Você está na página 1de 6

Queixa-crime por burla com leasing

Serviços do Ministério Público do Tribunal de ____________

Ex.mo Sr. Procurador Adjunto

Banco ____________ , S.A., NIF ____________ , com sede em


____________ , na localidade de ____________ , vem apresentar

queixa-crime por burla contra

M ____________ , residente em ____________ , na localidade de


____________ , e

N ____________ , residente em ____________ , na localidade de


____________ ,

o que faz nos termos e com os seguintes fundamentos:

Os factos

1. No ano de ____________ , o Arguido M ____________ e N


____________ eram sócios de K ____________ , Lda..

2. Eram também sócios maioritários da sociedade Y ____________ , Lda..

3. Os dois exerciam funções de gerência nessas duas sociedades.

Página 1 de 6
4. Em ____________ / ____________ / ____________ o Arguido M
____________ e N ____________ tiveram necessidade de obterem um
financiamento para as atividades que eram desenvolvidas por aquelas duas
sociedades.

5. Engendraram, então, um plano com vista a conseguirem que a Queixosa


Banco, ____________ , S.A. lhe entregasse o dinheiro correspondente ao
valor de ____________ , que pretensamente pretendiam utilizar e/ou
adquirir ao abrigo de um contrato de locação financeira, nos termos que a
seguir se indicarão.

6. Para o efeito, encetaram negociações com a locadora ____________ ,


S.A., declarando-se interessados, em representação da K ____________ ,
Lda., na locação de ____________ para esta empresa.

7. Na sequência dessas negociações o Banco ____________ , S.A. e a K


____________ , Lda., representada pelo Arguido M ____________ , como
locatário, celebraram o contrato de locação financeira (cuja cópia está junta
a Documento ____________ ) que aqui se dá por integralmente
reproduzido.

8. O objeto desse contrato era a locação de material informático no valor de


____________ € ( ____________ euros).

9. Nos termos do contrato, a K ____________ , Lda., na qualidade de


locatária, comprometia-se a pagar à locadora ____________ , S.A.,
____________ ( ____________ ) rendas trimestrais.

10. Como fornecedor de ____________ referido supra, M ____________ e


N ____________ indicaram ao Banco a sociedade Y ____________ , Lda.,
empresa que, como se referiu, era igualmente gerida por eles.

Página 2 de 6
11. Para convencerem o Banco da seriedade com que celebravam aquele
contrato, M ____________ e N ____________ , em nome da Y
____________ , Lda., emitiram um documento, cuja cópia está a
Documento ____________ e que tem por destinatário o Banco, onde
falsamente descrevem todo ____________ e respetivos valores que seria
objeto da locação financeira.

12. Entretanto o Arguido M ____________ , em nome da K ____________ ,


Lda., assinou o auto de receção de ____________ , cuja cópia está a
Documento ____________ , como se esta efetivamente tivesse recebido os
bens fornecidos pela Y ____________ , Lda., o que sabia não corresponder
à verdade.

13. Convencidos de que ____________ tinha efetivamente sido recebido


pela K ____________ , Lda., o Banco com a convicção de que estava a
pagar o preço a que se obrigara pela compra que fizera de tal equipamento,
entregou à X ____________ , Lda. a quantia global de ____________ €
( ____________ euros), através do cheque n.º ____________ . (Doc.
____________ )

14. No entanto, nunca foi intenção de M ____________ e N ____________


que a Y ____________ , Lda. fornecesse o equipamento objeto do contrato,
nem que a K ____________ , Lda. recebesse o mesmo ____________ .

15. A K ____________ , Lda. não pagou as rendas/prestações a que se


obrigara, com exceção da primeira, tendo ficado em dívida um total de
____________ € ( ____________ euros).

16. Posteriormente aos factos referidos, a K ____________ , Lda., mudou a


sua denominação para Z ____________ (nova denominação social), Lda.,
que passou a ter a sua sede em ____________ , na localidade de
____________ . (Doc. ____________ )

17. A gerência continuou a pertencer ao N ____________ e ao Arguido M


____________ .

Página 3 de 6
18. O Arguido e o N ____________ fizeram suas as quantias tituladas pelos
cheques referidos.

19. Ao praticar os factos descritos, agiu sempre de forma deliberada, livre e


conscientemente, sabendo que os seus comportamentos eram proibidos.

20. Agindo de acordo com o N ____________ fez crer ao Banco que, em


representação das empresas locatárias, estava interessado na locação dos
equipamentos objeto dos contratos que subscreveu.

21. Desta forma, o Arguido e o N ____________ , determinaram o Banco


aos pagamentos referidos, por este estar convencido de que adquiriu os
equipamentos às entidades fornecedoras, nos termos descritos nos
contratos outorgados e nos Autos de Receção.

22. Ao celebrar os referidos contratos, os Arguidos não tinham a intenção de


vir a pagar quaisquer rendas a que as sociedades locatárias se obrigaram,
nem a adquirir os bens pelo valor residual.

23. As empresas por ele geridas eram consideradas pelos serviços do


Banco como tendo uma sólida situação financeira.

24. Aproveitando-se desse facto, simulou o desejo de celebrar os contratos


de locação, com o fim de obter dinheiro para fazer face a dificuldades
financeiras das empresas por si geridas.

25. Encararam a outorga dos contratos apenas como uma forma de obter
um financiamento cujo pagamento honraria, caso tivesse possibilidades
económicas para tal.

26. Os equipamentos não foram fornecidos.

Página 4 de 6
27. O Auto de Receção (Doc. ____________ ) e contrato de locação
financeira n.º ____________ , foram também assinados pelo N
____________ .

O DIREITO

Verifica-se, deste modo, que os Arguidos usaram um meio engenhoso para


enganar ou induzir em erro. Ou seja, o engano consiste nas atividades
desenvolvidas pelos Arguidos, tendentes a convencerem o Banco queixoso
de que estavam interessados na locação do material informático, quando na
realidade apenas pretendiam um financiamento.

O erro está no facto de o Banco ter feito pagamentos convencido de que os


mesmos se destinavam à compra de ____________ .

O crime de burla consumou-se com a entrega do dinheiro por parte do


Banco.

A intenção dos Arguidos era a de obter um enriquecimento ilegítimo.

O Banco sofreu um prejuízo pelo facto de ter celebrado os contratos de


locação financeira, enganado quanto à entrega efetiva dos bens objeto
desses contratos, assim, imediatamente prejudicado em face da total
inexistência da garantia que esses bens constituiriam para a realização dos
seus créditos.

O efetivo prejuízo patrimonial causado ao ofendido, resultou do engano


astuciosamente provocado, sobre a celebração de um contrato de leasing,
sem qualquer garantia inerente para a sociedade de locação financeira.

Página 5 de 6
Foi a conduta dos Arguidos que levou à prática, pelo queixoso, de atos de
disposição patrimonial (financiamento) que lhe causaram determinado
prejuízo, assim como houve emprego de um artifício fraudulento (os
contratos de fornecimento de material simulado) como causa determinante
do comportamento do ofendido.

Verificou-se ainda claramente a intenção de enriquecimento ilegítimo, pois,


na verdade, os Arguidos tiveram como único objetivo, com a celebração dos
contratos simulados, obter financiamentos para si próprios com a intenção,
ab initio, de não pagar, pois tanto assim é que as prestações nunca foram
pagas (exceto a primeira).

Termos em que se requer a abertura do inquérito com vista a apurar a


responsabilidade criminal dos Arguidos seguindo-se os ulteriores termos até
final.

JUNTA: ____________ Documentos e procuração forense.

TESTEMUNHAS: ____________ , com o Cartão do Cidadão/BI n.º


____________ , NIF ____________ , ____________ , residente em
____________ , em ____________ ;

____________

, com o Cartão do Cidadão/BI n.º ____________ , NIF ____________ ,


____________ , residente em ____________ , em ____________ ;

____________

, com o Cartão do Cidadão/BI n.º ____________ , NIF ____________ ,


____________ , residente em ____________ , em ____________ .

O ADVOGADO,

____________

Página 6 de 6

Você também pode gostar