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DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO:

LESÃO
DOCENTE: ADERSON NIKOLAS
DISCENTE: ELANE GOMES DOS SANTOS PEREIRA
PERÍODO: 2º
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E JURÍDICA - FACMED
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: LESÃO

O que é negócio jurídico? De maneira geral, trata-se de fatos jurídicos


dependentes da vontade humana, tanto para sua formação quanto para
produção de efeitos, como, por exemplo, os contratos de maneira geral ou
os testamentos.

Vício ou defeito é tudo o que macula o negócio jurídico, o que acarreta na sua
anulação. De acordo com a extensão deste vício, sua nulidade pode ser
absoluta ou relativa. Em se tratando de vício, existem duas modalidades: a)
Vícios da vontade (ou vícios de consentimento): erro, dolo, coação, estado de
perigo e lesão. b) Vícios sociais: fraude contra credores e simulação.
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: LESÃO

Dispõe o Código Civil brasileiro de 2002:

Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.

§ 1º. Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo


em que foi celebrado o negócio jurídico.

§ 2º. Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente,


ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: LESÃO

DE MANEIRA SIMPLIFICADA:

A lesão é um vício da vontade do negócio jurídico que se caracteriza pela obtenção de


um lucro exagerado por se valer uma das partes da inexperiência ou necessidade
econômica da outra. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob preeminente
necessidade, ou inexperiência, se obriga à prestação manifestamente
desproporcional ao valor da prestação oposta, sendo que a avaliação dessa
desproporção será feita segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado.
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: LESÃO

Do programa normativo estatuído no artigo 157 do Código Civil, a grande


maioria da doutrina civilista extrai três elementos para a caracterização
do negócio lesivo, segundo o destaque de Arnaldo Rizzardo:

I - a desproporção entre as prestações;


II - a necessidade e a inexperiência;
III - a exploração por parte do lesionante.
Análise dos elementos da lesão: A premente necessidade

A premente necessidade condiciona – de forma determinante e imediata – o ingresso da


parte em certo negócio jurídico, por estar sujeita a uma situação que lhe impede de escapar
da contratação em virtude de circunstâncias pessoais desfavoráveis.

Veja-se o esclarecedor exemplo fornecido por Caio Mario da Silva Pereira:

A necessidade, de que a lei fala, não é a miséria, a insuficiência habitual de meios para promover
à subsistência própria ou dos seus. Não é a alternativa entre a fome e o negócio. Deve ser a
necessidade contratual. Ainda que o lesado disponha de fortuna, a necessidade se configura na
impossibilidade de evitar o contrato. Um indivíduo pode ser milionário. Mas, se num momento
dado ele precisa de dinheiro de contado, urgente e insubstituível, e para isto dispõe de um
imóvel a baixo preço, a necessidade que o leva a aliená-lo compõe a figura da lesão. (...) A
necessidade contratual não decorre da capacidade econômica ou financeira do lesado, mas da
circunstância de não poder ele deixar de efetuar o negócio.
Análise dos elementos da lesão: A inexperiência contratual

A inexperiência surge de uma situação de desigualdade que existe entre as partes. Um é


forte e profundo conhecedor do que está contratando; é o expert, o profissional; o outro é
frágil, profano, que não tem aquele conhecimento técnico qualificado para contratar algo
que, por suas particularidades, torna-o incapaz de compreender a extensão do ato.

Caio Mário da Silva Pereira[8], dando maior amplitude à conceituação de inexperiência, leciona que
"também inexperiência não quer dizer incultura, pois que um homem erudito, letrado, inteligente,
muitas vezes se acha, em contraposição com o co-contratante arguto, na situação de não perceber
bem o alcance do contrato que faz, por escapar aquilo à sua atividade comum". E também refere
acerca da inexperiência geral e da contratual, sendo que a primeira decorre "do grau modesto de
desenvolvimento" e a segunda "se aferirá em relação à natureza da transação" e no tocante "à
pessoa da outra parte"[9].
Análise dos elementos da lesão: A inexperiência contratual

Vale ressaltar, que referida inexperiência não é estática e imutável, devendo sempre ser
analisada por ocasião de cada nova negociação, e em virtude do objeto da prestação que
o envolve.

Logo, a inexperiência, a exemplo da premente necessidade, deve ser analisada em dado


momento, naquelas exatas condições de formação do negócio jurídico, já que é
absolutamente plausível que o sujeito, com o passar do tempo, deixe de conjugar dos
fatores de premente necessidade ou inexperiência que lhe perseguiam, estando apto, no
futuro, a ingressar em negócios que serão válidos e dos quais se afastará a anulabilidade
pela presença da lesão.
Análise dos elementos da lesão: Manifesta desproporção entre as contraprestações

Num primeiro momento, para que se verifique o elemento objetivo, basta a averiguação
de que uma das partes contratantes esteja sujeita a uma prestação manifestamente
desproporcional ao valor da contraprestação. De um lado, um dos contratantes
incorpora ao seu patrimônio vantagem excessiva; do outro, a parte adversa aceita
ingressar em negócio que lhe provocará grave prejuízo, apenas diante de sua premente
necessidade ou inexperiência, que vicia sobremaneira sua vontade, e, bem por isso, dá
causa à anulação da relação jurídica ou à complementação do preço, o que implicará na
conservação do contrato.
Análise dos elementos da lesão: Manifesta desproporção entre as contraprestações

Nesse sentido, Humberto Theodoro Júnior[13] comenta que:

Não se pode exigir uma absoluta igualdade na equação contratual, porque no comércio
jurídico é natural procurar-se o lucro que só é atingível se um dos contratantes exigir
uma certa vantagem sobre o outro. O intolerável é a exorbitância do lucro, por meio de
imposições que representem a exploração desonesta de uma parte sobre outra.

Assim, a desproporção deve ser – consoante previsão legal – manifesta, sob pena de
ser entendida como o justo lucro advindo da negociação, sendo certo que não é este
que a lei visa coibir, não viciando o negócio. Em verdade o elemento objetivo da lesão
não reside na desigualdade das prestações, mas sim na manifesta, aguda, demasiada
desproporção entre elas, que, presente, torna anulável o negócio jurídico.
EXIGÊNCIAS PARA APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA LESÃO
4.1 Pressuposto
O pressuposto para aplicação do Instituto da Lesão, entendido in casu como aquilo que
é necessário “existir antes”, ou ainda, “pré-existir”, é que a lesão tenha ocorrido num
contrato. Sendo que por contrato entendemos o negócio jurídico por meio do qual duas
ou mais pessoas criam, modificam, conservam ou extinguem direitos.

Não coadunamos com a idéia de que basta a existência de um “negócio jurídico”, no


sentido amplo, eis que abrangeria também as declarações unilaterais como
testamentos e codicilos, figuras nas quais não se aplica o Instituto da Lesão.
EXIGÊNCIAS PARA APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA LESÃO
4.1 Pressuposto
Por outro lado, também é certo que o termo “contrato” é genérico, existindo diversas
espécies nas quais não se aplica o Instituto da Lesão, tais como os contratos gratuitos e
até os unilaterais. Portanto, melhor é dizer que esse Instituto aplica-se aos contratos
bilaterais, onerosos e, a princípio, nos comutativos, pois há corrente que sustenta sua
aplicação também aos contratos aleatórios.

Em que pesem os exemplos comumente fazerem referência a casos de compra e venda, o


Instituto da Lesão se aplica a inúmeros outros contratos, desde que estejam presentes
todos os seus elementos e requisitos caracterizadores.
EXIGÊNCIAS PARA APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA LESÃO
4.1 Pressuposto

Também não se restringe esse Instituto aos contratos de execução instantânea, sendo
perfeitamente cabível nos de execução continuada e diferida. É o que ocorre no caso do
contrato de locação, de prestação de serviços, de empreitada e de mútuo.

Há os casos de contratos que por natureza são gratuitos (nesses não se aplicam porque,
em geral, são unilaterais), mas que admitem estipulação de remuneração, hipótese em
que passam a admitir a anulação ou revisão em face da Lesão. É o caso dos contratos de
depósito, de fiança e de mandato remunerados.

EXIGÊNCIAS PARA APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA LESÃO


4.1 Pressuposto

Entretanto, é evidente que nesses contratos (locação, prestação de serviços, fiança,


empreitada, depósito e mandato remunerados) fica certamente mais rara a presença dos
elementos e o preenchimento dos requisitos para aplicação do Instituto da Lesão.

Enfim, o pressuposto para aplicação do Instituto da Lesão um contrato bilateral, oneroso e,


em regra, comutativo.
REFERÊNCIAS
https://henriquelima.com.br/instituto-da-lesao-no-codigo-
civil/#:~:text=A%20Les%C3%A3o%20ocorre%2C%20portanto%2C%20quando,ao%20valor%20da%20contrapresta%C3%
A7%C3%A3o%20pactuada.

SOUZA, Wendell Lopes Barbosa. A lesão como defeito do negócio jurídico. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 17, n. 3376, 28 set. 2012.
Disponível em: https://jus.com.br/artigos/22708. Acesso em: 30 abr. 2023.

A lesão como mecanismo de anulação e modificação das regras contratuais


14 de junho de 2017 | Leonardo Gomes de Aquino

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