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Notariado

Documento particular autenticado

Titulação de atos jurídicos


sobre imóveis
após a reforma do registo predial implementada pela ecreto-
Lei n.º 116/2008, de 4 de Julho

Virgílio Félix Machado


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A reforma do registo predial, implementada pelo Decreto-Lei n.º 116/2008, de 4 de


Julho e pela Portaria n.º 1535/2008, de 30 de Dezembro, visa fundamentalmente:

• Introduzir um conjunto de medidas de simplificação, desmaterialização e


desformalização de atos e processos;

• Completar o ciclo de criação de balcões únicos ;

• Tornar facultativas as escrituras públicas relativas à titulação de atos sujeitos a


registo predial, introduzindo uma nova forma de titulação – documento
particular autenticado;

• Disponibilizar novos serviços através da Internet


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Os atos sujeitos a Registo Predial podem ser titulados (artigo 22º do Decreto-Lei
116/2008, de 4 de Julho) por:

a) Escritura pública (art.ºs 369.º e seguintes do Código Civil e art.º 80.º do C.N.);

b) Documento particular autenticado (art.º 377.º do CCivil, art.ºs. 150.º a 152º do


C.N e art.º 24º do DL n.º 116/2008, de 4 de Julho;

E ainda:
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c)Casa Pronta - Alargado a todos os tipos de prédios (DL n.º 263 -A/2007, de 23 de
Julho com a redação do DL n.º 122/2009, de 21 de Maio

d)Balcão das Heranças e Divórcio com Partilha (DL n.º 324/2007, de 28 de Setembro
alterado pelo DL n.º 247-B/2008, de 30 de Dezembro).
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O DL 116/2008 e a criação de balcões únicos ou «one stop shop»

Ao contrário do que sucedeu com do DL 76-A/2006, de 29 de Março, o DL 116/2008,


de 4 de Julho, não teve por objetivo a «desformalização» dos atos sobre imóveis.

O caminho para a simplificação seguido foi a criação de balcões únicos para a prática
destes atos.

One Stop Shop


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Balcões únicos

 Empresa na hora

 Casa Pronta

 Marca na Hora

 Associação na Hora

 Divórcio com partilha e heranças

 Documento único automóvel

 SIR – Sistema Integrado de Registos


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Novas entidades:

Prestação de serviços relacionados com negócios relativos a bens imóveis por:

• Advogados;
• Solicitadores;
• Notários;
• Câmaras de comércio e indústria (CCI);
• Serviços de registo.
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Regime de balcão único em RPredial/Medidas

• Eliminação da obrigatoriedade da escritura pública, permitindo-se a titulação dos actos


sobre imóveis através de documento particular autenticado;

• Criando a obrigação da promoção do registo passar a ser feito pelas entidades com
competência para a prática de actos relativos a imóveis por escritura pública ou
documento particular;

• Criando um elemento de segurança adicional através de um depósito electrónico dos


documentos relativos ao acto praticado por documento particular autenticado.
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Regime de balcão único em RPredial – Medidas

• O art. 80.º do C.N. foi esvaziado de conteúdo, no que a actos sobre imóveis respeita,
relevando nesta matéria o artº. 22.º do DL 116/2008.
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Documento particular autenticado/Forma dos atos – art.º 22.º

Só são válidos, sem prejuízo do disposto em lei especial, se forem celebrados por
escritura pública ou documento particular autenticado:

a)Os actos que importem reconhecimento, constituição, aquisição, modificação,


divisão ou extinção dos direitos de propriedade, usufruto, uso e habitação,
superfície ou servidão sobre coisas imóveis;

b)Todos os demais actos elencados nas alíneas b) a g) do mesmo art.º 22.º;


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Documento particular autenticado /Referências a escritura pública – art.º 23.º

•Escritura pública e documento particular autenticado surgem como formas


alternativas para a prática de actos sobre imóveis (n.º 1)

•O n.º 1 do art. 23.º vem estabelecer que sempre que disposições legais,
regulamentares ou outras que exijam, para a prova de determinado facto, certidão de
qualquer escritura pública que tenha sido tornada facultativa é bastante a certidão do
documento particular autenticado ou a certidão do registo.

Virgílio Félix Machado


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Documento particular autenticado /Obrigações legais conexas – art.º 23.º, n.º 3

• A actividade notarial passa a ser exercida por outras entidades;

• Mantém-se as mesmas obrigações dos notários;

• Aos documentos particulares aplica-se subsidiariamente o Código do


Notariado (art.º 24.º, n.º 1);

Virgílio Félix Machado


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Documento particular autenticado /Obrigações legais conexas

•A autenticação de documentos à luz do CCivil, corresponde à mera confirmação do


conteúdo de um documento particular pela partes perante o notário;

•O termo de autenticação do documento particular previsto no art.º 24.º do DL


116/2008, representa para a entidade autenticadora a assunção de outras obrigações
de verificação, comunicação e participação.

Virgílio Félix Machado


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Deveres do autenticador nos termos do DL 116/2008:

• Verificar que os documentos particulares contêm requisitos legais a que estão


sujeitos os negócios jurídicos sobre imóveis, nos termos do Código do Notariado.

Virgílio Félix Machado


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Deveres do autenticador nos termos do DL 116/2008:

• Que a identificação das partes é efectuada nos termos da al. a) do n.º 1 do art. 46.º
do CN.

• Que o(s) prédio(s) são identificados nos termos do n.º 1 do art. 54.º do CN.

• Que é mencionada a inscrição a favor de quem transmite ou onera, de acordo com


o n.º 2 do art. 54.º do CN (n.º 1 do art. 9.º CRP), ou a circunstância que a dispensa
nos termos do n.º 3, do art. 55.º e 56.º do CN (ou do n.º 2 do art. 9.º do CRP).

Virgílio Félix Machado


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Deveres do autenticador nos termos do DL 116/2008:

• Que, no caso de prédios sujeitos ao regime da propriedade horizontal, se


comprove a inscrição deste facto no registo, nos termos do art. 62.º do CN

• Que na identificação do(s) prédio(s) consta o número da respectiva inscrição na


matriz ou da circunstância de ter sido apresentado o pedido de inscrição - n.º 1
do art. 57.º CN.

• Que a identificação do prédio constante do documento não é contraditória com o


que consta do registo ou da matriz, nos termos do art. 58.º CN e art.ºs 28.º e
segs. CRPredial;

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Deveres do autenticador nos termos do DL 116/2008:

Verificar outros requisitos dos actos sobre imóveis constantes de legislação avulsa –
n.º 3 do art. 23.º DL 116/2008.

• Cfr., por exemplo, DL 281/99, de 26/7, relativo à comprovação da existência da


correspondente autorização de utilização, perante a entidade que celebrar a
escritura ou autenticar o documento particular.

Virgílio Félix Machado


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Deveres do autenticador nos termos do DL 116/2008:

• Cumprir obrigações de comunicação e participação impostas por lei ao titulador dos


atos sobre imóveis (n.º 3 do art. 23.º DL 116/2008).

Exceção:
Se o registo do acto for pedido por via electrónica, é dispensada a obrigação de
participação desse acto às entidades públicas, devendo estas participações ser
promovidas pelos serviços de registo (n.º 4 do art. 24.º).

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Deveres do autenticador nos termos do DL 116/2008:

• Manter arquivados os originais dos documentos depositados electronicamente (n.º


6 do art. 24.º do DL 116/2008).

Virgílio Félix Machado


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Deveres do autenticador nos termos do DL 116/2008:

• Proceder ao depósito electrónico do documento particular autenticado e de todos


os documentos que o instruam (n.º 2 do art. 24.º );

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Deveres do autenticador nos termos do DL 116/2008:

Depósito electrónico:

• A validade da autenticação dos documentos particulares está dependente de


depósito electrónico desses documentos, bem como de todos os documentos que
os instruam (artigo 24.º n.º 2 );

• O negócio jurídico, para efeitos de registo, só está perfeito com uma autenticação
válida;

Virgílio Félix Machado


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Deveres do autenticador nos termos do DL 116/2008:

Depósito electrónico:

• A validade da autenticação dos documentos particulares está dependente de


depósito electrónico desses documentos, bem como de todos os documentos que
os instruam (artigo 24.º n.º 2 );

• O negócio jurídico, para efeitos de registo, só está perfeito com uma autenticação
válida;

Virgílio Félix Machado


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Deveres do autenticador nos termos do DL 116/2008:

Depósito electrónico:

• O depósito eletrónico encontra-se regulamentado pela Port.ª 1535/2008, de 30 de


Dezembro;

www.predialonline.mj.pt

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Deveres do autenticador nos termos do DL 116/2008:

Depósito electrónico:

•A consulta electrónica dos documentos depositados electronicamente substitui para


todos os efeitos a apresentação perante qualquer entidade pública ou privada do
documento em suporte de papel (art.º 24.º, n.º 5).

Virgílio Félix Machado


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Funções do sítio/ art.º 3.º da Port.ª n.º 1535/2008

• O depósito electrónico dos documentos e o pedido de registo on line (art.º


3.º, a));

• A indicação dos dados de identificação dos interessados (art.º 3.º c));

• A certificação da data e da hora em que foi feito o depósito e o pedido de


registo (a prioridade pode não resultar desta data) (art.º 3.º, j));

• O pagamento dos serviços por via electrónica (art.º 3.º, h));

• Avisos por correio electrónico e SMS quando o depósito ou o registo tenha


sido efectuado (art.º 3.º l));
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Depósito eletrónico/Âmbito:/art.º 4.º da Port.ª n.º 1535/2008

• Os documentos particulares autenticados e os documentos que os instruam e que


devam ficar arquivados por não constarem de arquivo público (art.º 4.º, n.º 1);

• O depósito de documentos de que conste o consentimento do credor para


cancelamento de hipoteca (art.º 4.º, n.º 2)

Virgílio Félix Machado


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Depósito eletrónico/art.º 6.º

• O depósito electrónico deve ser feito pela entidade que procedeu à autenticação
do documento particular (art.º 6.º, n.º 1);

• O depósito de documento particular dispensa o registo informático previsto na


Port.ª 657-B/2006, de 29 de Junho (art.º 6.º, n.º 2);

Virgílio Félix Machado


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Prazo do depósito/ art.º 7.º da Port.ª n.º 1535/2008

• O depósito electrónico deve ser feito na data da realização do autenticação do


documento particular (art.º 7.º, n.º 1);

• Se em virtude de dificuldades técnicas (da plataforma) não for possível realizar o


depósito, deve este facto ser expressamente mencionado em documento
instrutório a submeter, indicando o motivo da impossibilidade, indicando o motivo
da impossibilidade, a data e a hora do facto;

• O depósito deverá ser efetuado nas 48 horas seguintes.

Virgílio Félix Machado


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Arquivo dos originais dos documentos/Art.º 8.º da Port.ª nº 1535/2008

• Compete às entidades autenticadoras arquivar os originais dos documentos


depositados (art.º 8.º.n.º 1);

• As CCIs, a Câmara dos Solicitadores, a Ordem dos Advogados e a Ordem dos


Notários podem criar sistemas de arquivos centralizados (art.º 8.º);

Virgílio Félix Machado


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Depósito eletrónico/Formulário/Art.º 9.º da Port.ª n.º 1535/2008

• No formulário devem ser identificados, além de outros:


a) O requerente;
b) Os sujeitos do facto;
c) Os prédios;
d) A data da autenticação;
e) Demais elementos essenciais dos atos titulados pelo documento a depositar;

Virgílio Félix Machado


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Depósito eletrónico/ Port.ª n.º 1535/2008

• Formato dos ficheiros : jpeg, tiff ou pdf – máximo 5 MB (art.º 10.º);

• Erro no preenchimento do formulário (art.º 11.º);

• Comprovativo do depósito – disponibilização de um código enviado por mail e sms


(art.º 12.º, n.º 1)

• Segundas vias do código – obtém-se junto dos serviços de registo (art.º 12.º, n.º 4);

Virgílio Félix Machado


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Depósito eletrónico/Port.ª n.º 1535/2008

• O depósito só pode ser feito por entidades possuidoras de um certificado digital


comprovativo da qualidade de profissional do utilizador (art.º 13.º, n.ºs 1 e 2);

• Depósito de documentos pelos serviços de registo – Sirp (art.º 13.º, n.º 4);

Virgílio Félix Machado


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Depósito eletrónico/Port.ª n.º 1535/2008

• Visualização dos documentos – entidade autenticadora e qualquer pessoa a quem


tenha sido disponibilizado o código de identificação (art.º 15.º)

• Consulta de documentos (art.º 15.º, n.º 2):


• Serviços de registo;
• Magistrados judiciais e do Ministério Público, na prossecução das suas funções;

• Depósito e consulta são gratuitos (art.º 17.º)

Virgílio Félix Machado


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Procedimento tributário
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Procedimento tributário (art.º 25.º)

• Os documentos particulares não podem ser autenticados enquanto não se


encontrarem pagos ou assegurados:
• O Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis;
• O Imposto do Selo;

• Deve constar do termo de autenticação o valor dos impostos e a data da liquidação,


ou a disposição legal que prevê a sua isenção.

Virgílio Félix Machado


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Procedimento tributário (art.º 25.º)

• O artigo 25.º, n.º 3 refere ainda que as entidades com competência para a
autenticação de documentos particulares devem assegurar que o imposto de selo,
com excepção da verba 1.2, seja liquidado nos prazos, termos e condições definidas
para o IMT.

• Ora o artigo 22.º do CIMT determina que o IMT seja pago antes da titulação com
excepção dos factos previstos no artigo 36.º, onde aparecem as partilhas judiciais e
extrajudiciais para as quais está determinado que o imposto seja pago
posteriormente.

Virgílio Félix Machado


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Procedimento tributário (art.º 25.º)

Conclusão:
Todas as entidades com competência para autenticar documentos particulares
devem, antes da autenticação:
• Cobrar o Imposto de selo, com excepção da verba 1.2 da tabela;
• O IMT, com excepção das partilhas.
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Procedimento tributário (art.º 25.º)

OE/2009 – considera, também, sujeitos passivos do imposto:

• As entidades ou profissionais que autentiquem os documentos particulares;

• As pessoas singulares ou colectivas para quem se transmitam os bens, no caso do


imposto da verba 1.1;
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IMT – Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis

Fiscalização
 
Obrigações de cooperação dos notários e de outras entidades (art.º 49.º)

Quando seja devido IMT, os notários e outros funcionários ou entidades que desempenhem funções
notariais, bem como as entidades e profissionais com competência para autenticar documentos particulares
que titulem actos ou contratos sujeitos a registo predial, não podem lavrar as escrituras, quaisquer outros
instrumentos notariais ou documentos particulares ou autenticar documentos particulares que operem
transmissões de bens imóveis nem proceder ao reconhecimento de assinaturas nos contratos previstos nas
alíneas a) e b) do n.º 3 do artigo 2.º, sem que lhes seja apresentado o extrato da declaração referida no
artigo 19.º acompanhada do correspondente comprovativo da cobrança, que arquivarão, disso fazendo
menção no documento a que respeitam, sempre que a liquidação deva preceder a transmissão (art.º 49.º, n.º
1 CIMT).

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