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DIREITO PREVIDENCIÁRIO PARA

EMPRESAS
REFLEXOS DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS PARA O
EMPREGADOR
CINDY FERNANDES GOUVEIA
Advogada, especialista em Direito Previdenciário e Direito do Trabalho, militante na seara
Previdenciária Empresarial.

Cindy Fernandes Gouveia

PREVITUBE – Cindy Fernandes

E-mail: cindy@fgsadv.com.br
Qual é a importância do Direito
Previdenciário para a Empresa?
No atual cenário de crise econômica, tanto os grandes quanto os
pequenos empregadores vêm tentando diariamente a redução de custos,
e bons impactos desta economia podem ser encontrados no Direito
Previdenciário, que até hoje foi dispensável ao empregador.

Isto acontece por que, o Direito Previdenciário, é o elo entre o Direito


Tributário, pois trata de alíquotas, e o Direito do Trabalho, haja vista que a
maior onerosidade ao empregador encontra-se no acidente de trabalho.
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A Gestão dos Afastados
Primeiro ponto a ser abordado é a necessidade de uma efetiva gestão dos
trabalhadores que estão afastados, seja por benefício previdenciário ou
acidentário.
Sabemos que existem as seguintes modalidades de benefício por incapacidade:
1.Auxílio-Doença Previdenciário (B31) e Acidentário (B91);
2.Aposentadoria por Invalidez Previdenciária (B32) e Acidentária (B92);
3.Auxílio-Acidente Previdenciário (B36) e Acidentário (B94).

Entretanto, qual é a importância de um controle destes benefício?


A Gestão dos afastados, pode ser feita com a junção de departamentos, ou
quando se trata de um empregador pequeno, através da junção de pessoas.

Para que seja efetivo, é necessário o acompanhamento do desenvolvimento


da patologia desde o primeiro atestado médico entregue na empresa.

A partir daí, a empresa terá controle de quantos empregados estão afastados,


e com isto, automaticamente onerando a folha de pagamento.
Em um primeiro momento, é importante verificar qual é
o cotidiano da empresa, se ela já possui um
procedimento de entrega de atestados, análise do
médico do trabalho, entre outros.

Neste momento, é importante desenhar um


organograma/checklist para seguimento de todo
empregado:
Entrega de atestado;
Análise do médico do trabalho;
Afastamento inferior a 15 dias, houve retorno ao trabalho?
Afastamento superior a 15 dias, o médico do trabalho fez o
encaminhamento para o INSS?
A empresa possui condições de realizar os agendamentos de
perícia médica do INSS?
Se sim, de que forma o empregado será informado da data?
Se não, de que forma terá notícia da data da perícia?
Após o exame pericial, o empregado entregou ao
empregador o comunicado de decisão do benefício?
A empresa teve acesso à consulta ao site da Previdência
Social para verificar a situação do afastamento?
Verificou-se o caráter previdenciário ou acidentário do
benefício?
Em se tratando de acidente do trabalho, típico ou de
trajeto, foi feito algum registro no SESMT?
Houve a emissão de CAT?
A empresa possui um prontuário médico do empregado, onde
conste documentos importantes como, exame admissional,
periódicos, outros atestados médicos?
No caso de acidente de trabalho, o empregador está recolhendo o
FGTS?
Entre outros pontos;
Percebe-se que este trabalho é feito pelo Departamento Pessoal, em conjunto
com Ambulatório Médico e SESMT (Serviço Especializado em Engenharia e
Segurança do Trabalho), e que cada um possui sua importância no
procedimento da gestão.

Para saber mais sobre o SESMT, é necessário verificar a NR 4, e lembrando


desde já, que caso haja um desfalque no número de empregados registrados
para o setor, entre eles, Técnicos em Segurança do Trabalho, Engenheiro do
Trabalho, Enfermeira do Trabalho, a empresa pode ser autuada, e condenada
ao pagamento de multa salgada, sem prejuízo da contratação dos empregados
faltantes.
A gestão de afastados é importante para controles como:

1.Sinistros em convênio médico;


2.Abandonos de emprego;
3.Limbo jurídico previdenciário/ Emparedamento;
4.Benefícios de caráter acidentário;
5.Depósito de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço;
6.Controle do FAP – Fator Acidentário de Prevenção;
7.Possibilidade de defesa em uma Ação Regressiva do INSS em face do
empregador, pelo pagamento de benefício acidentário;
8.Acompanhamento de casos de Reabilitação Profissional.
ESTRATÉGIA
Estudar cada Trabalho
caso em Equipe

Revisão de
procedimentos
ESTRATÉGIA
1. Estudar cada caso: Conhecer o empregado, estudar prontuários,
convocações para avaliações periódicas;
2. Acompanhamento multidisciplinar: cada setor realiza o acompanhamento
conforme as necessidades;
3. Rever processos: novos afastamentos, controle do absenteísmo, controle da
sinistralidade do plano médico.
Outras questões
A empresa sempre paga os 15 primeiros dias do afastamento?

Não!
Decreto 3.048/99:
Art. 75. Durante os primeiros quinze dias consecutivos de afastamento da atividade por
motivo de doença, incumbe à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário.
§3º Se concedido novo benefício decorrente da mesma doença dentro de sessenta dias
contados da cessação do benefício anterior, a empresa fica desobrigada do pagamento
relativo aos quinze primeiros dias de afastamento, prorrogando-se o benefício anterior
e descontando-se os dias trabalhados, se for o caso.
Outras questões
Decreto 3.048/99, artigo 75:

§ 4º Se o segurado empregado, por motivo de doença, afastar-se do trabalho


durante quinze dias, retornando à atividade no décimo sexto dia, e se dela voltar
a se afastar dentro de sessenta dias desse retorno, em decorrência da mesma
doença, fará jus ao auxílio doença a partir da data do novo afastamento.
§ 5º Na hipótese do § 4º, se o retorno à atividade tiver ocorrido antes de quinze
dias do afastamento, o segurado fará jus ao auxílio-doença a partir do dia
seguinte ao que completar aquele período.
Outras questões
Auxílio Doença indeferido em virtude de falta de carência:

SALÁRIOS. REQUERIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA INDEFERIDO POR NÃO CUMPRIMENTO DO


PERÍODO DE CARÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DO EMPREGADOR PAGAR SALÁRIOS. Na
hipótese de indeferimento pelo INSS do benefício de auxílio-doença pelo não cumprimento do
período de carência exigido por lei, o empregador não está obrigado a pagar os salários por
incontroversa ausência de prestação de serviços. Isso considerando também o princípio da boa-fé e o
dever de colaboração que devem nortear as relações, inclusive a de trabalho, pois, se a reclamante
não trabalhou de agosto/2015 a junho/2016, não pode exigir pagamento de salário. Pelo exposto, o
recurso é provido para excluir da condenação o pagamento de salários do período compreendido
entre agosto/2015 e 16.06.2016. Recurso provido, no particular. MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT.
Observado o prazo legal par ao pagamento das verbas rescisórias, não há falar em condenação do
empregador no pagamento da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT. Recurso provido, no particular.
PROCESSO nº 0024747-08.2016.5.24.0051 (RO), Relator : Des. RICARDO GERALDO MONTEIRO
ZANDONA, 31/05/2017
Outras questões
Ausência de retorno ao trabalho em virtude de auxílio acidente

Com a gestão de afastados é possível verificar qual a modalidade de benefício


está sendo pago ao segurado, podendo requerer seu retorno ao trabalho, sendo
passível de abandono de emprego.
Outras questões
Ausência de retorno ao trabalho após o auxílio-doença

Súmula 32 do TST:
ABANDONO DE EMPREGO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20
e 21.11.2003
Presume-se o abandono de emprego se o trabalhador não retornar ao serviço
no prazo de 30 (trinta) dias após a cessação do benefício previdenciário nem
justificar o motivo de não o fazer.
Limbo Jurídico Previdenciário
Limbo Jurídico Previdenciário, é a nomenclatura dada à situação do segurado
que não está recebendo benefício por incapacidade do INSS, e não recebe
salário da empresa pois não houve retorno ao trabalho.
O referido limbo se caracteriza quando o segurado recebe alta do INSS,
entretanto ainda se julga inapto ao trabalho. Diz-se limbo pois não existe uma
definição legal sobre o tema, ainda sendo construído judicialmente.
Porém é importante mencionar que existem duas modalidades diferentes de
limbo:
Limbo Jurídico Previdenciário
1. O segurado teve alta e consequente cessação do benefício previdenciário, e
se julga incapaz de retornar ao trabalho, e recorrer administrativamente, ou
ingressa com ação judicial em face do INSS. Ao comparecer à empresa,
informa o médico do trabalho, que o impede de retornar.
2. O segurado teve alta e consequente cessação do benefício previdenciário, e
se julga incapaz de retornar ao trabalho, e recorrer administrativamente, ou
ingressa com ação judicial em face do INSS. Ao comparecer à empresa,
informa o médico do trabalho, que mesmo assim solicita seu retorno ao
trabalho, acatando o posicionamento da Autarquia.
Limbo Jurídico Previdenciário
Caso haja o enquadramento no primeiro caso, é de responsabilidade do empregador o pagamento dos salários
referentes ao período, conforme entendimento pacífico da jurisprudência:

LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO. PAGAMENTO DE SALÁRIOS.


O contrato de trabalho é suspenso com a concessão do benefício previdenciário, retomando seus
efeitos com a cessação do benefício, de modo que cessada a suspensão do contrato de trabalho
por alta previdenciária, as obrigações contratuais retomam sua eficácia. Deste modo, se a
interrupção da prestação de serviços se dá por imposição do empregador que, diferentemente do
Órgão Previdenciário, considera a empregada inapta para o trabalho, os pagamentos dos salários
devem ser mantidos, ante o afastamento por iniciativa do empregador e ausente a concessão de
benefício previdenciário, pois o trabalhador não pode ficar sem meios de sobrevivência por
divergência de entendimento entre o empregador e o Órgão Previdenciário, em situação obscura
que a doutrina e a jurisprudência atuais denominam de "limbo previdenciário trabalhista".
RO 01003685920165010242 RJ, TRT1, 14/03/2017
Limbo Jurídico Previdenciário
Caso haja o segundo caso, não é de responsabilidade da empregadora o pagamento:
TST_AIRR_1383820145170014_3b66f - emparedamento.pdf
Reabilitação Profissional
A reabilitação profissional é um serviço prestado pelo INSS, que tem como
objetivo a qualificação técnica e profissional do segurado incapaz de retornar
para sua atividade habitual.

EFEITOS PARA O EMPREGADOR:


Cota para deficientes e reabilitados;
Garantia indireta de emprego para o profissional reabilitado;
Responsabilidade por empregado inapto;
Reabilitações profissionais para setores inexistentes na empresa.
Reabilitação Profissional
Lei 8.213/91

Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois
por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas
portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:
I - até 200 empregados...........................................................................................2%;
II - de 201 a 500......................................................................................................3%;
III - de 501 a 1.000..................................................................................................4%;
IV - de 1.001 em diante. .........................................................................................5%.
Reabilitação Profissional
 Atualmente, os dados para o computo dos reabilitados/ pessoas com
deficiência é realizado pelo CAGED.
CAGED significa Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, documento
encaminhado ao Ministério do Trabalho informando a quantidade de pessoas
admitidas e demitidas naquele mês.
O fiscal verifica a quantidade e aplica a porcentagem legal, e caso não haja a
quantidade necessária ao preenchimento, estipula um prazo para a contratação,
e se naquele prazo não houver o cumprimento da obrigação, é aplicada a multa
e estipulado prazo para defesa.
Caso a multa seja paga em 10 dias, o valor é reduzido a 50%.
Reabilitação Profissional
Dificuldades para contratação:
O preenchimento da cota pode ser feito tanto por pessoas com deficiência,
quanto profissionalmente reabilitados.
Por mais que as empresas diligenciem para a contratação deste pessoal,
dificilmente as vagas são cumpridas, haja vista que atividades que exigem
locomoção ou mão de obra braçal não tem meios de aloca-los em postos de
trabalho.
Existe certa dificuldade na contratação de pessoa com deficiência, haja vista o
benefício assistencial que recebem, e deixam de ingressar no mercado de
trabalho quando o salário nivela-se com o salário mínimo que já recebem.
Reabilitação Profissional
Vejamos o seguinte entendimento do Tribunal Superior do Trabalho acerca da contratação de
reabilitados/ pessoa com deficiência:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VAGAS DESTINADAS A PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA.
PREENCHIMENTO. ART. 93 DA LEI 8.213/91. MULTA. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL COLETIVO.
ABSOLVIÇÃO. PERSISTÊNCIA DA OBRIGAÇÃO LEGAL.
1. Conquanto seja ônus da empregadora cumprir a exigência prevista no art. 93 da Lei 8.213/91, ela
não pode ser responsabilizada pelo insucesso, quando ficou comprovado que desenvolveu esforços
para preencher a cota mínima, sendo indevida a multa bem como não havendo falar em dano moral
coletivo.
2. A improcedência do pedido de condenação da ré ao pagamento de multa e de indenização por
dano moral coletivo fundada no fato de a empresa haver empreendido esforços a fim de preencher o
percentual legal de vagas previsto no art. 93 da Lei 8.213/91, não a exonera da obrigação de
promover a admissão de pessoas portadoras de deficiência ou reabilitados, nos termos da lei.
Recurso de Embargos de que se conhece e a que se dá parcial provimento.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos em Embargos de Declaração em Recurso de
Revista n° TST-E-ED-RR-658200-89.2009.5.09.0670, em que é Embargante AMERICAN GLASS
PRODUCTS DO BRASIL LTDA. e Embargado MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO.
“Estabilidade” do Reabilitado
O profissional reabilitado possui garantia indireta de emprego, conforme o
disposto no parágrafo primeiro do artigo 93 da Lei 8.213/91:

§ 1o A dispensa de pessoa com deficiência ou de beneficiário reabilitado da


Previdência Social ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90
(noventa) dias e a dispensa imotivada em contrato por prazo indeterminado
somente poderão ocorrer após a contratação de outro trabalhador com
deficiência ou beneficiário reabilitado da Previdência Social.
Reabilitação Profissional
Caso seja comprovada a dispensa sem a contratação de empregado em condição
semelhante:
REINTEGRAÇÃO. TRABALHADOR REABILITADO. O art. 93 e seu parágrafo primeiro da
Lei 8.213/91 estabelecem uma garantia indireta de emprego, em que o empregado
reabilitado somente pode ser dispensado após a contratação de substituto em
condições semelhantes. Evidencia-se igualmente limitação ao direito potestativo do
empregador, que deve implementar a condição estabelecida para dispensar o
empregado. Competia à reclamada, por se tratar de fato obstativo ao direito do autor,
provar que contratou o referido substituto ou mesmo que respeitou o percentual
mínimo de admissão de beneficiários reabilitado ou pessoas portadoras de
deficiência. Não se desincumbindo deste ônus, devida a reintegração ao emprego
postulada. Recurso provido.
RO 00008372320125010021
Reabilitação Profissional
Entretanto, se há o cumprimento da cota:
DIREITO CIRCUNSTANCIAL À MANUTENÇÃO DO EMPREGO. Quanto ao pedido de
reintegração com fulcro no art. 93 da Lei 8.213, há matéria tanto de direito e
probatória. No primeiro campo, é certo que a lei não estabelece nenhuma estabilidade,
apenas exige cota de deficiente físico. A norma jurídica em questão tem a finalidade de
proteger o empregado deficiente, mantendo certo percentual. Conforme entendimento
jurisprudencial a que me filio, o trabalhador deficiente individualmente não tem o
direito de ser contratado, o que depende da liberdade de escolha do contratante, mas
sim o de ser mantido no emprego para garantia da cota. Cabe, então, ao empregador
demonstrar que a dispensa do empregado deficiente não implica em se encontrar em
situação ilegal, ou seja, abaixo do percentual previsto na lei.
RO 00921004820085010031
Ações Regressivas do INSS
Recentemente, o INSS tem se utilizado da ferramenta da Ação Regressiva,
alegando que é um meio educativo de prevenção de acidentes do trabalho.

Para tanto, o INSS verifica quais foram os benefícios por incapacidade


concedidos em virtude de acidentes do trabalho, e se achar que o empregador
agiu com culpa ou dolo para sua ocorrência, requer o ressarcimento dos valores
despendidos com aquele benefício.
Ações Regressivas do INSS
Os fundamentos para esta cobrança são:
Constituição Federal:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
Lei 8.213/91:
Art. 120. Nos casos de negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene
do trabalho indicados para a proteção individual e coletiva, a Previdência Social
proporá ação regressiva contra os responsáveis.
Ações Regressivas do INSS
Competência:
Ainda existe divergência acerca da competência para julgamento da demanda,
sendo possível encontrar jurisprudências favoráveis à Justiça do Trabalho, Justiça
Estadual e Justiça Federal, sendo que o posicionamento para a Justiça Federal
toma força.
Entretanto, nada impede que este já seja um argumento preliminar para a
contestação.
Ações Regressivas do INSS
 A empresa não causa muitos acidentes;
Culpa exclusiva da vítima;
Diálogos de segurança;
Oitiva de testemunhas;
Culpa concorrente;
Acordo.
Ações Regressivas do INSS
DIREITO CIVIL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO.
BENEFÍCIO ACIDENTÁRIO. AÇÃO REGRESSIVA DO INSS. ARTIGO 120 DA LEI 8.213/91. CULPA
EXCLUSIVA DA EMPRESA. NEGLIGÊNCIA. COMPROVAÇÃO. SEGURO DE ACIDENTE DE TRABALHO –
SAT.PRECEDENTES.
É dever da empresa fiscalizar o cumprimento das determinações e procedimentos de segurança, não
lhe sendo dado eximir-se da responsabilidade pelas consequências quando tais normas não são
cumpridas, ou são de forma inadequada. Demonstrada a negligência da empregadora quanto à
adoção e fiscalização das medidas de segurança do trabalhador, tem o INSS direito à ação regressiva
prevista no artigo 120 da Lei 8.213/91. O fato da empresa contribuir para o custeio do regime geral
da previdência social, mediante o recolhimento de tributos e contribuições sociais, dentre estas
àquela destinada ao seguro de acidente do trabalho – SAT, não exclui a responsabilidade nos casos
de acidente de trabalho decorrentes de culpa sua, por inobservância das normas de segurança e
higiene do trabalho.
AC 50007455120124047201 SC, 4ª Turma, 21/07/2015
Ações Regressivas do INSS
Entretanto, se a empresa demonstrar que não houve culpa ou dolo, é possível
defender!

Sentença Campregher.pdf
SAT e FAP
A previsão legal do SAT ( Seguro de Acidente do Trabalho) está na Constituição Federal, em
seu artigo 7º, XXVIII:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:

(...)
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem
excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou
culpa;
SAT e FAP
Diante disto, a Lei 8.212/91 descreveu de que forma este seguro seria cobrado:

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é
de:
II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e
daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos
ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos
segurados empregados e trabalhadores avulsos:
a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho
seja considerado leve;
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado
médio;
c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado
grave
O enquadramento da atividade pode ser verificado
através do Decreto 3.048/99, em seu anexo V:
Entretanto, verificando que os empregadores eram negligentes diante da saúde
ocupacional dos empregados, o Governo Federal criou o FAP.

O fator acidentário é um multiplicador, que varia de 0,5 a 2 pontos, a ser aplicado às


alíquotas de 1%, 2% ou 3% da tarifação coletiva por subclasse econômica, incidentes sobre
a folha de salários das empresas para custear aposentadorias especiais e benefícios
decorrentes de acidentes de trabalho. O FAP varia anualmente. É calculado sempre sobre
os dois últimos anos de todo o histórico de acidentalidade e de registros acidentários da
Previdência Social, por empresa.

Pela metodologia do FAP, as empresas que registrarem maior número de acidentes ou


doenças ocupacionais, pagam mais. Por outro lado, o Fator Acidentário de Prevenção
aumenta a bonificação das empresas que registram acidentalidade menor. No caso de
nenhum evento de acidente de trabalho, a empresa paga a metade da alíquota do SAT/RAT.

(http://www.previdencia.gov.br/a-previdencia/saude-e-seguranca-do-
trabalhador/politicas-de-prevencao/fator-acidentario-de-prevencao-fap/)
Acidentes de Trabalho
A legislação previdenciária dispõe o conceito de acidente de trabalho no artigo
19 da Lei 8.213/91:
Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo
exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11
desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho.
Acidentes de Trabalho
§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e
individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador.
§ 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de
cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho.
§ 3º É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos
da operação a executar e do produto a manipular.
§ 4º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os sindicatos
e entidades representativas de classe acompanharão o fiel cumprimento do
disposto nos parágrafos anteriores, conforme dispuser o Regulamento.
Acidentes de Trabalho
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as
seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo


exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da
respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência
Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em
função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.
Acidentes de Trabalho
(...) § 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na
relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais
em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a
Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho.
Acidentes de Trabalho
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja
contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da
sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica
para a sua recuperação;
Acidentes de Trabalho
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em
consequência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa
relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de
companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de
força maior;
Acidentes de Trabalho
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício
de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de
trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da
empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar
prejuízo ou proporcionar proveito;
Acidentes de Trabalho
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por
esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra,
independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de
propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,
qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do
segurado.

§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da


satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante
este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.
Acidentes de Trabalho
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as
seguintes entidades mórbidas:
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela
se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato
direto determinado pela natureza do trabalho.
CAT – Comunicação de Acidente do
Trabalho
De acordo com a Lei 8.213/91 (art.22), a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho)
deve ser emitida até o dia útil subsequente ao acidente, e em caso de óbito, de
imediato, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário
de contribuição.

Podem realizar a emissão deste documento:


o próprio acidentado;
seus dependentes;
 a entidade sindical competente;
 o médico que o assistiu, ou;
 qualquer autoridade pública.
CAT – Comunicação de Acidente do
Trabalho
Quando o segurado vai passar pela perícia médica com o documento, certamente
retornará com o benefício em caráter acidentário, e este é o motivo da resistência
das empresas em emiti-lo.
Entretanto, sua emissão deve ser realizada após a análise da situação em que
ocorreu o acidente, de forma que a empresa deve realizar uma investigação com a
união dos departamentos mencionados na gestão dos afastados.
A CAT pode ser emitida nas modalidades: típico, trajeto e doença.
No caso das doenças, se forem reconhecidas pelo NTEP, a empresa está isenta do
pagamento da multa, conforme artigo 21-A da Lei 8.213/91. A própria IN 31/2008
dispõe ser possível a concessão de benefício de caráter acidentário sem a emissão
do documento.
CAT e estabilidade do artigo 118
 Novamente façamos a leitura do artigo:

“Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo
mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa,
após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de
percepção de auxílio-acidente.”
CAT e a estabilidade do artigo 118
Súmula nº 378 do TST
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 118 DA LEI Nº
8.213/1991. (inserido item III) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e
27.09.2012
- É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à
estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-
doença ao empregado acidentado. (ex-OJ nº 105 da SBDI-1 - inserida em
01.10.1997)
II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior
a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se
constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de
causalidade com a execução do contrato de emprego. (primeira parte - ex-OJ nº
230 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)
Benefícios de natureza acidentária
Auxílio-Doença (B91);

Aposentadoria por Invalidez (B92);

Pensão por morte (B93);

Auxílio-Acidente (B94)
COMO VERIFICAR A NATUREZA
ACIDENTÁRIA?
COMO VERIFICAR A NATUREZA
ACIDENTÁRIA?
EFEITOS NO CONTRATO DE TRABALHO
Estabilidade, conforme o artigo 118 da Lei 8.213/91:

Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem


garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do
seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-
doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-
acidente.
EFEITOS NO CONTRATO DE TRABALHO
Depósito Fundiário;
Possível ação regressiva do INSS;
Influência no FAP – Fator Acidentário de Prevenção;
Possível indenização em Reclamação Trabalhista;
Outros possíveis conforme a CCT – Convenção Coletiva de Trabalho.
COMO É CONCEDIDO O BENEFÍCIO EM
CARÁTER ACIDENTÁRIO?
O enquadramento dos benefícios em caráter acidentário pode ocorrer de 3 formas diversas, conforme
dispõe a IN 31/2008 do INSS:

Art. 3º O nexo técnico previdenciário poderá ser de natureza causal ou não, havendo três
espécies:
I - nexo técnico profissional ou do trabalho, fundamentado nas associações entre patologias
e exposições constantes das listas A e B do anexo II do Decreto nº 3.048, de 1999;
II - nexo técnico por doença equiparada a acidente de trabalho ou nexo técnico individual,
decorrente de acidentes de trabalho típicos ou de trajeto, bem como de condições especiais
em que o trabalho é realizado e com ele relacionado diretamente, nos termos do § 2º do
art. 20 da Lei nº 8.213/91;
III - nexo técnico epidemiológico previdenciário, aplicável quando houver significância
estatística da associação entre o código da Classificação Internacional de Doenças-CID, e o
da Classificação Nacional de Atividade Econômica-CNAE, na parte inserida pelo Decreto nº
6.042/07, na lista C do anexo II do Decreto nº 3.048, de 1999;
I - nexo técnico profissional ou do trabalho, fundamentado nas
associações entre patologias e exposições constantes das listas A e B do
anexo II do Decreto nº 3.048, de 1999;
LISTA A
AGENTES OU FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL RELACIONADOS
COM A ETIOLOGIA DE DOENÇAS PROFISSIONAIS E DE OUTRAS DOENÇAS
RELACIONADAS COM O TRABALHO

AGENTES ETIOLÓGICOS OU FATORES DE DOENÇAS CAUSALMENTE RELACIONADAS COM OS RESPECTIVOS


RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL AGENTES OU FATORES DE RISCO (DENOMINADAS E CODIFICADAS
SEGUNDO A CID-10)

III - Benzeno e seus homólogos tóxicos Leucemias (C91-C95.-) Síndromes Mielodisplásicas (D46.-) Anemia
Aplástica devida a outros agentes externos (D61.2) Hipoplasia Medular
(D61.9) Púrpura e outras manifestações hemorrágicas (D69.-)
Agranulocitose (Neutropenia tóxica) (D70) Outros transtornos
especificados dos glóbulos brancos: Leucocitose, Reação Leucemóide
(D72.8) Outros transtornos mentais decorrentes de lesão e disfunção
cerebrais e de doença física (F06.-) (Tolueno e outros solventes
aromáticos neurotóxicos)
LISTA B
(Redação dada pelo Decreto nº 6.957, de 2009)
Nota:
1. As doenças e respectivos agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional listados são exemplificativos e
complementares.

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS RELACIONADAS COM O TRABALHO


(Grupo I da CID-10)

DOENÇAS AGENTES ETIOLÓGICOS OU FATORES DE RISCO DE NATUREZA


OCUPACIONAL
VII - Dengue [Dengue Clássico] (A90.-) Exposição ocupacional ao mosquito (Aedes aegypti), transmissor do
arbovírus da Dengue, principalmente em atividades em zonas endêmicas,
em trabalhos de saúde pública, e em trabalhos de laboratórios de pesquisa,
entre outros.
(Z57.8) (Quadro XXV)
LISTA B
(Redação dada pelo Decreto nº 6.957, de 2009)
Nota:
1. As doenças e respectivos agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional listados são exemplificativos e
complementares.

DOENÇAS AGENTES ETIOLÓGICOS OU FATORES DE RISCO DE NATUREZA


OCUPACIONAL
VI - Dorsalgia (M54.-): Cervicalgia 1. Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8)
(M54.2); Ciática (M54.3); Lumbago com 2. Ritmo de trabalho penoso (Z56.3)
Ciática (M54.4) 3. Condições difíceis de trabalho (Z56.5)
II - nexo técnico por doença equiparada a acidente de trabalho ou nexo técnico individual,
decorrente de acidentes de trabalho típicos ou de trajeto, bem como de condições especiais em
que o trabalho é realizado e com ele relacionado diretamente, nos termos do § 2º do art. 20 da Lei
nº 8.213/91;

Acidentes típicos: Este é o tipo de acidente mais comum, e acontece dentro da empresa durante o
horário de expediente. É o caso, por exemplo, de quando o trabalhador cai de uma escada ou se
machuca ao manusear um equipamento pesado. Ou ainda, são os acidentes que acontecem dentro ou
fora da empresa, devido ao exercício do trabalho, que a lei assemelha aos acidentes de trabalho típico.

De trajeto: Acontece durante o percurso do trabalhador de sua casa até o local de trabalho, tanto no
início e final do expediente quando no horário de almoço.

§ 2º do art. 20 da Lei nº 8.213/91: casos excepcionais em que a doença não se enquadre nas listas A e
B, a perícia pode considera-la acidente de trabalho.
NTEP - nexo técnico epidemiológico previdenciário, aplicável quando houver significância
estatística da associação entre o código da Classificação Internacional de Doenças-CID, e o
da Classificação Nacional de Atividade Econômica-CNAE, na parte inserida pelo Decreto nº
6.042/07, na lista C do anexo II do Decreto nº 3.048, de 1999;
NTEP – Lei 8.213/91
Art. 21-A. A perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) considerará caracterizada a
natureza acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemiológico
entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da empresa ou do empregado
doméstico e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na Classificação Internacional
de Doenças (CID), em conformidade com o que dispuser o regulamento.

§ 1o A perícia médica do INSS deixará de aplicar o disposto neste artigo quando demonstrada a
inexistência do nexo de que trata o caput deste artigo.

§ 2o A empresa ou o empregador doméstico poderão requerer a não aplicação do nexo técnico


epidemiológico, de cuja decisão caberá recurso, com efeito suspensivo, da empresa, do empregador
doméstico ou do segurado ao Conselho de Recursos da Previdência Social.
NTEP – Decreto 3.048/99
Art. 337. O acidente do trabalho será caracterizado tecnicamente pela perícia médica do INSS,
mediante a identificação do nexo entre o trabalho e o agravo.
§ 3o Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando se verificar nexo técnico
epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade,
elencada na Classificação Internacional de Doenças - CID em conformidade com o disposto na Lista C
do Anexo II deste Regulamento.
§ 4o Para os fins deste artigo, considera-se agravo a lesão, doença, transtorno de saúde, distúrbio,
disfunção ou síndrome de evolução aguda, subaguda ou crônica, de natureza clínica ou subclínica,
inclusive morte, independentemente do tempo de latência.
§ 5o Reconhecidos pela perícia médica do INSS a incapacidade para o trabalho e o nexo entre o
trabalho e o agravo, na forma do § 3o, serão devidas as prestações acidentárias a que o beneficiário
tenha direito.
E A DEFESA DO EMPREGADOR? IN 31/2008!
 NTP – Nexo Técnico Profissional – Listas A e B do Anexo II do Decreto 3.048/99:
Art. 4º Os agravos associados aos agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza profissional e do
trabalho das listas A e B do anexo II do Decreto nº 3.048/99; presentes nas atividades econômicas dos
empregadores, cujo segurado tenha sido exposto, ainda que parcial e indiretamente, serão
considerados doenças profissionais ou do trabalho, nos termos dos incisos I e II, art. 20 da Lei nº
8.213/91.
§ 1º A empresa poderá interpor recurso ao Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) até
trinta dias após a data em que tomar conhecimento da concessão do benefício em espécie acidentária
por nexo técnico profissional ou do trabalho, conforme art. 126 da Lei nº 8.213/91 quando dispuser
de dados e informações que demonstrem que os agravos não possuem nexo técnico com o trabalho
exercido pelo trabalhador.
§ 2º O recurso interposto contra o estabelecimento de nexo técnico com base no anexo II do Decreto
nº 3.048/99; não terá efeito suspensivo.
E A DEFESA DO EMPREGADOR? IN 31/2008!
Nexo Técnico Individual – Acidentes típicos, de trajeto, ou que não estão na
Lista A e B.
Art. 5º Os agravos decorrentes de condições especiais em que o trabalho é executado serão
considerados doenças profissionais ou do trabalho, ou ainda acidentes de trabalho, nos termos
do § 2º do art. 20 da Lei nº 8.213/91.
§ 1º A empresa poderá interpor recurso ao CRPS até trinta dias após a data em que tomar
conhecimento da concessão do benefício em espécie acidentária por nexo técnico por doença
equiparada a acidente de trabalho ou nexo técnico individual, conforme art. 126 da Lei nº
8.213/91 quando dispuser de dados e informações que demonstrem que os agravos não
possuem nexo técnico com o trabalho exercido pelo trabalhador.
§ 2º O recurso interposto contra o estabelecimento de nexo técnico com base no § 2º do art. 20
da Lei nº 8.213/91, não terá efeito suspensivo
E A DEFESA DO EMPREGADOR? IN 31/2008!
 NTEP – Nexo Técnico Epidemiológico – CID x CNAE

Art. 7º A empresa poderá requerer ao INSS, até quinze dias após a data para a entrega da Guia de
Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social-
GFIP, a não aplicação do nexo técnico epidemiológico, ao caso concreto, quando dispuser de
dados e informações que demonstrem que os agravos não possuem nexo técnico com o trabalho
exercido pelo trabalhador, sob pena de não conhecimento da alegação em instância
administrativa, caso não protocolize o requerimento tempestivamente.
§ 7º Da decisão do requerimento cabe recurso com efeito suspensivo, por parte da empresa ou,
conforme o caso, do segurado, ao CRPS.
COMO SABER O NEXO ATRIBUÍDO?
COMO SABER O NEXO ATRIBUÍDO?
COMO SABER O NEXO ATRIBUÍDO?
COMO PROVAR A TEMPESTIVIDADE?
 O empregador possui a ciência dos benefícios previdenciários ou acidentários concedidos para
o seu CNPJ através de uma consulta no site da Previdência Social, onde constará a data e hora da
ciência:
COMO PROVAR A TEMPESTIVIDADE?
 A ciência também pode ser dada através do Comunicado de Decisão entregue pelo segurado.
Neste momento, o empregador deve atestar o recebimento, através de um protocolo interno
da empresa.
RECURSOS – NTP E NTI
Caso a medida correta seja o Recurso, tanto pelo artigo 4º quanto 5º da IN 31/2008:
O prazo é de 30 dias;
Não possui efeito suspensivo;
É entregue em uma via, a norma é omissa;
Pode ser protocolado em qualquer agência, que remeterá à mantenedora;
Pode ser enviado por correio, com AR, que valerá como protocolo;
APS envia ao segurado para contrarrazões;
É encaminhado para a perícia médica, e será analisado por perito diverso do concessor;
Se parecer positivo, converte o benefício e encerra o processo;
Se parecer negativo, faz parecer e retorna para a APS, para o seguimento à Junta de Recursos da
Previdência Social.
Contestação - NTEP
Caso a medida correta seja a Contestação, nos moldes do artigo 7º da IN 31/2008, ou § 3º do
Decreto 3.048/99, ou artigo 21-A da Lei 8.213/91:
O prazo é de 15 dias;
Não possui efeito suspensivo;
É entregue em duas vias, conforme § 3º do artigo 7º da IN 31/2008;
Pode ser protocolado em qualquer agência, que remeterá à mantenedora;
É encaminhado para a perícia médica, e será analisado por perito que pode ser o mesmo
concessor;
Se parecer positivo, encaminha ao segurado para contrarrazões, juntamente com a documentação
apresentada em duplicidade;
Após as razões do segurado, o perito faz um parecer pela procedência, ou não e encaminha para a
APS realizar as devidas comunicações.
Recurso do NTEP
Caso haja o indeferimento da Contestação apresentada pelo Empregador, este poderá interpor
Recurso à Junta de Recursos da Previdência Social:
O prazo é de 30 dias;
Pode ser protocolado em qualquer APS, que remeterá à mantenedora, ou ainda via correio
com AR;
Possui efeito suspensivo:
a) a solicitação de recurso realizada pela empresa fará com que o benefício acidentário gere
efeitos de benefício previdenciário, isentando-a do recolhimento para o Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço – FGTS, e da obrigação referente à estabilidade do funcionário após retorno ao
trabalho quando da cessação da incapacidade; e
b) caso o segurado apresente os requisitos de carência para reconhecimento do direito a
benefício previdenciário, o auxílio-doença será mantido, cessando-se o benefício caso isto não
ocorra.
Recurso do NTEP
 O Recurso será encaminhado para a perícia médica, e será analisado por
perito diverso da concessão e contestação;
O perito médico analisará e emitirá parecer favorável ou não ao Recurso;
O Recurso será encaminhado à Junta de Recursos da Previdência Social para
julgamento, independente do parecer do perito médico.
O que alegar?
 Questões abordadas na gestão dos afastados;
Prontuário do empregado;
Tríade Culpa, Nexo e Dano;
Culpa exclusiva da vítima;
Fatores exteriores à relação de trabalho, que possam ter ocasionado a doença;
Verificação do trajeto realizado pelo segurado;
Jurisprudência do CRSS;
Neutralização dos riscos no ambiente de trabalho;
Políticas internas de prevenção de acidentes, entre outros.
Como comprovar?
PPP – Perfil Profissiografico Previdenciário;
LTCAT – Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho;
PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional;
PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais;
Treinamentos oferecidos e realizados pelo segurado;
Laudo Circunstanciado do Médico do Trabalho da Empresa;
Campanhas de ginástica laboral;
Comprovantes de entrega de EPI, dentre outros.
Caso 1 – José André
Sr. José André, 49 anos de idade, porteiro na sua empresa há aproximadamente 05 anos.
Em um dia qualquer, Sr. José apresenta um atestado médico de mais de 15 dias, em virtude de
uma hérnica umbilical, CID 10 K42, sendo devidamente encaminhado pelo médico do trabalho
para o INSS.
Após perícia médica seu benefício de auxílio-doença foi concedido na modalidade 91, ou seja,
acidentário.
Hoje, Sr. José André compareceu à empresa para lhe entregar o comunicado de decisão a
seguir.
Qual é o caminho correto a seguir?
Caso 1 – José André
Verificamos que o benefício foi concedido conforme o artigo 337, § 3º do Decreto 3.048/99:
Caso 1 – José André
Sabendo-se que se trata de NTEP, requeremos aos setores diversos da empresa
a documentação mencionada, ou seja, laudo do médico do trabalho, prontuário,
PPP, LTCAT, PPRA, PCMSO, dentre outros.

Apresentamos então uma Contestação, nos moldes do artigo 7º da IN 31/2008,


no prazo de 15 dias, que deve ser entregue em duas vias ao INSS, e pode ser
protocolada em qualquer APS, sem agendamento.
Caso 1 – José André
O que abordar na Contestação?
Começando pelo começo, estudamos a doença!!

“A hérnia da parede abdominal ocorre quando parte de um órgão (normalmente,


alças do intestino delgado) se desloca, através de um orifício (chamado de anel
herniário), e invade um espaço indevido (saco herniário).

Esse deslocamento somente é possível devido ao enfraquecimento do tecido


protetor dos órgãos internos do abdômen, que pode ocorrer em consequência de
um problema congênito ou pode estar associado a esforços em demasia (exercícios
físicos, gestação ou obesidade, por exemplo) que deixam a parede abdominal
fragilizada.”
Caso 1 – José André
Esforço em demasia? Um porteiro?
Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações, os Porteiros:

Fiscalizam a guarda do patrimônio e exercem a observação de fábricas, armazéns, residências,


estacionamentos, edifícios públicos, privados e outros estabelecimentos, inclusive comerciais,
percorrendo-os sistematicamente e inspecionando suas dependências, prevenir perdas, evitar
incêndios e acidentes, entrada de pessoas estranhas e outras anormalidades; controlam fluxo de
pessoas, identificando, orientando e encaminhando-as para os lugares desejados; recebem
hóspedes em hotéis; acompanham pessoas e mercadorias; fazem manutenções simples nos
locais de trabalho.
Caso 1 – José André
Com o auxílio da documentação que descreve sua atividade e o laudo do médico do trabalho,
conseguimos comprovar que a doença não foi desencadeada pelo exercício da atividade.
Caso 2 – Wilson
 Sr. Wilson, 35 anos de idade, vigilante há aproximadamente 05 anos na empresa.
Em um dia qualquer, Sr. Wilson apresenta um atestado médico de mais de 15 dias, em virtude
de Varizes nos membros inferiores, CID 10 I83.9, sendo devidamente encaminhado pelo médico
do trabalho para o INSS.
Após perícia médica seu benefício de auxílio-doença foi concedido na modalidade 91, ou seja,
acidentário.
Hoje, Sr. Wilson compareceu à empresa para lhe entregar o comunicado de decisão a seguir.
Qual é o caminho correto a seguir?
Caso 2 - Wilson
Verificamos que o benefício foi concedido conforme o artigo 337, § 3º do Decreto 3.048/99:
Caso 2 - Wilson
Sabendo-se que se trata de NTEP, requeremos aos setores diversos da empresa
a documentação mencionada, ou seja, laudo do médico do trabalho, prontuário,
PPP, LTCAT, PPRA, PCMSO, dentre outros.

Apresentamos então uma Contestação, nos moldes do artigo 7º da IN 31/2008,


no prazo de 15 dias, que deve ser entregue em duas vias ao INSS, e pode ser
protocolada em qualquer APS, sem agendamento.
Caso 2 - Wilson
O que abordar na Contestação?
Começando pelo começo, estudamos a doença!!
Varizes são dilatações de veias superficiais dos membros inferiores que alteram o fluxo
e a direção da corrente sanguínea, ocasionando os sintomas e podendo levar a
formação de fibrose do tecido celular subcutâneo, úlceras (feridas) e a predisposição à
trombose (entupimento de veias superficiais e profundas), que são diferentes dos
vasinhos, pequenas vênulas dilatadas, vermelhas que aparecem nas pernas e outras
regiões do corpo.
Podem causar varizes: gravidez, ser do sexo feminino, idade avançada, excesso de peso
e obesidade, história familiar de varizes, condições que aumentam a pressão no
abdômen, tais como doenças do fígado, líquido no abdômen, cirurgia anterior na virilha
ou insuficiência cardíaca, fístulas arteriovenosas, coágulos de sangue.
Caso 2 - Wilson
Vejamos ainda o que dispõe a NR 17, que trata de Ergonomia do ambiente laboral:
17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço,
ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho,
deve ser observado o seguinte:
b) devem ser incluídas pausas para descanso;

17.3.5. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de pé, devem ser colocados
assentos para descanso em locais em que possam ser utilizados por todos os trabalhadores
durante as pausas.
Caso 2 - Wilson
Assim, não fica claro que as varizes foram desencadeadas apenas pelo
exercício da função, sendo suficiente para colocar a dúvida na cabeça do perito.

Estas dúvidas são devidamente sanadas com a documentação apresentada da


forma correta!

Veja o quanto o SESMT é importante!


Gestão de afastados é importante?

Contestação
Gestão de
de benefícios
afastados
acidentários

Ações Reflexo no
Regressivas FAP e no SAT
Referências Bibliográficas

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