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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE

REGISTROS PÚBLICOS E CORREGEDORIA DO FORO EXTRAJUDICIAL DA


COMARCA DE MARILÂNDIA DO SUL – PR.

THALES DA SILVA POLATO, brasileiro, menor, inscrito no


CPF/MF sob o nº 153.444.889-63, nascido no dia 01 de Dezembro de 2019,
atualmente com 03 (três) anos e 07 (sete) meses de idade, conforme Certidão de
Nascimento com Matrícula n.º 081349 01 55 2019 1 00018 018 0008011 18, do
Cartório de Registro Civil e Tabelionato de Califórnia - PR, neste ato devidamente
representado por sua genitora MARIE RARIANA POLATO COSTA, brasileira,
portadora da cédula de identidade civil RG nº 10945547-4 SESP/PR, inscrita no
CPF/MF sob o nº 113.833.079-54, ambos residentes e domiciliados na Rua
Fernando Ravaneda, nº 113, CEP 86.820-000, na Cidade de Califórnia, Estado do
Paraná, por intermédio de sua advogada dativa, conforme termo de nomeação, com
endereço a Rua Jupiter nº 32, Jd. Vale do Sol, CEP 86.803-090, na cidade de
Apucarana, Estado do Paraná, e endereço eletrônico: laiz_modesto@hotmail.com,
onde recebe notificações e intimações, vem respeitosamente a presença de Vossa
Excelência, PROPOR:

AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL

em face de BRUNO RIBEIRO DA SILVA, brasileiro, portador


da cédula de identidade civil RG nº 13.795.989-5, inscrito no CPF/MF sob o nº
106.512.029-06, residente e domiciliado a Rua Servidão Estevão Antônio Nunes, n°
136, na cidade de Florianópolis, Estado de Santa Catarina; e ANDRÉ NEEMIAS DE
SOUSA DE PAULA, portador da cédula de identidade civil RG nº 13.642.354-1,
inscrito no CPF/MF sob o nº 130.379.219-27, residente e domiciliado na Rua
Amazonas, nº 303, Jd. Ponta Grossa, na cidade de Apucarana, Estado do Paraná,
pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

Telefone: 43 9 9984-0653 / E-mail: laiz_modesto@hotmail.com


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I – DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

A representante do Requerente declara ser pobre na acepção


jurídica do termo, não possuindo condições econômicas e financeiras para arcar
com às custas processuais sem prejuízo do sustento próprio e da família.

Conforme preceitua o art. 5º, inc. LXXIV da Constituição


Federal: “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos”.

Para tanto, requer a concessão dos benefícios da Justiça


Gratuita, nos termos do arts. 98 e 99, §§3º e 4º, do Código de Processo Civil e da
Lei nº 1.060/50.

II – DOS FATOS

A Representante do Requerente e o Primeiro Requerido,


mantiveram um relacionamento, por um curto período, onde rompiam e voltavam
por diversas vezes, ocasiões em que ambos acabavam se relacionando com outras
pessoas.

Quando descobriu a gravidez, a Representante do Requerente,


acreditava que o Primeiro Requerido era o pai biológico do infante. Ele, por sua vez,
desejando cumprir com suas obrigações, ciente da história que possuía com a
Genitora do infante, reconheceu a paternidade.

Depois do nascimento do Requerente, a Genitora, ora


Representante, e o Primeiro Requerido, decidiram manter um relacionamento, o que
também não durou muito tempo. Sendo assim romperam de vez, inclusive o
Primeiro Requerido mudou-se para outro Estado.

Após findo o relacionamento entre Genitora e Primeiro


Requerido, a mesma retomou contato com o Segundo Requerido, e entre os dois
surgiu a dúvida quanto a paternidade do Requerente. Desta forma, o Segundo
Requerido propôs a realização de exame de DNA, a fim de averiguar a dúvida
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surgida. Para a surpresa de ambos, o Requerente era na verdade filho do Segundo
Requerido.

Diante da descoberta da real paternidade do Requerente, a


Genitora contatou o Primeiro Requerido a fim de informa-lo, o qual também foi
pego de surpresa. Desde então, o mesmo cortou toda e qualquer relação e contato
com o Requerente, inclusive o pagamento dos alimentos, no qual, frisa-se, que
pagou por 02 (dois) meses, o valor de R$300,00 (trezentos reais)/mês.

Não há como negar que a regularização da paternidade,


fazendo coincidir a paternidade biológica com a registral, poderá evitar vários
transtornos e questionamentos. E pela tenra idade do infante, pode-se afirmar que
a correção do registro civil somente lhe trará benefícios, desta forma, não há outra
medida a não ser a propositura da presente ação.

III – DO DIREITO

O direito a verdade biológica e o reconhecimento do estado de


filiação são tratados pela doutrina e jurisprudência pátrias como direitos
fundamentais, sendo expressões do princípio da dignidade da pessoa humana.
Aliás, por terem intima vinculação com a dignidade da pessoa humana e dizerem
respeito ao estado das pessoas, são indisponíveis e não se sujeitam a prazo.

O artigo 27 do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê:

Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito


personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem
qualquer restrição, observado o segredo de Justiça .

Quanto aos fatos jurídicos que permitem a retificação do


registro civil, o erro que levou a Genitora e o Primeiro Requerido a registrar o
infante, pode tal vício acarretar a anulação do registro civil, conforme norma
disposta no art. 1.604 do Código Civil:

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Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao
que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se
erro ou falsidade do registro.

A respeito do tema, preleciona o Professor Caio Mario da Silva


Pereira, na sua obra Instituições de Direito Civil Ed. Forense, vol. 1, 13ª ed., Tóp. 89,
pág. 353.

Quando o agente por desconhecimento ou falso


conhecimento das circunstancias, age de um modo que
não seria a sua vontade, se conhecesse a verdadeira
situação, diz-se que procede com erro. Há, então na base
do negócio jurídico realizado, um estado psíquico
decorrente da falsa percepção dos fatos, conduzindo a
uma declaração de vontade desconforme com o que
deveria ser, se o agente tivesse conhecimento de seus
pressupostos fáticos. Importa na falta de concordância
entre a verdade real e a vontade declarada.

Insta salientar que o Requerente tem apenas 03 (três) anos e


07 (sete) meses de idade, por ser tão novo, e pela distância que o Primeiro
Requerido reside, já não possui mais vínculos afetivos com o mesmo.

Art. 1.605. Na falta, ou defeito, do termo de nascimento,


poderá provar-se a filiação por qualquer modo admissível
em direito:
I - quando houver começo de prova por escrito,
proveniente dos pais, conjunta ou separadamente;
II - quando existirem veementes presunções resultantes
de fatos já certos.

Insta salientar que a Genitora manteve contato com o Primeiro


e Segundo Requerido, que manifestaram previamente interesse e concordância com
a retificação do registro.

Denota-se que a Genitora procurou o Cartório de Registro civil,


que recusou a alteração, tendo em vista, tratar-se de menor de idade.

A presente ação tem o conteúdo de mais alta relevância, pois o


direito a verdadeira paternidade é fundamental e imprescritível, por ser inerente ao
Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana.

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Diante dos fatos, demonstra-se que todas as partes foram
levadas a erro. Desta feita, considerando o Princípio do Melhor interesse da criança
e o Princípio da dignidade da pessoa humana, requer a retificação da certidão de
nascimento do Requerente, alterando o campo filiação, retirando o nome do
Primeiro Requerido e incluindo o nome do Segundo Requerido.

IV – DOS PEDIDOS

Pelo exposto, considerando a pretensão do Requerente, requer


que seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a presente ação, e ao final, seja
expedido mandado de averbação ao Cartório de Registro Civil e Tabelionato de
Califórnia – PR, a fim de retificar a certidão de nascimento do Requerente, alterando
no campo filiação, retirando o nome do Primeiro Requerido e incluindo o nome do
Segundo Requerido, qual seja “ANDRÉ NEEMIAS DE SOUSA DE PAULA”.

Ainda requer:

a) Citação do Primeiro Requerido por meio de expedição de


carta precatória, para o fórum de Florianópolis, Estado de
Santa Cataria, localizado no endereço Rua Álvaro Millen da
Silveira, nº 208, Centro, CEP: 88.020-901, na cidade de
Florianópolis - SC, em conformidade com o disposto no art.
246, I do CPC/15, a fim de contestar, se houver interesse, ou
que recaia aos efeitos da revelia, se nada fizer;

b) Citação do Segundo Requerido, no endereço que reside


na Rua Amazonas, nº 303, Jd. Ponta Grossa, na cidade de
Apucarana, Estado do Paraná, em conformidade com o
disposto no art. 246, I do CPC/15, a fim de contestar, se
houver interesse, ou que recaia aos efeitos da revelia, se nada
fizer

c) Deferimento da Gratuidade de Justiça ao Requerente, com


base no art. 98 do CPC/15 e na Lei nº 1060/50;

Telefone: 43 9 9984-0653 / E-mail: laiz_modesto@hotmail.com


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d) A intimação do ilustre representante do Ministério Público
para intervir no feito como fiscal da lei, nos termos do art.
178, II, do CPC/15;

e) A condenação do Requerido ao pagamento de custas


processuais e honorários sucumbenciais.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidas, além dos documentos que ora junta, depoimento pessoal do
requerido, sob pena de confesso e também da oitiva de testemunhas arroladas
oportunamente, bem como as que se fizerem necessários.

Dá-se a presente causa o valor de R$ 1.320,00 (Mil trezentos e


vinte reais), para todos os efeitos legais.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Apucarana/Marilândia do Sul, 23 de julho de 2023.

LAIZ CRISTINA MODESTO


OAB/PR 99.465

Telefone: 43 9 9984-0653 / E-mail: laiz_modesto@hotmail.com


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