Você está na página 1de 86

DIREITO

COMERCIAL III
CONTRATOS MERCANTIS
TÍPICOS
CONTRATOS – DEFINIÇÕES:

Marcus Cláudio Acquaviva: Do latim, contractus,


particípio de contrahere, contrair. Acordo de
vontades entre duas ou mais pessoas, sobre
objeto lícito e possível, com o fim de adquirir,
resguardar, modificar ou extinguir direitos.

Paulo Sérgio Restiffe: É a principal fonte de


obrigações, acordo de vontades com o fim de
estabelecer uma relação jurídica obrigacional.
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS MERCANTIS
(Prof. Marcelo Bertoldi)

ESPÉCIES DE CONTRATOS:
- Mercantis;
- Civis;
- Trabalhistas; e,
- Administrativos.
REGIMES JURÍDICOS:
- Código civil; e,
- Código de defesa do consumidor.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CONTRATOS
DISPOSTOS NO CÓDIGO CIVIL:

 Validade do negócio jurídico – art. 104;


 Eventuais defeitos – art. 138 e seguintes;
 Prescrição e decadência – art. 189 e seguintes;
 Princípio da função social do contrato – art. 421;
 Princípio da boa-fé objetiva – art. 422;
 Contratos de adesão – arts. 423 e 424;
 Formação de contratos – arts. 427 e seguintes;
 Vícios redibitórios – arts, 441 e seguintes;
 Evicção – arts. 447 e seguintes.
CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS
MERCANTIS:
 Caráter dinâmico versus caráter estático dos
contratos cíveis;
 Informalidade – para dar maior velocidade aos
contratos; e,
 Uniformização de procedimentos e normas
atinentes à atividade mercantil – para facilitar as
operações empresariais, tanto no âmbito
nacional, quanto no âmbito internacional.
PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS:

 Princípio da autonomia das vontades;


 Princípio do consensualismo ou do consentimento;
 Princípio da força obrigatória do contrato e de seus
efeitos – Pacta sunt servanda (cumpram-se os
contratos);
 Princípio da intangibilidade dos contratos –
impossibilita a alteração unilateral dos contratos;
 Princípio da relatividade dos contratos – vincula
apenas as partes que o celebram e restringe-se ao seu
objeto;
 Princípio da boa-fé; e,
 Princípio da função social do contrato.
Pacta sunt servanda x Rebus sic
stantibus
Rebus sic stantibus (mesmo estado das coisas) – Teoria da
imprevisão.
Excludente de obrigatoriedade dos contratos:
- Caso fortuito; e,
- Força maior.
Requisitos da teoria da imprevisão:
- Vigência do contrato de trato sucessivo;
- Alteração radical das condições objetivas no momento da
execução, em confronto com as condições do momento da
celebração do contrato;
- Imprevisibilidade da modificação;
- Onerosidade excessiva para um dos contratantes e benefício
exagerado para o outro.
ELEMENTOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
CONTRATUAL:

 Extrínsecos ou  Intrínsecos ou
pressupostos: requisitos:

1 – Capacidade; 1 – Consentimento;
2 – Legitimação ou aptidão 2 – Causa;
específica para 3 – Objeto; e,
contratar; 4 – Forma.
3 – Idoneidade do objeto.
FORMAÇÃO DO CONTRATO:

Formas e manifestação da vontade:


 Expressa: verbal, escrita ou simbólica;
 Tácita ou presumida;
Fases de contratação:
° Preliminar (atos preparatórios: opção, contrato
preliminar e acordo provisório);
° Decisória.
EXTINÇÃO DA RELAÇÃO CONTRATUAL:

 NORMAL – Através de  ANORMAL – Através de


sua execução: sua inexecução:

 Execução instantânea  Por causas anteriores


ou imediata; ou, ou contemporâneas à
formação do contrato, ou
vício na sua gênese -
que ensejam sua
extinção por anulação;
 Execução continuada ou  Por causas
periódica. supervenientes - que
ensejam sua dissolução.
GARANTIAS CONTRATUAIS:

 As garantias, como formas jurídicas de prevenção de risco de inadimplemento ou insolvência


do devedor, tem dúplice objetivo:

1 – Reforçar o cumprimento das operações de crédito; e,


2 – Minimizar o risco de inadimplemento.

TIPOS DE GARANTIAS:

Pessoais ou fidejussórias:

1 – Aval; e,
2 – Fiança.

Reais:

1 – Hipoteca – arts. 1.473 á 1.505 do CC/02;


2 – Penhor – arts. 1.431 à 1.472 do CC/02; e,
3 – Anticrese – arts. 1.506 à 1.510 do CC/02.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

QUANTO À FUNÇÃO ECONÔMICA OS CONTRATOS PODEM SER:

 CONTRATOS DE TROCA – São aqueles que ensejam a


circulação de riquezas e implicam no deslocamento de patrimônio;

 CONTRATOS DE COLABORAÇÃO OU
COOPERAÇÃO – São aqueles que implicam o concurso de
atividades independentes;

 CONTRATOS DE PREVENÇÃO – São aqueles que visam


a cobertura dos riscos a que as pessoas e bens estão expostos; e,

 CONTRATOS DE CRÉDITO – São aqueles que visam


operacionalizar a obtenção de bem a ser restituído no futuro.
CONTRATOS DE TROCA:

 De compra e venda mercantil;


 De compra e venda a ermo em bolsa de
valores;
 De compra e venda internacional;
 De fornecimento;
 De alienação fiduciária de bens móveis;
 De arrendamento mercantil (leasing);
 De locação empresarial.
CONTRATOS DE COLABORAÇÃO OU
COOPERAÇÃO:

 De agência (representação comercial);

 De comissão mercantil;

 De distribuição;

 De concessão comercial;

 De franquia empresarial (franchising);

 De faturização (factoring).
CONTRATOS DE PREVENÇÃO DE RISCOS:

 De seguros;

 De previdência complementar;

 De capitalização.
CONTRATOS DE CRÉDITO (BANCÁRIOS):

Operações bancárias típicas ativas :

 De empréstimo bancário;
 De desconto;
 De antecipação bancária;
 De abertura de crédito;
 De vendor;
 De compor.

Operações bancárias típicas passivas :

 De depósito bancário;
 De redesconto;
 De conta corrente;

Operações bancárias acessórias:

 De cartão de crédito.
OUTROS CONTRATOS MERCANTIS:

 Contratos e propriedade industrial (ex:


transferência de tecnologia – know-how);

 Contratos de relação de consumo.


CONTRATOS DE TROCA:
COMPRA E VENDA MERCANTIL

LEGISLAÇÃO: arts. 481 à 504 do CC/02.

CONCEITO: É o contrato que ria obrigações para ambas as partes, sendo que um dos
contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa (o vendedor), e o outro,
em contraprestação, a pagar-lhe o preço em dinheiro ( o comprador).

ASPECTOS:

Subjetivos: relativo às partes, comprador e vendedor.

Objetivos: Relativos aos bens, que podem ser móveis ou semoventes, já que os bens
imóveis estão fora do âmbito do Direito comercial. Contudo, nem toda relação de
compra e venda envolvendo bens móveis ou semoventes é exclusivamente
empresarial.
Características:
O contrato de compra e venda mercantil é:

 Oneroso;

 Bilateral ou sinalagmático;

 Comutativos – no momento de sua conclusão as partes


conhecem o conteúdo de sua prestação;
 Consensual;

 Solene; e,

 Translativo de domínio.
ELEMENTOS DO CONTRATO:

 Acordo de vontades (consensus);


 Objeto (res) – deve ser lícito, possível e determinado ou
determinável – art. 104, inciso II, CC/02; e,
 Preço (pretium).

Características do preço:

1 – Deve ser sério, ou seja, não ser simulado, vil ou irrisório;


2 – Deve ser certo; e,
3 – Deve representar pecuniariedade.
OBRIGAÇÕES DOS SUJEITOS DA RELAÇÃO CONTRATUAL:

DO VENDEDOR:

 Entregar a coisa; e,
 Garantir a efetividade do direito sobre a coisa;

DO COMPRADOR:

 Pagar o preço.

Obs: O não pagamento enseja ao vendedor duas alternativas:

1 – cobrar o comprador para cumprir a obrigação pecuniária (execução);


2 – resolver contrato com a cobrança das perdas e dos danos.
CONTRATO DE CONSUMO
 O conceito de consumidor e fornecedor estão
nos arts. 02° e 03° do CDC (Lei n. °
8.078/1990), respectivamente;
 Equiparação à consumidor – art. 29;
 Princípio da transparência – art. 30, 46 e 17 –
Formação do contrato de consumo;
 Princípio da equidade – execução do contrato
de consumo.
 Cláusulas abusivas – art. 51;
 Contratos de adesão – art. 54.
CONTRATO DE FORNECIMENTO

CONCEITO – É modalidade de compra e


venda em que uma parte (fornecedora)
obriga-se a fornecer coisas, de forma
contínua e periódica, à outra
(compradora), que deve pagar o preço
correspondente estabelecido de forma
regular.
CARACTERÍSTICAS:

 Sinalagmático (bilateral);

 Oneroso; e,

 De execução continuada.

OBS: A repetição ou continuidade das


prestações é a principal característica do
contrato de fornecimento.
CONTRATO DE ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA EM GARANTIA
 Denominado pelo mercado de CDC – crédito
direto ao consumidor;
 Legislação:
 Lei n. ° 4.723, de 14/07/1965, introduziu a
alienação fiduciária em garantia no Direito
brasileiro, tendo sofrido alteração pela Lei n. °
10.931, de 02/08/2004 (que regula a alienação
fiduciária no âmbito exclusivo do mercado
financeiro e de capitais).
CONTINUAÇÃO DA LEGISLAÇÃO:

 Lei n. ° 4.864, de 29/11/1965 – Lei de estímulo


à indústria da construção civil, sob forma de
cessão fiduciária de crédito;
 Dec-lei n. ° 911, de 01/10/1969;
 Lei n. ° 9.514, de 20/11/1997 (Lei do SFI –
Sistema financeiro imobiliário), regula a
alienação fiduciária sobre bens imóveis;
 Arts. 1.361 à 1.368-A, do Código civil de 2002.
ELEMENTOS SUBJETIVOS:

 DEVEDOR = FIDUCIANTE = ALIENANTE

 CREDOR = FIDUCIÁRIO = FINANCIADOR

ELEMENTOS OBJETIVOS:
 FORMA; E

 OBJETO
...

“Atualmente, a alienação fiduciária tende a


constituir-se na mais importante garantia
ao desenvolvimento do crédito direto ao
consumidor final, bem como do marcado
mobiliário, inclusive do mercado
financeiro e de capitais, e, também
imobiliário.” (Paulo Sérgio Restiffe)
ELEMENTOS OBJETIVOS:
 Quanto à forma – Deve ser celebrado por
escrito, por instrumento público ou particular
(art. 1.361, CC/02);
 A forma por instrumento público não é da
essência do contrato de alienação fiduciária
em garantia sobre bens móveis;
 Elementos do contrato, art. 66-B, da Lei n. °
4.728/65;
 Registro, §1°, do art. 1.361, CC/02.
QUANTO AO OBJETO:
 Quanto à fungibilidade dos bens (art. 85,CC):
1) Sobre bens consumíveis e fungíveis (mútuo,
art. 586, CC/02);
2) Sobre bens infungíveis (regra inicial).

 Quanto à titularidade dos bens:


1) Sobre os bens a serem adquiridos pelo
devedor;
2) Sobre os bens do próprio devedor (para
capital de giro).
Elementos do contrato:

 Total da dívida ou sua estimativa;


 Local e data do pagamento;
 Taxa de juros;
 Cláusula penal (optativa);
 Descrição do bem; e,
 Elementos indispensáveis à sua
identificação.
O CONTRATO DE
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA:
 Prova-se somente por escrito, sendo
necessário seu registro para valer
perante terceiros, segundo entendimento
do STJ;
 Tem registro no cartório de títulos e
documentos, ou, no caso de veículo
automotor no DETRAN, para que seja
atendido o requisito da publicidade.
NEGÓCIO FIDUCIÁRIO
 “As obrigações pessoais e as garantias reais
sobre bens de domínio titulado pelo devedor
apresentam-se frágeis. Essa fragilidade
verifica-se, justamente, na possibilidade de o
devedor alienar os bens de seu domínio, não
dispondo o credor, seja por obrigação real,
seja, menos ainda, por obrigação pessoal, de
nenhum meio eficaz de preservação do seu
interesse.” (Paulo Sérgio Restiffe)
...

 “...outros aspectos de fragilidade das


garantias reais tradicionais, como é o
caso, por exemplo, dos interesses dos
terceiros de boa-fé, que são protegidos,
em detrimento do credor titular da
garantia real tradicional (Súmulas 84 e
239 do STJ).”
SÚMULAS DO STJ:
 84. “É admissível a oposição de embargos de
terceiros fundados em alegação de posse
advinda do compromisso de compra e venda
de imóvel, ainda que desprovido do registro.”

 239. “O direito à adjudicação compulsória não


se condiciona ao registro do compromisso de
compra e venda no cartório de imóveis.”
...
 “Diante dessa realidade, abandonaram-se as
garantias reais sobre bens alheios e surgiram
variáveis, como é o caso da fidúcia e do
leasing, institutos estes em que o domínio do
objeto fica com o credor e não com o devedor,
como ocorre com a hipoteca e com o penhor.
A solução encontrada, portanto, foi a adoção
da propriedade fiduciária, que é a garantia
sobre bem transferido ao credor, portanto, bem
do credor fiduciário”
CARACTERÍSITICAS DA
PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA:
 Relação com a coisa (posse) – Na propriedade
fiduciária ocorre o constituto possessório, espécie de
tradição ficta, pela qual quem possuía o bem como
próprio passa a possuí-lo como alheio.;
 Acessoriedade (sempre tem caráter acessório em
relação ao financiamento que gera o crédito que busca
garantir, trata-se de pacto adjeto);
 Negócio jurídico de transferência resolúvel de
domínio (para o credor a aquisição da propriedade
está sob condição resolutiva; para o devedor está sob
condição suspensiva, existindo expectativa de
aquisição de direito pela ocorrência da condição –
evento futuro e incerto).
A propriedade fiduciária, pela sua
função de garantia, é:

 1 – A mais limitada das formas de propriedade,


sendo ela, portanto:
1.1 – resolúvel;
1.2 – aprazada; logo,
1.3 – transitória;
1.4 – plena; e,
1.5 – não definitiva com o credor, porque tende a
reverter o patrimônio do alienante após
exaurida a sua função de garantia.
OBS:
- Para o credor, a aquisição da propriedade é sob
condição resolutiva;
- Para o devedor, a aquisição da propriedade
está sob condição suspensiva.
Figuras de negócio fiduciário no Brasil:
1 – venda com escopo de garantia;
2 – venda com fins de administração;
3 – venda para recomposição do
patrimônio;
4 – doação fiduciária;
5 – cessão fiduciária de crédito para
cobrança ou para fins de garantia.
PENA DE PRISÃO:
 Art. 171, § 2°, do Código Penal: “Obter, para si ou para
outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo
ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil
ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2° Nas mesmas penas incorre quem:
I – vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
em garantia coisa alheia como própria;”
 Art. 5°, inciso LXVII, da CF/88: “Não haverá prisão civil
por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel.”
 Pacto de São José da Costa Rica.
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE
BEM MÓVEL.

 “Como pacto adjeto ao contrato de


compra e venda e espécie do gênero
negócio fiduciário, é definida como a
transferência do domínio, com limitação
de tempo e fim, isto é, com função ou
escopo de garantia do pagamento de
uma dívida aprazada.” (Paulo Sérgio
Restiffe).
Classificação:

 BILATERAL;
 REAL;
 ONEROSO; E,
 COMUTATIVO.
OBRIGAÇÕES DO CREDOR
FIDUCIÁRIO:
 Restituir a propriedade sob condição
resolutiva, em caso de adimplemento; e,
 Vender a coisa para se pagar, em caso
de inadimplemento.
 OBS: O credor fiduciário não pode ficar
com a coisa, art. 1.365, CC/02 e § 6°, do
art. 1°, do Dec-lei 911/69.
OBRIGAÇÃO DO DEVEDOR
FIDUCIANTE:
 Pagar a dívida.

OBS: O inadimplemento gera: (alternativas


de recuperação de crédito)
1) Ação de busca e apreensão;
2) Ação de depósito;
3) Ação executiva; e,
4) Ação monitória.
ARRENDAMENTO MERCANTIL

 Do verbo “to lease” – alugar


 Leasing – arrendar
 Legislação – Lei 6.099 de 12/09/1974, alterada pela lei
7.132 de 26/10/1983 e da lei 9.532 de 10/12/1997.
 Resolução do Banco Central do Brasil de n.° 2.309, de
23/08/1996; n. ° 2.465, de 19/02/1998; n. ° 2.595 de
25/02/1999 e n. ° 3.175 de 20/02/2004.
 Lei 7.565 de 19/12/1986 – Código Brasileiro de
Aeronáutica (CBA), que no artigo 137 e seguintes,
regularão o leasing de aeronaves.
Arrendamento Mercantil

 Definição: é o negócio jurídico que tem


por objetivo a cessão em locação pela
arrendadora, que deve ser pessoa
jurídica, de bens móveis ou imóveis,
mediante o pagamento de determinado
preço pelo arrendatário, que pode ser
pessoa física ou jurídica.
Continuação: Arrendamento Mercantil

 Somente podem ser realizados por pessoas jurídicas que


tenham como objeto principal de sua atividade a prática
de operações de arrendamento mercantil, pelos bancos
múltiplos com carteira de arrendamento mercantil e pela
instituições financeiras que estejam autorizadas a
contratar operações de arrendamento com o próprio
vendedor do bem ou com pessoas jurídicas a ele
coligadas ou interdependentes.
 A natureza jurídica do arrendamento mercantil é
complexa, haja vista envolver operação financeira,
locação e promessa unilateral de venda.
 São fiscalizadas pelo Bacen as empresas de
arrendamento mercantil( art. 7º da lei 6.099 de
12/09/19740.
Características do Contrato de
Arrendamento Mercantil.
 1- Bilateral;
 2- Personalíssimo (intuitu personae);
 3- Consensual;
 4- Oneroso;
 5- Comutativo, porque as prestações são
certas e equivalentes;
 6- Por tempo determinado, porque não se
protrai no tempo;
 7- De execução sucessiva, contraprestação
continua e periódica.
Obrigações:
1. Do Arrendador:

 1.1- Pôr a coisa à disposição do arrendatário; e


 1.2- vendê-la, no caso de ocorrer a opção de compra ao
final ou mesmo recebê-la de volta.

2- Do Arrendatário:

 2.1- Devolver a coisa, caso não opte pela compra ou


renovação do contrato;
 2.2- Pagar as contra prestações convencionadas.
Elementos subjetivos:

Partes:
 1- Arrendadora - pessoa jurídica
 2- Arrendatário - pessoa física ou jurídica
 3- Fornecedor do bem – é quem faz a
venda do bem ao arrendante e que não
participa necessariamente do negócio
jurídico.
Requisitos: art. 5º da lei 6.099/74

- Sobre o valor das prestações, o art. 9º, da resolução


Bacen n. ° 2.309, de 28/08/1996, conforme redação
dada pelo art. 1º, da resolução Bacen n.° 3.175, de
20/02/2004, faculta a pactuação da cláusula de
variação cambial em contratos de arrendamento
mercantil de bens cuja aquisição tenha sido efetuada
com recursos provenientes de empréstimos contraídos
direta ou indiretamente no exterior.

 É facultada a liquidação antecipada de obrigações, nos


termos do art. 1º, inciso V, da resolução Bacen n. °
3.217, de 30/06/2004.
Continuação - Elemento Subjetivo:

 Segundo o STJ a cláusula de contrato de


arrendamento mercantil que prevê o reajuste
das prestações com base na variação da
cotação de moeda estrangeira.
 No entanto, em razão da modificação súbita da
política cambial, fato superveniente que torna
as prestações excessivamente onerosas, é
possível, art. 6º, inciso V, do CDC, a revisão
desta cláusula, determinando a distribuição
equitativa dos ônus entre arrendante e
arrendatário.
 A ação para recuperação do bem objeto
de arrendamento mercantil, em que haja
inadimplemento, caracterizados de
esbulho, é a reintegração de posse.
 O contrato de arrendamento mercantil,
para ter eficácia erga omnes necessita
ser registrado no assentamento público
competente, Detran ou cartório de títulos
e documentos.
Modalidades de Arrendamento Mercantil:

1- Mobiliário;
2- Imobiliário – Lei n. ° 10.150, de 21/12/2000;

O arrendamento mercantil pode ser


operacionalizado pelas seguintes
modalidades:

 Leasing financeiro(leasing puro ou tradicional);


 Lease-back renting (leasing de retorno ou capital de giro); e,
 leasing operacional (ou arrendante é o fabricante ou importador
do bem arrendado).
CONTRATOS DE COLABORAÇÃO

CONTRATO DE AGÊNCIA (ou de


REPRESENTAÇÃO COMERCIAL).
 Legislação – Lei n. ° 4.886, de
09/12/1965 (regula as atividades dos
representantes comerciais autônomos,
posteriormente alterada pela Lei n. °
8.420, de 08/05/1992);
 Arts. 710 à 721 do CC/02.
Conceito – Arts. 710, do CC/02 e 1°, da Lei 4.886/65.

“Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em


caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a
obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a
realização de certos negócios, em zona determinada,
caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua
disposição a coisa a ser negociada.”

Características do contrato:
 Bilateral ou sinalagmático;
 Consensual;
 Oneroso.
Partes:
 Representado; e,
 Representante.
 “O representante comercial, segundo o entendimento
do STJ, age em nome e no interesse de quem
representa, pratica atos de mediação necessários para
viabilizar o negócio estabelecido entre a compradora e
a vendedora.

 A manifestação da vontade estabelecida no contrato


não é a sua, mas de seu representado. Por isso é
juridicamente impossível vincular o representante
comercial às cláusulas comerciais firmadas entre as
partes.” (Restiffe).
Impedimentos para exercer a profissão –
Art. 4°, da Lei n. ° 4.886/65.

ELEMENTOS DO CONTRATO:
 COMUNS:
- Agente capaz;
- Objeto lícito e determinado ou
determinável; e,
- Forma prescrita ou não defesa em lei.
 ESPECIAIS:
- Art. 27, da Lei n. ° 4.886/65.
Pontos importantes da Lei:

 Prazo – Art. 27, § § 2° e 3 °;


 Obrigações do agente ou representante – Arts.
28 à 31;
 Comissões – Art. 32;
 Aviso prévio – Art. 34;
 Rescisão do contrato – Art. 35;
 Prescrição – Art. 44;
 Competência para julgamento de ação – Art.
39.
Vedação à cláusula del credere – Art. 43.

Cláusula del credere


    Cláusula contratual que, adotada nos contratos de Comissão Mercantil ou de
representação comercial, importa em maior responsabilidade do comissário ou
representante.
Com efeito, em face desta cláusula, o comissário responderá pela inexecução das
obrigações com quem contratar, mesmo ocorrendo força maior ou caso fortuito.
Firmada entre o comitente e o comissário, este assume, pessoalmente, a
responsabilidade pelo pagamento a ser feito pelo comprador, na venda em que
atuar como intermediário.
A cláusula implica a co-responsabilidade do agente vendedor no negócio que
coordena e, assim, ele assume, perante o comitente, os riscos pelo pagamento a
terceiros.
Origem: A cláusula del credere surgiu num momento em que o comerciante, para
manter seu comércio com praças longínquas, precisava enviar a mercadoria a um
comissário ou representante, que a colocava nas mãos dos destinatários finais.
Para evitar riscos maiores, o comitente exigia que o comissário se
responsabilizasse pela pontualidade ou, mesmo, insolvência de terceiros.
Realmente, a cláusula permite ao comitente controlar seu comissário, impedindo
que este se exima de responsabilidade.
CONTRATO DE COMISSÃO MERCANTIL

 Legislação – Arts. 693 à 709, do CC/02.


 Partes:
- Comissário; e,
- Comitente.
 CONCEITO: É o contrato que tem por
objeto a aquisição ou a venda de bens
pelo comissário, em seu próprio nome, à
conta do comitente. (art. 693, CC/02).
CARACTERÍSTICAS:
- Bilateral ou sinalagmático;
- Oneroso; e,
- Consensual.
 Obrigações do comissário perante o comitente:
1- Cumprir o contrato e as instruções do
comitente;
2 – Agir com cuidado e diligência;
3 – evitar a ocorrência de prejuízos;
4 – Proporcionar lucro; e,
5 – Prestar conta de seus atos.
 Obrigações do comissário perante terceiros:
 Responder pelas obrigações assumidas no
caso de existir a cláusula del credere.
A comissão mercantil tem grande utilização nos
contratos celebrados em bolsa, bem como nas
intermediações exercidas pelas agências de
publicidade.
 O comissário se responsabiliza:

1 – Pela guarda e conservação das mercadorias;


2 – Por perdas e danos em decorrência dos prejuízos que causar;
3 – Por empregar-se em operações diversas;
4 – pela perda ou extravio das mercadorias; e,
5 – Pela não efetivação de seguro.

 Direitos do comissário:

1 – À remuneração – art. 701, CC/02;


2 – Aos fundos para realização dos negócios; e,
3 – À indenização por despedida injustificada.
 Obrigações do comitente:
1 – Pagar a remuneração; e,
2 – Fornecer os fundos para a realização de negócios.

 Direitos dos comitentes:


1 – ter respeitados e obedecidas as duas instruções; e,
2 – Auferir lucros.
Contrato de distribuição x contrato de agência.

 Contrato de distribuição – Há aquisição


não para uso final, mas sim para fins de
revenda.

 Contrato de agência – Não há aquisição,


mas, tão somente, intermediação na
realização de atividades negociais.
CONTRATO DE DISTRIBUIÇÃO.

 Legislação – Arts. 710 à 721, CC/02;

 Partes:

1 – Distribuidor – Pessoa física ou jurídica que adquire os bens do


produtor para revendê-los.
2 – Produtor – Pessoa que dispõe de bens de sua produção ao
distribuidor.

OBS: Apesar de estar tal contrato caracterizado pela troca, a sua


função econômica se aproxima mais dos contratos de
colaboração, vez que o produtor não se mostra interessado em
manter rede própria de distribuição, vale-se da capilaridade que o
distribuídos já possui.
REGRAS ÀS OBRIGAÇÕES QUE AS PARTES DO
CONTRATO DE DISTRIBIUÇÃO PODEM
LIVREMENTE DISPOR:

 Cláusulas de despesas pelo distribuidor;


 Cláusula de remuneração do distribuidor,
correspondente aos negócios concluídos
dentro de sua zona, ainda que sem a sua
interferência;
 Cláusula de indenização do distribuidor, uma
vez que este tem direito à indenização se o
produtor, sem justa causa, cessar o
atendimento das propostas ou reduzi-lo tanto
que se torne anti-econômica a continuação do
contrato.
CONTRATO DE CONCESSÃO
COMERCIAL:
Legislação: “Lei n. ° 6.729, de 28/11/1979 – Regula o
contrato de concessão mercantil de veículos; porém
se o objeto da concessão mercantil for outro que
não veículos automotores, a sua aplicação é, tão
comente, analógica, e no que couber.”

CONCEITO: “A concessão comercial, que estabelece


sistema de comercialização de produtos, é a
aquisição pelo cessionário de produtos do
concedente por sua conta e ordem, com a
possibilidade de atribuição de monopólio de
exclusividade.” (Prof. Restiffe).
“Exceto quanto aos veículos automotores, é contrato sem disciplina
legal. As partes têm liberdade na estipulação das regras contratuais,
encontrando limites nas normas de ordem pública, bem como nos
elementos comuns a todos os negócios jurídicos (art. 104, CC).”

 O contrato de concessão comercial deve ter forma livre, ser por escrito e conter as seguintes
condições específicas:
1- especificação dos produtos;
2 – área demarcada;
3 – distância mínima;
4 – quota de aquisição;
5 – uso gratuito da marca do concedente;
6 – época do pagamento;
7 – encargos sobre o preço da mercadoria;
8 – margem de comercialização;
9 – limite das vendas pelo concedente;
10 – regime de penalidades;
11 – prestação de assistência técnica;
12 – condições relativas a:
12.1 – requisitos financeiros;
12.2 – organização administrativa e contábil;
12.3 – capacidade técnica;
12.4 – instalações;
12.5 – equipamentos; e,
12.6 – mão-de-obra especializada do concessionário.
13 – prazo; e,
14 – extinção de concessão.
 Direitos dos concessionários:
1 – percepção de remuneração (comissão);
2 – assistência; e,
3 – exclusividade.
 Obrigações dos concessionários:
1 – resguardar a marca;
2 – agir de modo a assegurar o desenvolvimento
da marca e dos produtos
 Obrigações do concedente:
1 – pagar a remuneração;
2 – prestar assistência;
3 – ceder gratuitamente a marca;
4 – não praticar atos de vinculação ou se
subordinação em face do concessionário;
5 – não exigir obrigação não convencionada;
6 – garantir exclusividade; e,
7 – ressarcir o concessionário pelos prejuízos
que causar.
A extinção do contrato de concessão ocorre:
1 – com culpa; ou,
2 – sem culpa.

 A extinção por culpa pode ser:


1 – por acordo das partes;
2 – por expiração do prazo determinado
sem prorrogação; e,
3 – por força maior.
 A extinção sem culpa dá-se:
- Por iniciativa da parte inocente em
virtude de infração legal ou contratual.
 A extinção com culpa enseja:
1 – Reaquisição pelo concedente do estoque, em
sua forma original, pelo preço de venda à rede
de distribuição, vigente à época; e,
2 – compra dos equipamentos, máquinas,
ferramentas e instalações à concessão, pelo
preço de marcado correspondente ao estado
em que se encontrarem, excluídos desta
obrigação os imóveis das concessionárias.
CONTRATO DE FRANQUIA
EMPRESARIAL (FRANCHISING):
 Legislação – Lei n. ° 8.955, de 15/12/1994.

 Conceito: “O sistema de franquia é a técnica


empresarial que, ao ensejar a distribuição e a
comercialização por larga escala de produtos e
serviços conhecidos, possibilita a expansão
dos empreendimentos negociais no mais
diversos setores da economia.” (Prof. Restiffe).
DIREITOS E OBRIGAÇÕES:

1 – outorga de direito de uso de marca ou de


exploração de invenção tecnológica
patenteada;
2 – utilização de obras literárias e layout
arquitetônico (interno e externo);
3 – direito de uso da tecnologia de implantação e
administração;
4 – direito de distribuir e comercializar produtos
ou serviços específicos de uma rede de
franquia; e,
5 – orientação e suporte operacional.
OBS: Formaliza-se por meio do
contrato de franquia empresarial.
 Trade-dress: trade = comércio, negócio; dress = vestido, roupa.
É a configuração visual, arquitetônico e operacional num sistema de franquia
empresarial, cuja violação pode caracterizar prática de concorrência
desleal.

 A franquia empresarial, do ponto de vista econômico, é ´técnica especial


de comercialização de produtos e serviços.

 Do ponto de vista jurídico, é a licença dada pelo franqueador ao


franqueado do direito do uso da marca ou patente; ou uso de métodos e
sistemas de implantação e administração de negócios; ou de sistema
operacional desenvolvido pelo franqueador; ou uso de propriedade
industrial de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos e
serviços; e mediante remuneração, que pode ser direta, sem que haja
caracterização de vínculo empregatício ou formação de grupo
econômico, ou indireta.
PRINCIPAIS ELEMENTOS DO
CONTRATO DE FRANQUIA
EMPRESARIAL:
1 – partes;
2 – remuneração;
3 – cessão de diretos;
4 – independência e autonomia do
franqueador;
5 – prazo determinado.
Partes:
1 – Franqueador (ou franchisor); e,
2 – franqueado (ou franchisee).

 Master franqueado (master franchisee ou


sub-franchisor), que é o concessionário
do direito de exploração o sistema de
franquia em determinado território, que
tanto pode ser uma sociedade
constituída pelo franchisor ou numa
sociedade independente desse
franqueador.
Remuneração:
 Taxa inicial + pagamentos periódicos ou
Royaties;
 Taxa de propaganda e promoção;
 Taxa de serviços e de compra.
OBS: O franqueado possui independência e
autonomia pois não há relação de consumo,
formação de grupo econômico ou vínculo
empregatício com o franqueador.
Características:
 É por prazo determinado, sendo permitida a
prorrogação;
 Tem objeto amplo;
 Deve ser garantido por uma marca,
devidamente registrada;
 Terá validade independente de seu registro –
art. 06°, da Lei 8.955, salvo na hipótese do art.
211, da Lei 9.279/96;
 Cada sede de franquia possui suas
peculiaridades.
CLASSIFICAÇÃO:
 Quanto ao ramo de atividade econômica exercida
pode ser:
1 – de comércio;
2 – de indústria; ou,
3 – de serviço.

 Quanto à relação entre as partes do contrato pode ser:


1 – franchising de marca;
2 – franchising de produto;
3 – franchising de conversão; ou,
4 – franchising de negócio.
1 – Franchising de marca – Utiliza-se de canal exclusivo
de distribuição de produtos ou serviços com a marca
do franqueador. Os produtos ou serviços fornecidos
são encontrados pelo consumidor, exclusivamente,
nos estabelecimentos dos franqueados, que operam
sob a marca do franqueador.

2 – Franchising de produto – É a utilização de franquias


como canal alternativo para distribuição de produtos e
serviços. Os produtos ou serviços dos franqueadores
são revendidos pelo franqueado a terceiros.
3 – Franchising de conversão – É a transformação de
negócios já existentes em franquias de uma
determinada marca;

4 – Franchising de negócio (ou business format


franchising) – É a transferência pelo franqueador ao
franqueado de toda a sua competência e experiência
desenvolvida em tudo quanto diga respeito à
implantação e operação de negócio específico. É a
franquia empresarial propriamente dita, já que não se
limita à mera autorização para o uso de marca
agregada ao fornecimento de produtos ou serviços
para revenda.
INSTRUMENTOS JURÍDICOS DO SISTEMA
DE FRANQUIA EMPRESARIAL:

1 – Circular de Oferta de Franquia (COF) –


Art. 3°, da Lei 8.955/94 (Princípio da
transparência ou do disclosure);
2 – Pré-contrato; e,
3 – Contrato.
ELEMENTOS DO CONTRATO DE
FRANQUIA EMPRESARIAL:

1 – objeto da franquia;
2 – concessão de diretos de propriedade industrial e intelectual;
3 – território de atuação do franqueado;
4 – obrigações pecuniárias das partes;
5 – prazo de concessão da franquia;
6 – direitos e obrigações do franqueador e do franqueado;
7 – causas e conseqüências da rescisão;
8 – sucessão das partes;
9 – hipóteses e conseqüências da cessão ou transferência da
franquia;
10 – cláusulas de confidencialidade e de não-concorrência (non
compete); e,
11 – cláusula de mediação ou arbitragem – Lei 9.307, de
23//09/1996.
Vantagens para o franqueador:

1 – segurança e eficácia para a ampliação das suas operações


empresariais;
2 – baixo investimento para a operacionalização.

 Principal vantagem para o franqueado –


Possibilidade de exploração de produto ou
marca de sucesso, sendo dono do próprio
negócio de forma segura pois se aliou à marca
conhecida e amplamente difundida;
 Principal desvantagem para o franqueado –
Desamparo legal, por lei abstrata e pouco
descritiva, ao deixar brechas para acirradas
discussões judiciais.

Você também pode gostar