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Contratos de consumo e
conexidade contratual
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• Dignidade da pessoa humana


• Autonomia privada e
consensualismo
• Força obrigatória do contrato
Princípios (pacta sunt servanda)
• Relatividade subjetiva dos efeitos
fundamentais do contrato
Revisão dos contratos ou
do Direito •
onerosidade excessiva
Boa-fé e probidade
Contratual •
• Supremacia da ordem pública e
função social do contrato
• Proibição de venire contra factum
proprium
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• Boa-fé;
• Informação;
• Cooperação; Deveres
• Eficiência e agilidade;
• Mitigação dos próprios anexos nas
prejuízos (duty to mitigate
the loss); relações
• Sigilo, proteção de dados;
• …
contratuais
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Conexidade contratual
“entender as coisas sistematicamente significa, literalmente, colocá-
las dentro de um contexto, estabelecer a natureza das suas relações.”

Fritjof Capra
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Do contrato ilhado,
para o arquipélago.
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“é, por conseguinte, na presença de um tal


caso, quando um ou mais negócios
relacionam-se economicamente ou
teleologicamente a um ou outros negócios
conexos.”

Michele Giorgianni, 1937


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“o fenômeno do coligamento, ou conexão,


entre contratos ocorre quando um contrato
apresenta um certo nexo com um outro: há
ligação quando se tem, como ponto de
referência, o primeiro contrato, que [por sua
vez] tem, como ponto de referência, o
segundo.”

Francesco Messineo, 1962


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"O enfoque não pode ser o contrato,


mas sim a interação de um grupo de
contratos que atuam de forma
relacionada, sendo o contrato o
instrumento para a realização de
negócios."

Ricardo Luis Lorenzetti


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ARTIGO 1.073: HÁ CONEXIDADE QUANDO DOIS OU MAIS CONTRATOS


AUTÔNOMOS ESTÃO VINCULADOS ENTRE SI POR UMA FINALIDADE
ECONÔMICA COMUM PREVIAMENTE ESTABELECIDA, DE MODO QUE UM
DELES TENHA SIDO DETERMINANTE DO OUTRO PARA A CONSECUÇÃO DO
RESULTADO PRETENDIDO. ESTA FINALIDADE PODE SER ESTABELECIDA PELA
LEI, EXPRESSAMENTE PACTUADA OU DERIVAR DA INTERPRETAÇÃO.

ARTIGO 1.074: OS CONTRATOS CONEXOS DEVEM SER INTERPRETADO UNS


POR MEIO DOS OUTROS, ATRIBUINDO-LHES O SENTIDO APROPRIADO QUE
SURGE DO GRUPO DE CONTRATOS, DE SUA FUNÇÃO ECONÔMICA E DO
Código CivilPRETENDIDO.
RESULTADO da Nação Argentina
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SE UM CONTRATO DE COMPRA E VENDA IMOBILIÁRIO É CELEBRADO SOB A


CONDIÇÃO SUSPENSIVA DE OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTO TOTAL OU
PARCIAL, NA HIPÓTESE DE NÃO OBTENÇÃO DO CRÉDITO QUALQUER VALOR
PAGO ANTECIPADAMENTE PELO COMPRADOR PARA A OUTRA PARTE OU EM
NOME DESTE ÚLTIMO É IMEDIATAMENTE E TOTALMENTE REEMBOLSÁVEL,
SEM PENALIDADE OU COMPENSAÇÃO A ALGUNS A QUE TÍTULO FOR.

Artigo L312-16 do Code de la consommation


(Version consolidée au 21 mai 2016)
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Coligação e conexidade:
finalidade supracontratual comum
• Os contratos coligados mantêm as suas • Conexidade é “o fenômeno operacional
individualidades e incidem, paralela e econômico de multiplicidade de
conjuntamente, sobre a mesma relação vínculos, contratos, pessoas e
jurídica básica. Não há nexo de operações para atingir um fim
acessoriedade entre eles, mas sim de econômico unitário e nasce da
interdependência. especialização das tarefas produtivas,
da formação redes de fornecedores no
mercado e, eventualmente, da vontade
Paulo Luiz Netto Lôbo das partes.”

Claudia Lima Marques


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Inicialmente, esclareça-se que o microssistema normativo do CDC conferiu ao consumidor o direito de demandar contra
quaisquer dos integrantes da cadeia produtiva com o objetivo de alcançar a plena reparação de prejuízos sofridos no curso da
relação de consumo. Ademais, a regra do art. 18 do CDC, ao regular a responsabilidade por vício do produto, deixa expressa a
responsabilidade solidária entre todos os fornecedores integrantes da cadeia de consumo. [...]

NA HIPÓTESE ORA EM ANÁLISE, NÃO SE TRATA DE INSTITUIÇÃO


FINANCEIRA QUE ATUA COMO "BANCO DE VAREJO" - APENAS
CONCEDENDO FINANCIAMENTO AO CONSUMIDOR PARA AQUISIÇÃO
DE UM VEÍCULO NOVO OU USADO SEM VINCULAÇÃO DIRETA COM O
FABRICANTE -, MAS SIM DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE ATUA
COMO "BANCO DE MONTADORA", ISTO É, QUE INTEGRA O MESMO
GRUPO ECONÔMICO DA MONTADORA QUE SE BENEFICIA COM A
VENDA DE SEUS AUTOMÓVEIS, INCLUSIVE ESTIPULANDO JUROS MAIS
BAIXOS QUE A MÉDIA DO MERCADO PARA ESSE SEGMENTO PARA
ATRAIR O PÚBLICO CONSUMIDOR PARA OS VEÍCULOS DA SUA MARCA.
É EVIDENTE, ASSIM, QUE O BANCO DA MONTADORA FAZ PARTE DA
MESMA CADEIA DE CONSUMO, SENDO TAMBÉM RESPONSÁVEL PELOS
VÍCIOS OU DEFEITOS DO VEÍCULO OBJETO DA NEGOCIAÇÃO.

STJ - REsp 1.379.839-SP, Rel. originária Min. Nancy Andrighi, Rel. para Acórdão Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 11/11/2014, DJe 15/12/2014.
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CDC atualizado pela Lei


nº 14.181/2021
Art. 54-F. São conexos, coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato principal de fornecimento
de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que lhe garantam o financiamento quando o
fornecedor de crédito: (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
I - recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a conclusão do contrato de
crédito; (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
II - oferecer o crédito no local da atividade empresarial do fornecedor de produto ou serviço financiado ou onde o
contrato principal for celebrado. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
§ 1º O exercício do direito de arrependimento nas hipóteses previstas neste Código, no contrato principal ou no
contrato de crédito, implica a resolução de pleno direito do contrato que lhe seja conexo. (Incluído pela Lei nº
14.181, de 2021)
§ 2º Nos casos dos incisos I e II do caput deste artigo, se houver inexecução de qualquer das obrigações
e deveres do fornecedor de produto ou serviço, o consumidor poderá requerer a rescisão do contrato
não cumprido contra o fornecedor do crédito. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
§ 3º O direito previsto no § 2º deste artigo caberá igualmente ao consumidor: (Incluído pela Lei nº 14.181, de
2021)
I - contra o portador de cheque pós-datado emitido para aquisição de produto ou serviço a prazo; (Incluído
pela Lei nº 14.181, de 2021)
II - contra o administrador ou o emitente de cartão de crédito ou similar quando o cartão de crédito ou similar e o
produto ou serviço forem fornecidos pelo mesmo fornecedor ou por entidades pertencentes a um mesmo grupo
econômico. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
§ 4º A invalidade ou a ineficácia do contrato principal implicará, de pleno direito, a do contrato de crédito que lhe
seja conexo, nos termos do caput deste artigo, ressalvado ao fornecedor do crédito o direito de obter do
fornecedor do produto ou serviço a devolução dos valores entregues, inclusive relativamente a
tributos. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)
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Diferenciação de preços e
Comércio Eletrônico
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Preços
diferenciados
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Decreto nº
5.903/2006,
ART. 9º CONFIGURAM INFRAÇÕES AO DIREITO regulamenta a Lei
BÁSICO DO CONSUMIDOR À INFORMAÇÃO
ADEQUADA E CLARA SOBRE OS DIFERENTES no 10.962, de 11
PRODUTOS E SERVIÇOS, SUJEITANDO O INFRATOR ÀS de outubro de
PENALIDADES PREVISTAS NA LEI NO 8.078, DE 1990,
AS SEGUINTES CONDUTAS: [...] 2004, e a Lei no
8.078, de 11 de
VII - ATRIBUIR PREÇOS DISTINTOS PARA O MESMO setembro de 1990.
ITEM;
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Diferenciação lícita
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Meio de pagamento Forma de pagamento

LEI Nº 13.455, DE 26 DE JUNHO DE 2017, Conversão da Medida Provisória nº 764, de 2016, dispõe sobre a
diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos ao público em função do prazo ou do instrumento de
pagamento utilizado, e altera a Lei no 10.962, de 11 de outubro de 2004.
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Contratos pela internet


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Decreto 7.962/2013
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Responsabilidade por fato e vício


do produto e do serviço
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Efetiva Art. 6º São direitos básicos do

prevenção
consumidor:

e reparação VI - a efetiva prevenção e reparação de


danos patrimoniais e morais, individuais,

de danos coletivos e difusos;


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Fato e vício do Produto


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FATO DO PRODUTO VÍCIO DO PRODUTO


Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem
estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. [...] § 6° São impróprios ao uso e consumo:
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados,
circunstâncias relevantes, entre as quais: corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em
desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
I - sua apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; destinam.
III - a época em que foi colocado em circulação. Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo
de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de
mensagem publicitária, [...]
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Fato e vício do Serviço


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FATO DO SERVIÇO VÍCIO DO SERVIÇO


Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,
riscos. alternativamente e à sua escolha:
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que [...]
o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as § 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os
circunstâncias relevantes, entre as quais: fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não
I - o modo de seu fornecimento; atendam as normas regulamentares de prestabilidade.
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido. Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do
técnicas. fornecedor de empregar componentes de reposição originais adequados e
[...] novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo,
quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor.
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FATO do Produto e do Serviço VÍCIO do Produto e do Serviço
(arts. 8 a 17) (arts. 18 a 25)

Proteção da saúde: incolumidade Proteção do patrimônio:


psico-física interesses econômicos

Insegurança: Inadequação:
dever de segurança dever de adequação

Violação da confiança, legítima


Acidentes de consumo, defeitos
expectativa

Toda pessoa física ou jurídica


Equiparam-se aos consumidores que adquire ou utiliza produto
todas as vítimas do evento ou serviço como destinatário
(art. 17). final.
(art. 2)
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Responsabilidade do comerciante

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável,


nos termos do artigo anterior, quando: Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o único deste código, a ação de regresso
importador não puderem ser identificados; poderá ser ajuizada em processo autônomo,
II - o produto for fornecido sem identificação
clara do seu fabricante, produtor, construtor ou facultada a possibilidade de prosseguir-se nos
importador; mesmos autos, vedada a denunciação da lide.
III - não conservar adequadamente os
produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o
pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito Produtos in natura: art. 18, § 5º, CDC: será
de regresso contra os demais responsáveis, segundo responsável perante o consumidor o fornecedor
sua participação na causação do evento danoso. imediato, exceto quando identificado claramente
seu produtor.
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Responsabilidade do comerciante
A Terceira Turma do STJ, em fevereiro de 2018, ao
revisitar o tema da responsabilidade do fornecedor
em relação à disponibilização e prestação de serviço
• Uma nova de assistência técnica, reconheceu com base no art.
perspectiva do STJ 18, caput, e § 1º, do CDC o dever de o comerciante
“participar ativamente do processo de reparo,
intermediando a relação entre consumidor e
fabricante”, até mesmo porque o comerciante,
diferentemente do consumidor, possui uma relação
direta com o fabricante ou seu representante legal.

BRASIL. STJ. REsp 1.634.851/RJ, rel. Min. Nancy


Andrighi, 3ª Turma, j. 12.09.2017, DJe 15.02.2018.
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Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY


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Tutela do tempo
do consumidor
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 Particular;
O Tempo é  Infungível;
um bem  Indisponível;
jurídico
 Incorpóreo;
de natureza sui
generis  Indivisível;
 Fora do comércio (classificação do CC/1916).

BERGSTEIN, Laís. O tempo do consumidor e o menosprezo planejado: o tratamento jurídico do


tempo perdido e a superação das suas causas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.
Menção Honrosa - 2019
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•DIREITO DO CONSUMIDOR E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


COMPENSAÇÃO DE DANOS MORAIS. CANCELAMENTO DE VOO DOMÉSTICO.
DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. 1. Ação de compensação de danos morais,
tendo em vista falha na prestação de serviços aéreos, decorrentes de
cancelamento de voo doméstico. 2. Ação ajuizada em 03/12/2015. Recurso
especial concluso ao gabinete em 17/07/2018. Julgamento: CPC/2015. 3. O
propósito recursal é definir se a companhia aérea recorrida deve ser condenada
a compensar os danos morais supostamente sofridos pelo recorrente, em razão

Polêmica:
de cancelamento de voo doméstico.
•4. Na específica hipótese de atraso ou cancelamento de voo operado por
companhia aérea, não se vislumbra que o dano moral possa ser presumido
em decorrência da mera demora e eventual desconforto, aflição e
transtornos suportados pelo passageiro. Isso porque vários outros fatores

RESP.1.796
devem ser considerados a fim de que se possa investigar acerca da real
ocorrência do dano moral, exigindo-se, por conseguinte, a prova, por parte
do passageiro, da lesão extrapatrimonial sofrida.
•5. Sem dúvida, as circunstâncias que envolvem o caso concreto servirão de
baliza para a possível comprovação e a consequente constatação da ocorrência

.716
do dano moral. A exemplo, pode-se citar particularidades a serem observadas:
i) a averiguação acerca do tempo que se levou para a solução do problema, isto
é, a real duração do atraso; ii) se a companhia aérea ofertou alternativas para
melhor atender aos passageiros; iii) se foram prestadas a tempo e modo
informações claras e precisas por parte da companhia aérea a fim de amenizar
os desconfortos inerentes à ocasião; iv) se foi oferecido suporte material
(alimentação, hospedagem, etc.) quando o atraso for considerável; v) se o
passageiro, devido ao atraso da aeronave, acabou por perder compromisso
inadiável no destino, dentre outros. 6. Na hipótese, não foi invocado nenhum
fato extraordinário que tenha ofendido o âmago da personalidade do
recorrente. Via de consequência, não há como se falar em abalo moral
indenizável. 7. Recurso especial conhecido e não provido, com majoração de
honorários.
•(STJ - REsp 1.796.716/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 27/08/2019, DJe 29/08/2019)
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Liberdade de Direito à
expressão privacidade Tutela do
tempo

Direito de Função
propriedade social Outros
interesses
sociais
Direito à Reserva do
saúde possível
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A caracterização in re
ipsa significa que, uma
vez provado o fato lesivo,
demonstrado estará, ipso
facto, o dano moral.
OLIVA, Milena Donato. Dano moral e inadimplemento
contratual nas relações de consumo. São Paulo,
Revista de Direito do Consumidor, v. 93, p. 13-28,
maio/jun. 2014.
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Dever de
indenizar:

BERGSTEIN, Laís. O tempo do consumidor e o menosprezo planejado: o tratamento jurídico do


tempo perdido e a superação das suas causas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.
Menção Honrosa - 2019
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Menosprezo
Planejado
Fundamento do dever de reparar
Haftungsgrundlage

Análise da CONDUTA DO FORNECEDOR

Tempo do
consumidor

Menção Honrosa - 2019


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o tempo do
Menosprezo
consumidor deve
planejado?
ser respeitado!
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Menosprezo planejado
O tempo do consumidor poderia ter sido poupado
O consumidor ou a sua demanda foram
menosprezados pelo fornecedor? pelo fornecedor com instrumentos para aumentar
a segurança das contratações?
• O menosprezo reside na desvalorização
do tempo e dos esforços travados pelo • Ao implementar sistemas morosos e deixar de
consumidor em uma relação jurídica de investir adequadamente na cadeia produtiva o
consumo, em qualquer de suas fases, fornecedor transfere ao consumidor o ônus
seja para resolução de um vício do decorrente de sua inércia, ou melhor dizendo,
produto ou do serviço, seja para
compreender as instruções técnicas os riscos inerentes à sua própria atividade. E tal
inadequadamente apresentadas, por conduta desidiosa pode gerar danos.
exemplo.

BERGSTEIN, Laís. O tempo do consumidor e o menosprezo planejado: o tratamento jurídico do


tempo perdido e a superação das suas causas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.
Menção Honrosa - 2019
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Aferição do dano na 3ª Turma do STJ

STJ - REsp 1.584.465/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,


julgado em 13/11/2018, DJe 21/11/2018
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1. A prévia implementação de medidas concretas para a
prevenção de danos aos consumidores (art. 6º, VI, CDC)
compatíveis com o porte da empresa;
2. A disponibilização de canais e meios para receber e
registrar a reclamação adequados ao público-alvo do

Possíveis
fornecedor e a adesão voluntária a programas alternativos
de resolução de conflitos;
3. Os investimentos em estruturação e treinamento para
atendimento às demandas dos consumidores, em

Critérios
proporção compatível com o desempenho da empresa;
4. O tempo de espera para atendimento ao consumidor que
possui uma demanda ou reclamação, assim como se houve
ou não violação aos critérios estabelecidos pelo Decreto do
SAC ou pelas agências reguladoras;
5. O tempo de resposta do fornecedor no caso, analisando-se
a proporcionalidade entre o grau de dificuldade da
diligência e o tempo até a resolução definitiva do
problema;
6. A ocorrência de situações extremas, desastres naturais ou
outras catástrofes, que não se confundem com os riscos da
atividade (fortuito interno), mas que tornaram o atraso da
prestação inevitável.

BERGSTEIN, Laís. O tempo do consumidor e o menosprezo planejado: o tratamento jurídico do


tempo perdido e a superação das suas causas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.
Menção Honrosa - 2019
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“A concentração não é apenas no valor


(quantificação) ‘do tempo do consumidor’,
mas na programação, planejamento, controle
exercido pelos fornecedores que permite não
cumprir com seus deveres de boa-fé de
prevenir, cooperar e reparar os danos
causados aos consumidores (fundamento do
dever de reparar, ‘Haftungsgrundlage’.)”

Da apresentação,
de Claudia Lima Marques

BERGSTEIN, Laís. O tempo do consumidor e o menosprezo planejado: o tratamento jurídico do


tempo perdido e a superação das suas causas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.
Menção Honrosa - 2019
BRASIL. TJBA. AP 0000303-45.2014.8.05.0216. Salvador. Segunda Câmara
Cível. Relª Desª Lisbete Maria Teixeira Almeida Cézar Santos. Julg.
02/08/2016. DJBA 08/08/2016.
BRASIL. TJDF. Rec 2013.01.1.116440-4. Ac. 765.495.Primeira Turma
Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal. Rel. Juiz Leandro Borges
de Figueiredo. DJDFTE 13/03/2014. Pág. 270.
BRASIL. TJMA. Rec 0006588-93.2013.8.10.0040. Ac. 148994/2014. Segunda
Câmara Cível. Rel. Des. Antonio Guerreiro Júnior. Julg. 24/06/2014. DJEMA
27/06/2014.
BRASIL. TJPR. 10ª C.Cível. AC. 1055184-7. Curitiba. Rel.: Arquelau Araujo
Ribas. Unânime. J. 07.11.2013.
BRASIL. TJRJ. APL 0080014-13.2007.8.19.0004. Vigésima Quinta Câmara
Cível. Relª Desª Isabela Pessanha Chagas. Julg. 18/12/2014. DORJ
07/01/2015.
BRASIL. TJRS. Rec. Cível 20632-03.2013.8.21.9000. Bento Gonçalves.
Terceira Turma Recursal Cível. Rel. Des. Fábio Vieira Heerdt. Julg.
30/01/2014. DJERS 06/02/2014
BRASIL. TJSC. Apelação Cível n. 2016.018377-4, de Araranguá, Rel. Des.
Henry Petry Junior, j. 25-04-2016.
BRASIL.TJSP. APL 0007852-15.2010.8.26.0038. Ac. 7182456. Araras. Quinta
Câmara de Direito Privado. Rel. Des. Fábio Podestá. Julg. 13/11/2013. DJESP
28/11/2013.
BRASIL. TJBA. AP 0000303-45.2014.8.05.0216. Salvador. Segunda Câmara
Cível. Relª Desª Lisbete Maria Teixeira Almeida Cézar Santos. Julg.
02/08/2016. DJBA 08/08/2016.
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