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PREVIDENCIÁRIO
BENEFÍCIOS
RGPS (PARTE III)
BENEFÍCIOS POR
INCAPACIDADE
BENEFÍCIOS RPGS
O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas
inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em
benefícios e serviços (art. 18 da Lei 8.213/1991):
I – quanto ao segurado:
a) aposentadoria por invalidez (aposentadoria por incapacidade permanente);
b) aposentadoria por idade (aposentadoria programada e aposentadoria por idade do trabalhador rural);
c) aposentadoria por tempo de contribuição (não mais prevista, em regra, com a Emenda Constitucional
103/2019, salvo nos casos de direito adquirido, da regra de transição do art. 17 da Emenda Constitucional
103/2019 e de aposentadoria da pessoa com deficiência, concedida na forma da Lei Complementar
142/2013, conforme art. 22 da Emenda Constitucional 103/2019);
d) aposentadoria especial;
e) auxílio-doença (auxílio por incapacidade temporária);
f) salário-família;
g) salário-maternidade;
h) auxílio-acidente;
BENEFÍCIOS RPGS
II – quanto ao dependente:
a) pensão por morte;
b) auxílio-reclusão;
b) serviço social;
c) reabilitação profissional.
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS
AUXÍLIO POR
INCAPACIDADE
TEMPORÁRIA
(ANTIGO AUXÍLIO-DOENÇA)
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS
Acidente típico. (...) Laudo pericial dando conta da incapacidade parcial e permanente. Trabalhador
não registrado na CTPS. Irrelevância, desde que comprovado o acidente-típico. Direito ao benefício
corretamente reconhecido. (...). Juros moratórios e correção monetária. Incidência da Lei nº
11.960/09. Reexame necessário provido em parte (TJSP, Proc. 0025520-18.2010.8.26.0161, 17ª
Câmara de Direito Público, Rel. Des. Afonso Celso da Silva, julgamento em 28.2.2012, publicação:
3.3.2012).
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS
A incapacidade para o trabalho é apenas um dos requisitos exigidos pelo INSS para
o segurado receber os benefícios por incapacidade, além dela, precisa-se:
Assim, todas as pessoas que fazem contribuições mensais ao INSS, tem qualidade
de segurado.
• empregado CLT
• trabalhador avulso
• empregado doméstico
• contribuinte individual
• segurado especial
• segurado facultativo, como a dona de casa , por exemplo.
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS
Um acidente sofrido antes do início do vínculo com a Previdência não gera direito
a benefício por incapacidade.
Já quando essa incapacidade vier a ser diagnosticada após o período de filiação,
em decorrência de doença preexistente mas que não gerava incapacidade, é
devido o benefício – situação que costuma gerar demandas judiciais, já que muitas
vezes o INSS não reconhece a situação do segurado portador de doença não
incapacitante quando de sua filiação, agravada após algum tempo de atividade
laboral (ex.: hipertensão arterial).
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS
A doença do segurado cujo agravamento é progressivo, mas que não impede o exercício
de atividades laborativas, não pode ser obstáculo à filiação ao RGPS e, portanto, à
concessão dos benefícios por incapacidade (art. 42, § 2º, da Lei n. 8.213/1991). No
entanto, há vedação no reingresso em caso de doença incapacitante preexistente.
Gravidez e Incapacidade
Cabe indicar que “não impede a concessão de benefício por incapacidade o fato do
segurado, embora incapaz, exercer atividade remunerada como empregado ou contribuinte
individual no período correspondente”.
STJ ao julgar o Tema 1.013 Repetitivo, cuja tese afirmada é: “No período entre o
indeferimento administrativo e a efetiva implantação de auxílio-doença ou de aposentadoria
por invalidez, mediante decisão judicial, o segurado do RGPS tem direito ao recebimento
conjunto das rendas do trabalho exercido, ainda que incompatível com sua incapacidade
laboral, e do respectivo benefício previdenciário pago retroativamente”. O Acórdão foi
publicado em 1º.7.2020.
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS
Perícia Médica
Carência
Para fazer jus ao auxílio por incapacidade temporária, o segurado do RGPS deverá ter
cumprido a carência de 12 contribuições mensais, salvo quando for decorrente de
acidente de qualquer natureza ou causa, ou de alguma das doenças (graves) especificadas
no art. 151 da Lei n. 8.213/91, quando então a carência não é exigida.
O art. 61 da Lei n. 8.213/1991 estabelecia, em seu texto original, que a renda mensal do
auxílio-doença corresponderia a: a) 80% do salário de benefício, mais 1% deste, por grupo
de 12 contribuições, até o limite de 92% do salário de benefício, para os benefícios
decorrentes de causas não acidentárias; e b) 92% do salário de benefício ou do salário de
contribuição vigente no dia do acidente, quando se tratasse de acidente do trabalho.
A Lei n. 9.032/1995 deu redação diversa a esse dispositivo, para fixar que a renda mensal
correspondente a 91% do salário de benefício (este, desde a Lei n. 9.876/1999 até a EC
n. 103, equivalente à média aritmética simples dos maiores salários de contribuição, após
corrigidos monetariamente, equivalentes a 80% do período contributivo).
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS
Limitação - Consigna-se que a Lei n. 13.135/2015 introduziu regra (art. 29, § 10, da Lei n.
8.213/1991) estabelecendo que o salário de benefício do auxílio por incapacidade
temporária não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos 12 salários de
contribuição, inclusive no caso de remuneração variável, ou, se não alcançado o número
de 12, a média aritmética simples dos salários de contribuição existentes. A regra se aplica
aos afastamentos ocorridos após 1.3.2015 (art. 5º, inc. III, da MP n. 664/2014).
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS
Exemplo:
Um bancário teve um total de 100 contribuições feitas para o INSS, a partir de julho de 1994, e
obteve a média do salário de benefício de R$4.600,00. Nesse caso do exemplo, o salário de
benefício será de 91% de R$ 4.600,00, RMI = SB (R$4.600,00 x 91%) resultando R$ 4.186,00.
Nos últimos 12 meses, o bancário contribuiu sobre o valor de R$ 3.000,00. Portanto, para
cálculo da média dos últimos 12 meses 12xR$3.000,00 = R$36.000,00, dividido por 12 meses =
R$3.000,00
Assim, verificamos que a média aritmética das últimas 12 contribuições deste bancário é bem
inferior ao valor do salário de benefício encontrado na etapa anterior.
Com isso, o valor do benefício por incapacidade temporária do bancário será limitado em
R$3.000,00.
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS
Processo de reabilitação
O auxílio por incapacidade temporária será mantido enquanto o segurado continuar incapaz
para o trabalho, podendo o INSS indicar processo de reabilitação profissional, quando julgar
necessário. O benefício continua sendo devido durante o processo de reabilitação, cessando
somente ao final desse processo, com o retorno do segurado à atividade laboral.
APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ (INCAPACIDADE
PERMANENTE)
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE
O art. 201, inciso I, da Constituição Federal de 1988, com redação dada pela
Emenda Constitucional 103/2019, prevê a cobertura do evento (ou seja,
contingência social) de incapacidade permanente para o trabalho pelo Regime
Geral de Previdência Social.
“Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições
pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez”.
“Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as
condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido
amplo, em face da elevada estigmatização social da doença”.
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE
Atenção!
• O acréscimo de dois pontos percentuais deve ser aplicado para cada ano que exceder
15 anos de tempo de contribuição para as mulheres filiadas ao Regime Geral de
Previdência Social (art. 26, § 5º, da Emenda Constitucional 103/2019).
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE
A lei não exige que essa assistência seja prestada por alguém da família ou por pessoa
remunerada com essa finalidade, nem faz restrições quanto a esse aspecto, não cabendo
ao intérprete fazê-lo.
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE
Controvérsia:
Entretanto, por não haver previsão legal expressa a respeito desse acréscimo em
aposentadorias que não sejam por invalidez, sabendo-se que nenhum benefício ou
serviço da Seguridade Social pode ser criado, majorado ou estendido sem a
correspondente fonte de custeio total (art. 195, § 5º, da Constituição da República).
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE
No sistema em vigor, com a dispensa sem justa causa, o empregado tem direito à
indenização compensatória de 40% do FGTS, além de levantar os depósitos da conta
vinculada.
AUXÍLIO-ACIDENTE
AUXÍLIO ACIDENTE
Não se confunde com o auxílio por incapacidade temporária: este somente é devido enquanto
o segurado se encontra incapaz, temporariamente, para o trabalho; o auxílio-acidente, por seu
turno, é devido após a consolidação das lesões ou perturbações funcionais de que foi vítima
o acidentado, ou seja, após a “alta médica”, não sendo percebido juntamente com aquele, mas
somente após – Lei n. 8.213/1991, art. 86, § 2º.
Para a Previdência Social, o dano que enseja direito ao auxílio-acidente é o que acarreta perda ou
redução na capacidade de trabalho (redução esta qualitativa ou quantitativa), sem caracterizar
a invalidez permanente para todo e qualquer trabalho.
AUXÍLIO ACIDENTE
Ex: um motorista de ônibus, vítima de acidente de trânsito, do qual resultem sequelas em seus
membros inferiores, que o impossibilitem de continuar dirigindo, estará incapaz definitivamente
para a função que exercia, mas não estará totalmente incapaz para toda e qualquer atividade
(podendo desenvolver atividades manuais, que não exijam o uso dos membros inferiores). Na
hipótese, o segurado terá direito a receber o auxílio-acidente.
Beneficiários:
Carência:
Cumulatividade
O auxílio-acidente, por ter caráter de indenização, pode ser acumulado com outros benefícios
pagos pela Previdência Social, exceto aposentadoria.
Duração:
Indeterminada. Cessa com a aposentadoria ou com a morte do segurado, o que ocorrer primeiro.
AUXÍLIO ACIDENTE
Salário de benefício
a) Para o segurado filiado na Previdência Social a partir de 29.11.1999 (Lei n. 9.876, de 1999), o
salário de benefício consistia:
– na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de
todo o período contributivo, corrigidos mês a mês;
b) Para o segurado filiado à Previdência Social até 28.11.1999, o salário de benefício consistia:
– na média aritmética simples dos 80% maiores salários de contribuição, corrigidos mês a mês, de
todo o período contributivo decorrido desde julho de 1994;
RMI
PROTEÇÃO À FAMÍLIA E
À MATERNIDADE
PENSÃO POR MORTE
PENSÃO POR MORTE
Diferença na RMI
O risco social a ser coberto pela Previdência Social é a subsistência de dependentes do segurado do
RGPS, que são aqueles arrolados no art. 16 da Lei de Benefícios.
Não é devida pensão por morte quando na data do óbito tiver ocorrido a perda da qualidade de
segurado, salvo se o falecido houver implementado os requisitos para obtenção de
aposentadoria, ou se, por meio de parecer médico-pericial, ficar reconhecida a existência de
incapacidade permanente do falecido, dentro do período de graça.
Tal regra se explica pelo fato de que, se o segurado já adquirira direito à aposentadoria, manter-se-ia
nessa qualidade por força do disposto no art. 15, inciso I, da Lei do RGPS. Assim, a lei transfere ao
dependente do segurado esse direito adquirido, já que, se assim não fosse, perderia o direito à
pensão, tão somente pela inércia do segurado.
Nesse sentido a Súmula n. 416 do STJ: “É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado
que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de
aposentadoria até a data do seu óbito”.
PENSÃO POR MORTE
Daí por que não há como se cogitar de regras de transição em matéria de pensão
por morte: a regra a ser aplicada é a da data do óbito (princípio tempus regit
actum).
A Súmula 52 da TNU traz: Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a
regularização do recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual
posteriormente a seu óbito, exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas
por empresa tomadora de serviços.
PENSÃO POR MORTE
A respeito do tema, a TNU entende possível a concessão da pensão para filho maior inválido, porém a
invalidez deve ser anterior ao óbito do segurado, e a dependência econômica também é relativa,
consoante teses que seguem:
• A invalidez ocorrida após o óbito do instituidor não autoriza a concessão de pensão por morte para filho
maior (Representativo de Controvérsia Tema 118, PEDILEF 0501099-40.2010.4.05.8400/RN, j.
19.5.2014).
• Para fins previdenciários, a presunção de dependência econômica do filho inválido é relativa, motivo
pelo qual fica afastada quando este auferir renda própria, devendo ela ser comprovada (Representativo
de Controvérsia Tema 114, PEDILEF 0500518-97.2011.4.05.8300/PE, j. 13.11.2013).
PENSÃO POR MORTE
Esta matéria foi uniformizada pelo STJ (REsp 1.369.832/SP, 1ª Seção, Rel. Min.
Arnaldo Esteves Lima, DJe de 7.8.2013) e pela TNU (Súmula n. 37 da TNU), no
sentido de que a pensão previdenciária disciplinada pela Lei n. 8.213/1991 é devida
somente até os 21 anos de idade, diante da taxatividade da lei previdenciária,
porquanto não é dado ao Poder Judiciário legislar positivamente, usurpando função
do Poder Legislativo.
Os pais poderão buscar a concessão da pensão por morte no caso de inexistência de dependentes e
desde que comprovem a dependência econômica, com filho falecido, que pode ser parcial ou total,
devendo, no entanto, ser permanente. A previsão está no art. 16, II, da LBPS.
• Súmula n. 229 do ex-TFR: “Seguridade social. Pensão. Mãe do segurado. A mãe do segurado tem
direito à pensão previdenciária, em caso de morte do filho, se provada a dependência econômica,
mesmo não exclusiva”.
RMI
AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário. 12.ed. ver., ampl. e atual. – Salvador: Ed.
JusPodivm, 2020.
BERWANGER, Jane Lucia Wilhelm; GUIOTTO, Maíra Custódio Mota. Aposentadoria especial do dentista.
Curitiba: Juruá, 2016.
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João B. Manual de Direito Previdenciário. Grupo GEN, 2023. E-
book. ISBN 9786559646548. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559646548/. Acesso em: 27 fev. 2023.
IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 18ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2013.