para portador de doenças graves.

Vemos que o Código de Processo Civil de 2015 não é perfeito, porém é democrático, em
tempos em que são feitas muitas críticas a seu respeito, vimos que para o sistema
judiciário essa peça é fundamental para que ninguém fique acima da constituição, nem
mesmo os mais autos na hierarquia judicial, equilibrando assim a igualdade na sociedade.

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