O documento discute a dispensa em massa de trabalhadores durante a pandemia de Covid-19. Aponta que a dispensa só é válida mediante negociação coletiva prévia com sindicatos e que a empresa deve provar a impossibilidade de adotar medidas como redução de jornada. Também analisa a necessidade de interpretar a lei à luz dos tratados internacionais que preveem a participação dos sindicatos em demissões coletivas.
O documento discute a dispensa em massa de trabalhadores durante a pandemia de Covid-19. Aponta que a dispensa só é válida mediante negociação coletiva prévia com sindicatos e que a empresa deve provar a impossibilidade de adotar medidas como redução de jornada. Também analisa a necessidade de interpretar a lei à luz dos tratados internacionais que preveem a participação dos sindicatos em demissões coletivas.
O documento discute a dispensa em massa de trabalhadores durante a pandemia de Covid-19. Aponta que a dispensa só é válida mediante negociação coletiva prévia com sindicatos e que a empresa deve provar a impossibilidade de adotar medidas como redução de jornada. Também analisa a necessidade de interpretar a lei à luz dos tratados internacionais que preveem a participação dos sindicatos em demissões coletivas.
1. Lorena Vasconcelos Porto, Augusto Grieco Sant’Anna Meirinho. A dispensa em
massa e a pandemia do Covid-19.
● Temática: dispensas em massa na pandemia do Covid-19 à luz da legislação aplicável
● Conclusões: a dispensa em massa somente é válida mediante prévia negociação coletiva com o sindicato laboral (Art. 477-A, CLT) e em caso de impossibilidade de adoção das MPs 927/2020 e 936/2020. ● Considerações Iniciais ○ MPs 927/2020 e 936/2020 - dispositivos inconstitucionais e inconvencionais: redução de jornada de trabalho, suspensão temporária de contrato de trabalho sem negociação coletiva com os sindicatos profissionais. ○ Dispensa em massa: desligamento de grande número de trabalhadores por motivos econômicos, tecnológicos, estruturais etc (intensificação na pandemia). ○ Direitos fundamentais trabalhistas são cláusulas pétreas → não podem ser suprimidos por emenda constitucional ■ Medidas de emergência na pandemia não podem ir de encontro aos direitos fundamentais trabalhistas (Res. 1/2020 CIDH; Nota Técnica MP nº 936/2020; Decl. 1/20 Corte IDH) ● A dispensa em massa e a reforma trabalhista ○ 2017 - ausência de distinção legislativa entre dispensa individual e coletiva ○ Jurisprudência TST: negociação coletiva com sindicato é indispensável ■ Dispensa coletiva possui impactos sociais e econômicos devido ao grande número de trabalhadores demitidos → tratamento distinto ○ Reforma Trabalhista: Art. 477-A: equiparação entre dispensa individual e coletiva, dispensando autorização sindical ■ Não disciplina a necessidade de negociação coletiva prévia ○ Negociação coletiva: valorização da autonomia coletiva (propósito da Reforma) ■ Art. 477-A deve ser interpretado para incluir o requisito da negociação prévia às dispensas coletivas ● Inconstitucionalidade da ausência de negociação coletiva prévia ● Controle de convencionalidade do Art. 477-A da CLT ○ Corte IDH: direito à estabilidade laboral (Convenção Interamericana: princípio da progressividade, vedação ao retrocesso, proteção contra a despedida arbitrária) ○ A interpretação do Art. 477-A deve ser compatível com os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil (controle de convencionalidade) ○ Convenção 158 da OIT (+ Convenções 154 e 98), Art. 13: participação dos representantes trabalhistas na dispensa em massa → parâmetro para controle de convencionalidade do Art. 477-A ● A dispensa em massa e o direito comparado ○ Direito comparado - fonte secundária do direito brasileiro ○ Definições internacionais da “dispensa em massa” ■ Normas internacionais determinam que deve haver negociação coletiva prévia como condição de validade para a dispensa em massa ● Considerações sobre a negociação coletiva ○ Implica em concessões recíprocas pelos sujeitos envolvidos: não pode haver renúncia a direitos mínimos, mas deve haver contrapartidas e flexibilidade ■ Convenções 98 e n. 154 ○ Princípio da primazia da realidade sobre a forma: negociação coletiva só ocorre quando há concessões recíprocas ○ Inconstitucionalidade do Art. 477-A: Art. 7º CF (direito à proteção contra a dispensa coletiva), Lei 13.467/2017, Art. 8º CF, inciso III. ● A dispensa em massa no contexto da pandemia do Covid-19 ○ A empresa que realiza demissão em massa deve provar a impossibilidade de adoção de medidas mais brandas previstas nas MPs 927/2020 e 936/2020. ■ Jurisprudência: dispensa em massa como última alternativa devido à gravidade, sob pena de ser desproporcional e arbitrária ○ Perda do emprego na pandemia do Covid-19 torna-se ainda mais grave devido à crise econômica ○ Medidas estaduais no Brasil para evitar a demissão em massa (ex. Decreto 9.654 de Goiás) ○ Direito comparado - diversos países proibiram a dispensa de trabalhadores na pandemia ● Considerações finais ○ Art. 477-A deve ser interpretado, à luz da CF, do direito comparado e dos tratados internacionais de que o Brasil é signatário, para considerar a negociação coletiva prévia indispensável para a validade da dispensa em massa. ○ A negociação coletiva só ocorre quando há contrapartidas mútuas, não sendo válida a mera redução de direitos trabalhistas ○ A ausência de medidas alternativas das MPs deve ser comprovada para fazer uso da demissão em massa (ultima ratio)
A Convenção 87 Da OIT Sobre Liberdade Sindical de 1948 - Recomendações para A Adequação Do Direito Interno Brasileiro Aos Princípios e Regras Internacionais Do Trabalho