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ABDALLA &

ALCKMIM
EXCELENTISSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO JUIZADO
ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE SENADOR CANEDO GOIAS

VERA LUCIA SANTOS SILVA, brasileira, viúva, pensionista,


portadora do RG: 1396984 2ª VIA, portadora do CPF: 300.993.231-68, Residente e
domiciliada na Rua S 16, Q:38, LT:13, Conjunto Morada do Morro, Senador Canedo,
Goiás, CEP :72250-514, por seus advogados abaixo firmados (procuração
anexa), vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência,
ajuizar a presente:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO e NULIDADE


CONTRATUAL c/c
RESTITUIÇÃO DE VALORES, COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA E
INDENIZAÇÃO.
POR DANO MORAL
em face de:

NÚMERO DE INSCRIÇÃO 
61.186.680/0001-74
COMPROVANTE DE INSCRIÇÃO E DE DATA DE ABERTURA 
20/07/1966 
MATRIZ  SITUAÇÃO CADASTRAL
 NOME EMPRESARIAL 
BANCO BMG SA 

 TÍTULO DO ESTABELECIMENTO (NOME DE FANTASIA) 


PORTE 
DEMAIS 
******** 

 CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA PRINCIPAL 


64.22-1-00 - Bancos múltiplos, com carteira comercial 

 CÓDIGO E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS SECUNDÁRIAS 


Não informada 

 CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA 


205-4 - Sociedade Anônima Fechada 

 LOGRADOURO 
NÚMERO  COMPLEMENTO 
1830  ANDAR 10 11 13 E 14 BLOCO 01 E 02
AV PRESIDENTE JUSCELINO KUBITSCHEK  PARTE SALA 101 102 112 131 141

 CEP 
BAIRRO/DISTRITO  MUNICÍPIO  UF 
VILA NOVA CONCEICAO  SAO PAULO  SP 
04.543-000

Escritório: Av. Goiás, n. 351, sala 02, Centro, Goiânia-GO.

Tel. (62) 99104-5480


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 ENDEREÇO ELETRÔNICO 
TELEFONE 
(11) 0000-0001
FISCAL@BANCOBMG.COM.BR

 ENTE FEDERATIVO RESPONSÁVEL (EFR) 


***** 

 SITUAÇÃO CADASTRAL 
DATA DA SITUAÇÃO CADASTRAL 
03/11/2005 
ATIVA

 MOTIVO DE SITUAÇÃO CADASTRAL 

 SITUAÇÃO ESPECIAL 
DATA DA SITUAÇÃO ESPECIAL 
********
********

em decorrência das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas.

1. PRELIMINARMENTE:

Requer os benefícios da assistência judiciária, porque não possui condições de arcar


com as taxas e custas do presente processo sem prejuízo de seu sustento. Portanto se tiver
que pagar taxas e custas do presente processo terá comprometido seu sustento. Visto que é
aposentado, e cuida de sua família, tendo assim despesas altas.

2. SITUAÇÃO FÁTICA:

Inicialmente, cumpre ressaltar que a Autora é pensionista de baixa renda, de


modo que possui como renda e forma de subsistência o benefício previdenciário nº
789893541 (pensão por morte previdenciaria) junto ao INSS, o qual é depositado
mensalmente em sua conta corrente.

Em razão de dificuldades financeiras, a Autora há alguns anos procurou o


Banco Requerido para contratar empréstimo consignado a fim de quitar as dívidas
que lhe assombravam, oportunidade em que firmaram contrato de empréstimo
consignado, que desde então vem sendo descontado mensalmente da pensão da
Autora.

Ocorre que, na ocasião, o Banco Requerido não entregou a Autora nenhuma via
do Contrato de Empréstimo Consignado, fato que, no momento, não se mostrou
relevante a Autora que se encontrava entusiasmada com o deferimento do empréstimo
que possibilitaria o pagamento de suas dívidas.

Importante frisar que a parte autora procurou por diversas vezes a requerida para
obter a copia do contrato, para assim saber sobre sua dívida, eis que tem mais de 9
meses que vem pagando pela dívida e esta não obtém abatimento no valor principal e
tão menos tem data para encerramento do empréstimo.

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No entanto, o tempo passa, inúmeras parcelas do empréstimo foram pagas
através de descontos mensais em sua pensão, mas os descontos nunca abatia o valor da
dívida e tão menos tem data para cessação, motivo pelo qual a Autora se dirigiu ao
Banco Requerido para solicitar informações sobre a atual situação do seu
empréstimo, tais como, número de parcelas, taxa de juros, valor total da dívida e saldo
devedor, uma vez que a própria Autora não poderia verificar tais informações porque o
contrato que lhe foi entregue estava em branco, e tudo "zerado".

Foi então que a Autora descobriu que o empréstimo em tela não se tratava da
comum modalidade de empréstimo consignado praticada normalmente no mercado e
sim da excepcional e extremamente desvantajosa modalidade de Empréstimo por
Reserva de Margem Consignada – RMC com saque em cartão de crédito.

O que de fato aconteceu foi que o Banco Requerido criou um cartão de crédito
no nome da Autora sem a autorização nem sequer ciência do mesmo, realizou um
saque do crédito rotativo (cheque especial) disponível no referido cartão de crédito e
efetuou o crédito na conta do autor, saindo assim da agência sem ter a MÍNIMA noção dos
sobreditos fatos, e o pior, acreditando ter feito um SIMPLES EMPRESTIMO
CONSIGNADO.

Todavia, não foi o que aconteceu. O Banco Requerido dolosamente vendeu a


Autora um Empréstimo na modalidade RMC como se fosse um simples empréstimo
consignado, e desde então o Autor vem pagando parcelas mensais infindáveis, uma
vez que, ao invés de a cada parcela paga o saldo devedor diminuir, acontece o
contrário, o saldo devedor aumenta.

Isso porque no Empréstimo na modalidade de Reserva de Margem de Crédito –


RMC com saque em cartão de crédito funciona da seguinte forma: o banco emite
um cartão de crédito em nome do aposentado/pensionista, o próprio banco realiza
um saque no crédito rotátivo disponível no referido cartão de crédito e repassa os
referidos valores ao consumidor. A partir de então o consumidor tem duas alternativas:
a) no mês seguinte quitar o débito total acrescido dos respectivos juros, por meio de
fatura encaminhada pelo banco, ou; b) pagar nos meses seguintes, através de desconto em
sua aposentadoria, apenas o valor mínimo da fatura do débito, e ficar sujeito
mensalmente ao acréscimo de juros sobre o montante da dívida.

O consumidor que opta pela segunda alternativa, se sujeita ao pagamento


interminável de juros, uma vez que as parcelas descontadas mensalmente de sua
aposentadoria constituem apenas o pagamento de parte dos juros e não amortizam o
valor do débito principal.

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No caso dos autos, a Autora nem sequer sabia da existência da referida
modalidade de empréstimo, e somente tomou ciência da sua existência ao se dirigir
recentemente à agência do Banco Requerido, quando não só tomou ciência da
referida modalidade de empréstimo como também, para sua surpresa, descobriu que o
empréstimo contratado foi realizado nos termos de Reserva de Margem Consignada –
RMC.

A descaracterização do contrato trouxe nos últimos anos e, inevitavelmente,


continuará trazendo prejuízos incalculáveis ao Autor, visto que o pagamento mínimo
não é um parcelamento e sim um financiamento da dívida, que sempre será
prorrogado para a próxima fatura, tornando a dívida impagável.

Conforme se denota do extrato acostado em anexo (histórico de créditos), tais


descontos vêm sendo efetuados mensalmente do benefício da Autora junto ao INSS há
mais de 9 meses, apesar de a Autora não fazer uso nem nunca ter solicitado nenhum cartão
de crédito do Banco Requerido. Destarte, como se vê, não se trata de engano
justificável perpetrado pela instituição financeira, mas de verdadeira conduta ilícita
perpetrada com extrema má-fé, com o fito de lesar a boa-fé objetiva que deve existir em
todas relações contratuais, pois, o consumidor, sempre acredita que a instituição
financeira agirá com transparência e lealdade, inexistentes, no caso em tela.

Diante da resposta negativa do Banco Requerido à sua Reclamação, o Autor


entendeu que foi vítima de um GOLPE, qual seja, de que financeiras vendem um
pequeno empréstimo como se consignado fosse, mas que na verdade simulam o uso de
cartão por meio de um SAQUE DE CARTÃO DE CRÉDITO, pelo que estão cobrando
há tempos apenas juros. Vale ressaltar que a parte autora JAMAIS teve a intenção de
contratar cartão de crédito consignado, tendo o Banco Requerido agido de forma
DESLEAL e FRAUDULENTA.

Infelizmente, a parte Autora é apenas uma de milhares de aposentadas em


todo país que estão sendo vítimas desse tipo de FRAUDE cometida por
determinadas instituições financeiras, entre as quais se encontra o Banco Requerido,
fato que levou a Defensoria Pública do Estado do Maranhão (DPE/MA), a ajuizar Ação
Civil Pública nº 108732015, onde fora deferida decisão liminar determinando a
cinco bancos a imediata suspensão de cobranças de débitos a aposentados,
pensionistas e servidores estaduais e municipais com renda de até três salários mínimos,
oriundos de saque, empréstimos e crédito obtidos por meio de cartão de crédito com
reserva de margem consignável (RMC).

Desse modo, diante da negativa do Banco Requerido em regularizar


amigavelmente a situação, bem como diante do fato de que a referida FRAUDE
tem sido cometida rotineiramente por determinadas instituições financeiras contra
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aposentados de todo pais, a Autora não teve outra alternativa a não ser a
propositura da presente ação para assim valer seus direitos que estão sendo violados.

3. DOS DIREITOS:

DA NÃO CONTRATAÇÃO – AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO – FRAUDE -


VIOLAÇÃO DO CDC E INSTRUÇÃO NORMATIVA 28/2008 DO INSS.

No caso dos autos, a causa versa sobre a RMC (reserva de margem de crédito), com
desconto em benefício de aposentado junto ao INSS, matéria regulamentada pela
Instrução Normativa do INSS 28/2008, alterada pela Instrução Normativa
39/2009 do INSS/PRES, que estabelece categoricamente que o fornecimento do
referido serviço (empréstimo RMC com cartão de crédito) somente pode ser
oferecido mediante SOLICITAÇÃO EXPRESSA e ESCRITA do aposentado, in
verbis:

Art. 3º Os titulares de benefícios de aposentadoria e pensão por


morte, pagos pela Previdência Social, poderão autorizar o
desconto no respectivo benefício dos valores referentes ao
pagamento de empréstimo pessoal e cartão de crédito
concedidos por instituições financeiras, desde que:

III - a autorização seja dada de forma expressa, por escrito ou


por meio eletrônico e em caráter irrevogável e irretratável, não
sendo aceita autorização dada por telefone e nem a gravação de
voz reconhecida como meio de prova de ocorrência.

Mesmo que a IN 28/2008 do INSS não exigisse solicitação escrita e expressa da


aposentada, o Banco Requerido jamais poderia ter fornecido produto diferente do
contratado, muito menos ter criado um cartão de crédito em nome da Autora sem
sua anuência, porquanto o Código de Defesa do Consumidor no seu art. 39, III, proíbe
a concessão de produtos ou serviços não solicitados pelo consumidor:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre


outras práticas abusivas:

III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação


prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;

Correta a incidência do Código de Defesa do Consumidor na presente relação


jurídica, eis que os serviços que as instituições financeiras colocam à disposição dos
clientes estão regidos pelas normas constantes na Lei nº. 8.078/90:

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Além da ausência de autorização expressa em caráter irretratável e
irrevogável do consumidor , que por si só, contraria as sobreditas disposições, o
Autor também nunca foi informado de que qualquer empréstimo realizado
com Banco Requerido se dava na modalidade de cartão de
crédito,implicando também na violação do inc. III e IV do art. 6º do CDC
que consagram o direito do consumidor à informação adequada e clara, nos seguintes
termos:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
(...)
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes
produtos e serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade e preço, bem como sobre
os riscos que apresentem;

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos


comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e
cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços

Também viola frontalmente o sobredito dispositivo legal o fato de que o Banco


Requerido concedeu empréstimo a Autora sem lhe entregar uma via do contrato,
privando-o de informações básicas do produto tais como o número de parcelas do
pagamento, a taxa de juros, o valor total do débito e a modalidade do empréstimo
contratado.

Desse modo, tem-se que, de uma só vez, a conduta do Banco Requerido


violou as disposições contidas nos artigos 6º, III e IV e 39 do Código de Defesa do
Consumidor, bem como o art. 3, III da Instrução Normativa 28 do INSS.

DO EMPRÉSTIMO CONSIGNADO POR CARTÃO DE CRÉDITO –


MODALIDADE DE EMPRÉSTIMO ABUSIVA POR SI SÓ – OPERAÇÃO
FINANCEIRA QUE TRAZ VANTAGEM EXCESSIVA A INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA

Ainda que não contratado o cartão de crédito consignável, vale tecer


algumas considerações à respeito de tal modalidade de empréstimo, a qual por si só
é abusiva, tendo em vista que impõe ao consumidor ônus excessivo, pois o desconto
do mínimo não abate qualquer valor da dívida, mas tão somente os encargos do
cartão.

Assim, ainda que o Banco Requerido tivesse informado o consumidor de forma


clara sobre os termos do empréstimo de cartão de crédito consignado (o que não
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aconteceu), tal prática se configuraria abusiva pela manifesta vantagem excessiva da
instituição financeira.

Nesse sentido, o art. 39, V do Código de Defesa do Consumidor dispõe que:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços,


dentre outras práticas abusivas:

V - exigir do consumidor vantagem manifestamente


excessiva;

Embora tal prática seja recente por algumas empresas do ramo financeiro,
alguns Tribunais do pais já tem verificado a abusividade existente em tal modalidade de
empréstimo, como se infere dos precedentes abaixo:

“RESPONSABILIDADE CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE


REVISÃO CONTRATUAL C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. CONTRATO DE
EMPRÉSTIMO. SIMULAÇÃO. CONTRATO DE
CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO. VÍCIO.
ABUSIVIDADE. DANOS MORAIS. IN RE
IPSA.PROVIMENTO. I - Afigura-se ilegal conduta de
instituição financeira que, via consignação em folha,
procede a descontos variáveis e por prazo indefinido
nos vencimentos de consumidor, que acreditou ter
apenas contratado empréstimo para pagamento por
prazo determinado e em parcelas fixas, e não cartão
de crédito consignado com prazo indeterminado; II -
o dano moral não exige prova, a lesão é ipsa re,
bastando, tão-somente, a demonstração do ilícito, detentor
de potencialidade lesiva; III - [...] a oferta de reserva
de margem consignável (RMC), na prática configura-
se um empréstimo impagável. Nesta modalidade de
empréstimo, disponibiliza-se ao consumidor um cartão de
crédito de fácil acesso, ficando reservado certo
percentual, dentro do qual poderão ser realizados
contratos de empréstimos. 5. O consumidor firma o
negócio jurídico acreditando tratar-se de um contrato de
empréstimo consignado, com pagamento em parcelas
fixas e por tempo determinado, no entanto, efetuou a
contratação de um cartão de crédito, de onde foi
realizado um saque imediato e cobrado sobre o valor
sacado, juros e encargos bem acima dos praticados
na modalidade de empréstimo consignado, gerando assim,
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descontos por prazo indeterminado. 6. É vedado ao
fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas
abusivas, exigir do consumidor vantagem manifestamente
excessiva, como no caso dos autos, com o desconto do valor
mínimo diretamente nos vencimentos ou proventos do
consumidor, correspondente apenas aos juros e encargos de
refinanciamento do valor total da dívida, o que gera
lucro exorbitante à instituição financeira e torna a dívida
impagável. [...] declarou resolvido o contrato celebrado,
em face do seu adimplemento integral, condenando ainda
a instituição financeira a restituir ao autor o valor de R$
2.242,11, referentes às parcelas descontadas a mais, com
atualização monetária e juros de mora. [...] (Recurso
0010075-49.2013.811.0006, Turma Recursal Cível e
Criminal de Caxias, Rel. Juiz Paulo Afonso Vieira Gomes, j.
16.10.2014); IV - o dever de lealdade imposto aos
contraentes deve ser especialmente observado nos
contratos de adesão, em que não há margem à discussão das
cláusulas impostas aos consumidores aderentes, obrigando
o fornecedor a um destacado dever de probidade e boa-
fé;V - apelação provida”. (TJ-MA - APL: 0436332014
MA 0027424-10.2013.8.10.0001, Relator: CLEONES
CARVALHO CUNHA, Data de Julgamento: 14/05/2015,
TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
18/05/2015)

Importante notar que o público alvo do Banco Requerido, em geral, é formado por
pessoas idosas, com baixo poder aquisitivo e pouca malícia e informação, o que
torna fácil ao banco perpetrar tais FRAUDES .

Tal prática, inclusive, foi objeto de AÇÃO CIVIL PÚBLICA NO ESTADO


DO MARANHÃO (nº10064-91.2015.8.10.0001) , justamente em razão da sua
abusividade onerosa em detrimentos dos aposentados e pensionistas, nesta mesma
matéria, o defensor público Jean Carlos Nunes Pereira, um dos responsáveis pela
referida ação, de forma sucinta explica como a prática ocorre, veja:

“O cliente busca o representante do banco com a finalidade


de obtenção de empréstimo consignado e a instituição
financeira, nitidamente, ludibriando o consumidor, realiza
outra operação: a contratação de cartão de crédito com
RMC. Na sua folha de pagamento será descontado apenas o
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correspondente a 6% do valor obtido por empréstimo e o restante
desse valor e mais os acréscimos é enviado para pagamento sob
a forma de fatura que chega mensalmente à casa do consumidor.
Se este pagar integralmente o valor da fatura, que é o próprio
valor do empréstimo, estará quitada a dívida; se, entretanto, como
ocorre em quase todos os casos, o pagamento se restringir ao
desconto consignado no contracheque (6% apenas do total
devido), sobre a diferença não paga, isto é, 94% do valor
devido, incidirão juros que são duas vezes mais caros que no
empréstimo consignado normal.”

O contrato de financiamento pactuado entre as partes é de cunho adesivo, ou


seja, aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou
estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o
consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.

Embora os fatos narrados acima sejam relacionados aos servidores do


Estado do Maranhão, a prática realizada com os beneficiários do INSS se dá de forma
idêntica aos fatos narrados pelo defensor público Jean Carlos Nunes Pereira, nos
autos da ação civil pública supra mencionada.

Desse modo, conclui-se que a modalidade de empréstimo em debate,


na forma como é praticada pelas instituições financeiras, por si só é abusiva, uma vez
que o consumidor sai da empresa acreditando ter formalizado empréstimo
consignado, quando na verdade a operação realizada pela banco foi diversa,
denotando-se que o Requerido agiu de forma FRAUDULENTA, tendo aplicado
um verdadeiro GOLPE, pois ao verificar os débitos realizados em sua conta, o
consumidor acredita estar pagando a dívida, quando na verdade está pagando apenas os
juros do cartão, gerando, assim, um lucro exorbitando para instituição bancária, razão
pela qual o contrato deve ser declarado nulo.

NULIDADE DO CONTRATO

O contrato de Empréstimo RMC com cartão de crédito que Banco Requerido


firmou com o Autor sem a sua anuência é NULO DE PLENO DIREITO, uma vez que fora
realizado de forma proibida por lei.

Para formalizar o referido contrato, o Banco Requerido precisou criar um cartão de


crédito em nome da Autora sem a sua ciência ou anuência para então realizar um saque
do crédito rotativo disponível no referido cartão e repassar tais valores para a
Autora, fazendo-o acreditar que tinha realizado um simples empréstimo.
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O artigo 104 do Código Civil dispõe sobre os requisitos de VALIDADE do
negócio jurídico nos seguintes termos:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:


I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.

No mesmo sentido, o artigo 166 do Código Civil dispõe:

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


(...)
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;

VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a


prática, sem cominar sanção.

Sendo assim, o contrato de empréstimo em tela é NULO DE PLENO


DIREITO, por ausência de requisito de validade, uma vez que existe lei federal
proibindo a referida prática.

Ressalte-se que para formalizar o empréstimo na modalidade de RMC com


saque em cartão de crédito o Banco Requerido precisou criar um cartão de crédito em
nome da Autora sem a sua solicitação, o que é veementemente proibido pelo artigo 39,
III do CDC, in verbis:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços,


dentre outras práticas abusivas:
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação
prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;

Nítida se mostra a NULIDADE do contrato de empréstimo em tela à luz da


inteligência dos artigos 104 e 166 do Código Civil, porquanto o referido contrato foi
realizado de forma expressamente proibida pelo art. 39, inciso III do Código de
Defesa do Consumidor.

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Desse modo, diante da grave NULIDADE cima apontada, imperiosa se faz a
declaração de nulidade do referido contrato, com todos as suas consequências legais,
as quais se passam a descrever.

Caso este Juízo entenda que o caso dos autos não seja hipótese de nulidade do
negócio jurídico, o que se admite apenas a giza de argumentação, requer,
alternativamente a anulabilidade do negócio jurídico em razão do dolo do Banco
Requerente, nos termos dos artigos 145 e 147 do Código Civil.

FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

O artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor consagra a


responsabilidade do fornecedor de serviços pelos danos causados aos consumidores em
razão da falha na prestação dos serviços e da insuficiência ou inadequação das
informações sobre o serviço, in verbis:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente


da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.

No caso dos autos, o Banco Requerido falhou tanto na prestação


dos serviços ao vender um cartão de crédito disfarçado de empréstimo consignado,
quanto no dever de informação ao consumidor, uma vez que não informou ao Autor
informações básicas e essenciais do negócio jurídico tais como o número de parcelas do
empréstimo, a taxa de juros, o valor total da dívida, uma vez que não entregou uma via
do contrato a autora.

Ao fazê-lo, o Banco Requerido violou também o artigo 52 do


Código de Defesa do Consumidor, que dispõe:

Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva


outorga de crédito ou concessão de financiamento ao consumidor,
o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e
adequadamente sobre:

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I - preço do produto ou serviço em moeda corrente
nacional;

II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de


juros;

III - acréscimos legalmente previstos; - número e periodicidade


das prestações;

IV- soma total a pagar, com e sem financiamento.

Em razão de todas essas irregularidades e ante o disposto no art.


14 do CDC, o Banco Requerente tem o DEVER de indenizar ao Autor pelos danos
materiais e morais sofridos em decorrência do FRAUDULENTO EMPRÉSTIMO e da
FRAUDULENTA emissão de CARTÃO DE CRÉDITO.

DEVOLUÇÃO EM DOBRO DOS VALORES PAGOS

Inicialmente, importa ressaltar que o banco requerido vem


descontando valores em sua conta, vez que altera interminantemente os contratos,
FRAUDANDO o consumidor conforme comprovantes de descontos anexados ao
presente.

O referido desconto é feito diretamente com o INSS, de modo que


o próprio INSS desconta o referido valor e o repassa para o Banco antes de creditar o
valor líquidos da aposentadoria da Autora em sua conta corrente.

Imperioso se faz que este Juízo determine ao Banco Requerido que


apresente:

i) o contrato de empréstimo; ORIGINAL


ii) comprovante de repasse dos valores objetos do empréstimo
ao Autor;
iii) comprovantes que façam prova de quando começaram os
descontos decorrente desse contrato na aposentadoria do
Autor junto ao INSS;

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Essa providência será importante para se compreender a dinâmica
oculta pela qual vem operando o Banco Requerido.

Em razão da NULIDADE do referido contrato, nos termos do arts.


104 e 166 do Código civil combinados com o art. 39, inciso III do CDC, imperiosa se
mostra, como consequência lógico-jurídica, a condenação do Banco Requerido na
devolução, EM DOBRO, dos valores pagos pela Autora através de desconto em sua
aposentadoria, nos termos do art. 42 do CDC, o qual chega a um valor de R$ 429,30
conforme planilha abaixo e demonstrativo de desconto em anexo a esta.

12 prestações de R$ 47,70

O Egrégio Tribunal de Justiça do Paraná, julgando casos idênticos


ao caso dos autos, tem reconhecido o dever dos Bancos que tem cometido essa
reprovável FRAUDE de devolver em dobro os valores pagos pelos aposentados, como se
vê nos precedentes abaixo:

“PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO Recursos Recurso


Inominado RI 000683420201481600300 PR 0006834-
20.2014.8.16.0030/0 (Acórdão) (TJ-PR) Data de
publicação: 18/12/2015 Ementa: RECURSO INOMINADO.
RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC) PARA
UTILIZAÇÃO DE CARTÃO DE CRÉDITO. DESCONTO
EM BENEFÍCIO DO INSS. CARTÃO NÃO UTILIZADO.
DESCONTO INDEVIDO. DESCONTOS QUE
EXTRAPOLAM INCLUSIVE O PRAZO DA RMC.
REPETIÇÃO DO INDÉBITO EM DOBRO DOS
VALORES COBRADOS. FALHA NA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS EVIDENCIADA. SUPRESSÃO DO DIREITO
DE LIVRE UTILIZAÇÃO DO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO EM SUA INTEGRALIDADE. DANO
MORAL CONFIGURADO. RECURSO PROVIDO.”
(TJPR - 2ª
Turma Recursal - 0006834-20.2014.8.16.0030/0 - Foz do
Iguaçu - Rel.: Manuela Tallão Benke - - J. 11.12.2015)

“PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO Recursos


Recurso Inominado RI 002777518201481600210 PR
0027775-18.2014.8.16.0021/0 (Acórdão) (TJ-PR) Data de
publicação: 16/09/2015 Ementa: EMENTA: AÇÃO DE
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ABDALLA &
ALCKMIM
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COMBINADA
COM INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CARTÃO DE
CRÉDITO CONSIGNADO NÃO CONTRATADO PELO
AUTORRESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL DESCONTOS
EFETUADOS A TÍTULO DE EMPRÉSTIMO SOBRE A RMC
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA CONTRATAÇÃO DO
EMPRÉSTIMO REPETIÇÃO EM DOBRO DOS DESCONTOS
INDEVIDOS DEVER DE INFORMAÇÃO NÃO OBSERVADO
DANOS MORAIS DEVIDOS QUANTUM FIXADO EM R$
5.000,00 SENTENÇA REFORMADA. Recurso conhecido e
provido.” (TJPR - 2ª Turma Recursal - 0027775-
18.2014.8.16.0021/0 - Cascavel - Rel.: Marco Vinacius
Schiebel - - J. 14.09.2015)

Desse modo, considerando a nulidade do contrato objeto da


presente ação, imperioso se mostra a condenação do Banco Requerido na repetição EM DOBRO
dos valores descontados da aposentadoria da Autora desde a data do início dos descontos,
podendo-se abater de tais valores a quantia que o Banco prove documentalmente ter repassado a
Autora. Caso o Banco Requerido não apresente documentos comprovando a data do início
dos descontos, fato que impede a constatação da verdade real dos fatos, porquanto somente
o Banco tem acesso a essa informação, REQUER a condenação do Banco Requerido na
repetição em dobro dos descontos no valor de R$ 429,30 que, EM DOBRO, soma R$
858,60 (oitocentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos) acrescidos de juros e
correção monetária.

DANO MORAL

O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, por meio da súmula


532, já consolidou o entendimento de que o simples envio de cartão sem prévia
solicitação é ato ilícito passível de indenização, in verbis:

STJ - Súmula 532:


''Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de
crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor,
configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à
aplicação de multa administrativa.''

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O caso dos autos é ainda mais grave do que a hipótese descrita na
Súmula 532 do STJ, porquanto além de criar cartão de crédito em nome do Autor sem a
sua ciência e solicitação, o Banco Requerente ainda realizou um saque do valor
disponível como crédito rotativo do cartão e entregou os referidos valores ao Autor,
fazendo-a acreditar ter realizado um empréstimo consignado e submetendo-o a juros
abusivos e intermináveis ao longo dos últimos anos.

Ademais, a situação mostra-se ainda mais grave e sensível ao se


levar em consideração que descontos ilegais decorrentes desse nulo contrato tem o
condão de diminuir o valor da pensão da Autora, a qual natureza alimentícia, e a sua
diminuição gera restrição social e moral ao Autor que é pensionista de baixa renda.
Analisando casos idênticos ao dos autos, o Egrégio Tribunal de
Justiça do Paraná tem reconhecido a ILEGALIDADE da prática e condenado os bancos
no pagamento de indenização por dano moral aos aposentados, conforme se denota dos
precedentes abaixo:

“RECURSO INOMINADO. INDENIZATÓRIA. CARTÃO DE


CRÉDITO CONSIGNADO. CONTRATAÇÃO EM
CONJUNTO COM EMPRÉSTIMO. AVERBAÇÃO DE
RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC).
CONTRATO QUE NÃO PREVÊ A RESERVA E NÃO INDICA
SEU PERCENTUAL. AVERBAÇÃO DE RESERVA DE 5%
SEM LASTRO CONTRATUAL. OFENSA AO DIREITO DE
INFORMAÇÃO DO CONSUMIDOR. RESERVA QUE SE
REPUTA ILEGAL. CONSUMIDOR QUE SE VÊ IMPEDIDO
DE CONTRATAR EMPRÉSTIMO DIANTE DA AUSÊNCIA
DE MARGEM CONSIGNÁVEL. DANO MORAL
CONFIGURADO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DA
CONSUMIDORA. INEXISTÊNCIA. SENTENÇA
REFORMADA. RECURSO PROVIDO”. (TJ-PR - RI:
001180617201581600240 PR 0011806-17.2015.8.16.0024/0
(Acórdão), Relator: Manuela Tallão Benke, Data de Julgamento:
13/05/2016, 2ª Turma Recursal, Data de Publicação: 23/05/2016)

“AÇÃO DECLARATÓRIA E INDENIZATÓRIA. CARTÃO DE


CRÉDITO CONSIGNADO RECLAMANTE ALEGA
AUSÊNCIA DE CONTRATAÇÃO RESERVA DE MARGEM
CONSIGNÁVEL DESCONTOS EFETUADOS A TÍTULO
DE EMPRÉSTIMO SOBRE A RMC AUSÊNCIA DE
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COMPROVAÇÃO DA CONTRATAÇÃO DO
EMPRÉSTIMO REPETIÇÃO EM DOBRO DOS
DESCONTOS INDEVIDOS DEVER DE INFORMAÇÃO
NÃO OBSERVADO DANOS MORAIS DEVIDOS
QUANTUM FIXADO EM R$ 10.000,00 VALOR
CONSIDERADO ADEQUADO E COADUNA COM
PRECEDENTES DESTA TURMA RECURSAL SENTENÇA
REFORMADA. Recurso
conhecido e provido.” (TJ-PR - RI: 003550835201481600210 PR
0035508-35.2014.8.16.0021/0 (Acórdão), Relator: Marco VinÃ-
cius Schiebel, Data de Julgamento: 16/11/2015, 2ª Turma
Recursal, Data de Publicação: 19/11/2015) (grifo nosso)

Desse modo, imperiosa se faz a condenação do Banco Requerido


no pagamento de indenização a Autora no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a fim
de reparar os danos morais sofridos pela Autora e, ao mesmo tempo, servir de caráter
pedagógico para coagir o Banco Requerido a parar de cometer a referida FRAUDE
contra aposentados e pensionistas. Ressalte-se que, caso a indenização por dano
moral seja fixada em valor menor que o ora requerido, o Banco será estimulado a
continuar cometendo a FRAUDE, tendo em vista que a lucratividade da FRAUDE
sobressairá às despesas com condenações judiciais, o que tornará o ilícito ainda
mais lucrativo.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

O artigo 6º, inciso VIII do Código Civil consagra como direito


básico do consumidor a inversão do ônus da prova a seu favor, quando a critério do juiz,
for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, in verbis:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:


(...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências;

No caso dos autos torna-se imprescindível a inversão do ônus da


prova a fim de reequilibrar a situação desvantajosa em que o Banco Requerido colocou o
Autor, deixando-o privado de todas as informações básicas do negócio jurídico.
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No caso em tela, além da hipossuficiência financeira, a Autora
possui HIPOSSUFICIÊNCIA TÉCNICA, ou seja, de informação perante o Banco
Requerido.

Portanto, inversão do ônus da prova é essencial para que a parte


Autora possa ter acesso de forma plena e satisfatória a tutela jurisdicional perseguida
nesta ação judicial.

Requer, assim, a inversão do ônus da prova de forma ampla, bem


como a intimação do Banco Requerido para apresentar as seguintes informações, através
de documentos que encontram-se exclusivamente em seu poder: i) o contrato de
empréstimo; ii) comprovante de repasse dos valores objetos do empréstimo a
Autora; iii) comprovantes que façam prova de quando começaram os descontos
decorrente desse contrato na aposentadoria da Autora junto ao INSS;

DOS PEDIDOS

Ante o exposto e considerando a fundamentação


Apresentada, requer:

Deferimento liminar da Tutela de Urgência para que:

a) a ré se abstenha de debitar na pensão da Autora os


valores referentes a Reserva de Margem de Crédito;

b) determinar que a ré exiba nos autos: I) a cópia do


contrato de empréstimo objeto desta ação(original); II) comprovante de repasse dos
valores objetos do empréstimo a Autora e III) comprovantes que façam prova de quando
começaram os descontos decorrente desse contrato na aposentadoria da Autora junto ao
INSS.

No Mérito, requerer que seja julgada procedente, para o


fim de se confirmar a liminar, firmando-se as seguintes teses de que: a. É ilegal o
contrato de empréstimo consignado quando não faz referência a Reserva de Margem de
Crédito (RMC), bem como ao percentual, gerando o dano moral; b. É ilegal a RMC,
quando não há comprovação da disponibilização de valores, bem como a prova da
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entrega do Cartão de Crédito, gera dano moral; c. É ilegal o desconto da RMC, quando
não provado a contratação. Aplicação da Súmula nº532 do STJ (envio de cartão de
crédito não solicitado) dá azo a condenação ao dano moral; d. É ilegal a imobilização do
crédito do Autor em razão da RMC por cartão de crédito não solicitado; e. É ilegal a
falha na prestação de serviço pela ausência de informação que leva o consumidor a crer
estar contratando modalidade de empréstimo diversa da ofertada, gerando dano moral; f.
É ilegal a modalidade de empréstimo que gera ônus excessivo ao consumidor,
colocando-o em situação de extrema desvantagem perante a instituição financeira,
ensejando a aplicação de dano moral; especialmente sob o viés de uniformização da
jurisprudência, preconizado pelo CPC, para o fim de:

I- Seja a pretensão julgada procedente, declarando a


inexistência da contratação de EMPRÉSTIMO CONSIGNADO DA RMC (cartão de
crédito), igualmente a RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC), declarando
a NULIDADE do referido contrato;

II- Suspender os descontos referentes a RMC


diretamente no benefício da Autora, com a expedição de ofício ao INSS;

III- Condenar o réu a restituição em dobro, quantia esta


indevidamente cobrada da parte autora a título de RMC nos últimos meses, no total de
R$ 858,60 (oitocentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos).

IV- Na hipótese de comprovação de contratação do


cartão de crédito consignado (RMC) via apresentação de contrato, seja declarada sua
NULIDADE caso formalizado em descompasso com a legislação específica ou que se
enquadre nos casos estabelecidos no art. 51 e art. 39, ambos do CDC; Caso este Juízo
entenda que o caso dos autos não seja hipótese de nulidade do negócio jurídico, o que se
admite apenas a giza de argumentação, requer, alternativamente a anulabilidade do
negócio jurídico em razão do dolo do Banco Requerente, nos termos dos artigos 145 e
147 do Código Civil;

V- Condenar o réu ao pagamento de indenização por


danos morais no importe de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), ou outro valor que Vossa
Excelência entender conveniente, dadas as condições ímpares do caso; atualizado desde
a data do ilícito, in casu, início dos descontos indevidos;

Outrossim, requer ainda:

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VI- A aplicação do CDC no caso em tela, especialmente
no concerne a inversão do ônus da prova, por ser o consumidor a parte hipossuficiente
da relação, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC;

VII- Concessão das benesses da Justiça Gratuita, nos


termos da lei;

VIII- A citação da Demandada, por AR, na pessoa de seu


representante legal, para comparecer à audiência designada e, para, querendo, oferecer
resposta, no prazo legal, sob pena de revelia e confissão;

IX- Informa a parte autora seu interesse na audiência


conciliatória, requerendo a intimação da requerida.

X- Seja a requerida intimada para trazer aos autos


cópia do contrato de empréstimo que comprove a contratação de empréstimo consignado
na modalidade cartão de crédito (RMC), bem como eventuais faturas emitidas no
período;

XI- Condenar o Banco Requerido no pagamentos das


custas processuais e honorários advocatícios fixados em percentual usual de 20% (vinte
por cento) da condenação.

Por fim, protesta provar o alegado por todos os meios de


provas em direito permitidas, especialmente pela documentação que segue acostada,
novas juntadas, depoimento pessoal se necessário, e outras que se fizerem necessárias no
decorrer da lide.

Dá-se a causa o valor de R$ 20.858,60 (vinte mil


oitocentos e cinquenta e oito reais e sessenta centavos).

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Nestes termos, pede deferimento.

Goiânia, 16/01/2019.

JOSE PEREIRA ALKMIN

OAB-GO 40.050

GUSTAVO SILVA

OAB-GO 47.908

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