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ARE 1018459

TEMA DE REPERCUSSÃO GERAL 935 - SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Direito do Trabalho II – Prof. Otávio Pinto e Silva


ARE 1018459
Ação originária
Ação Civil Pública (0000046-05.2011.5.09.0009) ajuizada em 26/01/2011 – Ministério
Público do Trabalho da 9ª Região (Paraná/PR) x Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias
Metalúrgicas, Mecânicas, Material Elétrico, de Veículos Automotores, de Autopeças e de
Componentes e Partes para Veículos Automotores da Grande Curitiba – SMC, Sindicato
Nacional da Industria de Maquinas – Sindimaq e Sindicato das Indústrias Metalúrgicas,
Mecânicas e de Material Elétrico do Estado Paraná – Sindimetal-PR

Discussão central – abstenção da instituição em acordo coletivo ou convenção coletiva de


trabalho de contribuição a favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema
confederativo, assistencial, revigoramento, reversão salarial ou fortalecimento sindical de
trabalhadores não filiados.
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Fundamentos da Ação Civil Pública

• Liberdade sindical dos trabalhadores – opção de filiação ou não;


• Declaração Universal dos Direitos Humanos - ninguém poderá ser obrigado a
fazer parte de determinada associação;
• Art. 5º, XX, CF - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
• Art. 8º, V, CF - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
• Arts. 117, 122, 166, 187, 421 e 422 do Código Civil;
• Convenção OIT 98 – art. 2º;
• Cláusulas normativas só podem tratar de obrigações que se referem à relação
contratual de trabalho (empregado x trabalhador).
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Sentença (1º grau) – Procedência – fundamentos: liberdade sindical; art. 5º, XX, CF; assembleia não é ato lícito para fixar
contribuições ou taxas para aqueles que não podem se opor; e, a estrutura sindical se beneficia do imposto sindical
obrigatório.

Acórdão TRT09 – Nega provimento aos recursos das entidades sindicais, apresentando os mesmos fundamentos da
sentença a quo.

Acórdão TST – Nega provimento ao agravo, com fundamento no precedente normativo 119 e OJ 17 ambos da SDC; arts.
5º, XX, 7, VI e art. 8º, V, da CF; liberdade associação sindical; proteção ao salário.

Recurso extraordinário (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, Material Elétrico, de Veículos
Automotores, de Autopeças e de Componentes e Partes para Veículos Automotores da Grande Curitiba – SMC) – não
admitido pelo TST.

Agravo de instrumento em recurso extraordinário – fundamento – o exercício de atividade ou profissão, por si só, já torna
obrigatória a contribuição sindical, independentemente da vontade pessoal do empregador ou do empregado (art. 513, CLT).
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Supremo Tribunal Federal – Autuado e distribuído ao Ministro Relator
Gilmar Mendes (12/2016), que por sua vez, em plenário virtual, em
24/02/2017:

• Reconhece a existência de repercussão constitucional – o conflito não se


limita aos interesses das partes litigantes, se direcionando a todos
trabalhadores e empregadores.

Conhece do agravo de instrumento.


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Em análise do mérito do recurso extraordinário,

Nega provimento ao recurso

• Posicionamento pacificado no STF de que apenas a contribuição sindical (art. 578, da


CLT), por ter caráter tributário, é exigível de toda a categoria, independentemente de
filiação (antiga Súmula 666, atual Súmula Vinculante 40). As demais contribuições, por
não possuírem caráter tributário, somente poderão ser cobradas dos empregados filiados.
• O reconhecimento das convenções coletivas de trabalho (art. 7º, XXVI, CF) não pode se
sobrepor ao princípio constitucional da liberdade de associação e sindicalização (art. 5º,
XX e art. 8º, I, ambos da CF); e,
• Princípio da legalidade tributária (cobrança de tributos quando houve expressa previsão
legal).
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Março/2017 - Embargos de declaração opostos pelo SMC. Alegações:

Contradição:
• Decisões indicadas como procedentes no acórdão foram exaradas em Agravo Regimental;
• Das 4 decisões indicadas no acórdão, 3 tratam sobre contribuição confederativa;
• Na decisão remanescente não há discussão do mérito sobre a questão;
• Há decisões do STF no sentido de que a contribuição assistencial é devida por todos os integrantes da
categoria (associados ou não), remanescendo discussão sobre a necessidade ou não da garantia do direito de
oposição à tal cobrança aos trabalhadores.

Omissão:
• A análise da garantia ou não ao direito à oposição;
• Art. 513, “e”, da CLT – o direito de impor contribuições – não exige a filiação à entidade sindical, mas a
vinculação do trabalhador a determinada categoria – benefício para toda a categoria e não somente para os
filiados.
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1ª Sessão de julgamento – 15/06/2022

Ministros Gilmar Mendes (Relator), Dias Toffoli, Nunes Marques e


Alexandre de Moraes - rejeitam os embargos de declaração.
Ministro Edson Fachin – conhece dos embargos de declaração apenas para
sanar a contradição e a omissão apontadas, mantendo incólume a tese fixada no
acórdão embargado.
Ministro Roberto Barroso – pede vista dos autos.

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2ª Sessão de julgamento – 25/04/2023

Ministro Gilmar Mendes (Relator) – reajusta o voto. Acolhe os embargos de declaração, com efeitos
infringentes, para ADMITIR a cobrança da contribuição assistencial (art. 513, da CLT, inclusive dos
não filiados ao sistema sindical, assegurando ao trabalhador o direito de oposição.

Altera a tese fixada no julgamento de mérito (tema 935 da repercussão geral) no seguinte sentido:

É constitucional a instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições


assistenciais a serem impostas a todos os empregados da categoria, ainda que não
sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição.

O Ministro Alexandre de Moraes pede vista dos autos.


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Fundamentos da readequação do voto:

• Ministro Roberto Barroso – nova perspectiva sobre o tema. Reconhece a


constitucionalidade da cobrança da contribuição assistencial a trabalhadores não
sindicalizados, desde que lhes seja garantido o direito de oposição;
• Mudanças decorrentes da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista);
• Exigência de autorização expressa para a cobrança da contribuição sindical (art.
578, CLT) impactou na fonte de custeio das instituições sindicais;
• Vulnerabilidade no financiamento das atividades sindicais;
• Não se trata do retorno do “imposto sindical”, mas recomposição do sistema de
financiamento dos sindicatos.
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Assim, de acordo com a nova redação do acórdão, a contribuição assistencial somente
poderá ser cobrada, desde que:

I. Pactuação em acordo ou convenção coletiva; e;


II. Quando não exercido o direito de oposição pelos empregados não sindicalizados

Acompanharam o voto reajustado os Ministros: Roberto Barroso, Cármen Lúcia,


Edson Fachin e Dias Toffoli.

O Ministro Alexandre de Morais pede vista dos autos – suspensão do julgamento


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