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Faculdade de Balsas (Unibalsas)

Curso de Direito. 10º período/Vespertino


Tópicos Especiais em Direito
Professora: Cristiano Rêgo Coelho
Alunos (a): Bruna, Karoline Queiroz Matos, Miguel Silva de Macêdo, Matheus
Pires.
.

Contestação com Reconvenção

Trabalho apresentado à disciplina de


Tópicos Especiais em Direito, dado pelo
professor Cristiano Rêgo Coelho, para a
obtenção de pontos do primeiro bimestre,
do curso de Direto.

Balsas-MA
2023
Ao Douto Juízo da 17° Vara de Família da Comarca de Fortaleza, Estado do Ceará

Processo n°...

MARIA, estado civil..., profissão..., devidamente inscrita no Cadastro de


Pessoas Físicas sob o número..., residente e domiciliada em..., vem à presença deste
Douto Juízo, por meio de seus procuradores infra-assinados, com procuração em
anexo e com fulcro nos 335 e 342, ambos do Código de processo Civil, oferecer

CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO

em face de CARLOS, devidamente qualificado nos autos desta ação de divórcio por
ele ajuizada, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.

I. TEMPESTIVIDADE

Douto Juízo, a presente contestação é tempestiva, visto que oferecida dentro


do prazo legal de 15 dias úteis, com fulcro nos artigos 219 e 335, ambos do Código
de Processo Civil, assim, por ser tempestiva, deve ser acolhida.

II. DOS FATOS

O Autor e a Ré contraíram núpcias em 22 de a março de 2014, sendo que o


regime que regia o matrimônio de ambos é o da comunhão parcial de bens. Ainda,
dessa relação tiveram uma filha, nascida em 10 de julho de 2017.

Durante a constância do casamento, foram adquiridos alguns bens em


conjunto, sendo eles as quotas da sociedade empresária Exportações LTDA,
adquirida em 10 maio de 2016 e um prédio comercial, na Cidade de Fortaleza/CE,
adquirido em 15 de julho de 2018, ambos comprados pelo Autor.

Ainda, a Ré recebeu, como herança, uma casa residencial, na cidade de


Balsas/MA, em razão do óbito de seu pai.

Cumpre destacar que a Ré sofreu violência financeira por parte do Autor e, com
isso, conseguiu uma medida protetiva de urgência contra ele. Não obstante a violência
sofrida, o Autor decidiu separar-se da Ré, alegando que o matrimônio se tornara
“insuportável”, resultando na presente demanda processual. Por fim, tendo em vista a
existência de filho menor, não há a possibilidade de realizar a separação de forma
extrajudicial.

III. DAS PRELIMINARES

III.I DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO

Ilustre Juízo, a Ré além de ter residência e domicílio da cidade de Balsas/MA,


já sofreu violência financeira praticada pelo Autor e, por conta disso possui uma
Medida Protetiva de Urgência contra ele, conforme documentação carreada aos
autos, deferida nos moldes elencados pela Lei n° 11.340/06.

Ainda, salienta-se que o artigo 53, inciso I, alínea d, do Código de Processo


Civil, determina que o foro competente para julgar processos de separação, anulação
de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável, é o da vítima que
sofreu violência doméstica e familiar.

Pelo exposto, tendo em vista que a Ré sofreu violência doméstica e familiar,


possuindo, inclusive, uma Medida Protetiva de Urgência contra o Autor, o foro
competente para julgar a presente demanda é o de Balsas/MA, devendo ser declarada
a incompetência relativa deste Juízo, com remessa dos autos ao Juízo competente,
com fulcro nos artigos 53, inciso I, alínea d, e 337, II, ambos do Código de Processo
Civil.

III.II DA INDEVIDA CONCESSÃO DE GRATUIDADE DA JUSTIÇA AO AUTOR

Nobre Juízo, o Autor detém grande poder econômico, pois é um empresário


bem-sucedido do ramo de importações, tendo, inclusive, diversas cotas da sociedade
empresária Exportações LTDA. Ainda, como se não bastasse, este empregou
violência econômica contra a Ré durante o a relação conjugal, portanto, este não faz
jus ao benefício da gratuidade da justiça.

Assim, não deve ser aceita a mera declaração de hipossuficiência, devendo ser
exigida prova da impossibilidade de pagamento das custas processuais. Portanto,
tendo em vista que o Autor não comprovou a miserabilidade com as devidas provas,
o indeferimento do pedido é medida lógica a ser seguida.
IV. DO DIREITO

O autor requereu, em seus pedidos, a separação dos bens da seguinte forma:


a divisão, em partes iguais, do imóvel residencial localizado na cidade de Balsas, o
reconhecimento de que as quotas da sociedade empresária Exportações LTDA e o
imóvel comercial localizado em Fortaleza/CE, comprados por ele, sejam cem porcento
seus. Todavia, este não faz jus a tais direitos.

Quando da celebração do casamento o regime escolhido pelo casal para reger


seus bens foi o da comunhão parcial, presente no artigo 1.658 do Código Civil.
Referido artigo disciplina quais serão as regras de referido regime, aduzindo que os
bens que sobrevierem ao casal na constância do casamento serão comunicados, ou
seja, os bens que o casal adquirir durante o matrimonio, serão de ambos, salvo
exceções.

Quanto ao imóvel residencial localizado na cidade de Balsas, este não deve ser
comunicado, tendo em vista que foi adquirido através de herança recebida pela Ré,
em razão do falecimento de seu pai. Tal alegação merece guarida, tendo em vista que
disciplinada no artigo 1.659 do diploma legal supracitado, vejamos:

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir


ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação
ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar. GRIFO NOSSO

Ainda, quanto à alegação do autor de que teria direito a 100% do imóvel e das
quotas empresariais, compradas por ele, esta não deve ser atendida, tendo em vista
que, mesmo que os bens tenham sido comprados com o dinheiro do autor, tal fato não
é fundamento apto a retirar o direito da autora sobre os bens, isso porque o Código
Civil preceitua que apenas os bens previstos no artigo 1.659 da referida Lei serão
excluídos da comunicabilidade.

Noutro giro, especificamente em relação às quotas empresariais alegadas pelo


autor, estas deverão entrar na comunhão parcial de bens, sendo devidas no
percentual de 50% à ré, já que adquiridas na constância do casamento. Tal divisão
deverá ser feita observando-se o que está disposto no artigo 600 do Código de
Processo Civil, ou seja, para que não haja a descapitalização da empresa e, tendo em
vista que a divisão das quotas não torna a ré sócia da empresa, o procedimento a ser
seguido é o do cálculo dos haveres que lhes são de direito.

Por sua vez, a alegação do autor de que referidos bens seriam seus por direito,
já que comprados com o seu dinheiro, demonstra, mais uma vez, a violência financeira
pela qual a ré era submetida, já que, por dedicar-se à família, não obtinha proventos
próprios como o esposo, abdicando de sua vida pessoal. Assim, como a justificativa
alegada pelo autor não encontra respaldo na Lei, os bens aquiridos na constância do
casamento, ainda que pagos exclusivamente pelo autor, devem respeitar a divisão
igualitária, conforme preceitua o regime da comunhão parcial de bens do artigo 1.658
do Código Civil.

Por fim, mais uma vez, o autor cita sua ótima condição financeira para requerer
violações ao direito da ré, aduzindo que, por ostentar situação econômica proveitosa,
deve ter a guarda da filha do casal, que, atualmente, reside com a mãe.

Todavia, a situação fática requer um maior cuidado para que a criança não seja
excluída do convívio dos pais e não tenha mudanças bruscas em sua rotina, assim, a
melhor saída para que os interesses conflituosos dos genitores não afetem a vida da
criança é a guarda compartilhada, conforme o que disciplina o artigo 1583, §3°, do
Código Civil, mantendo a responsabilidade sobre a menor para ambos os pais, mas
permanecendo esta a residir com a sua mãe, ora ré, já que a condição financeira
elevada de um dos pais não é fator determinante para a concessão da guarda
provisória.

4. DA RECONVENÇÃO

Consoante a determinação legal disposta no artigo 343 do Código de Processo


Civil, pode o Requerido em sede de contestação propor reconvenção para pleitear
seus direitos. Neste sentido, Nelson Nery Junior (2022, p. 72) “quem, na contestação
de uma lide, propõe reconvenção, exerce direito de ação e vai a juízo observando a
tutela de um interesse seu”.
Destaca-se, que o Requerente se excede em suas pretensões, assim, além de
não fazer jus ao que pleiteia, deve suportar os pedidos a seguir indicados pelos fatos
e fundamentos a seguir aduzidos.

4.1. DOS FATOS

O Autor Reconvindo e a Ré reconvinte casaram-se no dia 23 de março do ano


2023, sob o regime de comunhão parcial de bens, onde adquiriram bens, estes já
devidamente indicados e especificados nos autos. Ocorre, que dá insuportabilidade
da vida conjugal e, consequentemente da separação de fato, nasce os presentes
autos onde o Autor Reconvindo requer além de suas possibilidades pleiteando 50%
(cinquenta porcento) do imóvel residencial urbano localizado no município de Balsas-
MA, de propriedade da Ré reconvinte adquirido através de herança, não obstante, o
Autor Reconvindo pleiteia a integralidade das quotas societárias e do prédio comercial
localizado no município de Fortaleza-CE, esquivando-se do entendimento do regime
de bens que instituíram na união conjugal.
Ainda, do enlace matrimonial na data de 10 de julho de 2017 adveio uma filha,
da qual a Requerida sempre privilegiou os cuidados, no entanto, conforme consta nos
autos o Autor Reconvindo busca a guarda unilateral da menor impúbere, alegando
unicamente privilégios financeiros. Acontece, que atual situação financeira da Ré
reconvinte reflete o comportamento controlador do Autor Reconvindo, com condutas
de retenção e controle dos bens e valores pertencentes ao casal, bem como privando-
a de exercer qualquer atividade laboral, tornando-a dependente financeira do mesmo,
conforme faz prova a Medida Protetiva anexada aos autos.
Assim, como forma de assegurar seus direitos patrimoniais, bem como seus
direitos enquanto genitora no exercício do poder familiar a Ré reconvinte busca tutela
jurisdicional, pelos fundamentos a seguir apresentados.

4.2. PRELIMINARMENTE
4.2.1. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Requer-se a concessão dos benefícios da justiça gratuita, uma vez que a Ré
Reconvinte, não possui condições suficientes para arcar com as despesas
processuais sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família.
Destaca-se, que dada a violência patrimonial suportada pela Ré reconvinte na
constância da união conjugal, era privada de inserir-se no mercado de trabalho,
tornando-se dependente financeira do Autor reconvindo, conforme faz prova Carteira
de Trabalho e Previdência Social anexada aos autos.
Assim, com fundamento no art. 5°, LXXIV, da Constituição Federal e artigos 98,
caput e 99, §6º do Código de Processo Civil, pugna-se pela concessão da gratuidade
de justiça.

4.3 – DO MÉRITO
4.3.1. DOS ALIMENTOS DEVIDOS
Em continuidade aos anseios da Ré reconvinte, ela busca, através do poder
judiciário, a assistência alimentícia de seu ex-cônjuge.
A obrigação de prover sustento, sob a perspectiva jurídica, abrange não apenas
a questão financeira, mas também considera o status social que o cônjuge mantinha
antes da dissolução da união estável. Além disso, é essencial levar em conta a relação
entre a necessidade da parte que busca os alimentos e a capacidade financeira da
parte que deverá fornecê-los, um equilíbrio que sempre deve ser mantido no centro
das discussões relacionadas à pensão alimentícia.
Neste prisma, afirma o doutrinador Beviláqua apud Cahali (2006. P. 16) que: A
palavra alimentos tem, em direito, uma acepção técnica, de mais larga extensão do
que na linguagem comum pois compreende tudo o que é necessário à vida: “sustento,
habitação, roupa e tratamento de moléstias”
Nesse contexto, a legislação brasileira estabelece, especificamente no início
do artigo 1.694 do Código Civil, que os cônjuges têm o direito de solicitar assistência
financeira um ao outro quando dela necessitarem para manter o mesmo padrão social
que tinham durante o casamento.
Assim, se, após o término da união conjugal, um dos cônjuges não puder mais
se sustentar adequadamente ou se sofrer um impacto que afete sua posição social, é
possível solicitar pensão alimentícia. Esse pedido pode ser feito tanto pelo homem
quanto pela mulher, em conformidade com o princípio de igualdade de direitos e
obrigações entre os gêneros, conforme estabelecido no artigo 5º, inciso I, da
Constituição Federal.
No mesmo sentido, os alimentos, tanto como dever, como de direito, também
são preconizados pelo CC, nos termos seguintes:
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem
bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e
aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do
necessário ao seu sustento.
Nesse sentido, vejamos o entendimento deste Colendo Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DIVÓRCIO C/C ALIMENTOS
TUTELA DE URGÊNCIA. PENSIONAMENTO DEVIDO À VAROA.
CAPACIDADE CONTRIBUTIVA DO ALIMENTANTE. DILAÇÃO
PROBATÓRIA. ALIMENTOS PROVISIONAIS. RAZOABILIDADE.
É cediço que o dever de mútua assistência, que se prolonga mesmo após o
desfazimento da sociedade conjugal, conforme ditames da Constituição
Federal e do Código Civil de 2002, justifica-se quando o ex-cônjuge não tem
condições de subsistir por seu próprio esforço. Com efeito, os alimentos são
devidos aos ex-cônjuges quando há dependência econômica habitual e
comprovada e, ainda, esteja patente a impossibilidade de exercício de
atividade laboral, seja em razão de idade, enfermidade, inaptidão ou casos
nos quais uma das partes não possa, por circunstâncias alheias à sua
vontade, ingressar no mercado de trabalho para prover sua própria
subsistência. Se a adequada análise dessas circunstâncias demanda dilação
probatória, afigura-se recomendável, ante a natureza e destinação da verba
em questão, que seja assegurado o seu pagamento em sede de provimento
antecipatório, até que a questão seja examinada em sede de cognição plena.
A obrigação de prestar alimentos tem como objetivo, no mínimo, assegurar uma
parcela de dignidade. Nesse contexto, o artigo 4º da Lei 5.478/68 estabelece que
quando um pedido é apresentado, o juiz determinará imediatamente o pagamento de
alimentos provisórios pelo devedor, a menos que o credor declare explicitamente que
não precisa deles.
Destaca-se que, conforme bem detalhado nos fatos acima, a Ré reconvinte já
havia obtido Medida Protetiva de Urgência em face de seu marido em razão da
violência financeira que vinha sofrendo, por ser totalmente dependente
economicamente do seu cônjuge, que não a deixava exercer qualquer tipo de
atividade remunerada. Assegura-se, que a medida da prestação alimentícia é
imprescindível, visto que o momento atual é de recomeço, não podendo arcar com
sua própria subsistência.
Nesse entendimento, o Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão (TJMA), é
assente quanto ao momento e a necessidade da tal assistência pecuniária, vejamos:
ALIMENTOS FIXADOS PARA EX-CÔNJUGE. EXONERAÇÃO.
1. A obrigação de prestar alimentos à ex-cônjuge é excepcional,
ostentando caráter assistencial e transitório, servindo como mecanismo
de adaptação à nova realidade que se impõe e suficiente ao
soerguimento da alimentanda, com sua reinserção no mercado de
trabalho. 2.Tendo a alimentanda recebida alimentos por tempo mais que
suficiente ao seu desenvolvimento pessoal, deve ser extinta a obrigação do
alimentante, pois não se pode albergar, sob o manto da Justiça, a inércia
laboral de um sujeito em detrimento da sobrecarga de outro. 3. Apelo
conhecido e improvido. Unanimidade. (apelação cível nº 53738-
56.2014.8.10.0001)
Destaca-se, os alimentos transitórios têm como finalidade assegurar a
subsistência da parte economicamente menos favorecida em virtude de ter dedicado
ao lar ou mesmo um estilo de vida como inerente à manutenção de um status social.
Ressalta-se, que a obrigação de prestar alimentos entre ex-cônjuges, decorre
do Princípio Constitucional da Solidariedade e do dever de mútua assistência, quais
são fixados equitativamente, além do binômio necessidade-possibilidade, ainda deve
ser estabelecido o trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade, ou seja, a
capacidade para o trabalho e a possibilidade de reinserção no mercado de trabalho,
vejamos abaixo os artigos 1.694 e 1.695 do Código Civil:
Outra não tem sido a orientação da Corte de Superposição em casos análogos:
"Essa é a plena absorção do conceito de excepcionalidade dos alimentos
devidos entre ex-cônjuges, que repudia a anacrônica tese de que o
alimentado possa quedar-se inerte - quando tenha capacidade laboral - e
deixar ao alimentante a perene obrigação de sustentá-lo. Decorrido esse
tempo razoável, fenece para o alimentado o direito de continuar recebendo
alimentos, pois lhe foi assegurada as condições materiais e o tempo
necessário para o seu desenvolvimento pessoal, não se podendo albergar,
sob o manto da Justiça, a inércia laboral de uns, em detrimento da sobrecarga
de outros" (REsp 1.205.408/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi).
Diante o exposto, requer desde já o DEFERIMENTO, do pedido de PENSÃO
ALIMENTÍCIA nos valores de R$ XXXXXX, prestados por tempo determinado de
XXXXX.
4.3.2. DA GUARDA COMPARTILHADA

A Ré reconvinte vem exercendo a guarda unilateral de fato da menor, porém,


diferente do que pugna o Autor Reconvindo, tem interesse na guarda compartilhada,
considerando-se que é a que mais se aperfeiçoa para atender todas as necessidades
da menor. Levando-se em consideração a importância de crescer com a referência
paterna, bem como ter o convívio com Autor Reconvindo, neste sentido o artigo 1.583,
caput e parágrafos 1º e 3º do Código Civil, senão vejamos:

Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. (Redação dada pela


Lei nº 11.698, de 2008).

§ 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores


ou a alguém que o substitua ( art. 1.584, § 5 o ) e, por guarda compartilhada
a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai
e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder
familiar dos filhos comuns.

§3 º Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve


ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo
em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos. (grifos nosso)

Desta forma, a guarda compartilhada, torna-se meio possível para preservar os


direitos da menor e, ainda privilegiando aos pais a paternidade responsável.
Corroborando a esta tese, destacamos a jurisprudência do Tribunal de Justiça do
Estado de Minas Gerais, no ano de 2021, veja-se:

EMENTA: APELAÇÃO - AÇÃO DE GUARDA - GUARDA


COMPARTILHADA - REGRA - ALTERNÂNCIA DE RESIDÊNCIA -
CONTRAINDICAÇÃO - FIXAÇÃO DO LAR DE REFERÊNCIA - SENTENÇA
MANTIDA. - A guarda compartilhada, desde a entrada em vigor da Lei n.
13.058/2014, que alterou o Código Civil, passou a ser utilizada como regra,
só podendo ser estabelecida a guarda unilateral excepcionalmente, caso
um dos genitores não esteja apto a exercer o poder familiar, ou manifeste
expressamente a ausência de vontade em obter a guarda do menor - A
guarda compartilhada não equivale a guarda alternada, pelo contrário, o
exercício da guarda de forma compartilhada não pressupõe que a
convivência dos genitores com o filho seja dividido equanimemente, nem
mesmo exige a alternância de residências - Restando demonstrado nos
autos que esta determinação é o que atende ao melhor interesse do menor,
sendo ainda o desejo pessoal da criança, é prudente que se mantenha a
guarda compartilhada, mas tendo o lar materno como o de referência,
assegurando ao genitor o direito de visita.(TJ-MG - AC:
10000200793966001 MG, Relator: Maurício Soares, Data de Julgamento:
06/08/2021, Câmaras Cíveis / 3ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
09/08/2021).

Assim, dada a responsabilização conjunta e para o correto exercício


de direitos e deveres dos genitores, advindos do poder familiar, visando um convívio
pacífico da família, entende-se pela necessidade da fixação de uma rotina que
contribua efetivamente com formação psicossocial da menor, pessoa em
desenvolvimento, que já fixa residência com a genitora, através das regras que
seguem:

1) O convívio do Autor Reconvindo com filha aos finais de semana, em


respeito à rotina escolar da menor, podendo pegá-la na casa da Ré Reconvinte com
aviso prévio informando-a sobre o horário que buscará e devolverá a menor;

2) Durante as férias escolares, o Autor Reconvindo terá direito a


convivência com a menor pela metade do período, podendo inclusive com ela viajar,
desde que, comunique antecipadamente a Ré Reconvinte, e indicando com precisão
o local do destino e data de retorno;

3) Seguindo tal dinâmica, nas festas de final de ano, a menor nos anos
pares, desfrutará do Natal junto ao Autor Reconvindo e o Ano Novo com a Ré
Reconvinte, invertendo-se essa ordem nos anos ímpares ou conforme as
necessidades devidamente fundamentadas dos genitores;

4) A respeito da data de aniversário da menor, caso decorra em dias da


semana, querendo o Autor Reconvindo poderá visitá-la, sem qualquer alteração na
programação já estabelecida, podendo levá-la a programa recreativo, com a
obrigação de devolvê-la na casa da Ré Reconvinte até às 19 horas do mesmo dia.

4.4 – DOS PEDIDOS DA RECONVENÇÃO

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

a) O deferimento dos benefícios da justiça gratuita, nos termos do artigo 5º,


LXXIV da Constituição Federal, combinado com os artigos 98 e 99,§6º do
Código de Processo Civil;
b) A intimação do Autor Reconvindo para apresentar resposta à reconvenção
no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de revelia, nos termos do art. 343,
§1º do CPC;
c) Que a presente reconvenção seja julgada totalmente procedente,
condenando o Autor Reconvindo ao pagamento de alimentos provisórios a
cônjuge virago no importe de R$ XXXX, prestados por tempo determinado
de XXXXX anos;
d) Seja deferida a guarda compartilhada e sejam regulamentadas as regras de
convivência ao genitor, conforme já disposto em tópico pertinente, vide
tópico 4.3.2;
e) Intimação do Ministério Público para intervir no feito por se tratar de
interesse de incapaz, como predispõe o artigo 178, II do Código de
Processo Civil;
f) Seja o Autor Reconvindo condenado ao pagamento das custas processuais
e honorários advocatícios, nos moldes do art. 546 do CPC/2015;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,


que ficam desde já requeridos, ainda que não especificados.

Requer, por fim, que sejam as intimações processuais realizadas em nome do


advogado XXXX, inscrito na OAB/MA nº xxxxx, que a este subscreve, nos precisos
termos do Art. 272, §5º do CPC, sob pena de nulidade.

Atribui-se à causa o valor R$ XXXXX, para fins de alçada, nos moldes do


art. 292, VI do CPC.

V. DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer:

A) A declaração da incompetência para julgar o feito do presente juízo, com o


consequente envio dos autos ao Juízo de Balsas/MA, com fulcro nos artigos 53, inciso
I, alínea d) e 337, ambos do Código de Processo Civil e Lei n° 11.340/06.

B) O indeferimento da justiça gratuito ao Autor, pois ele ostenta grande poder


econômico.
C) A incomunicabilidade do imóvel residencial fruto da herança da ré, sendo
reconhecido que o bem é exclusivamente seu.

D) A divisão do imóvel comercial em partes iguais, sendo devido 50%


(cinquenta porcento) deste à ré.

E) O cálculo dos haveres das quotas empresariais em favor da ré, com o seu
consequente pagamento.

D) O indeferimento do pedido de guarda provisória do autor, sendo mantida a


residência da menor junto à ré, com a estipulação da guarda compartilhada.

Nestes termos,

Pede-se deferimento.

Balsas-MA, xx de xxxx de xxxx.

_________________________________
Advogado – OAB/XX
XX.XXX

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