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TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE XXXXX

JUÍZO DE FAMÍLIA E MENORES DE XXXX – JUIZ 2


PROC. XXXXXXXX

Exma. Sr.ª Dr.ª Juiz de Direito

XXXXXX, solteira, maior, residente na XXXXXX, XXXX-XXX Pontinha, Requerente nos autos de
Regulação das Responsabilidades Parentais à margem identificados vem, mui respeitosamente,
apresentar, nos termos do disposto no artigo 41.º do Regime Geral do Processo Tutelar Cível
(RGPTC),

Incumprimento das Responsabilidade Parentais

Contra,

XXXXXX, natural de XXXXXXXX, cujos restantes dados de identificação, nos quais se inclui a
residência, se desconhece, e Requerido nos autos de Regulação das Responsabilidades
Parentais à margem identificados,

Pelos factos e com os seguintes fundamentos:

I – Dos Factos
1.º
No âmbito da acima identificada Ação de Regulação das Responsabilidades Parentais, foi
regulado o exercício das Responsabilidades Parentais relativamente à menor XXXXXX, por douta
sentença proferida no passado dia XX/XX/XXXX, e já transitada em julgado, da seguinte forma:
“A. A menor ficará a residir com a mãe, competindo a esta, em exclusivo, o exercício das
responsabilidades parentais;
B. O pai da menor poderá visitar e estar com a filha sempre que o deseje, desde que a visita não
contenda com os períodos de repouso ou lazer da menor, nem com as respetivas obrigações
escolares, nem com a reserva da vida privada da mãe da menor, avisando previamente a mãe da
menor para o efeito, e sendo aquelas visitas e convívios efetuados na presença da mãe da menor
ou de pessoa da confiança desta;
C. O pai da menor contribuirá com € 75,00 (setenta e cinco euros) mensais, a título de alimentos,
quantia que pagará entre os dias 1 e 8 de cada mês, mediante cheque, vale postal ou depósito ou
transferência para conta bancária indicada pela mãe da menor, e, que será atualizada
anualmente, com início em Abril de 2018, de acordo e na proporção do índice de inflação,
incluindo a habitação, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística;
D. O pai da menor pagará metade das despesas médicas, na parte não comparticipada pelo
Estado, e escolares (livros e material escolar) da menor, mediante entrega pela mãe da menor de
cópia do respetivo recibo/fatura, devendo o pai da menor pagar tais despesas (na sua quota-
parte), o mais tardar, com a prestação de alimentos do mês seguinte.”

2.º
Na douta sentença considerou-se como provado que:
a) Desde o ano de 2010 e até hoje, o Requerido não se interessa pelos assuntos relacionados
com a filha, nem convive com a menor, nem demonstra vontade em conviver com a mesma;
b) Desde o ano de 2010 e até hoje, o Requerido não contacta a Requerente para saber da filha,
nem para conversar com a menor;
c) Desde o ano de 2010 e até hoje, o Requerido não contribui para o sustento da menor;
d) O Requerido encontra-se em paradeiro incerto;
e) O local de trabalho e modo de vida do Requerido são desconhecidos.
3.º
Sucede que, desde dessa altura, estes factos dados como provados se mantêm,

4.º
Portanto, o Requerido não se interessa pelos assuntos relacionados com a filha, não convive com
a menor, não demonstra vontade em conviver com a mesma, nem sequer contacta a Requerente
para saber da filha,

5.º
Nem tampouco contribui para o sustento da menor, ou seja, o Requerido não tem liquidado as
prestações mensais de € 75,00, a título de alimentos, a que ficou obrigado, compelindo a aqui
Requerente a recorrer a este Tribunal para fazer cumprir esta obrigação legal.

6.º
A Requerente trabalha para a empresa XXXXXXXX, com contrato de trabalho sem termo e com a
categoria de XXXXX, prestando trabalho na XXXXX, como XXXXXX, auferindo o Salário Mínimo o
que se concretiza num rendimento líquido de € XXX,XX (por extenso), conforme recibo que se
junta sob Doc. 1 e se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais.

7.º
O agregado familiar da menor é composto por esta e pela sua mãe, a aqui Requerente, conforme
Atestado emitido pela Junta de Freguesia da XXXX, que se junta sob Doc. 2 e se dá por
integralmente reproduzido para todos os efeitos legais,

8.º
A Requerente, que se encontra em situação de insuficiência económica, conforme comprova o
suprarreferido atestado junto sob Doc. 2 e a Declaração de IRS de 2016 que se junta sob Doc. 3 e
se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais,

9.º
Suporta sozinha as despesas de todo o agregado familiar, nomeadamente a quantia mensal de €
200,00 (duzentos euros) a título de renda e água, conforme recibo que se junta sob Doc. 4 e se dá
por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais,

10.º
E cerca de € 150,00 (cento e cinquenta euros) mensais com os gastos fixos do agregado familiar
da menor com eletricidade, gás (botija) e serviço de telecomunicações (a menor necessita de
internet para os seus estudos), conforme recibos que se juntam respetivamente sob Docs. 5 e 6 e
se dão por reproduzidos para todos os efeitos legais, descriminados da seguinte forma.
a) Eletricidade ____________________ € 85,00
b) Gás (botija) _____________________ € 25,00
c) Telecomunicações _______________ € 38,50
TOTAL __________________________ € 148,50

11.º
A menor XXXXXXX, hoje com 14 anos de idade, irá frequentar no próximo ano letivo o 10.º ano do
Ensino Secundário, sendo que os gastos com a sua alimentação, educação, vestuário, saúde e
higiene rondam os € 150,00 (cento e cinquenta euros) mensais.

12.º
Face às despesas supra descritas, acrescidas ainda da alimentação da Requerente, o seu parco
salário é insuficiente para fazer face a todas essas despesas pelo que, a Requerente tem que
recorrer muitas vezes à ajuda de familiares.
13.º
Portanto, e em conclusão, é a Requerente quem diariamente, com o seu parco salário e a ajuda
de familiares, que provém pela alimentação, educação, saúde e bem-estar da sua filha XXXXXXX.

14.º
Sem que o Requerido, desde 2010 até hoje, tenha contribuído com o que quer que seja para o
sustento da sua filha menor, continuando, conforme referido acima, a ser desconhecido o seu
paradeiro, modo de vida e local de trabalho.

15.º
Assim, estão já em dívida todas as prestações a título de pensão de alimentos vencidas desde o
trânsito em julgado da sentença reguladora das Responsabilidades Parentais, ou seja, os meses
de maio, junho, julho e agosto, num total de € 300,00.

16.º
Verifica-se que face ao paradeiro incerto do Requerido não é possível o mesmo pagar, voluntária
ou coercivamente, a pensão de alimentos para a menor.

II – Do Direito
17.º
Nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 1.º da Lei n.º 75/98, de 19 de Novembro (Lei 75/98) e no
artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 164/99, de 13 de Maio (DL 164/99) quando a pessoa judicialmente
obrigada a prestar alimentos a menor residente em território nacional não satisfizer as quantias
em dívida e o alimentado não tenha rendimento ilíquido superior ao valor do indexante dos apoios
sociais (IAS), nem beneficie nessa medida de rendimentos de outrem a cuja guarda se encontre, o
Estado assegura essas prestações,

18.º
Sendo a entidade responsável pelo pagamento das prestações acima referidas, nos termos do
disposto no artigo 2.º do DL 164/99, o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, I. P.
(IGFSS, I. P.) enquanto gestor do Fundo de Garantia dos Alimentos Devidos a Menores.

19.º
A fixação e o montante das referidas prestações competem, de acordo com os artigos 2.º da Lei
75/98 e 4.º do DL 164/99 ao tribunal, mediante requerimento, nos termos do artigo 3.º da Lei
75/98, nos respetivos autos de incumprimento por parte daquele a quem a prestação de alimentos
deveria ser entregue.

20.º
Por tudo o acima exposto, e uma vez que se desconhece o paradeiro, modo de vida e local de
trabalho do Requerido e este, desde 2010, que não contribui com o que quer que seja para o
sustento da sua filha menor, estando, desde Junho do corrente ano a incumprir com as
prestações de alimentos à menor XXXXXXX a que ficou obrigado,

21.º
E sendo a situação da Requerente para fazer face às diárias despesas da menor já de alguma
privação económica, requer a Requerente que a fixação e o montante das referidas prestações de
alimentos a prestar pelo Fundo de Garantia dos Alimentos Devidos a Menores.

22.º
A requerente beneficia de Apoio Judiciário nas modalidades Dispensa de Taxa de Justiça e
demais encargos com o processo e Nomeação e pagamento da compensação de patrono, já junta
aos autos de regulação de responsabilidades parentais e que se junta novamente sob Doc. 7, que
se mantém, nos termos do n.º 4 do artigo 18.º da Lei de Acesso ao Direito e aos Tribunais.

Nestes termos e nos mais de direito que V. Exa. doutamente suprirá, deve o presente
Incumprimento, nos termos do artigo 41.º do RGPTC ser aceite, registado e autuado por
apenso ao processo de Regulação das Responsabilidades Parentais, aqui se requerendo,
mui respeitosamente, que:
A) Seja decretado o Incumprimento das Responsabilidades Parentais por parte do
Requerido XXXXXXX;
B) Seja fixada a prestação de alimentos a prestar pelo Fundo de Garantia dos Alimentos
Devidos a Menores a favor da menor XXXXXXX;
C) Em face da situação económica da Requerente e perante o facto de o Requerido se
encontrar em parte incerta e, portanto, não custear quaisquer despesas nem participar da
educação da menor, deve a Conferência de Pais ser marcada, com a maior brevidade, por
forma a ser proferida decisão provisória;

Requer-se também a Citação Edital do Requerido nos termos do disposto no artigo 36.º do
RGPTC, por este se encontrar em parte incerta.
Requer-se ainda, nos termos do disposto no artigo 466.º do Código de Processo Civil (C.P.C), as
declarações de parte da Requerente relativamente aos factos em que interveio e/ou de que tem
conhecimento pessoal: artigos 3.º a 14.º do presente Requerimento.

PROVA:
Prova Testemunhal, cuja notificação pelo douto Tribunal aqui se requer:
1) XXXXXXX, residente na XXXX, XXXX-XXX XXXXX;
2) XXXXXXXXXXX, residente na XXXX, XXXX-XXX XXXXX.

Valor: 30.000,01 (Trinta mil euros e um cêntimo)

Junta: 7 (sete) documentos, cópias e duplicados legais.

P.D.

A Advogada

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