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AO JUÍZO DA VARA DE REGISTRO PÚBLICO E ACIDENTE DE TRABALHO DA

COMARCA DE XXX

Prioridade de Tramitação – pessoa idosa com 60 anos


(art. 71, da Lei n. 10.741/03; art. 1.048, I, do CPC)

XXX, brasileiro, estado civil, portador do RG sob n. xxx, inscrito no CPF sob
n. xxx, rendereço, com telefone de contato xxx e endereço eletrônico xxx, por seu
advogado(a), com endereço profissional situado xxx, que indica para os fins do art.
77, V, do CPC, vem, respeitavelmente, à presença de V. Exa. requerer a
RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL, com fulcro na Lei 6.015/73, com as
correções da Lei 6.216/75, artigos 109 a 113, pelos motivos fáticos e jurídicos que
passa a expor.

I. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Inicialmente, requer a concessão do benefício da justiça gratuita, com base


no art. 5º, LXXIV, da CRFB/88, na Lei nº 1.060/50 e art. 98 e 99 do CPC, uma vez
que o autor declara possuir insuficiência de recursos financeiros para pagar as
custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios sem prejuízo do
sustento próprio e de sua família.

II. DOS FATOS

XXX, autor da presente demanda, é filho do sr xxx e da sra. xxx. O Autor tem
como avós paternos o sr xxx e a sra xxx; e, como avós maternos o sr xxx e a sra.
xxx. Ocorre que, ao solicitar a 2ª via de sua certidão de nascimento no Cartório do
Reg. Civil xxx, foi surpreendido com duas omissões grosseiros na emissão do
documento: i) No campo destinado ao nome pessoal, constando apenas o nome
xxx, e estando omisso o sobrenome da família paterna, xxx; ii) No campo da
linhagem parental, estando omissos os nomes dos seus avós maternos, o sr xxx e a
sra xxx. Desse modo, a fim de desvelar as omissões supracitadas, não encontrou
outra solução a não ser o ajuizamento da presente.

III. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

O direito ao nome, no ordenamento jurídico nacional, encontra-se


contemplado pelo Código Civil como direito da personalidade. Por conseguinte, pelo
princípio da dignidade da pessoa humana, corresponde a um direito de natureza
fundamental.

O erro grosseiro constante da emissão da 2ª via da certidão de nascimento


configura situação que não pode ser tolerada. Não se trata de alteração de nome ou
sobrenome por insatisfação ou carga psicológica negativa, mas de assegurar a
integralidade dos dados que constam na 1ª via da certidão de nascimento do autor.
Dados estes que compõem a personalidade jurídica do autor, constituídos desde o
seu batismo.

Nesse lastro, o art. 1º, CC, preconiza que toda pessoa é capaz de direitos e
deveres na ordem civil. Sendo assim, "quem tem personalidade jurídica dispõe de
uma proteção diferenciada, caracterizada pelos direitos da personalidade'' (FARIAS,
FIGUEIREDO, DIAS, 2020, p. 29)1.

Para mais, o art. 57. da Lei 6.015/73 é explícito ao estabelecer que a


alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após
audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver
sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela
imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei.

Sendo assim, é oportuno salientar que inexiste qualquer ação de retificação


de assentamento de registro civil de nascimento pretérita a esta. Portanto, sem

1
FARIAS, Cristiano Chaves; FIGUEIREDO, Luciano; DIAS, Wagner Inácio. Código civil para
concursos. Salvador, BA: JusPodivm, 2020
qualquer motivação para a alteração que foi realizada no registro de nascimento da
autora. Evidentemente um erro grosseiro do Cartório do Reg. Civil Comarca de xxx.

Além do mais, descabido a negativa do cartório em retificar seu erro,


inobservando o quanto estabelecido no art. 110, inciso I, da Lei 6.015/73, senão
vejamos, in verbis:
art. 110 - O oficial retificará o registro, a averbação ou a
anotação, de ofício ou a requerimento do interessado,
mediante petição assinada pelo interessado, representante
legal ou procurador, independentemente de prévia autorização
judicial ou manifestação do Ministério Público, nos casos de: I -
erros que não exijam qualquer indagação para a constatação
imediata de necessidade de sua correção.

Evidentemente que a omissão está mais do que evidente quando verificamos


os dados constantes na 1ª via do Registro de Nascimento, no qual constam o nome
completo do autor como xxx; bem como os nomes dos avós maternos, conforme
certidão de nascimento original, o sr xxx e a sra xxx. Ainda, é possível confirmar a
omissão em simples análise aos demais documentos de identificação pessoal do
autor - 1ª via da Certidão de nascimento, identidade, título de eleitor, CPF e
reservista - no qual constam os dados supramencionados.

Além do mais, o Autor é conhecido pela sociedade civil pelo nome de xxx,
como se pode verificar o nome do titular da conta cadastrada na Coelba, anexa. Por
fim, sendo as provas supracitadas insuficiente, é possível ainda verificar os dados
constantes nas certidões de óbito dos genitores do Autor.

De mais a mais, face a negativa do Cartório em retificar o seu próprio erro,


busca-se guarida no artigos 109 e ss. da lei n° 6015/73, no qual abrem a
possibilidade de retificação de registro, senão vejamos:
Art.109. Quem pretender que se restaure, supra ou retifique
assentamento no Registro Civil, requererá, em petição
fundamentada e instruída com documentos ou com indicação
de testemunhas, que o juiz o ordene, ouvido o órgão do
Ministério Público e os interessados, no prazo de 5 (cinco)
dias, que correrá em cartório.
Indubitavelmente, a 2ª via da Certidão de Nascimento do Autor é um
documento emitido em eterna desarmonia com a personalidade existente, ferindo
diretamente o princípio da dignidade da pessoa humana. Princípio este, fundamento
basilar da República Federativa do Brasil. Senão vejamos o quanto firmado pela
Carta Magna de 1988, in verbis:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana.

Por fim, anseia o Autor pela devida emissão da 2ª via do seu Registro de
Nascimento com os dados corretos. Constando o seu nome completo como xxx;
bem como os nomes dos seus avós maternos, conforme certidão de nascimento
original, o sr xxx e a sra xxx.

IV. DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer-se:

a. Seja concedido a prioridade de tramitação do feito, recebendo os


autos identificação própria, prioridade de tramitação – pessoa idosa
com 60 anos, na forma do art. 71, do Estatuto do Idoso (lei
nº10.741/03), bem como do art. 1.048, I, do CPC;
b. Seja concedido a gratuidade de justiça, haja vista não ter condições
econômicas e/ou financeiras de arcar com as custas processuais e
demais despesas aplicáveis à espécie, sem prejuízo próprio ou de sua
família, na forma da Lei;
c. A citação do Representante do Ministério Público para acompanhar o
presente feito;
d. Que a parte autora seja intimada pessoalmente sobre todos os atos
deste processo;
e. A procedência dos pedidos, a fim de retificar o assentamento de
nascimento de xxx, registrado no cartório de RCPN da comarca de
xxx, com matrícula sob número xxx, para constar:
i. o nome completo do autor: xxx;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em Direito,
especialmente juntada de documentos, depoimento pessoal da Requerente e oitiva
das testemunhas arroladas, bem como qualquer outra providência que V. Exa.
considerar indispensável à resolução da lide, ficando tudo desde já requerido.

Dá-se à causa o valor de R$ (incluir o valor de um salário mínimo) para fins


legais.

Nestes Termos, pede-se o deferimento.

Cidade, data

Advogado
OAB

Rol de Testemunhas

● Testemunha 1:

● Testemunha 2:

● Testemunha 3:

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