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ESTABILIDADE E GARANTIA DE EMPREGO

1. Conceito

(Maurício Godinho Delgado):

Estabilidade de Emprego é a vantagem jurídica de caráter permanente deferida ao


empregado em virtude de uma circunstância tipificada de caráter geral, de modo a
assegurar a manutenção indefinida no tempo do vinculo empregatício,
independentemente da vontade do empregador (vantagem ao empregado de
caráter permanente decorrente da lei que lhe assegure a manutenção do
emprego, mesmo contra vontade do empregador). Ex.: Art. 492, CLT; art.
19, ADCT; e art. 41, CF.

Garantia de Emprego é a vantagem jurídica de caráter transitório deferida ao


empregado em virtude de uma circunstância contratual ou pessoal obreira de
caráter especial, de modo a assegurar manutenção do vinculo empregatício por um
lapso temporal definido, independentemente da vontade do empregador (vantagem
ao empregado de caráter temporária decorrente de situação especial que lhe
assegure a manutenção do emprego, mesmo contra vontade do empregador).
Ex.: art. 8º, VIII (Dir Sind), CF; art. 10, II, “a” CF (CIPA); art. 10º,
II,”b” e art. 4-A da lei 5.859/72 (gravida); art. 118, lei 8.213/01 (acid
Trab); art. 295, II,”b”, Decreto n.3.048/99 (Conselho Nac Prev Soc);
art.55, lei n. 5.764/71 – OJ 253 SDI1 TST (diretor cooperativa); art. 625-
B, §1º, CLT (CCP).

(Vólia Bonfim Cassar): Toda medida praticada com o intuito de diminuir o


desemprego, recolocar o trabalhador no mercado de trabalho, incentivar a
admissão, desestimular a dispensa, obstar ou onerar a despedida arbitrária,
capacitar o profissional no sentido de aproveita-lo no mercado é considerada
medida de garantia no emprego. A garantia de emprego é um instituto político-
social-econômico, enquanto a estabilidade é um instituto trabalhista. A garantia de
emprego é gênero do qual a estabilidade é espécie.

2. Procedimento de Dispensa:

Ope Iuris: em decorrência dos preceitos legais, conforme a lei;

Ope Judicis: Necessita de inquérito judicial para apuração de falta grave


(ART. 853, clt – 6 TESTEMUNHA art. 821) para que haja a dispensa de alguns

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empregados que possuem estabilidade estabilidade decenal; sindical (sumula 379
TST); membro titular do Conselho Nacional da Previdência Social
(representante empregados), membros curadores do FGTS (representante
empregados) e Conselheiro das Cooperativas.

Inquérito Apuração de Falta Grave: Art. 853, CLT

3. HIPÓTESES
I. Estabilidade no Emprego

a. Estabilidade Celetista (descenal):

FGTS: criado pela Lei 5.107/66 (hoje regido pela Lei n.


8.036/90) Antes da CF/88 (optava entre depósito de 8%
sobre o salário na conta vinculada do FGTS, o qual após
rescisão desmotivada seria acrescido 10% sobre o total do
montante depositado, ou pela indenização prevista no art.
478 da CLT, o que lhe poderia dar estabilidade após 10
anos). Poderia ser sacado quando da rescisão do contrato sem
justa causa, aposentadoria e pela morte do empregado.

Após a CF/88 (eliminou-se o sistema indenizatório e


estabilitário da CLT, deixou de ser facultativo para ser
obrigatório em todo contrato empregatício, aumentando-se
para o percentual de 40% o acréscimo sobre o valor já
depositado em caso de despedida desmotivada).

Art. 478 CLT (desuso); art. 492, CLT.

b. Estabilidade Constitucional - Art. 19 do ADCT da CF/88


(empregado público que possuía mais de 5 anos de serviço na
entrada em vigor da CF)

c. Estabilidade art. 41, CF/88


Administração Direta; Autarquias; Fundações e ECT –
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafo (Sumula 390
TST e OJ 247 SDI1)

Empregados Públicos da Administração Direta, autárquica e


fundacional, o § 1º do art. 41 da CF determina que o
estável só perde o cargo em virtude de sentença judicial
transitada em julgado, ou mediante procedimento

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administrativo, onde seja assegurado a ampla defesa ou,
ainda, através de processo de avaliação de desempenho.

Obs: Empregado de Empresa Pública e sociedade de


economia mista não gozam de estabilidade no Emprego,
mesmo sendo concursados (Súmula 390, TST).

II. Garantia de Emprego (estabilidade Provisória)

a. Origem Constitucional:

1. Imunidade Sindical (art. 8º, VIII, CF; art. 543, §3º CLT)
Apenas aos membros do conselho administrativo (em
número de 7) inclusive suplente (OJ 365, SDI 1), não
sendo aplicado ao conselho fiscal.

Do Registro da candidatura até 1 ano após o mandato (que


é de 3 anos – art. 515, b, CLT)

Goza de inamovibilidade (se movimentado postula


judicialmente art. 659, IX, CLT).

Não precisa trabalhar durante o tempo de permanência no


sindicato (suspenção de contrato).

Contrato por prazo determinado em regra não dá direito a


garantia. Exceção trabalho regido pela lei nº 9.601/98.

Candidatura no aviso prévio não dá direito a garantia


(Sumula 369, V, TST).

Extinção da Atividade Empresarial no âmbito da base


territorial, não haverá direito (Sumula 369, IV, TST).

Dispensar por justa causa dever ser realizada mediante


inquérito para apuração de falta grave – Sumula 379, TST.

2. CIPA (comissão interna de prevenção de acidentes – art.


10,II, ADCT; art 169, da CLT) Órgão de caráter preventivo.
Prevista inclusive para atividades de natureza rural. Em regra é
obrigatória a constituição de uma CIPA. No entanto a NR5
dispensa a obrigatoriedade da constituição em empresas que
possuem menos de 20 empregados. A CIPA tem como objetivo

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zelar pela observância e cumprimento das normas de segurança e
medicina do trabalho, analisar as causas dos acidentes e propor
meios para eliminá-los, além de orientar os trabalhadores e os
empregadores neste sentido.

Apenas aos representantes dos empregados, titulares e


suplentes (sumula 339, TST).

Demissão pode ocorrer pela simples declaração de


vontade, sem a necessidade de Inquérito, mas apenas a
existência de falta grave, motivo técnico, econômico ou
financeiro.

3. Mulher Gestante (art. 10, II, “b”, ADCT; 391-A, CLT)


desde a concepção até 5 meses após o parto. Inclusive
para domestica (lei Complementar 150/2015).

Possibilidade de demissão por justa causa. OJ 30, SDC

Pedido de demissão apenas com a assistência do sindicato.

Gravides durante aviso prévio (cumprido ou indenizável).


Direito de garantia. Art. 391-A, CLT.

O Empregado necessita ser comunicado do estado


gravídico da empregada? O empregado, mesmo que
desconheça o estado gravídico da empregada, não pode
demiti-la, porque sua responsabilidade é objetiva (Sumula
244, I, TST);

Em virtude disso pode o empregador requerer teste


de gravides para empregada?
. Na admissão e permanência é vedado: art. 373-
A, IV, CLT;
. Ao final do Contrato: Divergência.
- Impossibilidade: direito à
inviolabilidade da intimidade;
- Possibilidade: Segurança Jurídica. A
recusa impede a reintegração ou indenização.

A empregada precisa ter conhecimento do seu estado


gravídico antes de sua demissão?

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- Valetim Carrion: dá a trabalhadora o direito a
reintegração ou a indenização pelo período posterior a
confirmação, perdendo o direito aos salários do período
compreendido entre a dispensa e a confirmação.
- Alice Monteiro e Sergio Pinto: a empregada que já
tinha confirmado a gravidez e ingressa em juízo depois de
transcorrido parte do período estabilitário, so teria
direito às vantagens patrimoniais decorrente da
estabilidade a parti do ajuizamento da reclamação
trabalhista.
- Sergio Pinto: acrescenta dizendo que o pedido de
indenização na reclamação trabalhista demonstra o
desinteresse da empregada na reintegração, acarretando a
improcedência do pedido.
A jurisprudência majoritária se posiciona no sentido e
que a empregada terá direito à reintegração ou
indenização desde a concepção, pois este é o marco
inicial da estabilidade, mesmo que a confirmação para
gestante tenha ocorrido após a dispensa. (SUMULA
396, TST).

Interrupção da Gravidez acarreta perda da


estabilidade? Em caso de abordo conforme art. 395 da
CLT garante a mulher o direito ao repouso remunerado de
duas semanas após o aborto não criminoso, sendo negado o
direito aos cinco meses de estabilidade após o parto. Para
o caso de nascimento sem vida ou com morte pois parto
a primeira corrente entende que havendo nascimento com
ou sem vida da criança, este é o fato gerador da
estabilidade, já uma segunda corrente equipara o
nascimento sem vida ao aborto acarretando apenas o
direito ao repouso de duas semanas, posto que a
estabilidade de cinco meses destina-se a criança e a
maternidade, tendo o fato inexistido.

Contrato a termo Gera direito a Estabilidade? SUMULA


244, III, TST.

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b.Origem Legal

1. Empregado Acidentado: Art. 118, da Lei n. 8.213/91


(doze meses após cessação do auxílio doença) Sumula
art. 378, I, TST; doméstico foi incluído por meio do
art. 11, II, da lei nº 8.213/91

Contrato por tempo determinado. Tem direito. Sumula


378, III, TST.

Requisito: ter ocorrido acidente do trabalho ou doença


a ele equiparado; ter o empregado recebido auxílio
doença; ter obtido alta médica.

Acidente de Trabalho (típico, equiparado – doença


ocupacional - ou de trajeto) Art. 19, 20, 21, Lei n.
8.213/91.
Concessão do Auxílio Doença: afastado por mais de
15 dias consecutivos; (alteração dada pela lei nº
13.135/2015)

Comunicação: CAT. Art. 22, Lei 8.213/91;

2. Membro do Concelho Nacional da Previdência Social:


art. 3º, §7º, lei 8.213/91. (aos representantes dos
empregados)

Dispensa após Inquérito para apuração de Falta


Grave

3. Membro da Comissão de Conciliação Prévia: art. 625-


B, §1º, da CLT. Inicia-se com a eleição até 1 ano após o
término do mandado.

Titulares e Suplentes, representantes dos empregados.

Dispensa apenas por justa causa. Estabilidade dos


titulares e suplentes.

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4. Diretores das Cooperativas: Art. 55, da Lei n.
5.764/71; OJ 253 SDI1 TST. Do registro da
candidatura até um ano após o mandato, não extensivo
aos suplentes.

5. Membros do Conselho Curador do FGTS. Titulares e


suplementes (representante dos empregados), desde
nomeação até 1 anos após o mandado, mediante
inquérito para apuração de falta grave.

6. Representante Empregados Eleitos. Empregador com


mais de 200 empregados contratados. Art. 510-D,
parágrafo 3, CLT. Impossibilidade de rescisão desde
o registro da candidatura até um ano do termino do
mandado, salvo por motivo disciplinar, técnico,
econômico e financeiro.

4. DO PORTADOR DO VIRUS DA AIDS

Não tem direito a estabilidade pelo simples fato de estarem acometido pela
doença, apesar de relevante questão social da matéria. As estabilidades decorrem
da lei e esta não tem amparo legal. O que não se admite é a dispensa
discriminatória. Essa sim poderá ensejar a sua reintegração no emprego com base
na lei n. 9.029/95. Sumula 443 do TST

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