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21 de Novembro de 2022

Tudo o Que Você Precisa Saber Sobre a Estabilidade por


Acidente de Trabalho e Doença Profissional

Publicado por Nogueira Advocacia há 5 anos  62,1K visualizações

Esse artigo visa trazer esclarecimento e conhecimento ao


cidadão comum, trabalhador, esquivando-se assim os autores
do uso da tradicional linguagem intelectual e erudita de habitual
no meio jurídico, trazendo assim uma linguagem simples,
acessível e de fácil interpretação ao trabalhador, tendo como
objetivo levar a estes o conhecimento dos seus direitos
trabalhistas, não tendo assim qualquer cunho científico ou de
foco para a comunidade jurídica.
O acidente de trabalho se caracteriza por uma lesão,
perturbação ou doença que ocorre no ambiente de trabalho e
durante o exercício de suas atividades. O resultado é a perda
temporária ou permanente da capacidade de exercer as
atividades de trabalho.

1) Qual a diferença entre acidente de


trabalho e doença profissional?
Acidente de trabalho é todo acidente ocasionado dentro do
ambiente de trabalho ou a serviço dele e também acidentes
ocasionados no trajeto para o trabalho.

As doenças profissionais são aquelas que prejudicam de alguma


forma a saúde do empregado e são causadas pelas atividades
que ele desempenha.

As doenças profissionais podem exigir um afastamento


temporário ou até mesmo uma mudança na forma como o
empregado realiza suas atividades. Já o acidente de trabalho
envolve afastamento imediato e pode ser considerado mais
grave (artigo 19 da Lei nº 8.213/91).

2) Em quais hipóteses o empregado


tem direito a estabilidade
acidentária?
Para o empregado ter direito à estabilidade provisória, é
necessário o preenchimento de 2 (dois) requisitos: i) o
afastamento superior a 15 (quinze) dias; e ii) a percepção do
auxílio-doença acidentário (súmula 378, II do TST).
Importante ressaltar que algumas doenças profissionais não se
manifestam de forma rápida, como por exemplo, a LER (lesão
por esforço repetitivo) em empregado que exerce atividade de
digitador. Nestes casos, a doença pode ser diagnosticada após a
dispensa e o trabalhador tem o direito à estabilidade, pois a
doença profissional tem ligação com as atividades realizadas
(súmula 378, II do TST).

3) A partir de quando é garantida a


estabilidade e quando termina?
A estabilidade acidentária é garantida ao trabalhador por, no
mínimo, 12 (doze) meses após o término do recebimento do
auxílio-doença acidentário (artigo 118 da Lei nº 8.213/91).

4) Acordo ou Convenção Coletiva de


Trabalho pode reduzir ou ampliar o
prazo da estabilidade?
Não é válida a fixação da estabilidade por período inferior a 12
(doze) meses. Porém, é possível e válido a estipulação do prazo
da estabilidade em período superior ao estabelecido em lei,
através de contrato de trabalho, acordo ou convenção coletiva
(artigo 7º, XXVI da Constituição Federal).

5) Extinguindo o estabelecimento, o
empregado perde o direito à
estabilidade?
Mesmo que a empresa encerre suas atividades o trabalhador
ainda tem direito a estabilidade acidentária. Dessa forma,
cessando o contrato de trabalho a empresa deverá pagar em
forma de indenização todo o período estabilitário a que o
trabalhador tinha direito.

6) Empregado temporário e em
contrato de experiência tem direito à
estabilidade acidentária?
É assegurado o direito a estabilidade acidentária ao trabalhador
temporário ou em período de experiência que tenha sofrido
acidente de trabalho ou doença profissional (súmula 378, III do
TST).

7) Empregado que sofre acidente de


trabalho ou doença profissional
durante o período do aviso prévio
tem direito à estabilidade?
O entendimento majoritário é de que mesmo que o trabalhador
tenha sofrido acidente de trabalho ou doença profissional
durante o cumprimento do aviso prévio, seja ele trabalhado ou
indenizado, tem direito à estabilidade provisória, desde que
preenchidos os 2 (dois) requisitos indispensáveis, quais sejam;
o afastamento superior a 15 (quinze) dias e o recebimento do
auxílio-doença.

Porém, há entendimento minoritário no sentido de não garantir


a estabilidade ao trabalhador que tenha sofrido acidente de
trabalho ou doença profissional durante o aviso prévio, em face
da preexistente demarcação do término do pacto laboral.

8) Se a doença profissional ou
acidente de trabalho for reconhecido
após o término do contrato de
trabalho, é devido a reintegração ou a
indenização?
Algumas doenças profissionais não se manifestam de forma
rápida, como por exemplo, a LER em empregado que exerce
atividade de digitador. Nestes casos, sendo comprovado que a
doença profissional tem ligação direta com as atividades
exercidas pelo empregado, o trabalhador tem o direito à
estabilidade (súmula 378, II do TST).

Se no momento da sentença judicial que reconheceu a


estabilidade ainda vigorar o período estabilitário, o juiz poderá
determinar a reintegração do empregado, com o pagamento dos
salários pelo período da estabilidade, até a data da reintegração.

Caso no momento da sentença judicial o prazo estabilitário já


tenha se encerrado, o empregado terá direito ao recebimento da
indenização substitutiva.
9) O empregado pode ser demitido
durante o período da estabilidade?
O empregado poderá ser demitido enquanto estiver protegido
pela estabilidade acidentária em caso de cometer falta grave que
assegure a sua dispensa por justa causa. Nesse caso, ele perde o
direito a estabilidade provisória.

Não sendo caso de aplicação da justa causa, a empresa só


poderá demitir o trabalhador estável se realizar o pagamento da
indenização por todo período estabilitário. Caso contrário, será
obrigada a reintegrar o trabalhador.

10) Quando demitido irregularmente,


o empregado é obrigado a retornar
ao emprego ou pode optar pela
indenização substitutiva?
Em regra, o empregado estável demitido irregularmente deve
ser reintegrado ao emprego. Ocorre que, caso haja um desgaste
e animosidade entre o trabalhador e a empresa, o juiz poderá
converter a reintegração em pagamento de indenização
substitutiva.

Não haverá possibilidade de reintegração se no momento da


sentença judicial o prazo estabilitário do empregado já tiver
terminado. Nesse caso, a reintegração será convertida em
pagamento de indenização.

11) É possível o empregado renunciar


ao direito da estabilidade acidentária?
A lei não é precisa e objetiva quanto a renúncia do mandato e a
perda do direito à estabilidade, ela apenas determina que o
empregado estável que pede demissão só terá sua dispensa
considerada válida quando for feita com assistência do
respectivo sindicato, ou na sua falta, perante autoridade
competente do Ministério do Trabalho e Previdência Social ou
da Justiça do Trabalho (artigo 500 da CLT).

O Tribunal Superior do Trabalho entende que é possível a


renúncia e perda da estabilidade provisória, se o trabalhador
manifestar a sua vontade de extinguir o contrato de trabalho
através de acordo escrito com a empresa e devidamente
homologado pelo sindicato.

Importa ressaltar que caso comprovado que o trabalhador foi


coagido a renunciar à estabilidade, a dispensa é considerada
inválida e o empregado receberá indenização pelo período
correspondente à estabilidade.

12) O empregado pode perder o


direito à estabilidade?
O direito a estabilidade acidentária é garantido por lei. Os
únicos casos em que o trabalhador perde o direito à estabilidade
ocorrem quando o empregado renuncia a esse direito pedindo
demissão, ou quando comete alguma falta grave na empresa,
podendo assim ser demitido por justa causa.

13) Quanto tempo o empregado tem


para entrar com ação trabalhista
pedindo a reintegração no emprego
depois de ser demitido
irregularmente?
A lei não determina prazo para o empregado estável demitido
irregularmente ingressar com ação judicial. Nesse caso, o único
prazo a ser observado é o de 2 (dois) anos após o término do
contrato de trabalho, previsto como prazo limite para
ajuizamento de qualquer ação trabalhista (artigo 7º, Inciso
XXIX da Constituição).

14) Jurisprudência sobre o tema:


NEXO CAUSAL. LER. AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO
CONCEDIDO NO CURSO DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO.
ESTABILIDADE PROVISÓRIA NO EMPREGO – Ao contrário
das alegações da peça de defesa, quanto ao nexo causal, não
pairam dúvidas sobre sua existência. Inegável a íntima relação
entre a atividade exercida pela autora atualmente e a patologia
adquirida por lesões repetitivas desde o início do liame
empregatício em 1984. Ademais, a autora foi beneficiada com a
concessão de -Auxílio-Doença decorrente de acidente de
trabalho- pela autarquia previdenciária, no curso do aviso
prévio indenizado, logo, incide o entendimento constante da
Súmula nº 378, II do C. TST. Recurso do reclamado que se nega
provimento. TRT1 – RO 163009220075010081. 1ª Turma.
Desembargador Relator: Mario Sergio Medeiros Pinheiro.
DEJT: 07/08/2013.

INDENIZAÇÃO RELATIVA À ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA


– FECHAMENTO DA EMPRESA – A estabilidade acidentária
tem como objetivo assegurar a sobrevivência do empregado, no
período posterior ao restabelecimento do empregado;
caracterizando-se como garantia pessoal com caráter social. Por
outro lado, os riscos do empreendimento são do empregador, e
não do empregado, por força expressa de lei (artigos 2º e 3º da
CLT), de forma que o fechamento da empresa não tem o condão
de frustrar o direito à estabilidade em questão. TRT 20 – RO
515004120085200003. Desembargador Relator: Jorge Antônio
Andrade Cardoso. DEJT: 25/05/2009.

ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. REINTEGRAÇÃO.


CONVERSÃO EM INDENIZAÇÃO FACE O DECURSO DO
TEMPO. A demissão do empregado caracteriza ato ilícito do
empregador quando viola a garantia ao emprego em razão da
estabilidade acidentária, pelo que se impõe reconhecer a sua
nulidade (art. 9º da CLT), bem como condenar o infrator na
obrigação de indenizar o empregado pelo período estabilitário,
quando a reintegração é inexequível diante do decurso do
tempo. TRT1 – RO 656008520045010062. 4ª Turma.
Desembargadora Relatora: Patricia Pellegrini Baptista Da Silva.
DEJT: 19/10/2013.

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