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CESUPA

Roteiro de Aula
TGP
Prof. Bernardo Pereira
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#PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL.

1- Acesso à justiça ou(?) inafastabilidade do controle jurisdicional – art 5º, XXXV


a) Defensoria pública e benefício da justiça gratuita

2- PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL- art 5, LIV


a) Devido processo legal material e processual

3- PRINCÍPIO DA CELERIDADE PROCESSUAL E A RAZOÁVEL


DURAÇÃO DO PROCESSO – art 5, LXXVIII CF; art 4º,cpc

4- Princípio da igualdade / isonomia (paridade de armas)


a) Igualdade formal e igualdade material
b) A busca da igualdade material nos ramos do direito.
---Direito do consumidor – inversão do ônus da prova
----Direito do trabalho- in dubio pro operario
----Direito penal- in dubio pro reo
----A Fazenda Pública – prerrogativas
c) Ordem cronológica do processo – art 12, cpc
5- Princípio do contraditório
6- Princípio da Ampla defesa
7- Princípio da boa-fé processual
8- Princípio da cooperação.

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1- Acesso à justiça ou (?) inafastabilidade do controle jurisdicional – art 5º, XXXV

Acesso à justiça. Este princípio é também, comumente, chamado de princípio da


inafastabilidade da jurisdição, mas não são atualmente vistos como sinônimos. Será a
primeira norma tratada nesta seção, pois sem o amplo e efetivo acesso à justiça e ao
Poder Judciário, de nada adiantaria os outros princípios.

Trata-se, portanto, de princípio constitucional e garantia fundamental de grande


relevância, constante no art. 5º, XXXV, da Constituição da República. Todo o sistema
jurídico brasileiro e o próprio Estado Democrático de Direito se apoiam nesta norma.

Art. 5º, XXXV: “a lei não excluirá da apreciação do Poder


Judiciário lesão ou ameaça a direito”.

É norma direcionada ao Poder Legislativo, ao orientar e impedir o legislador de


prever restrições ao acesso à justiça.

O princípio em análise também é direcionado ao Poder Judiciário, uma vez que é


dever deste garantir ao cidadão a ampla e efetiva tutela jurisdicional.

Não é incorreto dizer, ademais, que a norma também é direcionada ao Poder


Executivo, em certa medida: este deve realizar políticas públicas que visem o efetivo
acesso à Jurisdição.

Em suma, é dever do Estado instrumentalizar este princípio.

Importante citar o art. 5º, LXXIV, da Constituição da República (BRASIL,


1988), que determina o dever estatal de oferecer meios aos necessitados de alcançarem a
prestação jurídica.

Art. 5º, LXXIV- o Estado prestará assistência jurídica integral e


gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

A garantia constitucional, ademais, trata de prestação jurídica, o que indica que


não é necessária a existência de um processo, para tal direito ser observado.
Têm-se duas formas importantíssimas de garantir ao cidadão o efetivo acesso ao
Poder Judiciário: a Defensoria Pública e o benefício da justiça gratuita. A primeira
possui disposição constitucional (art. 134), e a segunda, infraconstitucional (lei n.
1060/1950).

A defensoria Pública objetiva prestar assistência jurídica gratuita, aos que são
considerados pobres, nos termos da lei. Desta forma, ao menos em tese, é possível que
todos os interessados em propor uma demanda perante o Judiciário tenham a assistência
de um profissional jurídico habilitado.

Apesar disso, existem custos para se ativar a máquina estatal, o que poderia
impedir o amplo acesso do cidadão. Tais custos podem ser dispensados, graças ao
benefício da justiça gratuita, o qual dispensa o pagamento de custas processuais para
aqueles que não podem promover uma demanda, sem por em risco seu próprio sustento.

Note-se que em momento algum se afirma que o processo não possui custos,
pelo contrário, ele os possui. O que deve ser assegurado é que estes custos não impeçam
o acesso à justiça.

O princípio aqui estudado também é conhecido como princípio da efetividade do


processo ou efetividade da jurisdição, pois não se deve apenas conceder meios ao
indivíduo para ingressar perante o Poder Judiciário. É dever do Estado garantir que a
prestação jurisdicional seja efetiva, sob pena de indiretamente impedir o real acesso à
justiça.

Trata-se, portanto, de um norte, um objetivo a ser alcançado pelo Estado, através


dos legisladores e magistrados.

Rumo a este objetivo existem os procedimentos especiais, as próprias execuções


de tutelas específicas, as tutelas provisórias, juizados especiais, entre outros tantos
mecanismos, que visam a efetividade da prestação jurisdicional.

 É ilimitado?

Não. Há limites. Há interpretação em alguns casos de que é necessário antes de


ingressar com a ação judicial.
Ex: Necessidade de esgotamento de vias administrativas.

Há divergências no sentido desta ser a melhor interpretação. O STF entende que é


possível a norma infraconstitucional criar limitações/pré-requisitos.

Art. 217 CRFB. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e


não-formais, como direito de cada um, observados:

§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às


competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça
desportiva, regulada em lei.

O caso “consumidor .gov.br”

 Acesso à justiça não é sinônimo de inafastabilidade do controle jurisdicional.

Hoje são vistos como distintos, pois há diversas formas de resolução de conflitos, que
não requerem atuação jurisdicional – conciliação, mediação, arbitragem, etc.

2- PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL - art 5, LIV,CF

O princípio do devido processo legal está inscrito na Carta Magna brasileira, em


seu art. 5ª, LIV , e é considerado o princípio base do processo brasileiro.

Art. 5º, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus


bens sem o devido processo legal;

Trata-se de um princípio genérico, que abarca todas as normas existentes no


âmbito processual. A expressão devido processo legal significa, em outras palavras, a
necessidade de respeitar as normas existentes no ordenamento jurídico brasileiro, ao
realizar as práticas do mundo jurídico. A conclusão lógica é que uma vez violada,
qualquer norma processual, seja regra ou princípio, está-se desprestigiando o devido
processo legal.

Tal princípio, segundo a doutrina acaba por ter um viés substantivo e outro
processual, ou seja, o devido processo legal (due process of Law) pode ser dividido em
devido processo legal substantivo (substantive due process of Law) e devido processo
legal processual ou formal (procedural due process of Law).

O princípio, sob o viés material afirma que a decisão judicial deve ser razoável e
correta, observando a liberdade, a propriedade e a vida, esta última tratada no caput do
art. 5º. A doutrina acaba por relacionar o devido processo legal substancial aos
princípios da proporcionalidade e razoabilidade, buscando a autolimitação estatal, a qual
não pode.

Trata-se de uma norma que também tem a função de limitar os poderes do


Estado, o qual deve observar na própria produção legislativa o devido processo legal
substantivo.

É importante destacar que o princípio do devido processo legal não deve ser
observado apenas pelo seu prisma processual, sob pena de se reduzir a real força
principiológica. Possui função de direcionamento interpretativo, em busca de uma
melhor atuação do Estado, e concretização de seu papel democrático, uma vez que afeta
todas as esferas jurídicas.

Conclui-se, portanto, que ao se respeitar todas as normas processuais, se


prestigia o princípio do devido processo legal (processual). Diversos outros princípios
decorrem logicamente deste, e foram positivados na própria Constituição da República.
Trata-se de opção legislativa, muito bem vinda.

Todos os princípios aqui tratados fazem parte do devido processo legal, e como
tal, regem a relação jurídica processual desde seu surgimento, com o exercício do
direito de ação, até o encerramento do processo (independentemente do momento), ao
se encontrar a satisfação da parte. Razão esta pela qual todas as normas processuais,
princípios e regras, devem ser observadas em conjunto. No caso dos princípios aqui
tratados, eles devem ser compatibilizados para que possam ser otimizados ao máximo,
analisando o caso concreto.

# Vedação de juízo/tribunal de exceção.

Art 5,º XXXVII, CF - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

O devido processo legal também engloba a vedação de tribunal de exceção, ou seja,


tribunais criados especificamente para julgar certo caso. Nota-se claro viés de
perseguição. Nenhum tribunal pode ser criado para julgar uma pessoa, ou um caso
especificamente. Devem ser imparciais.

Tyron Lannister- julgamento por combate:

https://www.youtube.com/watch?v=RKI28G64Rpc

3- PRINCÍPIO DA CELERIDADE PROCESSUAL E A RAZOÁVEL


DURAÇÃO DO PROCESSO – art 5, LXXVIII CF; art 4º,cpc

A Emenda Constitucional n. 45/2004, já tratada neste estudo, inseriu na


Constituição da República o inciso LXXVIII, ao seu art. 5º.

Art. 5º, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,


são assegurados a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação.
Também é tratado no art 4º, cpc.

Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a


solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.

Com isso, tornou-se, de forma expressa e inequívoca, direito fundamental do cidadão


um processo judicial e administrativo em prazo razoável, além dos meios que garantam
essa celeridade. Portanto, o processo deve ser solucionado de forma célere, em prazo
razoável; eis o princípio da razoável duração do processo, diretriz tratada por diversos
diplomas legais no mundo.

De fato, tal noção já se encontra, implicitamente, disposta no art. 5º, LIV, da


Carta Magna brasileira. Este entendimento advém do fato de que um processo devido é
aquele que, entre outras características, é capaz de solucionar a crise de direito
material apresentada, em tempo hábil. O processo não pode ser concebido de outra
maneira, e esta diretriz está constitucionalmente protegida.

Independente do entendimento de que tal princípio já se encontrava


implicitamente localizado no art. 5º, LIV, da Constituição da República, não há dúvidas
de que hoje, com a inserção advinda da EC. n.45/2004, tal diretriz principiológica
possui status de norma constitucional.

Sem dúvida, em virtude do grande número de demandas que tramitam no Poder


Judiciário, há uma maior demora para que tais pretensões sejam analisadas pelo Estado.
Deve-se buscar meios que permitam uma maior rapidez na solução dos conflitos
judiciais, no intuito de prestigiar tal princípio constitucional.

Frise-se que diversas medidas já foram intentadas, entre as quais a criação de


juizados especiais, a técnica da vinculação das decisões judiciais, a possibilidade de
antecipação dos efeitos da tutela, a execução provisória e a prática de atos processuais
virtualmente. Mesmo assim, a estrutura atual do Poder Judiciário não é capaz de
oferecer uma resposta temporalmente adequada para todos aqueles que buscam o
Estado. Infelizmente, a razoável duração do processo é um horizonte ainda a ser
alcançado.

Apesar disso, a celeridade processual, apesar de desejada, jamais deve ser


observada como princípio absoluto. O devido processo legal é aquele onde são
observados os ditames normativos próprios do processo, como o contraditório, a
ampla defesa, entre outras tantas regras e princípios. É natural, que o processo
necessite de um amadurecimento cognitivo, e procedimental, para que possa emanar
seus efeitos. Para tal amadurecimento, tempo é necessário.

Jamais se pode defender um processo célere, em que as partes envolvidas não


tenham as mínimas garantias de se manifestar em paridade. No momento em que nosso
ordenamento jurídico prevê uma série de garantias processuais, estas devem ser
observadas e respeitadas. Por tal razão se objetiva uma razoável duração do processo.
Esta razoabilidade é decorrente do respeito às regras e princípios que regem o direito
processual e seu procedimento.

Para se alcançar este objetivo, devem ser elaboradas maneiras de otimizar,


aperfeiçoar a prestação jurisdicional, de modo que seja possível realizá-la
eficientemente, respeitando as normas processuais e a razoável duração do processo.
Este é o sentido da norma constitucional ao determinar a criação de meios que garantam
a celeridade da tramitação dos processos. Devido ao sentido de otimização, esta vertente
do dispositivo constitucional é chamada, também, de princípio da celeridade processual,
ou eficiência processual.

https://www.conjur.com.br/2020-jan-19/stf-julgar-antigo-corte-
marco?utm_source=dlvr.it&utm_medium=twitter#:~:text=Com%2050%20anos%20de
%20tramita%C3%A7%C3%A3o,de%20Iper%C3%B3%2C%20no%20interior%20pauli
sta.

Casos extremamente demorados.


4- Princípio da igualdade / isonomia (paridade de armas)
a) Igualdade formal e igualdade material
b) A busca da igualdade material nos ramos do direito.
---Direito do consumidor – inversão do ônus da prova
----Direito do trabalho- in dubio pro operario
----Direito penal- in dubio pro reo
----A Fazenda Pública – prerrogativas
c) Ordem cronológica do processo –art 12, cpc

No processo, normalmente tem-se duas partes antagônicas, o autor e o réu,


litigando acerca de um direito. O MP acusando alguém de ter cometido um crime. O
empregado alegando que seu patrão não pagou o 13 salário. Uma parte alegando que
houve quebra de contrato. O consumidor afirmando que comprou um produto com
defeito.

O autor e o réu então tentarão provar que a sua versão dos fatos é a verdadeira, e
que portanto tem razão. Desta forma, para que o processo seja adequado, é necessário
que haja uma igualdade de condições, uma paridade de armas.

Art. 139,cpc. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições


deste Código, incumbindo-lhe:

I - assegurar às partes igualdade de tratamento;

Deve-se o juiz zelar pela igualdade entre os litigantes, bem como deve o
legislador produzir leis que reconheçam eventual disparidade.

Ocorre que nem sempre a igualdade formal gera justiça. Muitas vezes uma
tratamento formalmente isonômico gera um desnivelamento no processo pois uma parte
possui superioridade econômica, social, de diversas condições, ou uma dificuldade.
Por isso, se defende que deve-se tratar desigualmente os desiguais, buscando uma
igualdade material. No processo não é diferente. Existem situações em que há igualdade
entre as partes.

Ex. contrato entre particulares de locação de um imóvel. A discussão acerca da prática


de um ato ilícito, como uma batida de carros no transito.

Mas também existem situações em que há diferença entre as partes e portanto, o


processo tenta minorar esta desigualdade.

Ex. processo entre empregado e empregador, em que se discuta o pagamento de 13


salário. Processo entre consumidor e fornecedor, quando você compra um carro com
defeito.

Vamos ver algumas destas situações.

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------D. consumidor

No d. do consumidor, o fornecedor está em ampla vantagem ao litigar contra o


consumidor. A superioridade econômica e técnica é indiscutível.

Portanto, no processo, existem técnicas que permitem fortalecer o consumidor,


hipossufuciente e vulnerável.

Uma dessas é a inversão do ônus da prova. A responsabilidade de provar normalmente é


de quem alega algo. Mas é possível que o fornecedor tenha que provar que não causou
dano. Isto se deve ao fato da superioridade da empresa, e da quase impossibilidade do
consumidor ter condições de fazer isso.

Art. 6º CDC, São direitos básicos do consumidor:


VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;

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-------D trabalho.

Existe o princípio do in dubio pro operário. Ou seja, existindo dúvida acerca de quem
tem direito, o empregado deverá ser beneficiado, por ser a parte vulnerável da relação.

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------D penal.

No direito penal, existe o princípio do in dubio pro reo. Vez que se trata da ultima ratio,
da medida mais extrema, caso haja dúvidas no processo, deve-se opinar pela inocencia
do acusado.

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-----Fazenda Pública

A Fazenda pública, ou seja, o Poder público em juízo, também goza de varias


prerrogativas. Parte-se do princípio que o Estado litiga em muitas causas, e que precisa
de mais tempo para trata-las de forma adequada. Da mesma forma, ao litigar acerca de
dinheiro publico, trata-se do dinheiro da população, portanto há maior proteção.

Art. 183, cpc. A União, os Estados, o Distrito Federal, os


Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito
público gozarão de prazo em dobro para todas as suas
manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da
intimação pessoal.

Diversas são as prerrogativas: prazo diferenciado; impenhorabilidade de bens;


suspensão de segurança. Diversas outras medidas.

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Nota-se que o âmbito processual tenta alcançar uma isonomia material, ratando os
desiguais desigualmente. Há muita discussão se tais benefícios alcançam de fato uma
igualdade ou se são apenas privilégios. Mas são medidas existentes.

# a questão da ordem cronológica preferencial para julgamento.

Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à


ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou
acórdão. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de
2016) (Vigência)

O cpc originalmente trazia a obrigatoriedade do juiz julgar os processos de forma


cronológica, ou seja, na ordem que foram recebidos. O CPC foi alterado durante sua
vacatio em 2016, e esta regra passou a ser não mais obrigatória, e sim preferencial.

Críticas de ambos os lados.

5- P do Contraditório

Primeiramente, é importante destacar que os princípios do contraditório e da ampla


defesa são institutos jurídicos diferentes, apesar de decorrerem do mesmo dispositivo
constitucional, qual seja o art. 5º, LV, da Constituição da República (BRASIL, 1988).
Art. 5º, LV: aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;

Este destaque faz-se necessário uma vez que estas normas são tratadas conjuntamente, e
que para o correto desenvolvimento processual (judicial, administrativo e negocial)
devem estar sempre presentes.

O processo é um procedimento estruturado em contraditório.

O termo contraditório advém da palavra contradita, que significa refutar,


contestar, ou seja, é a garantia que possibilita aos envolvidos terem conhecimento das
alegações e a possibilidade de participar da discussão, influindo no seu resultado. Trata-
se de princípio que pode ser decomposto em três garantias: ciência, participação e
possibilidade de influência na decisão.

--Ciência

A ciência é dimensão formal. A garantia de saber o que ocorre para poder agir.

---Participação

A participação é dimensão formal. É a garantia de ser ouvido, de participar, de ser


informado, de falar no processo. E o conteúdo mínimo e tradicional;

---Possibilidade de influenciar a decisão do magistrado

Dimensão substancial do contraditório. Não adianta apenas falar, participar. É


importante que se haja poder de influência. Não é apenas ser ouvido, mas também
poder afetar o convencimento do magistrado.
 Vedação de decisões surpresas.

Esta noção impede a decisão surpresa. Toda decisão deve passar por contraditório
prévio.

Art 10, cpc

Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição,


com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado
às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de
matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Desta maneira, mesmo em questões que o juiz deva decidir de ofício (sem provocação),
ele deve abrir as partes a oportunidade de manifestação.

 Contraditório diferido

Todavia, existem situações em que a efetividade processual se choca com o


contraditório. Em algumas situações o contraditório passa a ser diferido, ou seja, ele é
postergado. Primeiro decide-se e depois a parte se manifesta. É o caso do art 9º, cpc.

Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem


que ela seja previamente ouvida.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:

I - à tutela provisória de urgência;

II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311,


incisos II e III;

III - à decisão prevista no art. 701.


Apesar de garantias, a parte pode decidir não participar da discussão judicial,
sendo facultativa sua reação. De outro lado, é essencial sua ciência. Tanto é assim, que a
ausência de citação é nulidade insanável, enquanto que a revelia ocorre pela ausência de
atitude da parte. No último caso, o processo continua normalmente.

O contraditório busca a formação de um diálogo entre as partes, no intuito de se


alcançar a melhor solução para a crise de direito apresentada. Neste sentido, a doutrina
aponta o princípio da cooperação, na qual as partes devem agir, juntamente com o
magistrado, visando a melhor solução do litígio. Tal princípio, já observado pela
doutrina, é expressamente consagrado no Novo Código de Processo Civil.

6- Ampla defesa

A ampla defesa, por sua vez, é a garantia constitucional e direito fundamental,


que todos aqueles têm de, caso participantes de uma relação jurídica processual, se
defenderem amplamente. Esta garantia é, também, extraprocessual.

Para que a defesa seja efetiva, é necessário que o indivíduo tenha a seu alcance
mecanismos aptos a ensejar sua proteção, além de conhecer tais mecanismos. Nesse
sentido, cumprem este papel as figuras da Defensoria Pública e assistência jurídica
gratuita. No âmbito processual deve haver a possibilidade da parte produzir todas as
provas capazes de sustentar sua tese jurídica.

Não se pode negar que os princípios do contraditório e da ampla defesa devem


ser encarados como mecanismos que buscam a concretização de um Estado
Democrático de Direito, ao fornecer aos litigantes, a possibilidade de atuar de forma
eficiente, na defesa de seus interesses. Trata-se de outra forma de garantir o efetivo
acesso à justiça.

Parte da doutrina defende que a ampla defesa é a própria vertente substancial do


contraditório.
7- P da Boa fé processual

A boa fé processual deve ser entendida como norma de conduta (boa fé objetiva), e deve
ser respeitada pelas partes.

O art 5º,cpc, trata-se de cláusula geral, direcionada a todos os sujeitos processuais..

Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve


comportar-se de acordo com a boa-fé.

Como norma de conduta ela impõe e proíbe condutas. Não se discute a intenção do
sujeito processual (boa fé subjetiva). A boa fé deve ser considerada independente da
vontade da parte.

E naturalmente existem regras para proteger esta boa-fé e punir aqueles que a violam.

Art 79-81 , cpc

Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de


má-fé como autor, réu ou interveniente.

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei


ou fato incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do


processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou


ato do processo;

VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente


protelatório.
Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o
litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um
por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa,
a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a
arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas
que efetuou.

(...)

É possível defender que a boa-fé é consequência do devido processo legal, o próprio


STF entende desta forma. Não se pode considerar um processo devido, capaz de tutelar
de forma eficiente as crises de direito apresentadas, aquele em que as partes agem de
má-fé, buscando prejudicar outros sujeitos.

8- Princípio da Cooperação

A análise conjunta dos princípios do contraditório, devido processo e boa-fé processual


servem de base para o surgimento do princípio da cooperação. É desta forma, de
maneira cooperativa que deve o processo civil brasileiro ser desenvolvido.

Art 6º, cpc.

Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar


entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de
mérito justa e efetiva.

O art 6 tratou do princípio de forma expressa. Deixa claro que todos os sujeitos,
incluindo autor, réu e magistrado, devem cooperar entre si, para que se obtenha em
prazo razoável decisão adequada.
O Judiciário deixa de ser expectador e passa a fazer parte de forma ativa do diálogo
processual. As partes não mais determinam a condução do processo (modelo adversarial
/ principio do dispositivo), nem que o órgão jurisdicional conduz o processo de forma
mais rigorosa (modelo/princípio do inquisitivo). Todos os sujeitos passam a ocupar uma
posição de cooperação.

Esta paridade é presente no momento do tramite processual. Mas a decisão é exclusiva


do órgão jurisidicional. A decisão será fruto desta atividade cooperativa, que permite
um melhor desenvolvimento processual.

Quais os efeitos práticos, a eficácia normativa?

Uma vez que todos os sujeitos devem cooperar entre si, se abstendo de praticar
incidentes protelatórios, e agir com má fé, todos se relacionam, visando um processo de
qualidade.

Autor-réu/ autor-juiz/ réu-juiz/ autor-réu-juiz; juiz- perito; etc...

Qualquer conduta que estes realizem de forma contrária à cooperação é uma conduta
ilícita, passível de punição. E esta punição independe de regra expressa.

O díficil é sistematizar estes comportamentos, vez que o próprio princípio da


cooperação tem uma amplitude elevada de significado.

É possível extrair deveres de lealdade processual, boa-fé, proteção.

Ex. A parte não deve provocar incidentes desnecessários e protelatórios; Não deve
interpor recursos sem fundamento;

Ex. O magistrado deve fundamentar suas decisões de forma satisfatória, esclarecendo


Às partes os motivos de sua decisão. O magistrado deve ser imparcial, não prejudicando
os envolvidos, etc.

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