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DTB0328 - Direito do Trabalho II (2022)

Fichamentos

1. Lorena Vasconcelos Porto, Augusto Grieco Sant’Anna Meirinho. A dispensa em


massa e a pandemia do Covid-19.

● Temática: dispensas em massa na pandemia do Covid-19 à luz da legislação aplicável


● Conclusões: a dispensa em massa somente é válida mediante prévia negociação
coletiva com o sindicato laboral (Art. 477-A, CLT) e em caso de impossibilidade de
adoção das MPs 927/2020 e 936/2020.
● Considerações Iniciais
○ MPs 927/2020 e 936/2020 - dispositivos inconstitucionais e inconvencionais:
redução de jornada de trabalho, suspensão temporária de contrato de trabalho
sem negociação coletiva com os sindicatos profissionais.
○ Dispensa em massa: desligamento de grande número de trabalhadores por
motivos econômicos, tecnológicos, estruturais etc (intensificação na
pandemia).
○ Direitos fundamentais trabalhistas são cláusulas pétreas → não podem ser
suprimidos por emenda constitucional
■ Medidas de emergência na pandemia não podem ir de encontro aos
direitos fundamentais trabalhistas (Res. 1/2020 CIDH; Nota Técnica
MP nº 936/2020; Decl. 1/20 Corte IDH)
● A dispensa em massa e a reforma trabalhista
○ 2017 - ausência de distinção legislativa entre dispensa individual e coletiva
○ Jurisprudência TST: negociação coletiva com sindicato é indispensável
■ Dispensa coletiva possui impactos sociais e econômicos devido ao
grande número de trabalhadores demitidos → tratamento distinto
○ Reforma Trabalhista: Art. 477-A: equiparação entre dispensa individual e
coletiva, dispensando autorização sindical
■ Não disciplina a necessidade de negociação coletiva prévia
○ Negociação coletiva: valorização da autonomia coletiva (propósito da
Reforma)
■ Art. 477-A deve ser interpretado para incluir o requisito da negociação
prévia às dispensas coletivas
● Inconstitucionalidade da ausência de negociação coletiva prévia
● Controle de convencionalidade do Art. 477-A da CLT
○ Corte IDH: direito à estabilidade laboral (Convenção Interamericana: princípio
da progressividade, vedação ao retrocesso, proteção contra a despedida
arbitrária)
○ A interpretação do Art. 477-A deve ser compatível com os compromissos
internacionais assumidos pelo Brasil (controle de convencionalidade)
○ Convenção 158 da OIT (+ Convenções 154 e 98), Art. 13: participação dos
representantes trabalhistas na dispensa em massa → parâmetro para controle
de convencionalidade do Art. 477-A
● A dispensa em massa e o direito comparado
○ Direito comparado - fonte secundária do direito brasileiro
○ Definições internacionais da “dispensa em massa”
■ Normas internacionais determinam que deve haver negociação coletiva
prévia como condição de validade para a dispensa em massa
● Considerações sobre a negociação coletiva
○ Implica em concessões recíprocas pelos sujeitos envolvidos: não pode haver
renúncia a direitos mínimos, mas deve haver contrapartidas e flexibilidade
■ Convenções 98 e n. 154
○ Princípio da primazia da realidade sobre a forma: negociação coletiva só
ocorre quando há concessões recíprocas
○ Inconstitucionalidade do Art. 477-A: Art. 7º CF (direito à proteção contra a
dispensa coletiva), Lei 13.467/2017, Art. 8º CF, inciso III.
● A dispensa em massa no contexto da pandemia do Covid-19
○ A empresa que realiza demissão em massa deve provar a impossibilidade de
adoção de medidas mais brandas previstas nas MPs 927/2020 e 936/2020.
■ Jurisprudência: dispensa em massa como última alternativa devido à
gravidade, sob pena de ser desproporcional e arbitrária
○ Perda do emprego na pandemia do Covid-19 torna-se ainda mais grave devido
à crise econômica
○ Medidas estaduais no Brasil para evitar a demissão em massa (ex. Decreto
9.654 de Goiás)
○ Direito comparado - diversos países proibiram a dispensa de trabalhadores na
pandemia
● Considerações finais
○ Art. 477-A deve ser interpretado, à luz da CF, do direito comparado e dos
tratados internacionais de que o Brasil é signatário, para considerar a
negociação coletiva prévia indispensável para a validade da dispensa em
massa.
○ A negociação coletiva só ocorre quando há contrapartidas mútuas, não sendo
válida a mera redução de direitos trabalhistas
○ A ausência de medidas alternativas das MPs deve ser comprovada para fazer
uso da demissão em massa (ultima ratio)

2.

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