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Processo
CIVIELNICO
VOLUM
na medida certa CURSOS
PARA CON
2023
\ Leia a lei:
ͳ Arts. 1º a 15 do CPC
Há uma nuance a ser percebida: a parte geral do CPC não se refere somente a prin-
cípios processuais. O termo “normas” é utilizado como gênero do qual há duas espécies:
os princípios e as regras. Não há mais como, em qualquer ramo jurídico, trabalhar sem
distinguir tais espécies normativas. O CPC menciona normas fundamentais, que podem
ser princípios ou regras.
Resta uma observação a ser feita: o art. 1º contém um problema ao utilizar a expres-
são “valores”. Como se sabe, o “valor” possui um caráter axiológico e não normativo. O
juiz não pode julgar com base em valores, mas sim com base em normas. Dessa forma, a
expressão “valor” contida no art. 1º do CPC/2015 não possui qualquer finalidade norma-
tiva, conquanto espelhe um vetor interpretativo para os demais preceitos codificados.
ATENÇÃO
O Devido Processo Legal abrange os processos administrativo, legislativo e
jurisdicional. É que nenhuma norma que tenha por fonte o exercício de poder normativo
pode ser produzida sem observância do devido processo legal, garantia indispensável
ao controle do exercício do poder (DIDIER Jr., Fredie. 2016, pp. 65-66).
POSIÇÃO DO STF
Enunciado nº 667 da Súmula do STF. “Viola a garantia constitucional de acesso à
jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa”.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a
respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se
trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
dos dados necessários à petição inicial, cabe ao juiz, exercendo o dever de auxílio
decorrente do princípio da cooperação, determinar a realização de diligências desti-
nadas à sua obtenção.
No que refere à igualdade formal, verifica-se que as partes têm direito ao mesmo
tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de
defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais.
No aspecto da igualdade material, consagra-se a noção Aristotélica de tratar igual-
mente os iguais e desigualmente os desiguais na exata medida de suas desigualdades. Ao
magistrado incumbe assegurar às partes igualdade de tratamento (art. 139, I). Assim, o
juiz pode adaptar o procedimento para concretizar a paridade de armas e oportunidade
no processo, reduzindo o desequilíbrio entre os litigantes. Por exemplo, é possível que o
juiz inverta o ônus da prova face à excessiva dificuldade para uma das partes produzi-la,
seja porque se trata de prova diabólica, seja porque o sujeito é hipossuficiente (art. 373).
Por fim, deve-se chamar atenção a um importantíssimo elemento de igualdade con-
sagrado no CPC: o dever de os Tribunais uniformizarem a jurisprudência e mantê-la está-
vel, íntegra e coerente (art. 926). É que os precedentes servem à regulação de situações
semelhantes entre si. Assim, manter a jurisprudência íntegra, estável e coerente, além de
reforçar à segurança jurídica, dá ao jurisdicionado a garantia de que o seu caso será tra-
ATENÇÃO
Quanto à possibilidade do conhecimento de ofício de algumas matérias, inclusive de
fato, deve-se atentar a uma distinção:
a) conhecer de ofício = o magistrado traz à tona, sem provocação, questão não arguidas
pelas partes. Admite-se em certas hipóteses, especialmente questões de ordem pública;
b) decidir de ofício = decidir sem ouvir as partes. Decidir de ofício é vedado pelo CPC.
Assim, ainda que possa conhecer de ofício determinadas matérias de fato ou de direito
(p.ex., prescrição ou incompetência absoluta), o magistrado não pode decidir de ofício.
Deve sempre permitir o contraditório, intimando as partes para se manifestarem.
O art. 11, caput, reproduz duas normas constitucionais, que são o princípio da pu-
blicidade e a exigência de fundamentação de todas as decisões, sob pena de nulidade
(art. 93, IX). O parágrafo único ressalva os casos de segredo de justiça, ampliando auto-
rização para a presença dos defensores públicos e do Ministério Público, além das partes
e dos advogados. A publicidade também é tratada nos arts. 26, 189 e outros do CPC.
A publicidade tem dupla perspectiva:
PUBLICIDADE INTERNA PUBLICIDADE EXTERNA
É a publicidade “para dentro” do processo. É a É a publicidade “para fora” do processo. Em regra,
garantia de que as partes e seus procuradores todo processo é público e qualquer um da socie-
sempre terão acesso ao conteúdo dos autos e a dade pode ter acesso. Todavia, algumas matérias
possibilidade de participação e acompanhamento mais sensíveis exigem que o processo tramite
dos atos processuais praticados. A publicidade em segredo de justiça. Tais hipóteses estão no
interna não admite limitações. art. 189 do CPC. Assim, a publicidade externa
admite limitações.
POSIÇÃO DO STJ
A prioridade na tramitação processual é um benefício instituído em lei. Assim, depende
de requerimento específico de seu beneficiário. Ainda que haja pessoa idosa como
parte de uma demanda, outros sujeitos não podem requerer a tramitação prioritária.
A legitimidade para requerê-lo é apenas do beneficiário. Conforme entendeu o STJ,
tratando da prioridade de tramitação do feito em benefício dos idosos (art. 71 da lei
nº 10.741/2003 c/c art. 1.048 do CPC): “(...) 3. A prioridade na tramitação do feito
é garantida à pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos que figura
como parte ou interveniente na relação processual (arts. 71 da Lei nº 10.471/2003 e
1.048 do CPC/2015). 4. A pessoa idosa é a parte legítima para requerer a prioridade
de tramitação do processo, devendo, para tanto, fazer prova da sua idade. 5. Na
hipótese dos autos, a exequente – pessoa jurídica – postula a prioridade na tramitação
da execução de título extrajudicial pelo fato de um dos executados ser pessoa idosa,
faltando-lhe, portanto, legitimidade e interesse para formular o referido pedido. 6.
Recurso especial não provido. (STJ. REsp 1.801.884/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, 3ª Turma, julgado em 21/05/2019).
É preciso atentar que o critério para a ordem em que os processos devem ser julgados
não é a ordem de ajuizamento das demandas, mas a ordem cronológica de conclusão.
Além disso, a observância da ordem é para que seja proferida sentença ou acórdão.
Outras decisões judiciais não estão condicionadas à ordem de preferência. Decisões inter-
locutórias, não precisam obedecer à ordem cronológica de conclusão inscrita no art. 12.
Essa ordem de conclusão para julgamento, em respeito à publicidade, deverá ficar
disponível em lista física na Secretaria da unidade jurisdicional e também na internet,
no sítio eletrônico do tribunal (§ 1º do art. 12).
Por fim, como forma de evitar condutas abusivas e estratégias processuais que visem
a burlar a ordem de conclusão para julgamento, retirando o processo da lista, dispõem
os §§ 4º e 5º do art. 12:
§ 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1º, o requerimento formulado
pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reaber-
tura da instrução ou a conversão do julgamento em diligência.
§ 5º Decidido o requerimento previsto no § 4º, o processo retornará à mesma posição em
que anteriormente se encontrava na lista.
Assim, o processo civil dentro dos limites do território brasileiro é regulado eminente-
mente pelas normas produzidas no Brasil, aplicando-se o princípio da lex fori ou “lei do foro”.
Além do CPC e das normas esparsas nacionais que dispõem sobre processo, também
regulam a jurisdição civil tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil
seja parte. O CPC, inclusive, dá especial atenção às formas de Cooperação Judiciária In-
ternacional quando dedica ao tema um Capítulo exclusivo (arts. 26 a 41).
ATENÇÃO
Nesse sentido:
Enunciado nº 2 da I Jornada de Direito Processual Civil do CJF: “As disposições do
CPC aplicam-se supletiva e subsidiariamente às Leis n. 9.099/1995, 10.259/2001 e
12.153/2009, desde que não sejam incompatíveis com as regras e princípios dessas Leis”.
Enunciado nº 3 da I Jornada de Direito Processual Civil do CJF: “As disposições do
CPC aplicam-se supletiva e subsidiariamente ao Código de Processo Penal, no que não
forem incompatíveis com esta Lei”.
\ Leia a lei:
ͳ Arts. 994 a 1.008 do novo CPC.
1. CONCEITO DE RECURSO
Recurso é o meio típico de impugnação voluntária às decisões judiciais para, em um
mesmo processo, buscar a sua reforma, invalidação, esclarecimento ou integração.
O conceito de recurso nos permite compreender desde logo algumas de suas
características:
• Meio típico – é necessário que a lei preveja e disponha sobre quais são os recursos
admitidos pelo sistema. Assim, só é recurso aquilo que está expressamente previsto
em lei como o sendo. O CPC se ocupa desta questão no dispositivo inaugural do título
“Dos Recursos”, listando os nove recursos previstos na codificação processual civil.
O art. 994 prevê que são cabíveis os seguintes recursos: i) apelação; ii) agravo de
instrumento; iii) agravo interno; iv) embargos de declaração; v) recurso ordinário;
vi) recurso especial; vii) recurso extraordinário; viii) agravo em recurso especial ou
extraordinário; ix) embargos de divergência.
É preciso que a lei preveja as espécies recursais. Diz-se lei em sentido amplo porque
não somente o CPC pode regular recursos, mas também as leis esparsas como, por
exemplo, o art. 34 da Lei nº 6.830/80 (Lei de Execuções Fiscais), que traz os “em-
bargos infringentes da execução fiscal”.
• Meio voluntário – recursos são necessariamente resultado da emissão volitiva cons-
ciente da parte em impugnar uma decisão judicial. Não existe recurso de ofício. O
manejo do recurso está dentro do âmbito de disponibilidade do sujeito atingido por
uma decisão judicial que lhe é desfavorável.
• Meio endoprocessual – o recurso é manejado no mesmo processo em que proferida
a decisão impugnada. Esta característica afasta os recursos das ações autônomas de
impugnação.
O recurso jamais poderá gerar um processo novo, mesmo quando processado em instru-
mento apartado. A demanda recursal é apresentada no mesmo processo da demanda
inicial, prologando a litispendência.
• Meio de reforma, invalidação, esclarecimento ou integração da decisão – são estas
as quatro consequências que podem decorrer do provimento de um recurso. Através
do recurso a parte prejudicada pela decisão postula sua modificação.
Trata-se de um pedido, uma demanda recursal. Por isso, o recurso possui também
causa de pedir e pedido diferentes, inclusive, da demanda originária. Perceba-se: o
pedido originário já foi resolvido pela decisão. A demanda recursal, pois, terá por
objeto não o pedido originário, mas sim a reforma, invalidação, esclarecimento ou
integração da decisão que conheceu do pedido inicial. Em outros termos, o pedido e
a causa de pedir diversos da demanda originária definem o mérito recursal.
A demanda recursal pode conter diversos pedidos. Se a decisão possui mais de um
capítulo, também pode haver cumulação de pedidos em sede recursal.
Pedir a reforma de uma decisão significa apontar um erro em sua construção,
requerendo então que ela seja corrigida ou aperfeiçoada. A demanda recursal
PEDIDO DE
visa a alteração de conteúdo do que se decidiu.
REFORMA
O pedido de reforma se fundamenta no chamado error in judicando, ou seja,
toma por base um “erro de julgamento” do magistrado.
Pedir a invalidação de uma decisão significa apontar um defeito em sua cons-
trução, requerendo então que ela seja desfeita, para que outra seja proferida
em seu lugar.
PEDIDO DE
Este pedido não tem por objeto o próprio conteúdo da decisão impugnada,
INVALIDAÇÃO
mas um vício que lhe retira a higidez, tornando-a inválida. O pedido se fun-
damenta no chamado error in procedendo, ou seja, toma por base um “erro de
procedimento”.
Pedir a integração de uma decisão significa apontar a sua incompletude, re-
querendo que uma nova decisão seja proferida para que a anterior reste per-
PEDIDO DE feita e completa.
INTEGRAÇÃO Normalmente, o pedido de integração se dá em face de decisões omissas, quan-
do o órgão julgador deixou de apreciar a lide em todos os seus fundamentos,
proferindo uma decisão inapta à boa resolução do conflito.
• Meio para discutir uma decisão – somente é possível recorrer de decisão, seja ela
interlocutória ou definitiva. Dos despachos não cabe recurso (art. 1.001).
Assim como qualquer outro direito fundamental, pois, o direito ao recurso não é ab-
soluto. O princípio admite mitigação, impondo-se sempre o controle posterior da razoa-
bilidade dessa restrição.
4. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
O juízo de admissibilidade do recurso não se relaciona com o mérito da demanda
recursal, mas com a sua higidez. Trata-se de um filtro de verificação do preenchimento
de todos os requisitos para o manejo da demanda recursal. Assim como a própria ação
(=demanda inicial) passa por um juízo de admissibilidade cujo objeto é verificar a pre-
sença dos pressupostos processuais e das condições da ação, o mesmo se dá com a de-
manda recursal.
RECURSOS EM ESPÉCIE
\ Leia a lei:
ͳ Arts. 1.009 a 1.044 do novo CPC.
1. APELAÇÃO
Da sentença cabe apelação (art. 1.009, caput). Não importa o conteúdo da sentença,
não importa se a extinção da causa se dá sem mérito (art. 485) ou com mérito (art. 487),
em qualquer hipótese o recurso cabível será a apelação. Frise-se: ainda quando questões
impugnáveis por agravo de instrumento (rol do art. 1.015) sejam decididas na senten-
ça, o recurso cabível será a apelação (art. 1.009, § 3º). Todo o conteúdo da sentença
deverá ser atacado por apelação.
Todavia, o novo CPC ampliou o objeto da apelação, que passa a caber também contra
as decisões interlocutórias não agraváveis proferidas na fase de conhecimento. Em outros
termos, é na apelação que o recorrente impugnará as decisões interlocutórias que lhe
foram prejudiciais ao longo da fase de conhecimento, mas que não puderam ser objeto
de agravo de instrumento por estarem fora do rol do art. 1.015 do CPC. Assim, as deci-
sões interlocutórias não agraváveis serão impugnadas em preliminar (=questão prévia) de
apelação. Conforme dispõe o art. 1.009, § 1º:
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscita-
das em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas
contrarrazões.
A apelação, portanto, passa a ter dois possíveis objetos: i) atacar a sentença; ii) ata-
car as decisões interlocutórias proferidas ao longo da fase de conhecimento cujo objeto
não esteja previsto no rol do art. 1.015 do CPC.
Perceba-se desde logo uma nuance: não há preclusão para impugnação de decisão
interlocutória não agravável enquanto não for possível o manejo da apelação. É que in-
dependentemente do seu objeto, a apelação será interposta sempre depois de proferida
a sentença. Somente haverá preclusão quanto a este tipo de decisão (=fora do rol do
art. 1.015) se não for atacada em sede de apelação.
Toda decisão de primeiro grau é recorrível. Se não for por agravo de instrumento,
será por apelação.
Assim, a apelação pode abarcar capítulos diversos, um impugnando as decisões inter-
locutórias não agraváveis, apresentado como questão prévia; outro impugnando a senten-
ça, apresentado como questão principal. Será possível que haja cumulação de demandas
recursais (contra as interlocutórias e a sentença) ou que o recurso ataque somente um
ou outro tipo de decisão (contra as interlocutórias ou a sentença, apenas).
ATENÇÃO
Nesse sentido, o Enunciado nº 144 da II Jornada de Direito Processual Civil do CJF: “No
caso de apelação, o deferimento de tutela provisória em sentença retira-lhe o efeito
suspensivo referente ao capítulo atingido pela tutela”.
Por outro lado, em quaisquer das hipóteses previstas no art. 1.012, § 1º, admite-se
a concessão de efeito suspensivo pelo Relator da causa no tribunal (art. 1.012, § 4º).
Caso o apelante demonstre (i) a probabilidade de provimento do recurso ou (ii) re-
levância da fundamentação e risco de dano grave ou de difícil reparação, a eficácia da
sentença poderá ser suspensa pelo Relator. Há, pois, possibilidade de concessão de tutela
provisória de evidência (i) ou de urgência (ii) em sede de recurso. O pedido de conces-
são de efeito suspensivo à apelação é exatamente isso: pedido de concessão de tutela
provisória recursal.
Este requerimento será sempre feito diretamente ao tribunal em petição simples,
jamais ao juiz que sentenciou. É que o juízo de admissibilidade da apelação é feito pelo
próprio tribunal, enquanto o juiz a quo somente processa o recurso e as contrarrazões,
remetendo-os ao órgão ad quem. Por isso, a competência para apreciar o pedido de sus-
pensão é do próprio Relator, no tribunal.
Conforme dispõe o § 3º do art. 1.012, o pedido de concessão de efeito suspensivo
poderá ser formulado por requerimento dirigido ao: i) tribunal, no período compreendido
entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu
exame prevento para julgá-la; ii) relator, se já distribuída a apelação.
inicial (art. 331, caput) e (ii) contra a decisão que julga liminarmente improcedente
o pedido (art. 332, § 3º).
Atente-se, apenas se admite a retratação se o recurso for tempestivo.
1.3. Procedimento
O processamento da apelação no tribunal é relativamente simples. A petição de in-
terposição, dirigida ao juiz se primeiro grau, deverá conter os elementos da demanda
recursal: partes, causa de pedir e pedido. As partes do processo devem ser qualificadas.
Esta qualificação é importante, mormente porque ao longo do procedimento é possível
que haja ocorrido alteração subjetiva na demanda, com a exclusão ou acréscimo de su-
jeitos no processo.
Além disso, o recorrente deve afirmar os fatos e os fundamentos de sua demanda
recursal, apontando a necessidade de reforma do entendimento consignado na sentença
ou a decretação de invalidade da decisão impugnada. Ao fim, deverá apresentar pedido
de novo julgamento.
Conforme o art. 1.010, caput do CPC, a apelação, interposta por petição dirigida ao
juízo de primeiro grau, conterá: i) os nomes e a qualificação das partes; ii) a exposição
do fato e do direito; iii) as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
iv) o pedido de nova decisão.
Ao receber a petição inicial, o juiz de piso não exercerá qualquer juízo a respeito.
O juízo prévio de admissibilidade foi expressamente excluído do novo CPC. Assim, caberá
ao magistrado somente intimar o apelado para apresentar contrarrazões no prazo de 15
(quinze) dias (§ 1º).
Caso, além das contrarrazões, o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará
o apelante para apresentar contrarrazões (§ 2º). Após, os autos serão remetidos ao tri-
bunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade (§ 3º).
Recebido o recurso de apelação no tribunal, será imediatamente distribuído a um
Relator (art. 1.011). O Relator, então, poderá decidir monocraticamente apenas nas
hipóteses do art. 932, incisos III a V. A remissão é ao juízo de admissibilidade do
recurso (III) e ao julgamento unipessoal caso se adeque aos precedentes mencionados
nas alíneas dos incisos IV e V do art. 932. Não sendo o caso de decisão monocrática, o
Relator elaborará seu voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado. Segue-se,
daqui em diante, o procedimento estudado no capítulo referente à ordem dos processos
no tribunal.
No julgamento da apelação, a decisão será tomada, no órgão colegiado, pelo voto de
3 (três) juízes (art. 941, § 2º) componentes da turma ou câmara do tribunal.
julgá-la nas hipóteses descritas nos §§ 3º e 4º do art. 1.013. A causa madura, explique-se,
é aquela em condições de imediato julgamento, ou seja, onde não há mais necessidade
de se tomar outras providências ou promover atos instrutórios além dos que já constam
nos autos. É, em termos simples, a causa que está pronta. Vejamos:
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. (…)
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir
desde logo o mérito quando:
I – reformar sentença fundada no art. 485;
II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido
ou da causa de pedir;
III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal,
se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno
do processo ao juízo de primeiro grau.
Perceba-se que mesmo nas situações acima analisadas, se a causa não estiver ma-
dura, impõe-se o retorno dos autos ao juiz de primeiro grau, que tomará as providências
necessárias e proferirá nova sentença. O tribunal somente poderá avançar ao julgamento
da causa que lhe chegue pronta para julgamento.