Você está na página 1de 11

6 - Auxílio-doença

• A doença está prevista no art. 201, I, da CF, como evento que enseja cobertura
previdenciária. Está disciplinada pelos arts. 59 a 63 do PBPS, e arts. 71 a 80 do
RPS.

• Artigo 60 da Lei 8.213/91, alterado pela MP 664/2014, dispõe que “o auxílio-


doença será devido ao segurado que ficar incapacitado para seu trabalho ou
sua atividade habitual, desde que cumprido, quando for o caso, o período de
carência exigido nesta Lei”.

• Contingência: estar incapacitado para o trabalho ou atividade habitual e desde


que cumprida a carência exigida.

• A contingência refere-se à incapacidade temporária, porque a incapacidade


permanentes é contingência que gera cobertura previdenciária de aposentadoria
por invalidez.

• No caso do empregado a nova legislação incumbiu a empresa de pagar o salário


do segurado incapacitado pelos primeiros 30 dias, passando a ser devido o
auxílio-doença ao empregado a contar do 31º do afastamento, se requerido em
até 45 dias deste.
Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991.
Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências.

Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado que ficar incapacitado para seu trabalho ou sua atividade habitual,
desde que cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei: (Redação dada pela Medida Provisória
nº 664, de 2014) (Vigência)
I - ao segurado empregado, a partir do trigésimo primeiro dia do afastamento da atividade ou a partir da data de
entrada do requerimento, se entre o afastamento e a data de entrada do requerimento decorrerem mais de quarenta e
cinco dias; e (Incluído pela Medida Provisória nº 664, de 2014) (Vigência)
II - aos demais segurados, a partir do início da incapacidade ou da data de entrada do requerimento, se entre essas
datas decorrerem mais de trinta dias. (Incluído pela Medida Provisória nº 664, de 2014) (Vigência)
§ 1º (Revogado pela Medida Provisória nº 664, de 2014) (Vigência)
§ 2º (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995)
§ 3º Durante os primeiros trinta dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença ou de
acidente de trabalho ou de qualquer natureza, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral.
(Redação dada pela Medida Provisória nº 664, de 2014) (Vigência)
§ 4º A empresa que dispuser de serviço médico, próprio ou em convênio, terá a seu cargo o exame médico e o abono
das faltas correspondentes ao período referido no § 3º e somente deverá encaminhar o segurado à perícia médica da
Previdência Social quando a incapacidade ultrapassar trinta dias. (Redação dada pela Medida Provisória nº 664, de
2014) (Vigência)
§ 5º O INSS a seu critério e sob sua supervisão, poderá, na forma do regulamento, realizar perícias médicas: (Incluído
pela Medida Provisória nº 664, de 2014)
I - por convênio ou acordo de cooperação técnica com empresas; e (Incluído pela Medida Provisória nº 664, de 2014)
II - por termo de cooperação técnica firmado com órgãos e entidades públicos, especialmente onde não houver serviço
de perícia médica do INSS. (Incluído pela Medida Provisória nº 664, de 2014)
§ 6º Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da
doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de
progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. (Incluído pela Medida Provisória nº 664, de 2014)
• A incapacidade é comprovada por meio de perícia médica a cargo do
INSS.

• É comum que o segurado, tendo sido indeferido o benefício na via


administrativa, ajuíze ação contra o INSS visando a concessão do auxílio-
doença.

• Ocorre que, em algumas situações, o segurado requer judicialmente a


aposentadoria por invalidez.

• Feita a perícia judicial, conclui-se pela inexistência de incapacidade total


e permanente, mas o laudo pericial conclui pela incapacidade
temporária.

• A jurisprudência maciça adota o entendimento no sentido que o auxílio-


doença pode ser concedido, judicialmente, mesmo quando o pedido
inicial tenha sido de aposentadoria por invalidez, não se configurando
julgamento extra petita. Entende-se, no caso, que o auxílio-doença é um
minus em relação à aposentadoria por invalidez
Jurisprudência:

―(...) 2. Ante a ausência de comprovação, por parte da Autora, da


incapacidade total e permanente para o exercício de atividade que lhe
garante a subsistência, requisito essencial à concessão da aposentadoria
por invalidez, nos termos do artigo 42 da Lei n. 8.213/91, o benefício
postulado não deve ser concedido. 3. Atestando o laudo pericial que a
Autora se encontra parcialmente inválida para a sua atividade habitual, tal
situação lhe confere o direito de obter o benefício de auxílio-doença, nos
termos do artigo 59 da Lei n. 8.213/91. Sendo o referido benefício um
minus em relação à aposentadoria por invalidez, a sua concessão,
mesmo na ausência de pedido expresso, não configura julgamento
extra-petita. (...)‖ (TRF 3ª Região, AC 200203990066740, 10ª Turma, Rel.
Des. Fed. Jediael Galvão, DJU 28.05.2004, p. 648).
• Carência: 12 contribuições mensais, que será excepcionalmente dispensada
nas hipóteses de invalidez decorrente de acidente de qualquer natureza,
doença profissional, do trabalho ou das moléstias graves listadas em ato
regulamentar.

Atenção: em se tratando de segurado que exerce atividades concomitantes, se


ficar incapacitado para apenas uma delas, para efeito de carência são contadas as
contribuições pagas apenas em relação a essa atividade (art. 73, § 1º, do RPS).

• Não é raro que o segurado exerça mais de uma atividade concomitante.


Exemplo:
-> é segurado empregado, exercendo as funções de digitador; mas é também
professor de contabilidade. Se for acometido de doença que o incapacite
temporariamente para a atividade de digitador, poderá requerer o auxílio-doença
em relação a essa atividade e continuar trabalhando como professor. Porém, para
ter direito ao auxílio-doença, nesse caso, deverá ter cumprido a carência em
relação à atividade de digitador.

Atenção: se o segurado exercer a mesma profissão em todas as atividades


concomitantes, terá de se afastar imediatamente de todas elas (art. 73, §§ 1º e 2º,
do RPS).
DÚVIDA: Há casos em que o segurado perde essa condição antes de cumprir a
carência para o auxílio-doença. Pergunta-se: diante do disposto no art. 24,
parágrafo único, do PBPS, como terá direito ao benefício?

• Diante das disposições do art. 24, parágrafo único, deverá contribuir por 4
meses, que correspondem a ⅓ da carência do auxílio-doença. Porém, como
ainda não havia cumprido a carência, pode ocorrer que a soma das
contribuições anteriormente pagas com as 4 posteriores à perda da
qualidade de segurado não totalize 12 contribuições. Nesse caso, a soma
das 4 contribuições, pagas depois da perda da condição de segurado, com
as anteriores deve totalizar, no mínimo, 12 contribuições, para que se
considere cumprida a carência.

• “Quando o trabalhador perder a qualidade de segurado, as contribuições


anteriores só serão consideradas para concessão do auxílio-doença se, após
nova filiação à Previdência Social, houver pelo menos quatro contribuições
que, somadas às anteriores, totalizem, no mínimo, a carência exigida (12
meses)”.
• Sujeito ativo: o segurado. A lei não faz distinção entre as espécies de
segurados, de modo que todos os segurados podem ter direito ao auxílio-
doença.

• Sujeito passivo: o INSS.

• Termo inicial:
-> Em regra, a data de início do benefício (DIB) será a data da incapacidade, marco
inicial do pagamento a ser promovido pelo INSS. Contudo, se entre a data da
incapacidade e a data de entrada do requerimento (DER) se passar mais de 30
dias, a data de início do benefício será a data de entrada do requerimento na
Previdência Social.

-> Apenas no caso do segurado empregado a regra será diferente, tendo em vista
a obrigação legal da empresa de pagar ao segurado o seu salário durante os 30
(trinta) primeiros dias do afastamento. Logo, para o segurado empregado, desde a
MP 664/2014, a data de início do benefício não será a data da incapacidade, e
sim o 31º (trigésimo primeiro) dia seguinte. Excepcionalmente, se entre a data da
incapacidade e a data de entrada do requerimento se passar mais de 45 (quarenta
e cinco) dias, a data de início do benefício será a data de entrada do requerimento
na Previdência Social.
• RMI: o auxílio-doença não poderá superar a média aritmética simples dos 12
últimos salários de contribuição do segurado ou, se inexistentes 12 salários de
contribuição no período básico de cálculo (a partir de julho de 1994), deverá
ser feita a média aritmética simples de todos os salários de contribuição
existentes, sempre com a óbvia incidência da correção monetária. (MP
664/2014)

Atenção: o acréscimo de 25% por necessidade do auxílio permanente de outra


pessoa não se aplica ao auxílio-doença por falta de previsão legal, vedada a
aplicação por analogia do art. 45 do PBPS.

• Termo final: nos termos do art. 78 do RPS, são duas as hipóteses em que cessa
o auxílio-doença:

a) o dia em que cessar a incapacidade para o trabalho, mediante comprovação


por perícia médica do INSS;

b) o dia em que o benefício for convertido em aposentadoria por invalidez ou


auxílio-acidente de qualquer natureza, o que ocorre quando se der a
consolidação das lesões que reduzam a capacidade para o trabalho
habitualmente exercido (item 3.5.8, infra).
• Após a concessão do benefício, o segurado tem a obrigação,
independentemente de sua idade e sob pena de suspensão do benefício,
enquanto não dado por recuperado ou não aposentado por invalidez, de
submeter-se periodicamente a exames médicos no INSS.

• Também é dever do segurado submeter-se a processos de reabilitação


profissional, até mesmo para o exercício de outra atividade, prescritos e
custeados pelo INSS, tratamento gratuito, exceto cirurgias e transfusões de
sangue, que são facultativos (art. 62 do PBPS e arts. 77 e 79 do RPS).

• O INSS editou a Orientação Interna n. 130/DIRBEN e passou a adotar a


denominada “alta médica programada”, denominação dada ao sistema
Cobertura Previdenciária Estimada (COPES), procedimento não previsto em lei
ou em atos administrativos.

• Com o novo procedimento, o segurado que requer auxílio-doença passa por


perícia médica e, concedido o benefício, o termo final do pagamento já fica
automaticamente programado no sistema informatizado. Com isso, o segurado
não passa por nova perícia que avalie sua capacidade laborativa e o pagamento
do benefício cessa automaticamente na data aprazada.
• A OI 130 foi revogada pela Ordem Interna n. 138 INSS/DIRBEN, de
2006, que deu ao perito do INSS poderes para fixar o termo final do
benefício (alta programada) para até 2 anos contados da data da perícia
médica.

• A IN 45/2010 (art. 277, § 2º) dispõe que o segurado poderá requerer ao


INSS a realização de nova perícia médica por meio de Pedido de
Prorrogação (PP) nos 15 dias anteriores à cessação do benefício, cuja
perícia poderá ser realizada pelo mesmo profissional responsável pela
avaliação anterior.

• O art. 78 do RPS foi alterado pelo Decreto n. 5.844, de 13.07.2006. Com


a alteração, a sistemática da COPES e da alta programada acabou por
ser adotada pelo Regulamento.

• Durante o período de gozo do auxílio-doença, o segurado empregado


será considerado pela empresa como licenciado (art. 63 do PBPS e art.
80 do RPS).

Você também pode gostar