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DIREITO

PREVIDENCIÁRIO

BENEFÍCIOS
RGPS (PARTE III)
BENEFÍCIOS POR
INCAPACIDADE
BENEFÍCIOS RPGS
O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas
inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em
benefícios e serviços (art. 18 da Lei 8.213/1991):

I – quanto ao segurado:
a) aposentadoria por invalidez (aposentadoria por incapacidade permanente);
b) aposentadoria por idade (aposentadoria programada e aposentadoria por idade do trabalhador rural);
c) aposentadoria por tempo de contribuição (não mais prevista, em regra, com a Emenda Constitucional
103/2019, salvo nos casos de direito adquirido, da regra de transição do art. 17 da Emenda Constitucional
103/2019 e de aposentadoria da pessoa com deficiência, concedida na forma da Lei Complementar
142/2013, conforme art. 22 da Emenda Constitucional 103/2019);
d) aposentadoria especial;
e) auxílio-doença (auxílio por incapacidade temporária);
f) salário-família;
g) salário-maternidade;
h) auxílio-acidente;
BENEFÍCIOS RPGS

II – quanto ao dependente:
a) pensão por morte;

b) auxílio-reclusão;

III – quanto ao segurado e dependente:

a) (revogada pela Lei 9.032/1995);

b) serviço social;

c) reabilitação profissional.
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS

Os benefícios por incapacidade representam a maioria dos requeridos ao


INSS, bem como submetidos à jurisdição.

A regra contida no inciso I do art. 201 (anterior à EC n. 103/2019) garantia a


cobertura de eventos de doença e invalidez, e a regulamentação da Lei n.
8.213/1991 previa a concessão de auxílio-doença, aposentadoria por
invalidez e auxílio-acidente.

A EC n. 103/2019 passou a estabelecer no art. 201, I, da CF, a “cobertura


dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho
e idade avançada”.
DIREITO
PREVIDENCIÁRIO

AUXÍLIO POR
INCAPACIDADE
TEMPORÁRIA
(ANTIGO AUXÍLIO-DOENÇA)
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS

1) Auxílio por incapacidade Temporária (auxílio-doença)

O auxílio por incapacidade temporária é um benefício concedido ao segurado


impedido temporariamente de trabalhar por doença ou acidente, ou por prescrição
médica (por exemplo, no caso de gravidez de risco, ou suspeita de doença de
segregação compulsória, como a Covid-19) acima do período previsto em lei como
sendo de responsabilidade do empregador e, nos demais casos, a partir do início
da incapacidade temporária.

As regras gerais sobre o auxílio por incapacidade temporária estão disciplinadas:

• arts. 59 a 63 da Lei n. 8.213/1991 e ;


• nos arts. 71 a 80 do Decreto n. 3.048/1999.
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Manual de Perícias Médicas do INSS (2018) conceitua que incapacidade


laborativa:

“é a impossibilidade de desempenho das funções específicas de uma atividade,


função ou ocupação habitualmente exercida pelo segurado, em consequência de
alterações morfopsicofisiológicas provocadas por doença ou acidente”.

No entanto, há situações que geram afastamento do trabalho sem que ocorra o


diagnóstico de enfermidades: para exemplificar, a determinação de que gestantes
ficassem afastadas do trabalho durante o surto de gripe H1N1 do ano de 2009 e,
mais recentemente, as regras de isolamento e quarentena decorrentes da
pandemia da Covid-19.
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Auxílio por incapacidade temporária acidentário (auxílio - doença acidentário):

O auxílio por incapacidade temporária de cunho acidentário (B91), somente era


concedido pelo INSS aos segurados enquadrados como empregados (urbanos e
rurais), trabalhadores avulsos e segurados especiais, em razão da redação do
art. 19 da LBPS e da interpretação até então predominante.

Ocorre que a LC n. 150/2015, vigente desde 1.6.2015, estendeu aos empregados


domésticos diversos direitos sociais, dentre os quais a proteção contra acidentes
do trabalho, donde se conclui que os domésticos passam a ser detentores do direito
a benefícios por incapacidade não apenas em sua modalidade comum, ou
previdenciária, mas também na modalidade acidentária.
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Distinção entre o benefício acidentário e o não acidentário:

Diferenças entre o auxílio previdenciário (espécie B31) e o auxílio acidentário (B91),


ocorre quanto:

(a) aos segurados abrangidos;


(b) à carência, que no auxílio acidentário é sempre incabível, em razão de sua causa (acidente de
trabalho ou doença ocupacional), enquanto há previsão de prazo carencial no auxílio
previdenciário (12 contribuições mensais), salvo em caso de acidentes de qualquer outra
natureza, doenças graves, contagiosas ou incuráveis previstas como situações em que a
carência é incabível; e
(c) aos efeitos trabalhistas decorrentes, já que apenas o auxílio acidentário acarreta ao empregado
a garantia de emprego prevista no art. 118 da Lei n. 8.213/1991 (12 meses após a cessação
desse benefício, independentemente de percepção de auxílio-acidente) e a manutenção da
obrigatoriedade do recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) mesmo
durante o período de afastamento.
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Distinção entre o benefício acidentário e o não acidentário:

Quanto ao reconhecimento do benefício como de origem acidentária, a comprovação da qualidade


de segurado empregado independe do registro do contrato de trabalho em CTPS, pois tal obrigação
do empregador, muitas vezes, deixa de ser cumprida. A própria condição do trabalhador no
momento em que vitimado por acidente do trabalho típico pode ser a prova cabal de que há
relação de trabalho protegida pela Previdência Social e, portanto, direito ao benefício B91:

Acidente típico. (...) Laudo pericial dando conta da incapacidade parcial e permanente. Trabalhador
não registrado na CTPS. Irrelevância, desde que comprovado o acidente-típico. Direito ao benefício
corretamente reconhecido. (...). Juros moratórios e correção monetária. Incidência da Lei nº
11.960/09. Reexame necessário provido em parte (TJSP, Proc. 0025520-18.2010.8.26.0161, 17ª
Câmara de Direito Público, Rel. Des. Afonso Celso da Silva, julgamento em 28.2.2012, publicação:
3.3.2012).
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Quanto aos demais requisitos, critério de cálculo, data de início e cessação do


benefício, as regras são absolutamente iguais.

A incapacidade para o trabalho é apenas um dos requisitos exigidos pelo INSS para
o segurado receber os benefícios por incapacidade, além dela, precisa-se:

• ter a qualidade de segurado


• ou estar no período de graça
• ter a carência mínima
• ou fazer parte do grupo de exceções da carência mínima
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Assim, todas as pessoas que fazem contribuições mensais ao INSS, tem qualidade
de segurado.

Portanto, possuem qualidade de segurado:

• empregado CLT
• trabalhador avulso
• empregado doméstico
• contribuinte individual
• segurado especial
• segurado facultativo, como a dona de casa , por exemplo.
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Infortúnios antecedentes à filiação

A análise do auxílio por incapacidade temporária deverá observar a data do início


da incapacidade, para fins de atendimento dos requisitos de acesso ao benefício
(art. 335, § 2º, da IN INSS/PRES n. 128/2022).

Um acidente sofrido antes do início do vínculo com a Previdência não gera direito
a benefício por incapacidade.
Já quando essa incapacidade vier a ser diagnosticada após o período de filiação,
em decorrência de doença preexistente mas que não gerava incapacidade, é
devido o benefício – situação que costuma gerar demandas judiciais, já que muitas
vezes o INSS não reconhece a situação do segurado portador de doença não
incapacitante quando de sua filiação, agravada após algum tempo de atividade
laboral (ex.: hipertensão arterial).
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PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO. AUXÍLIO-DOENÇA. AGRAVAMENTO DE PATOLOGIA. I –


Cabível, na hipótese, a concessão do benefício de auxílio-doença, já que, ainda que se
trate de doença preexistente à filiação, a incapacidade decorreu de seu agravamento.
II – Agravo interposto pelo réu improvido (TRF da 3ª Região, AC 2001.61.13.002946-9,
Turma Suplementar da Terceira Seção, Rel. Juiz Convocado Fernando Gonçalves,
julgamento em 26.8.2009).

A doença do segurado cujo agravamento é progressivo, mas que não impede o exercício
de atividades laborativas, não pode ser obstáculo à filiação ao RGPS e, portanto, à
concessão dos benefícios por incapacidade (art. 42, § 2º, da Lei n. 8.213/1991). No
entanto, há vedação no reingresso em caso de doença incapacitante preexistente.

Súmula n. 53 da TNU: “Não há direito a auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez


quando a incapacidade para o trabalho é preexistente ao reingresso do segurado no
Regime Geral de Previdência Social”.
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Gravidez e Incapacidade

Concedido o benefício por causas associadas à


gravidez (por exemplo, em caso de gravidez de risco,
em que o médico estabelece a obrigatoriedade de
repouso), segundo as normas procedimentais do INSS,
a perícia médica poderá, se for o caso, fixar a alta
programada de 28 dias a um dia antes da data
provável do parto, sendo que, em caso de parto
antecipado, será necessária a realização de revisão
médica para a fixação da cessação do auxílio na
véspera da data do parto mediante apresentação da
certidão de nascimento da criança.
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS

Já no caso de a gravidez não ser a geradora da incapacidade:

a) o benefício deverá ser suspenso enquanto perdurar o salário-maternidade, podendo ser


restabelecido a contar do primeiro dia seguinte ao término do período de cento e vinte dias,
caso em nova perícia seja constatado que a data de cessação do benefício (DCB) por
incapacidade seja fixada em data posterior a este período (art. 341 da IN INSS/PRES n.
128/2022);

b) se fixada a DCB por incapacidade durante a vigência do salário-maternidade e ficar


constatado, mediante avaliação da perícia do INSS, que a pessoa permanece
incapacitada pela mesma doença que originou o auxílio cessado, este será
restabelecido, fixando-se novo limite; ou

c) se na avaliação da perícia ficar constatada a incapacidade da segurada para o trabalho


em razão de moléstia diversa do benefício de auxílio cessado, deverá ser concedido novo
benefício.
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS

Já no caso de a gravidez não ser a geradora da incapacidade:

a) o benefício deverá ser suspenso enquanto perdurar o salário-maternidade, podendo ser


restabelecido a contar do primeiro dia seguinte ao término do período de cento e vinte dias,
caso em nova perícia seja constatado que a data de cessação do benefício (DCB) por
incapacidade seja fixada em data posterior a este período (art. 341 da IN INSS/PRES n.
128/2022);

b) se fixada a DCB por incapacidade durante a vigência do salário-maternidade e ficar


constatado, mediante avaliação da perícia do INSS, que a pessoa permanece
incapacitada pela mesma doença que originou o auxílio cessado, este será
restabelecido, fixando-se novo limite; ou

c) se na avaliação da perícia ficar constatada a incapacidade da segurada para o trabalho


em razão de moléstia diversa do benefício de auxílio cessado, deverá ser concedido novo
benefício.
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Exercício de atividade durante período de incapacidade

Cabe indicar que “não impede a concessão de benefício por incapacidade o fato do
segurado, embora incapaz, exercer atividade remunerada como empregado ou contribuinte
individual no período correspondente”.

Súmula n. 72 da TNU: “É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante


período em que houve exercício de atividade remunerada quando comprovado que o
segurado estava incapaz para as atividades habituais na época em que trabalhou”.

STJ ao julgar o Tema 1.013 Repetitivo, cuja tese afirmada é: “No período entre o
indeferimento administrativo e a efetiva implantação de auxílio-doença ou de aposentadoria
por invalidez, mediante decisão judicial, o segurado do RGPS tem direito ao recebimento
conjunto das rendas do trabalho exercido, ainda que incompatível com sua incapacidade
laboral, e do respectivo benefício previdenciário pago retroativamente”. O Acórdão foi
publicado em 1º.7.2020.
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Perícia Médica

A concessão dos benefícios por incapacidade laboral está


sujeita:

• à comprovação da incapacidade em exame


realizado por médico perito, uma vez ultrapassado o
lapso de quinze dias, cabendo à empresa que
dispuser de serviço médico próprio ou em convênio o
exame médico e o abono das faltas correspondentes
aos primeiros quinze dias de afastamento (art. 75, § 1º,
do Regulamento). No entanto, cabe ao segurado
apresentar documentação médica firmada por um
médico (no mínimo, um atestado médico)
comprovando a situação de incapacidade.
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Carência

Para fazer jus ao auxílio por incapacidade temporária, o segurado do RGPS deverá ter
cumprido a carência de 12 contribuições mensais, salvo quando for decorrente de
acidente de qualquer natureza ou causa, ou de alguma das doenças (graves) especificadas
no art. 151 da Lei n. 8.213/91, quando então a carência não é exigida.

Data de Início do Benefício

• O auxílio por incapacidade temporária é devido a partir do 16º dia de afastamento da


atividade.
• Durante os 15 primeiros dias do afastamento da atividade compete à empresa pagar o
salário integral (art. 60, § 3º, da LBPS).
• Para os demais segurados (não empregados urbanos ou rurais), o benefício é devido a
contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz.
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Renda Mensal Inicial

O art. 61 da Lei n. 8.213/1991 estabelecia, em seu texto original, que a renda mensal do
auxílio-doença corresponderia a: a) 80% do salário de benefício, mais 1% deste, por grupo
de 12 contribuições, até o limite de 92% do salário de benefício, para os benefícios
decorrentes de causas não acidentárias; e b) 92% do salário de benefício ou do salário de
contribuição vigente no dia do acidente, quando se tratasse de acidente do trabalho.

A Lei n. 9.032/1995 deu redação diversa a esse dispositivo, para fixar que a renda mensal
correspondente a 91% do salário de benefício (este, desde a Lei n. 9.876/1999 até a EC
n. 103, equivalente à média aritmética simples dos maiores salários de contribuição, após
corrigidos monetariamente, equivalentes a 80% do período contributivo).
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Renda Mensal Inicial

A partir da EC n. 103/2019, é entendimento constante do RPS, com a redação conferida ao


caput do art. 32 pelo Decreto n. 10.410/2020, que o salário de benefício de todos os
benefícios concedidos, inclusive o auxílio por incapacidade temporária, corresponde a
100% da média de todos os salários de contribuição corrigidos monetariamente no
período básico de cálculo.

Limitação - Consigna-se que a Lei n. 13.135/2015 introduziu regra (art. 29, § 10, da Lei n.
8.213/1991) estabelecendo que o salário de benefício do auxílio por incapacidade
temporária não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos 12 salários de
contribuição, inclusive no caso de remuneração variável, ou, se não alcançado o número
de 12, a média aritmética simples dos salários de contribuição existentes. A regra se aplica
aos afastamentos ocorridos após 1.3.2015 (art. 5º, inc. III, da MP n. 664/2014).
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS

Renda Mensal Inicial

RMI = SB x Coeficiente de Cálculo


Limitado à média dos últimos 12 meses de contribuição.

Exemplo:
Um bancário teve um total de 100 contribuições feitas para o INSS, a partir de julho de 1994, e
obteve a média do salário de benefício de R$4.600,00. Nesse caso do exemplo, o salário de
benefício será de 91% de R$ 4.600,00, RMI = SB (R$4.600,00 x 91%) resultando R$ 4.186,00.
Nos últimos 12 meses, o bancário contribuiu sobre o valor de R$ 3.000,00. Portanto, para
cálculo da média dos últimos 12 meses 12xR$3.000,00 = R$36.000,00, dividido por 12 meses =
R$3.000,00
Assim, verificamos que a média aritmética das últimas 12 contribuições deste bancário é bem
inferior ao valor do salário de benefício encontrado na etapa anterior.
Com isso, o valor do benefício por incapacidade temporária do bancário será limitado em
R$3.000,00.
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE - RPGS

Processo de reabilitação

O auxílio por incapacidade temporária será mantido enquanto o segurado continuar incapaz
para o trabalho, podendo o INSS indicar processo de reabilitação profissional, quando julgar
necessário. O benefício continua sendo devido durante o processo de reabilitação, cessando
somente ao final desse processo, com o retorno do segurado à atividade laboral.

O atendimento é feito por equipe de médicos, assistentes sociais, psicólogos, sociólogos,


fisioterapeutas e outros profissionais.

O perito do INSS deve, além de caracterizar a existência ou não da incapacidade laborativa,


correlacionando a doença com a profissão e a função que o segurado exerce, avaliar se este é
elegível para reabilitação profissional. Tal situação se dá quando identificada a impossibilidade
de desempenho da atividade que o segurado exerce, porém permita o desempenho de outra
atividade, ou haja limitação para o exercício da atividade habitual, pela redução da
capacidade decorrente de sequela.
DIREITO
PREVIDENCIÁRIO

APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ (INCAPACIDADE
PERMANENTE)
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

A Lei n. 8.213/1991 denominou o benefício decorrente da incapacidade laborativa


permanente como aposentadoria por invalidez.

Com a EC n. 103/2019, o nome utilizado passa a ser aposentadoria por


incapacidade permanente, consoante atual redação do art. 201, I, da CF.

Wladimir Novaes Martinez: “Juntamente com o auxílio-doença, a aposentadoria por


invalidez é benefício de pagamento continuado, de risco imprevisível, devido à
incapacidade presente para o trabalho. É deferida, sobretudo, se o segurado está
impossibilitado de trabalhar e insuscetível de reabilitar-se para a atividade
garantidora da subsistência. Trata-se de prestação provisória com nítida tendência
à definitividade, geralmente concedida após a cessação do auxílio-doença (PBPS,
caput do art. 43)
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

Conforme o art. 42 da Lei n. 8.213/1991,


essa modalidade de aposentadoria, uma
vez cumprida, quando for o caso, a
carência exigida, será devida ao
segurado que, estando ou não em gozo
de benefício por incapacidade, for
considerado incapaz e insuscetível de
reabilitação para o exercício de atividade
que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-
á paga enquanto permanecer nessa
condição.
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

O art. 201, inciso I, da Constituição Federal de 1988, com redação dada pela
Emenda Constitucional 103/2019, prevê a cobertura do evento (ou seja,
contingência social) de incapacidade permanente para o trabalho pelo Regime
Geral de Previdência Social.

Segurado facultativo: a expressão “para o trabalho” nem sempre se revela


adequada, mas entende-se que também tem direito à cobertura previdenciária em
questão, quando se tratar de incapacidade permanente para a sua atividade
habitual.

• A aposentadoria por invalidez passa a ser denominada aposentadoria por


incapacidade permanente.
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

A aposentadoria por incapacidade permanente:

• Carência exigida: 12 contribuições mensais (art. 25, inciso I, da Lei


8.213/1991),

• é devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for


considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício
de atividade que lhe garanta a subsistência, e deve ser-lhe paga
enquanto permanecer nesta condição (art. 42 da Lei 8.213/1991).

• A aposentadoria por invalidez, assim, é devida no caso de incapacidade


total e permanente.
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

Entretanto, essa incapacidade deve ser verificada em conformidade com as


condições pessoais e sociais do segurado.

Súmula 47 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais:

“Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições
pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez”.

Segundo esclarece a Súmula 78 da Turma Nacional de Uniformização dos


Juizados Especiais Federais:

“Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as
condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido
amplo, em face da elevada estigmatização social da doença”.
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais firmou a


seguinte tese (Tema 274):

“É possível a concessão de aposentadoria por invalidez, após análise das


condições sociais, pessoais, econômicas e culturais, existindo incapacidade
parcial e permanente, no caso de outras doenças que não se relacionem com o
vírus HIV, mas que sejam estigmatizantes e impactem significativa e
negativamente na funcionalidade social do segurado, entendida esta como o
potencial de acesso e permanência no mercado de trabalho” (TNU, PEDILEF
0512288-77.2017.4.05.8300/PE, rel. Juiz Federal Luis Eduardo Bianchi Cerqueira,
DJe 30.09.2021).
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

A concessão de aposentadoria por incapacidade permanente depende da


verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo
da Previdência Social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se
acompanhar de médico de sua confiança (art. 42, § 1º, da Lei 8.213/1991).

A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral


de Previdência Social não lhe confere direito à aposentadoria por invalidez
(aposentadoria por incapacidade permanente), salvo quando a incapacidade
sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão (art.
42, § 2º, da Lei 8.213/1991).

Doença pré-existente: entende-se que se a incapacidade, em si, for anterior à


filiação ao Regime Geral de Previdência Social a aposentadoria por incapacidade
permanente não é devida.
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

Súmula 53 da Turma Nacional de


Uniformização dos Juizados Especiais
Federais:

“Não há direito a auxílio-doença ou a


aposentadoria por invalidez quando a
incapacidade para o trabalho é
preexistente ao reingresso do segurado
no Regime Geral de Previdência Social”.
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

A aposentadoria por incapacidade permanente é devida a partir do dia imediato ao


da cessação do auxílio-doença, ressalvado o disposto abaixo (art. 43 da Lei
8.213/1991).

Concluindo a perícia médica inicial pela existência de incapacidade total e


definitiva para o trabalho, a aposentadoria por incapacidade permanente é devida:

a) ao segurado empregado, a contar do 16º dia do afastamento da atividade ou a


partir da entrada do requerimento, se entre o afastamento e a entrada do
requerimento tiverem decorrido mais de 30 dias.

b) ao segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte


individual, especial e facultativo, a contar da data do início da incapacidade ou da
data da entrada do requerimento, se entre essas datas decorrerem mais de 30 dias.
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

Durante os primeiros 15 dias de afastamento da atividade por motivo de invalidez


(incapacidade permanente), cabe à empresa pagar ao segurado empregado o
salário.

Atenção!

O segurado aposentado por incapacidade permanente pode ser convocado a


qualquer momento para avaliação das condições que ensejaram o afastamento ou a
aposentadoria, concedida judicial ou administrativamente, observado o disposto no
art. 101 da Lei 8.213/1991 (art. 43, § 4º, da Lei 8.213/1991, acrescentado pela Lei
13.457/2017).
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

A concessão de aposentadoria por incapacidade permanente, inclusive quando


precedida de auxílio por incapacidade temporária concedido ao segurado que exercer
mais de uma atividade abrangida pela Previdência Social, fica condicionada ao
afastamento do segurado de todas as suas atividades (art. 44, § 3º, do
Regulamento da Previdência Social).

Renda Mensal Inicial (RMI) - antes da EC 103/2019, a aposentadoria por invalidez


(aposentadoria por incapacidade permanente), inclusive a decorrente de acidente do
trabalho, consistia em uma renda mensal correspondente a 100% do salário de
benefício (art. 44 da Lei 8.213/1991).

No período anterior à Emenda Constitucional 103/2019, se o acidentado do trabalho estivesse em gozo


de auxílio-doença, o valor da aposentadoria por invalidez (aposentadoria por incapacidade
permanente) seria igual ao do auxílio-doença, se este, por força de reajustamento, fosse superior ao
previsto acima (art. 44, § 2º, da Lei 8.213/1991).
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

Com a EC 103/2019, o valor do benefício de aposentadoria por incapacidade permanente


aos segurados do Regime Geral de Previdência Social deve ser calculado na forma do
art. 26, § 2º, inciso III, da EC 103/2019, ressalvado o disposto no inciso II do § 3º do art.
26 da EC 103/2019.

• o valor do benefício de aposentadoria (renda mensal do benefício) corresponderá a


60% da média aritmética dos salários de contribuição e das remunerações (art.
26, caput e § 1º, da EC 103/2019), com acréscimo de dois pontos percentuais para
cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 anos de contribuição (art. 26, §
2º, da EC 103/2019).

• O acréscimo de dois pontos percentuais deve ser aplicado para cada ano que exceder
15 anos de tempo de contribuição para as mulheres filiadas ao Regime Geral de
Previdência Social (art. 26, § 5º, da Emenda Constitucional 103/2019).
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

O valor do benefício de aposentadoria corresponderá a 100% da média aritmética dos


salários de contribuição e das remunerações (art. 26, caput e § 1º, da Emenda
Constitucional 103/2019) no caso de aposentadoria por incapacidade permanente,
quando decorrer de acidente de trabalho, de doença profissional e de doença do
trabalho (art. 26, § 3º, inciso II, da EC 103/2019).

Adicional 25% - O valor da aposentadoria por incapacidade permanente do segurado


que necessitar da assistência permanente de outra pessoa deve ser acrescido de 25%
(art. 45 da Lei 8.213/1991) – Anexo I do Decreto 3.048/99

A lei não exige que essa assistência seja prestada por alguém da família ou por pessoa
remunerada com essa finalidade, nem faz restrições quanto a esse aspecto, não cabendo
ao intérprete fazê-lo.
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

Controvérsia:

Entendimento de parte da jurisprudência no sentido de que o mencionado acréscimo de


25% também pode ser estendido às aposentadorias por idade e por tempo de
contribuição de segurado que necessite da assistência permanente de outra
pessoa, ou seja, quando presentes os mencionados requisitos do art. 45 da Lei
8.213/1991 (cf. Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais –
TNU, Processo 5011904-42.2013.404.7205, rel. Juiz Federal Marcos Antônio Garapa de
Carvalho, DOU 04.03.2016).

Entretanto, por não haver previsão legal expressa a respeito desse acréscimo em
aposentadorias que não sejam por invalidez, sabendo-se que nenhum benefício ou
serviço da Seguridade Social pode ser criado, majorado ou estendido sem a
correspondente fonte de custeio total (art. 195, § 5º, da Constituição da República).
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

O STF deu provimento a recurso extraordinário para:

a) declarar a impossibilidade de concessão e extensão do “auxílio-acompanhante” para


todas as espécies de aposentadoria, com a fixação da seguinte tese de repercussão
geral: “No âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), somente lei pode criar
ou ampliar benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão de
extensão do auxílio da grande invalidez a todas às espécies de aposentadoria”; b)
modular os efeitos da tese de repercussão geral, de forma a se preservarem os direitos
dos segurados cujo reconhecimento judicial tenha se dado por decisão transitada em
julgado até a data deste julgamento; d) declarar a irrepetibilidade dos valores alimentares
recebidos de boa-fé por força de decisão judicial ou administrativa até a proclamação do
resultado deste julgamento (STF, Pleno, RE 1.221.446/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, j.
21.06.2021).
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

O segurado em gozo de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez (incapacidade


permanente) e o pensionista inválido estão obrigados, sob pena de suspensão do
benefício, a se submeter a exame médico a cargo da Previdência Social, processo
de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado
gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos (art. 101
da Lei 8.213/1991).

A TNU fixou a seguinte tese (Tema 272):

“A circunstância de a recuperação da capacidade depender de intervenção cirúrgica não autoriza,


automaticamente, a concessão de aposentadoria por invalidez (aposentadoria por incapacidade
permanente), sendo necessário verificar a inviabilidade de reabilitação profissional, consideradas as
condições pessoais do segurado, e a sua manifestação inequívoca a respeito da recusa ao
procedimento cirúrgico” (TNU, PEDILEF 0211995-08.2017.4.02.5151/RJ, rel. p/ ac. Juiz Federal
Gustavo Melo Barbosa, DJe 15.02.2022).
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

Retorno às atividades: o aposentado por invalidez (incapacidade permanente) que


retornar voluntariamente à atividade tem a sua aposentadoria automaticamente
cancelada, a partir da data do retorno (art. 46 da Lei 8.213/1991).

A justificativa desse cancelamento decorre de ser o benefício em questão devido


quando o segurado está incapacitado para exercer qualquer atividade que permita a
sua subsistência, o que seria incompatível com o seu retorno à atividade.

O aposentado por incapacidade permanente que se julgar apto a retornar à atividade


deverá solicitar ao INSS a realização de nova avaliação médico-pericial (art. 47
do Regulamento da Previdência Social). Na hipótese de a Perícia Médica Federal
concluir pela recuperação da capacidade laborativa, a aposentadoria do segurado
será cancelada, observado o disposto no art. 47 da Lei 8.213/1991.
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

Conforme o art. 475, § 1º, da CLT, se o empregado recuperar a capacidade de


trabalho, sendo a aposentadoria por invalidez cancelada, deve ser-lhe assegurado o
direito à função que ocupava ao tempo da aposentadoria, facultado, porém, ao
empregador o direito de indenizá-lo por rescisão do contrato de trabalho.

No sistema em vigor, com a dispensa sem justa causa, o empregado tem direito à
indenização compensatória de 40% do FGTS, além de levantar os depósitos da conta
vinculada.

Se o empregador tiver admitido empregado substituto para o aposentado por


invalidez (incapacidade permanente), pode rescindir o contrato de trabalho do
primeiro sem indenização, desde que tenha havido ciência inequívoca da interinidade
na celebração da avença.
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

O segurado que retornar à atividade


pode requerer, a qualquer tempo,
novo benefício, tendo este
processamento normal (art. 50 do
Regulamento da Previdência Social).
DIREITO
PREVIDENCIÁRIO

AUXÍLIO-ACIDENTE
AUXÍLIO ACIDENTE

Benefício previdenciário pago mensalmente ao segurado acidentado como forma de


indenização, sem caráter substitutivo do salário, pois é recebido cumulativamente com o mesmo,
quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza – e não
somente de acidentes de trabalho –, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade
para o trabalho que habitualmente exercia – Lei n. 8.213/1991, art. 86, caput.

Não se confunde com o auxílio por incapacidade temporária: este somente é devido enquanto
o segurado se encontra incapaz, temporariamente, para o trabalho; o auxílio-acidente, por seu
turno, é devido após a consolidação das lesões ou perturbações funcionais de que foi vítima
o acidentado, ou seja, após a “alta médica”, não sendo percebido juntamente com aquele, mas
somente após – Lei n. 8.213/1991, art. 86, § 2º.

Para a Previdência Social, o dano que enseja direito ao auxílio-acidente é o que acarreta perda ou
redução na capacidade de trabalho (redução esta qualitativa ou quantitativa), sem caracterizar
a invalidez permanente para todo e qualquer trabalho.
AUXÍLIO ACIDENTE

Ex: um motorista de ônibus, vítima de acidente de trânsito, do qual resultem sequelas em seus
membros inferiores, que o impossibilitem de continuar dirigindo, estará incapaz definitivamente
para a função que exercia, mas não estará totalmente incapaz para toda e qualquer atividade
(podendo desenvolver atividades manuais, que não exijam o uso dos membros inferiores). Na
hipótese, o segurado terá direito a receber o auxílio-acidente.

Beneficiários:

Segurados empregados, inclusive o doméstico, trabalhadores avulsos e segurados especiais.

Carência:

A concessão do auxílio-acidente independe do número de contribuições pagas, mas é preciso ter


a qualidade de segurado.
AUXÍLIO ACIDENTE

Cumulatividade

O auxílio-acidente, por ter caráter de indenização, pode ser acumulado com outros benefícios
pagos pela Previdência Social, exceto aposentadoria.

Súmula n. 507 do STJ: “A acumulação de auxílio-acidente com aposentadoria pressupõe que a


lesão incapacitante e a aposentadoria sejam anteriores a 11/11/97, observado o critério do artigo
23 da Lei 8.213/91 para definição do momento da lesão nos casos de doença profissional ou do
trabalho”.

Duração:

Indeterminada. Cessa com a aposentadoria ou com a morte do segurado, o que ocorrer primeiro.
AUXÍLIO ACIDENTE

Salário de benefício

a) Para o segurado filiado na Previdência Social a partir de 29.11.1999 (Lei n. 9.876, de 1999), o
salário de benefício consistia:
– na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de
todo o período contributivo, corrigidos mês a mês;

b) Para o segurado filiado à Previdência Social até 28.11.1999, o salário de benefício consistia:

– na média aritmética simples dos 80% maiores salários de contribuição, corrigidos mês a mês, de
todo o período contributivo decorrido desde julho de 1994;

c) Para os benefícios requeridos após a publicação da EC n. 103/2019: 100% do período


contributivo desde a competência julho de 1994, ou desde o início da contribuição, se posterior
àquela competência.
AUXÍLIO ACIDENTE

RMI

50% do salário de benefício que deu


origem ao auxílio-doença ou por
incapacidade temporária, corrigido até o
mês anterior ao do início do auxílio-
acidente, pelos índices de atualização
dos benefícios do RGPS.
DIREITO
PREVIDENCIÁRIO

PROTEÇÃO À FAMÍLIA E
À MATERNIDADE
PENSÃO POR MORTE
PENSÃO POR MORTE

Família é o núcleo da sociedade, base legal da civilização.


A proteção previdenciária voltada à proteção da família e à maternidade abrange os
benefícios de pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-maternidade e salário-
família.

Pensão por morte é o benefício pago aos dependentes do segurado, homem ou


mulher, que falecer, aposentado ou não, conforme previsão expressa do art. 201, V,
da CF. É prestação de pagamento continuado, substitutiva da remuneração do
segurado falecido.
PENSÃO POR MORTE

A pensão por morte pode ter origem comum ou acidentária.

• Havendo óbito por acidente do trabalho ou doença ocupacional, a pensão por


morte é acidentária.

• Caso o falecimento seja decorrente de causas diversas, a pensão é considerada


como de origem comum.

Essa diferenciação é relevante para definição da competência jurisdicional para


concessão e revisão do benefício, a para os reflexos que podem gerar, entre eles a
indenização a ser exigida dos causadores do acidente do trabalho (competência da
Justiça do Trabalho).
PENSÃO POR MORTE

Diferença na RMI

E, a partir da EC n. 103/2019, caso o segurado não esteja aposentado, a definição


da causa do óbito tem relação com o cálculo do valor da renda mensal da pensão.

• Se o óbito for decorrente de acidente do trabalho, de doença profissional e de


doença do trabalho, a aposentadoria que serve de base será equivalente a 100%
do salário de benefício.

• Na hipótese de o óbito decorrer de causa diversa, a aposentadoria que servirá de


base terá um coeficiente de 60% do salário de benefício, com acréscimo de
dois pontos percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20
anos de contribuição, no caso dos homens, e dos 15 anos, no caso das mulheres.
PENSÃO POR MORTE

Requisitos necessários para a concessão do benefício

O risco social a ser coberto pela Previdência Social é a subsistência de dependentes do segurado do
RGPS, que são aqueles arrolados no art. 16 da Lei de Benefícios.

Assim, os requisitos para a concessão do benefício são:

• qualidade de segurado do falecido;


• óbito ou morte presumida deste;
• existência de dependentes que possam se habilitar como beneficiários perante o INSS.
• para os óbitos ocorridos a partir de 18.6.2015, o cônjuge, companheiro ou companheira terá que
comprovar que a morte ocorreu depois de vertidas 18 contribuições mensais e pelo menos dois
anos após o início do casamento ou da união estável (na inexistência dessas provas, a pensão
tem duração de quatro meses, salvo na hipótese de o óbito do segurado decorrer de acidente de
qualquer natureza ou doença profissional ou do trabalho; ou se o cônjuge ou companheiro for
portador de invalidez ou deficiência).
PENSÃO POR MORTE

Requisitos necessários para a concessão do benefício

Não é devida pensão por morte quando na data do óbito tiver ocorrido a perda da qualidade de
segurado, salvo se o falecido houver implementado os requisitos para obtenção de
aposentadoria, ou se, por meio de parecer médico-pericial, ficar reconhecida a existência de
incapacidade permanente do falecido, dentro do período de graça.

Tal regra se explica pelo fato de que, se o segurado já adquirira direito à aposentadoria, manter-se-ia
nessa qualidade por força do disposto no art. 15, inciso I, da Lei do RGPS. Assim, a lei transfere ao
dependente do segurado esse direito adquirido, já que, se assim não fosse, perderia o direito à
pensão, tão somente pela inércia do segurado.

Nesse sentido a Súmula n. 416 do STJ: “É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado
que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de
aposentadoria até a data do seu óbito”.
PENSÃO POR MORTE

Requisitos necessários para a concessão do benefício

A pensão é devida havendo morte real ou presumida.

Daí por que não há como se cogitar de regras de transição em matéria de pensão
por morte: a regra a ser aplicada é a da data do óbito (princípio tempus regit
actum).

Nesse sentido, a Súmula n. 340 do STJ:

“A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na


data do óbito do segurado”.
PENSÃO POR MORTE

Direito à pensão do segurado inadimplente com a Previdência

Uma vez caracterizado como segurado empregado, inclusive doméstico, trabalhador


avulso e contribuinte individual que presta serviços a pessoa jurídica, a
responsabilidade pelo recolhimento das contribuições é do tomador de
serviços, não se podendo negar o direito à pensão pela ausência de recolhimentos,
quando comprovada a atividade laborativa no período antecedente ao óbito ou morte
presumida.

A Súmula 52 da TNU traz: Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a
regularização do recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual
posteriormente a seu óbito, exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas
por empresa tomadora de serviços.
PENSÃO POR MORTE

Direito à pensão do filho ou irmão inválido

O artigo 16 da Lei de Benefícios assegura a condição de dependente ao filho (e enteados e tutelados) e


aos irmãos do segurado, até a idade de 21 anos, ou se inválidos, ou que tenha deficiência intelectual ou
mental ou deficiência grave, nos incisos I e III, respectivamente.

A respeito do tema, a TNU entende possível a concessão da pensão para filho maior inválido, porém a
invalidez deve ser anterior ao óbito do segurado, e a dependência econômica também é relativa,
consoante teses que seguem:

• A invalidez ocorrida após o óbito do instituidor não autoriza a concessão de pensão por morte para filho
maior (Representativo de Controvérsia Tema 118, PEDILEF 0501099-40.2010.4.05.8400/RN, j.
19.5.2014).

• Para fins previdenciários, a presunção de dependência econômica do filho inválido é relativa, motivo
pelo qual fica afastada quando este auferir renda própria, devendo ela ser comprovada (Representativo
de Controvérsia Tema 114, PEDILEF 0500518-97.2011.4.05.8300/PE, j. 13.11.2013).
PENSÃO POR MORTE

Dependente Universitário – Pensionamento até 24 anos

Esta matéria foi uniformizada pelo STJ (REsp 1.369.832/SP, 1ª Seção, Rel. Min.
Arnaldo Esteves Lima, DJe de 7.8.2013) e pela TNU (Súmula n. 37 da TNU), no
sentido de que a pensão previdenciária disciplinada pela Lei n. 8.213/1991 é devida
somente até os 21 anos de idade, diante da taxatividade da lei previdenciária,
porquanto não é dado ao Poder Judiciário legislar positivamente, usurpando função
do Poder Legislativo.

Ou seja, não cabe a prorrogação do pagamento de pensão por morte


(previdenciária) até os 24 anos de idade, não se confundindo esta com a pensão
alimentícia devida pelos familiares ao dependente, esta regida pelo Código Civil.
PENSÃO POR MORTE

Pensão em favor dos pais

Os pais poderão buscar a concessão da pensão por morte no caso de inexistência de dependentes e
desde que comprovem a dependência econômica, com filho falecido, que pode ser parcial ou total,
devendo, no entanto, ser permanente. A previsão está no art. 16, II, da LBPS.

Sobre o tema, importante conferir os precedentes que seguem:

• Súmula n. 229 do ex-TFR: “Seguridade social. Pensão. Mãe do segurado. A mãe do segurado tem
direito à pensão previdenciária, em caso de morte do filho, se provada a dependência econômica,
mesmo não exclusiva”.

• TNU Representativo de Controvérsia Tema n. 147: “A dependência econômica dos genitores em


relação ao filho não necessita ser exclusiva, porém a contribuição financeira deste deve ser
substancial o bastante para a subsistência do núcleo familiar, e devidamente comprovada, não
sendo mero auxílio financeiro o suficiente para caracterizar tal dependência” (PEDILEF 5044944-
05.2014.4.04.7100, Sessão de 17.8.2016).
PENSÃO POR MORTE

RMI

• A partir de 28.6.1997 (Lei n. 9.528/1997), até a publicação da EC n. 103/2019: será de 100%


do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse
aposentado por invalidez na data do óbito.

• A partir da EC n. 103/2019: equivalente a uma cota familiar de 50% do valor da


aposentadoria recebida pelo segurado ou daquela a que teria direito se fosse
aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, acrescida de cotas de 10%
por dependente, até o máximo de 100%.

• Na hipótese de existir dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o


valor da pensão por morte será equivalente a 100% da aposentadoria recebida pelo segurado
ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na data do
óbito.
BIBLIOGRAFIA

AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário. 12.ed. ver., ampl. e atual. – Salvador: Ed.
JusPodivm, 2020.

BERWANGER, Jane Lucia Wilhelm; GUIOTTO, Maíra Custódio Mota. Aposentadoria especial do dentista.
Curitiba: Juruá, 2016.

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João B. Manual de Direito Previdenciário. Grupo GEN, 2023. E-
book. ISBN 9786559646548. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559646548/. Acesso em: 27 fev. 2023.

IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 18ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2013.

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