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AO JUÍZO DA VARA DE REGISTROS PUBLICOS DA COMARCA DE

TERESINA-PIAUÍ .

CARMEM DOLORES MORAES MEDEIROS , brasileira,


casada, inscrito no CPF sob nº 397.527.553-72, Identidade
3.617.541-SSP/PI , residente e domiciliado na Avenida Campo
Maior, nº 1467 , Bairro Parque Alvorada, na Cidade de
Teresina-PI, CEP: 64.004-500 , vem à presença de Vossa
Excelência, por meio do seu Advogado, infra assinado, ajuizar

JUSTIFICAÇÃO DE ÓBITO

de sua mãe, MARIA HAIDEE MORAIS MEDEIROS ,


inscrito no CPF sob nº 200.399.213-87, RG. 206.449 SSP/PI,
Titulo de Eleitor nº 003368471554 , zona 017, seção 0001 , a
qual era residente e domiciliado na Avenida Campo Maior, nº
1467, Bairro Parque Alvorada, Teresina-PI, CEP: 64.004-500,
pelos fatos e motivos que passa a expor.

DOS FATOS.

MARIA HAIDEE MORAIS MEDEIROS, mãe da requerente da


presente demanda, faleceu no dia 1º de maio de 2021, após ser-lhe diagnosticada com o
Insuficiência Respiratória Aguda e Pneumonia Viral - COVID-19.

A Requerente, à época do falecimento, de sua mãe, ficou em avançado


estado de choque e tristeza, visto que a morte de sua genitora ocorreu de forma rápida e
inesperada.

Assim, tendo em vista a realização do sepultamento, o interessado


esqueceu-se de proceder aos ditames legais para o registro do óbito de sua genitora no

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prazo legal.

Diante do ocorrido, vem perante Vossa Excelência busca o que lhe é


garantido por lei

DA LEGITIMIDADE DO REQUERENTE

A legitimidade do Requerente é consubstanciada pelo Art. 79 da Lei nº


6.015/73, uma vez que é filha da falecida MARIA HAIDEE MORAIS MEDEIROS.

Faz prova da presente alegação por meio do Registro Geral de Identidade


da Requerente (anexo) .

DO DIREITO

O requerente não realizou o registro de óbito de seu filho, DE CUJUS,


dentro do prazo legal, estabelecido pelo artigo 78 da Lei 6.015 de 1973, desta forma, a
via correta para a presente demanda é o procedimento de justiça voluntária.

Segundo Luiz Guilherme Marioni:

Os “procedimentos especiais de jurisdição voluntária”, por sua vez, não


se destinam a viabilizar a solução de conflitos de interesses, mas sim a
tratar de situações que, embora não envolvendo conflitos, possuem uma
repercussão social tal que levam o Código de Processo Civil a submetê-
las à jurisdição. (MARIONI, 2007, p. 145).

Infere-se do artigo 78 da Lei 6.015/1973:

Art. 78. Na impossibilidade de ser feito o registro dentro de 24 (vinte e


quatro) horas do falecimento, pela distância ou qualquer outro motivo
relevante, o assento será lavrado depois, com a maior urgência, e dentro
dos prazos fixados no artigo 50.

O artigo 79 do mesmo diploma legal, elenca as pessoas obrigadas a fazer


a declaração de óbito tardio, quais sejam:

Art. 79. São obrigados a fazer declaração de óbitos:

1º) o chefe de família, a respeito de sua mulher, filhos, hóspedes,


agregados e fâmulos;

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2º) a viúva, a respeito de seu marido, e de cada uma das pessoas
indicadas no número antecedente;

3º) o filho, a respeito do pai ou da mãe; o irmão, a respeito dos irmãos e


demais pessoas de casa, indicadas no nº 1; o parente mais próximo
maior e presente;

4º) o administrador, diretor ou gerente de qualquer estabelecimento


público ou particular, a respeito dos que nele faleceram, salvo se estiver
presente algum parente em grau acima indicado;

5º) na falta de pessoa competente, nos termos dos números anteriores, a


que tiver assistido aos últimos momentos do finado, o médico, o
sacerdote ou vizinho que do falecimento tiver notícia;

6º) a autoridade policial, a respeito de pessoas encontradas mortas.

Parágrafo único. A declaração poderá ser feita por meio de preposto,


autorizando-o o declarante em escrito, de que constem os elementos
necessários ao assento de óbito.

Da leitura do presente artigo, percebe-se que o requerente possui


legitimidade para propor a presente ação.

O direito de ação, neste caso, é imprescindível para a propositura da


demanda, haja vista tratar de direito indisponível. Mesmo que tendo decorrido o prazo
legal, o interessado está exercendo corretamente o seu direito.

Além do mais, é garantia constitucional aos pobres reconhecidamente


nos termos da lei a certidão de óbito, nos termos do art. 5º, LXXVI, b, da CRFB/88, in
verbis:

LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:

b) a certidão de óbito;

O artigo 30 da Legislação específica em questão, também expressa na


mesma linha de raciocínio:

Art. 30. Não serão cobrados emolumentos pelo registro civil de


nascimento e pelo assento de óbito, bem como pela primeira certidão
respectiva.
§ 1º Os reconhecidamente pobres estão isentos de pagamento de
emolumentos pelas demais certidões extraídas pelo cartório de registro
civil.

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§ 2º O estado de pobreza será comprovado por declaração do próprio
interessado ou a rogo, tratando-se de analfabeto, neste caso,
acompanhada da assinatura de 2 (duas) testemunhas.

Conforme a produção de prova documental carreada nos autos, além do


ônus em pagar as custas processuais, caso Vossa Excelência entenda, o pagamento da
certidão de óbito também será oneroso no orçamento familiar.

Colhe-se jurisprudência a respeito:

AÇÃO CIVL PÚBLICA - PROTEÇÃO DA CRIANÇA - PRIORIDADE


ABSOLUTA - CONDUTA PRECONCEITUOSA E
DISCRIMINATÓRIA - REGISTRO CIVIL - ASSENTO E CERTIDÃO
DE NASCIMENTO E ATESTADO DE ÓBITO - GRATUIDADE DO
ATO - EFETIVIDADE DA CIDADANIA - CONDUTA
ANTIJURÍDICA E ANTIÉTICA DA SERVENTUÁRIA
EXTRAJUDICIAL - DICÇÃO DOS ARTS. 1º, II E 5º, LXXVI, CRFB E
ART. 30, LRP. (TJSC, Apelação Cível n. 1999.004526-9, de Timbó, rel.
Des. Volnei Carlin, Primeira Câmara de Direito Público, j. 09-08-2001).

Assim, considerando a impossibilidade de realizar o registro no prazo


legal, conforme fatos acima narrados, requer com o presente pedido o REGISTRO DE
ÓBITO TARDIO.

DA PROVA DO ÓBITO

Anexa ao presente pedido, declaração expedida pelo Hospital Municipal


do Buenos Aires, assinado pelo médico Deusdedith Carvalho Silva Neto, inscrito no
CRM-PI nº 8.103 que atestou o óbito do de cujus.

Ademais, requer, caso ainda pairem dúvidas sobre o falecimento, a oitiva


de duas testemunhas que arrola em anexo, para a demonstração inequívoca do óbito, nos
termos do Art. 84 da Lei 6.015/73, conforme precedentes sobre o tema:

APELAÇÃO. DIREITO CIVIL. SUCESSÃO. REGISTRO


TARDIO DE ÓBITO. REQUISITOS LEGAIS. A declaração de
óbito é prova suficiente da verossimilhança de que o filho da
demandante realmente faleceu. Essa documentação é suficiente
para que seja deferido o mandado judicial ao Registro Civil.
Eventuais informações faltantes e necessárias ao registro do
óbito, deverão ser solicitadas diretamente pelo Oficial do
Registro ao apelante, desnecessário que sejam encaminhadas,

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primeiro, ao Poder Judiciário. RECURSO PROVIDO.
(Apelação Cível Nº 70075429639, Sétima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles
Ribeiro, Julgado em 22/11/2017). #3141092

Tais elementos, configuram provas suficientes para atender o requisito do


Art. 80 da Lei 6.015/93, e, consequente provimento do pleito.

A Autora legitima seu interesse pelo vínculo existente, bem como destaca
a necessidade do referido instrumento para fins de regularizar da expedição da Certidão
de Óbito .

DA JUSTIÇA GRATUITA

A Requerente atualmente é Auxiliar Administrativa, tendo sob sua


responsabilidade a manutenção de sua família, razão pela qual não poderia arcar com as
despesas processuais.

Desta forma, mesmo que seus rendimentos sejam superiores ao que


motiva o deferimento da gratuidade de justiça, neste momento excepcional de redução
da sua remuneração, o autor se encontra em completo descontrole de suas contas, em
evidente endividamento.

Para tal benefício o autor junta declaração de hipossuficiência os quais


demonstram a inviabilidade de pagamento das custas judiciais sem comprometer sua
subsistência, conforme clara redação do Art. 99 Código de Processo Civil de 2015.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na


petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de
terceiro no processo ou em recurso.
§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na
instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples,
nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso.
§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos
autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais
para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o
pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos.
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência
deduzida exclusivamente por pessoa natural.

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Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei, faz jus o
Requerente ao benefício da gratuidade de justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE


SEGURANÇA - JUSTIÇA GRATUITA - Assistência Judiciária
indeferida - Inexistência de elementos nos autos a indicar que
o impetrante tem condições de suportar o pagamento das
custas e despesas processuais sem comprometer o sustento
próprio e familiar, presumindo-se como verdadeira a
afirmação de hipossuficiência formulada nos autos
principais - Decisão reformada - Recurso provido. (TJSP;
Agravo de Instrumento 2083920-71.2019.8.26.0000; Relator (a):
Maria Laura Tavares; Órgão Julgador: 5ª Câmara de Direito
Público; Foro Central - Fazenda Pública/Acidentes - 6ª Vara de
Fazenda Pública; Data do Julgamento: 23/05/2019; Data de
Registro: 23/05/2019

Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade do


requerente, sendo suficiente a "insuficiência de recursos para pagar as custas, despesas
processuais e honorários advocatícios"(Art. 98, CPC/15), conforme destaca a doutrina:

"Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem


tampouco se fala em renda familiar ou faturamento máximos. É
possível que uma pessoa natural, mesmo com bom renda
mensal, seja merecedora do benefício, e que também o seja
aquela sujeito que é proprietário de bens imóveis, mas não
dispõe de liquidez. A gratuidade judiciária é um dos
mecanismos de viabilização do acesso à justiça; não se pode
exigir que, para ter acesso à justiça, o sujeito tenha que
comprometer significativamente sua renda, ou tenha que se
desfazer de seus bens, liquidando-os para angariar recursos e
custear o processo." (DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA, Rafael
Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed. Editora
JusPodivm, 2016. p. 60)

"Requisitos da Gratuidade da Justiça. Não é necessário que a


parte seja pobre ou necessitada para que possa beneficiar-se
da gratuidade da justiça. Basta que não tenha recursos
suficientes para pagar as custas, as despesas e os honorários do
processo. Mesmo que a pessoa tenha patrimônio suficiente, se
estes bens não têm liquidez para adimplir com essas despesas,
há direito à gratuidade." (MARINONI, Luiz Guilherme.
ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Código
de Processo Civil comentado. 3ª ed. Revista dos Tribunais,
2017. Vers. ebook. Art. 98)

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal
e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça ao requerente.

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DA GRATUIDADE DOS EMOLUMENTOS

O artigo 5º, incs. XXXIV e XXXV da Constituição Federal assegura a


todos o direito de acesso à justiça em defesa de seus direitos, independente do
pagamento de taxas, e prevê expressamente ainda que a lei não excluirá da apreciação
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

Ao regulamentar tal dispositivo constitucional, o Código de Processo


Civil prevê:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira,


com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei.
§ 1º A gratuidade da justiça compreende:
(...)
IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em
decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer
outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou
à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha
sido concedido.

Portanto, devida a gratuidade em relação aos emolumentos extrajudiciais


exigidos pelo Cartório. Nesse sentido são os precedentes sobre o tema:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.


BENEFICIÁRIO DA AJG. EXECUÇÃO DE SENTENÇA.
REMESSA À CONTADORIA JUDICIAL PARA
CONFECÇÃO DE CÁLCULOS. DIREITO DO
BENEFICIÁRIO INDEPENDENTEMENTE DA
COMPLEXIDADE. 1. Esta Corte consolidou jurisprudência no
sentido de que o beneficiário da assistência judiciária gratuita
tem direito à elaboração de cálculos pela Contadoria Judicial,
independentemente de sua complexidade. Precedentes. 2.
Recurso especial a que se dá provimento. (STJ - REsp
1725731/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 05/11/2019, DJe 07/11/2019, #03141092)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. JUSTIÇA GRATUITA.
EMOLUMENTOS DE CARTÓRIO EXTRAJUDICIAL.
ABRANGÊNCIA. Ação de usucapião. Decisão que indeferiu o
pedido de isenção dos emolumentos, taxas e impostos devidos
para concretização da transferência de propriedade do imóvel
objeto da ação à autora, que é beneficiária da gratuidade da
justiça. Benefício que se estende aos emolumentos devidos em
razão de registro ou averbação de ato notarial necessário à
efetivação de decisão judicial (art. 98, § 1º, IX, do CPC). (...).

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Decisão reformada em parte. AGRAVO PARCIALMENTE
PROVIDO. (TJSP; Agravo de Instrumento 2037762-
55.2019.8.26.0000; Relator (a): Alexandre Marcondes; Órgão
Julgador: 3ª Câmara de Direito Privado; Foro de Santos - 10ª
Vara Cível; Data do Julgamento: 14/08/2014; Data de Registro:
22/03/2019)

Assim, por simples petição, uma vez que inexistente prova da condição
econômica do Requerente, requer o deferimento da gratuidade dos emolumentos
necessários para o deslinde do processo.

DOS PEDIDOS

1. De acordo com o exposto, requer o autor se digne Vossa Excelência conceder:

2. A concessão da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do Código de


Processo Civil;

3. A intimação do ilustre membro do Ministério Público;

4. A procedência do pedido, com a expedição do competente mandado,


determinando ao Cartório de Registro Civil da Comarca de Teresina-Piauí que
proceda ao registro de óbito de MARIA HAIDEE MORAIS MEDEIROS nos
termos do art. 80 da lei 6.015/73;

5. A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, principalmente por


prova documental e depoimento da parte autora e testemunhas;

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Teresina-Piauí, 09 de agosto de 2021.

Tatiana Rodrigues Costa


Advogada
OAB/PI nº 16.266

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1. Comprovante de renda

2. Declaração de hipossuficiência

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