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PROJUDI - Processo: 0801870-98.2023.8.23.0010 - Ref. mov. 1.

1 - Assinado digitalmente por Lenir Rodrigues Santos


24/01/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE RORAIMA


“Amazônia: Patrimônio dos brasileiros”

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA DE FAMÍLIA, SUCESSÕES,

Validação deste em https://projudi.tjrr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJYH8 FJUPA QGCL8 LPJBB


ÓRFÃOS, INTERDITOS E AUSENTES DA COMARCA DE BOA VISTA-RR.

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006


BRENO GABRIEL FLÔR BENA, brasileiro, solteiro, , portador do CPF nº.
033.594.322-58, sem endereço eletrônico, residente e domiciliado na Rua Endereço: Rua CC-12 ; Bairro Laura
Moreira, nesta cidade, CEP: 69.318-120, telefone (95)99176-0844, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa.,
pela DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE RORAIMA, por meio de sua Defensora Pública abaixo assinada,
ajuizar, com fulcro na Lei 8.560/92 e art. 227, Parágrafo 6º, da CF/88, a presente:

AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE

em desfavor de AGHATA PIETRA RODRIGUES DO NASCIMENTO BENA, menor impúbere, representado por
sua genitora Srª. THAYÇA RODRIGUES DO NASCIMENTO, brasileira, solteira portadora do RG nº. 553397-0
SSP/RR e do CPF não informado, endereço eletrônico ignorado, residente e domiciliada na Região do Apiaú,
vicinal 02, no Município de Mucajaí/RR, ou pelo endereço de sua genitora, na Rua Amapá , n° 457, Bairro dos
Estados, telefone (95) 9123-9768, pelas razões de fato e de direito aduzidas a seguir:

I - DOS FATOS

A Srª. THAYÇA RODRIGUES DO NASCIMENTO e o requerente Srº. BRENO GABRIEL FLÔR


BENA mantiveram um relacionamento amoroso em 2019. Nesse período a representante da menor engravidou,
resultando no nascimento do infante AGHATA PIETRA RODRIGUES DO NASCIMENTO BENA, no dia 30 de
setembro de 2019.

Ressalte-se que Srª. Thayça sempre afirmou que o menor era filha do requerido, alegando não ter
mantido relacionamento amoroso com outra pessoa durante todo o período pré-gravidez. Dessa forma,
pressionado pela genitora da menor, e acreditando ser o pai do infante, o requerido a registrou, conforme
certidão de nascimento anexa.

D e fe ns o ria P ú b lic a d o E s ta d o d e R o ra im a
A ve n id a S e b a s tião D iniz, n º 1 1 6 5 , C e n tro
C E P : 6 9 3 01 -0 4 0 B o a V is ta – R R
T e le fo ne s : 2 1 2 1 -4 7 5 0
PROJUDI - Processo: 0801870-98.2023.8.23.0010 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Lenir Rodrigues Santos
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Entretanto, 02 (dois) anos após o nascimento da menor, o requerido e a mãe da infante
concordaram em submeter-se a exame de DNA, face a dúvidas quanto a semelhança da menor. Nesse sentido,

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006


ambos compareceram ao laboratório, restando efetivado o mencionado exame, que concluiu pela negativa de
paternidade do Autor, conforme documento anexo.

Cumpre ressaltar ainda que, desde a data da ciência do exame, dia 15 de julho de 2022, o
demandante e a menor não mantiveram nenhum contato, de forma que não existe entre a infante e o requerente
qualquer vínculo afetivo, por não ter havido entre ambos a convivência efetiva no período posterior ao ano de
2006, não configurada, no presente caso, a paternidade sócio afetiva.

Destaca-se ainda que, apesar do exame em DNA concluir pela inexistência de vinculo biológico
entre a menor e o requerente, o demandante não procurou a prestação jurisdicional, pois concluiu que apenas o
exame de DNA seria o suficiente para excluir sua paternidade, fato que demonstra seu total desconhecimento
técnico-jurídico.

No mais, informe-se que o Autor desconhece a identidade do pai biológico da menor.

Conforme o artigo 319, inciso VII, do CPC, o requerente não possui interesse na audiência de
conciliação/mediação.

II - DO DIREITO

Existe previsão de impugnação da paternidade estipulada em registro, em casos específicos, de


acordo com os artigos 1.604 e 1.615 do CC, que assim estatuem, in verbis:

“Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do


registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do
registro (grifo nosso)”.

“Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, pode


contestar a ação de investigação de paternidade, ou maternidade”.

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O artigo 113 da Lei 6.015/73, por seu turno, prevê que:

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“Art. 113. As questões de filiação legítima ou ilegítima serão decididas
em processo contencioso para anulação ou reforma de assento”.

No caso em análise, percebe-se que o registro do infante feito pelo requerente ocorreu
quando o mesmo entendia ser a genitora da menor, uma vez que seu relacionamento com a genitora do mesmo
antecedeu o nascimento da criança, além da genitora do menor ter afirmado haver mantido relacionamento
amoroso exclusivo com o Autor, fatos que o levaram a se posicionar como genitor da infante. Nesse sentido,
resta claro a ocorrência de erro no registro do infante em tela, o que fundamenta a presente demanda.

Por fim, para que o requerente possa beneficiar-se da prestação jurisdicional in casu, de
forma a ser negada a paternidade do menor em análise, é necessário que não exista relacionamento afetivo com
o infante, de maneira a descaracterizar-se uma possível paternidade socioafetiva. Nesse ínterim, como já dito
anteriormente, destaca-se que inexiste relação afetiva entre a menor e o requerente.

Corroborando referido entendimento, apresentam-se os seguintes julgados:

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE.


Comprovado o falso juízo de paternidade, a ausência de liame
biológico, bem como a falta de vínculo afetivo, deve ser excluída a
paternidade. DERAM PROVIMENTO AO APELO. (Apelação Cível Nº
70063310452, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Alzir Felippe Schmitz, Julgado em 23/04/2015).

DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE.


EXAME DE DNANEGATIVO. RECONHECIMENTO DE
PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. IMPROCEDÊNCIADO PEDIDO. 1.
Em conformidade com os princípios do Código Civil de 2002 e da
Constituição Federal de 1988, o êxito em ação negatória de
paternidade depende da demonstração, a um só tempo, da
inexistência de origem biológica e também de que não tenha sido

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constituído o estado de filiação, fortemente marcado pelas

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relações socioafetivas e edificado na convivência familiar. Vale dizer
que a pretensão voltada à impugnação da paternidade não pode
prosperar, quando fundada apenas na origem genética, mas em

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aberto conflito com a paternidade socioafetiva. 2. No caso, as
instâncias ordinárias reconheceram a paternidade socioafetiva (ou a
posse do estado de filiação), desde sempre existente entre o autor e
as requeridas. Assim, se a declaração realizada pelo autor por
ocasião do registro foi uma inverdade no que concerne à origem
genética, certamente não o foi no que toca ao desígnio de
estabelecer com as então infantes vínculos afetivos próprios do
estado de filho, verdade em si bastante à manutenção do registro
de nascimento e ao afastamento da alegação de falsidade ou erro. 3.
Recurso especial não provido.

Deste modo, restando claro que os pedidos ora formulados encontram respaldo legal e
jurisprudencial, pede o autor a procedência da presente ação, visando a exclui o seu nome e dos genitores do
assento de nascimento da menor.

III - DO PEDIDO

Ante o exposto, e por estarem presentes os requisitos legais para a propositura da presente ação,
requer o autor:

a) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita nos termos do artigo 98 e seguintes do Código
de Processo Civil, vez que o Requerente não pode arcar com custas processuais e honorários advocatícios sem
prejuízo de seu próprio sustento e de sua família;

b) Intimação do ilustre representante do Ministério Público Estadual;

c) A citação da menor, por sua representante THAYÇA RODRIGUES DO NASCIMENTO,


obedecendo aos prazos legais, para comparecer a Audiência de Conciliação, a ser designada por Vossa
Excelência, nos termos do art. 334, do CPC, e querendo, ofereça resposta no prazo legal;

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d) Seja julgada procedente a presente demanda, declarando NÃO ser o Autor pai da menor

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AGHATA PIETRA RODRIGUES DO NASCIMENTO BENA;

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006


e) A retirada/modificação do sobrenome BENA na certidão de nascimento da requerida.

f) A dispensa de audiência de conciliação/mediação nos termos do artigo 319, inciso VII, do CPC

Julgados procedentes os pedidos, requer a expedição de mandado de averbação ao competente


Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais, a fim de que seja retirado do respectivo assento de nascimento
do menor o nome do requerente e de seus avós paternos;

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, em especial pela
juntada de novos documentos, depoimento pessoal da parte adversa e oitiva das testemunhas adiante arroladas.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.302,00 (mil trezentos e dois reais).

Termos em que, pede deferimento.

Boa Vista-RR, data do sistema.

LENIR RODRIGUES SANTOS


Defensora Pública Estadual
OAB/RR 333
(assinado eletronicamente - Lei 11.419/2006)

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