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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA DE

FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx/xx

PROCESSO Nº XXXXXXXXXXXXXXXX

HERMIONE GRANGER, já qualificada nos autos da AÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO


DE GUARDA COMPARTILHADA E CONVIVÊNCIA C/C REVISIONAL DE ALIMENTOS
sob o nú mero em epígrafe, que lhe move RONALD WEASLEY, igualmente
qualificado, vem respeitosamente à presente de Vossa Excelência, por meio de sua
procuradora signatá ria, apresentar CONTESTAÇÃO, pelos fundamentos de fato e
de direito à seguir expostos:

1. PRELIMINARMENTE
a) DA ILEGITIMIDADE PASSIVA NO CASO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS
Observa-se da inicial, que o Autor, equivocadamente, pleiteia exoneraçã o de
alimentos de sua filha, porém, apenas qualifica sua ex-esposa, demonstrando
assim, de plano, a ilegitimidade passiva da mesma para figurar no polo passivo.
A genitora do menor, nã o possui legitimidade para figurar no polo passivo da açã o
revisional de alimentos, uma vez que o interesse e direito dos alimentos é o menor,
e nã o sua mã e.
Nesse sentido já decidiu o TJ/RS, senã o vejamos:
Ementa: APELAÇÃO CIVEL. EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. CUMULADA COM REVISIONAL DE ALIMENTOS
COM PEDIDO DE MINORAÇÃO. DESCABIMENTO. A genitora da prole comum não possui legitimidade
para figurar no polo passivo da ação revisional de alimentos, pois a pretensão do requerente, de que
Marisa fosse declarada conjuntamente responsável pelo pagamento da pensão, não encontra amparo
legal. O binômio necessidade/possibilidade já inclui a análise do dever de ambos os pais de prover o
sustento dos filhos comuns, sendo descabido o pleito recursal, no tópico. Dessa forma, em atenção às
necessidades robustamente demonstradas pelos filhos - que estão buscando qualificação profissional
para alcançarem a independência financeira -, e inalteradas as possibilidades do pai, deve ser
integralmente mantida a sentença recorrida NEGARAM PROVIMENTO. (Apelação Cível Nº 70053450268,
Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 27/02/2014)

E ainda em outro tribunal:


APELAÇAO CÍVEL. AÇAO REVISIONAL DE ALIMENTOS. PRELIMINAR. ILEGITIMIDADE PASSIVA.
CARACTERIZAÇAO. POSTULAÇAO MOVIDA CONTRA A MAE DOS ALIMENTÁRIOS, EXESPOSA NAO
BENEFICIÁRIA DA PENSAO ALIMENTÍCIA. BENEFÍCIO QUE SOMENTE ABRANGE OS FILHOS DO
ALIMENTANTE. LEGITIMIDADE PASSIVA EXCLUSIVA DESTAS. IRRELEVÂNCIA DA ALEGAÇAO DE TER A
GENITORA A QUALIDADE DE REPRESENTANTE DAS MENORES. EXTINÇAO DO PROCESSO. ACOLHIMENTO
DE PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA. EXTINÇAO DO PROCESSO SEM RESOLUÇAO DO MÉRITO, A
TEOR DO ART. 267, VI DO CPC. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJ-ES - AC: 51050002115 ES
051050002115, Relator: RONALDO GONÇALVES DE SOUSA, Data de Julgamento: 02/10/2007, TERCEIRA
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 15/10/2007) (grifo meu)
Evidente que por nã o ser a Genitora, ora Requerida, a destinatá ria da pensã o, que é
do menor, evidente a sua ilegitimidade passiva para figurar no polo passivo.
b) DA CARÊNCIA DA AÇÃO – DIFERENÇA ENTRE GUARDA COMPARTILHADA E
ALTERNADA – CONFUSÃO FEITA PELO AUTOR
Primeiramente há que ressaltarmos a diferença entre guarda compartilhada e
guarda alternada.
Nã o se pode SOMAR o tempo da criança e dizer que metade é do pai e outra
metade será da mã e.
A lei nã o indica o REVEZAMENTO DE MORADIA entre a casa do pai e da mã e.
A guarda compartilhada nã o implica, necessariamente, em alternâ ncia constante e
por igual período nas residências de um e outro genitor, muitas vezes, para
satisfaçã o do adulto. Tal situaçã o pode ter resultado contrá rio, nã o desejado
quanto ao menor.
Conviver em ambientes físicos diferentes requer uma capacidade de adaptaçã o e
de codificaçã o-decodificaçã o da realidade só possível em indivíduos mais velhos.
A CUSTÓ DIA FÍSICA É APENAS UM DOS DESDOBRAMENTOS DA GUARDA, UMA DE
SUAS CONSEQUÊ NCIAS, E NÃ O A Ú NICA, como parece entender alguns.
Assim, a guarda compartilhada nã o implica que a CUSTÓ DIA FÍSICA do menor nã o
possa ser exercida por um dos genitores por tempo mais extenso que pelo outro.
O que deve ser primado é a livre convivência e convivência de qualidade.
A depender da faixa etá ria do menor, e do está gio de seu desenvolvimento
psicoemocional, com maior ou menor necessidade, deve ao infante ser propiciado
um mínimo de sentido de estabilidade, um local que funcionará como ponto de
referência, conferindo maior uniformidade à vida cotidiana da criança, sob pena de
ocasionar-lhe perplexidade no conflito das orientaçõ es diferenciadas no meio
materno e paterno, de forma muito constante. É o chamado "risco de fluidez
ambiental".
Portanto, leva-se em consideraçã o a IDADE, ESTADO DE SAÚ DE, FASE DE
LACTAÇÃ O, CONDIÇÕ ES DO AMBIENTE onde vai permanecer, para que a divisã o
de tempo de convivência com os genitores atenda ao INTERESSE DO MENOR.
A acentuada diferença entre guarda COMPARTILHADA e guarda ALTERNADA, é
que naquela o compartilhamento pressupõ e uma cooperaçã o constante entre os
progenitores, sendo as decisõ es relativas ao filho tomadas em conjunto. Ao passo
que na guarda alternada cada um decide sozinho durante o período de tempo em
que lhe é conferida a guarda.
A guarda alternada NUNCA fora disciplinada em nosso ordenamento jurídico.
Na FRANÇA foi PROIBIDA a guarda ALTERNADA pelo denominado "Tribunal de
Cassaçã o".
Aliá s, vale registrar que a guarda alternada nã o garante segurança jurídica, vez
que, por exemplo, o usufruto e a administraçã o dos bens da criança e a
responsabilidade civil por atos por ela praticados mudam, sucessiva e
periodicamente, de titular.
Geralmente há a casa do pai e a casa da mã e. NÃ O HÁ a casa da criança!
O autor confunde guarda compartilhada com guarda alternada , a intençã o é nã o
pagar a pensã o , é o folclore popular que a guarda compartilhada significa morar
uma semana com um genitor e outra semana com outro, tornando o filho um
mochileiro, sem casa para viver, sem referência, sem rotina e habitualidade, o que
é extremamente prejudicial para a criança.
A guarda ALTERNADA nã o é bem vista nem mesmo por psicó logos. Observa-se
malefícios na formaçã o dos filhos ante a supressã o de referências bá sicas sobre sua
moradia, há bitos alimentares, etc., comprometendo sua estabilidade emocional e
física (In: BONFIM, Paulo Andreatto. Guarda compartilhada x guarda alternada:. Jus
Navigandi, Teresina, ano 10, n. 815, 26 set. 2005).
O que se busca na guarda compartilhada, e nã o há na alternada, é a acentuaçã o de
uma RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA, de uma DIVISÃ O BALANCEADA do
tempo da criança com os responsá veis, onde as decisõ es relativas ao filho também
devem ser compartilhadas.
“Não poucas pessoas envolvidas no âmbito da guarda de menores, vislumbram um vínculo entre a
Guarda compartilhada e guarda alternada, ora, nada há que se confundir, pois, uma vez já visto os
objetos do primeiro instituto jurídico, não nos resta dúvida que dele apenas se busca o melhor interesse
do menor, que tem por direito inegociável a presença compartilhada dos pais, e nos parece que,
etimologicamente o termo compartilhar, nos traz a idéia de partilhar + com = participar conjuntamente,
simultaneamente. Idéia antagônica à guarda alternada, cujo teor o próprio nome já diz. Diz-se de
coisas que se alternam, ora uma, ora outra, sucessivamente, em que há revezamento. Diz-se do que
ocorre sucessivamente, a intervalos, uma vez sim, outra vez não. Aliás, tal modelo de guarda não tem
sido aceita perante nossos tribunais, pelas suas razões óbvias, ou seja, ao menor cabe a perturbação
quanto ao seu ponto de referência, fato que lhe traz perplexidade e mal estar no presente, e no
futuros danos consideráveis á sua formação no futuro. Como nos prestigia o dizer de Grisard Filho
( 2002) "Não há constância de moradia, a formação dos hábitos deixa a desejar, porque eles não
sabem que orientação seguir, se do meio familiar paterno ou materno. (GRISARD FILHO, Waldir.
Guarda Compartilhada. Revista dos Tribunais, 2ª ed., 2002, p. 190)." (...) "(in: FILHOS DA MÃE (UMA
REFLEXÃO À GUARDA COMPARTILHADA – Artigo publicado no Publicada no Juris Síntese nº 39 - JAN/FEV
de 2003). Grifamos.

É de se anotar que nã o é a vontade dos pais que deve prevalecer, mas sim o bem
estar dos filhos, pautando-se as decisõ es dos Tribunais Pá trios em, pacificamente,
obstar a prá tica da guarda alternada, conforme aresto abaixo:
“GUARDA DE MENOR COMPARTILHADA - IMPOSSIBILIDADE - PAIS RESIDINDO EM CIDADES DISTINTAS -
AUSÊNCIA DE DIÁLOGOS E ENTENDIMENTO ENTRE OS GENITORES SOBRE A EDUCAÇÃO DO FILHO -
GUARDA ALTERNADA - INADMISSÍVEL - PREJUÍZO À FORMAÇÃO DO MENOR. A guarda compartilhada
pressupõe a existência de diálogo e consenso entre os genitores sobre a educação do menor. Além
disso, guarda compartilhada torna-se utopia quando os pais residem em cidades distintas, pois aludido
instituto visa à participação dos genitores no cotidiano do menor, dividindo direitos e obrigações
oriundas da guarda. O instituto da guarda alternada não é admissível em nosso direito, porque afronta
o princípio basilar do bem-estar do menor, uma vez que compromete a formação da criança, em
virtude da instabilidade de seu cotidiano. Recurso desprovido.” (TJMG - Apelação Cível nº
1.0000.00.328063-3/000 – rel. Des. LAMBERTO SANT´ANNA – Data do acordão: 11/09/2003 Data da
publicação: 24/10/2003).
“AGRAVO DE INSTRUMENTO - FILHO MENOR (5 ANOS DE IDADE) - REGULAMENTAÇÃO DE VISITA -
GUARDA ALTERNADA INDEFERIDA - INTERESSE DO MENOR DEVE SOBREPOR-SE AO DOS PAIS - AGRAVO
DESPROVIDO. Nos casos que envolvem guarda de filho e direito de visita, é imperioso ater-se sempre ao
interesse do menor. A guarda alternada, permanecendo o filho uma semana com cada um dos pais
não é aconselhável pois ´as repetidas quebras na continuidade das relações e ambiência afetiva, o
elevado número de separações e reaproximações provocam no menor instabilidade emocional e
psíquica, prejudicando seu normal desenvolvimento, por vezes retrocessos irrecuperáveis, a não
recomendar o modelo alternado, uma caricata divisão pela metade em que os pais são obrigados por
lei a dividir pela metade o tempo passado com os filhos” (RJ 268/28).´ (TJSC - Agravo de instrumento n.
00.000236-4, da Capital, Rel. Des. Alcides Aguiar, j. 26.06.2000).

Portanto, nã o é possível o pedido de guarda na forma proposta, devendo ser


caracterizada a carência de açã o por nítida impossibilidade jurídica do pedido
e/ou inépcia da inicial.
c) DA INEPCIA DA INICIAL
A Inépcia da Inicial configura-se no artigo 319 do Có digo de Processo Civil/15 que
firma requisitos indispensá veis para petiçã o inicial nitidamente imprimida no
inciso VI, em que, a peça vestibular deverá indicar as provas com que o
Alimentando deverá mostrar a verdade dos fatos alegados. “Allegatio partis non
facit jus[1] ”.
Observar esse requisito é de supra importâ ncia, para assim a demanda se
satisfeita, principalmente na indicaçã o das provas, pois, através delas que se define
a amplitude do embasamento do direito reclamado.
Uma vez que, é de grande importâ ncia entender com lucidez o direito material
versado nos arts. 1.694, § 1º e 1.699º do Có digo Civil de 2.002. Como aprendemos
o devido processo legal em sentido formal é basicamente o direito a ser processado
de acordo com normas previamente estabelecidas, no ordenamento jurídico, para
sua continua fruiçã o, as normas cujo processo de produçã o deve, sem duvidas,
respeitar tal princípio. Logo, nã o sendo assim, impõ e-se a carência de
açã o.“Allegatio et non probatio, quasi non allegatio”.
Acarretando a extinção do processo sem o julgamento do mérito, “ex vi legis”,
dispõe o art. 485, IV, do Código de Processo Civil, por não concorrer à
possibilidade jurídica do pedido.
É o que se requer.
d) DO DESCABIMENTO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA DO AUTOR
Em que pese requeria a AJG, o Autor nã o é merecedor do benefício pleiteado.
A jurisprudência tem assentado no sentido de que, conforme previsã o contida no
art. 5º, inc. LXXIV, da Constituiçã o Federal, existe a necessidade da comprovaçã o
do estado de hipossuficiência para sua concessã o.
Vejamos o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
JUSTIÇA GRATUITA. CONCESSÃO, SEM EFEITOS RETROATIVOS. SERVIDOR PÚBLICO. OFENSA AO ART. 535
DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. LIMINAR. SUSPENSÃO. GRAVE LESÃO À ECONOMIA PÚBLICA. REEXAME.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1."A norma contida nos arts. 2º, parágrafo
único, e 4º, § 1º, da Lei 1.060/50 reza que a assistência judiciáriagratuita pode ser pleiteada a qualquer
tempo, contanto que o requerente comprove sua condição de hipossuficiente, bastando-lhe, para
obtenção do benefício, sua simples afirmação de que não está em condições de arcar com as custas do
processo e com os honorários advocatícios, sem prejuízo de seu próprio sustento ou de sua
família"(AgRg no AgRg no REsp 1099364/RS, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, Primeira Turma, DJe
4/11/10). [...] Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 16.924/PE, Rel. Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/09/2011, DJe 30/09/2011).

Em sentido correlato:
MANDADO DE SEGURANÇA - PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA - FALTA DE COMPROVAÇÃO DA
INSUFICIÊNCIA DOS RECURSOS – IMPOSSIBILIDADE. A assistência gratuita somente será prestada pelo
Estado aos que comprovarem a insuficiência de recursos, de modo que não basta a simples declaração
de miserabilidade para a concessão da benesse. RECURSO IMPROVIDO. (TJSP. Mandado de Segurança n.
0095851-86.2011.8.26.0000. Rel. Des. Carlos Giarusso Santos. J. 30/06/2011).

Prescreve o art. 99, § 2º, do Có digo de Processo Civil que, havendo elementos nos
autos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessã o da
gratuidade, pode o julgador indeferir o pedido, o que deve ocorrer no caso em
apreço.
Vejamos ainda que sequer juntou aos autos DECLARAÇÃ O DE IMPOSTO DE
RENDA, que é crucial nestes casos, pois com a renda do Autor, poderemos
averiguar se possui patrimô nios, dependentes, etc, tudo o que é necessá rio para o
deferimento ou indeferimento da AJG pleiteada.
Nos documentos já apresentados, temos certeza que o Autor nã o preenche os
requisitos de lei para o deferimento da benesse solicitada, uma vez que demonstra
ter condiçõ es de arcar com as custas e despesas processuais do feito.
Ora, a simples afirmaçã o de que nã o possui condiçõ es de arcar com as custas
processuais nã o é suficiente para a concessã o da gratuidade judiciá ria, sendo que
os demais elementos provam a capacidade mencionada.
Portanto, requer seja revogada a AJG, devendo o Autor ter o AJG indeferido e/ou
revogado, sendo condenado as custas e despesas processuais do presente
processo.

2.DOS FUNDAMENTOS DE MÉRITO


a) DA GUARDA COMPARTILHADA REQUERIDA
Conforme mencionado anteriormente, o Autor confunde a guarda compartilhada
com guarda alternada, sendo que o modelo de guarda que pretende nã o pode ser
aceito por este juízo.
Na realidade, o Autor está buscando formas de baixar a pensã o alimentícia do
menor, por vingança pessoal contra a Requerida, vindo agora a querer a tal guarda
compartilhada de forma totalmente inepta, somente para tumultuar a vida da
Requerida, sem se importar com os reflexos reais que isto causa ao seu filho,
menor.
Se nã o for acolhida a preliminar de mérito arguida, o que se admite somente em
ú ltima hipó tese, afim de rechaçar por completo a tese levantada pelo Autor, é
evidente que no caso em apreço melhor sorte nã o encontra o autor no mérito, que
deve ser julgado improcedentes.
Isto porque, diferentemente do que quer fazer crer o Autor nã o é pessoa capaz de
exercer o poder familiar com a guardo do menor, nem guarda unilateral nem
compartilhada, uma vez que o Autor (EXPLICAR AS RAZÕES PELAS QUAIS O
AUTOR NÃO DEVE TER A GUARDA)
O Genitor nã o possui condiçõ es psicoló gicas de exercer nenhum tipo de Guarda,
mas tã o somente visitaçõ es (e ainda estas devem ser assistidas, em decorrência do
que tudo que já fora exposto, como será pleiteado em reconvençã o).
Ademais, nã o somente por isto, mas as partes nã o possuem boa relaçã o, uma vez
que o Autor é uma pessoa perseguidora, que talvez por nã o aceitar o término do
relacionamento, inferniza a Requerida sempre que pode, nã o só no mundo físico
como também no digital.
Choca a Requerida o pedido de guarda compartilhada.
Excelência, aqui neste momento pede-se para que Vossa Senhoria se ponha
por alguns minutos no lugar desta mãe, ora Requerida, que fica em pedaços
ao ver o Autor tratar o seu filho, seu amor incondicional, com tanta violência.
Ficando sempre com medo quando o Autor faz as visitas que lhe foram
asseguradas pelo judiciário, rezando para que seu filho volte são e salvo, não
só no seu físico, mas intelecto. E após tudo isso, ver agora o Autor pleitear
levianamente perante esta justiça qualquer tipo de poder sobre o menor
apenas por vingança à Requerida. Teme a Requerida por seu filho e tudo de
catastrófico que pode ocorrer na vida do menor acaso Vossa Excelência
acolha o pedido autoral.
Aqui não estamos diante de uma mãe que quer brigar na justiça. Aqui
estamos diante de uma mãe que teme por seu filho. Que vê o Autor, seu ex
marido, utilizar-se do Poder Judiciário como meio de vingança, de modo
totalmente temerário.
A guarda compartilhada poderá ser decretada pelo juiz, em atençã o a necessidades
específicas do filho, ou em razã o da distribuiçã o de tempo necessá rio ao convívio
deste com o pai e com a mã e, à evidência, quando isso for benéfico ao menor.
Para NEIVA DEIRDRE, A guarda compartilhada, Ed. Pai Legal, 2002:
A guarda compartilhada almeja assegurar o interesse do menor, com o fim de protegê-lo, e permitir o
seu desenvolvimento e a sua estabilidade emocional, tornando-o apto à formação equilibrada de sua
personalidade. Busca-se diversificar as influências que atuam amiúde na criança, ampliando o seu
espectro de desenvolvimento físico e moral, a qualidade de suas relações afetivas e a sua inserção no
grupo social. Busca-se, com efeito, a completa e a eficiente formação sócio-psicológica, ambiental,
afetiva, espiritual e educacional do menor cuja guarda se compartilha.

Logo, a guarda compartilhada para ser deferida deve apresentar benefícios ao


menor, o que nã o é o caso dos autos, por tudo o que já fora exposto.
No mais, a pró pria relaçã o de discussõ es e conflitos existentes entre os pais
prejudicaria e muito a guarda compartilhada como se pretende. O posicionamento
jurisprudencial é no sentido de que:
GUARDA DE MENOR COMPARTILHADA – IMPOSSIBILIDADE – PAIS RESIDINDO EM CIDADES DISTINTAS –
AUSÊNCIA DE DIÁLOGOS E ENTENDIMENTO ENTRE OS GENITORES SOBRE A EDUCAÇÃO DO FILHO –
GUARDA ALTERNADA – INADMISSÍVEL – PREJUÍZO À FORMAÇÃO DO MENOR. A guarda compartilhada
pressupõe a existência de diálogo e consenso entre os genitores sobre a educação do menor. Além disso,
guarda compartilhada torna-se utopia quando os pais residem em cidades distintas, pois aludido
instituto visa à participação dos genitores no cotidiano do menor, dividindo direitos e obrigações
oriundas da guarda. O instituto da guarda alternada não é admissível em nosso direito, porque afronta o
princípio basilar do bem-estar do menor, uma vez que compromete a formação da criança, em virtude
da instabilidade de seu cotidiano. Recurso desprovido. (Ac. 3.ª Câm. Civ. do TJMG, na Ap. Cív.
1.0000.00.328063-3/000, j. 11-09-03).
CONSTITUCIONAL E CIVIL – AÇÃO DE GUARDA DE MENOR – GUARDA COMPARTILHADA – RELAÇÃO
CONFLITUOSA ENTRE OS GENITORES - IMPOSSIBILIDADE – RISCO DE OFENSA AO PRINCÍPIO QUE TUTELA
O MELHOR INTERESSE DO INFANTE – PROCEDÊNCIA DO PEDIDO – PROVIMENTO DA IRRESIGNAÇÃO –
INTELIGÊNCIA DO ART. 227 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA E ARTS. 1.583 E 1.584 DO CÓDIGO CIVIL,
COM REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.698/2008. A guarda compartilhada não pode ser exercida quando
os guardiões possuem uma relação conflituosa, sob o risco de se comprometer o bem-estar dos menores
e perpetuar o litígio parental. Na definição de guarda de filhos menores, é preciso atender, antes de
tudo, aos interesses deles, retratado pelos elementos informativos constantes dos autos. (Ac. 5.ª Câm.
Civ. do TJMG, na Ap. Cív. 1.0775.05.004678-5/001, j. 07-08-08).

E ainda, o entendimento mais recente do Nosso Egrégio Tribunal de Justiça


do Estado do Rio Grande do Sul:
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. GUARDA COMPARTILHADA. INCIDENTE DE CUMPRIMENTO DE
ACORDO. LITÍGIO ENTRE OS PAIS. DESCABIMENTO. MANUTENÇÃO DA GUARDA DE FATO. GUARDA
MATERNA. CABIMENTO. 1. Não é a conveniência dos pais que deve orientar a definição da guarda, mas
o interesse do filho. 2. A chamada guarda compartilhada não consiste em transformar o filho em objeto,
que fica à disposição de cada genitor por um determinado período, mas uma forma harmônica ajustada
pelos genitores, que permita à criança desfrutar tanto da companhia paterna como da materna, num
regime de visitação bastante amplo e flexível, mas sem que ele perca seus referenciais de moradia. 3.
Para que a guarda compartilhada seja proveitosa para o infante, é imprescindível que exista entre os
pais uma relação marcada pela harmonia e pelo respeito, onde não existam disputas nem conflitos, o
que inocorre in casu, onde há intenso grau de beligerância entre as partes, diante da mudança de
domicílio da genitora, por motivos profissionais. 4. Se a moradia das filhas sempre foi a da casa
materna, cabível a mudança das infantes juntamente com a genitora para o Estado de Santa Catarina,
onde se encontram matriculadas, em escola da mesma rede da que frequentavam em Porto Alegre e
onde são beneficiárias de bolsa de estudo, mantendo-se as visitas livres ao genitor. Recurso provido.
(Agravo de Instrumento Nº 70077039741, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 30/05/2018)
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. GUARDA COMPARTILHADA. INCIDENTE DE CUMPRIMENTO DE
ACORDO. LITÍGIO ENTRE OS PAIS. DESCABIMENTO. MANUTENÇÃO DA GUARDA DE FATO. GUARDA
MATERNA. CABIMENTO. 1. Não é a conveniência dos pais que deve orientar a definição da guarda, mas
o interesse do filho. 2. A chamada guarda compartilhada não consiste em transformar o filho em objeto,
que fica à disposição de cada genitor por um determinado período, mas uma forma harmônica ajustada
pelos genitores, que permita à criança desfrutar tanto da companhia paterna como da materna, num
regime de visitação bastante amplo e flexível, mas sem que ele perca seus referenciais de moradia. 3.
Para que a guarda compartilhada seja proveitosa para o infante, é imprescindível que exista entre os
pais uma relação marcada pela harmonia e pelo respeito, onde não existam disputas nem conflitos, o
que inocorre in casu, onde há intenso grau de beligerância entre as partes, diante da mudança de
domicílio da genitora, por motivos profissionais. 4. Se a moradia das filhas sempre foi a da casa
materna, cabível a mudança das infantes juntamente com a genitora para o Estado de Santa Catarina,
onde se encontram matriculadas, em escola da mesma rede da que frequentavam em Porto Alegre e
onde são beneficiárias de bolsa de estudo, mantendo-se as visitas livres ao genitor. Recurso provido.
(Agravo de Instrumento Nº 70077049526, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 30/05/2018)
Ementa: AÇÃO DE DIVÓRCIO. GUARDA COMPARTILHADA. LITÍGIO ENTRE OS PAIS. DESCABIMENTO.
MANUTENÇÃO DA GUARDA DE FATO. GUARDA MATERNA. CABIMENTO. 1. Não é a conveniência dos
pais que deve orientar a definição da guarda, mas o interesse do filho. 2. A chamada guarda
compartilhada não consiste em transformar o filho em objeto, que fica à disposição de cada genitor por
um determinado período, mas uma forma harmônica ajustada pelos genitores, que permita à criança
desfrutar tanto da companhia paterna como da materna, num regime de visitação bastante amplo e
flexível, mas sem que ele perca seus referenciais de moradia. 3. Para que a guarda compartilhada seja
proveitosa para o infante, é imprescindível que exista entre os pais uma relação marcada pela harmonia
e pelo respeito, onde não existam disputas nem conflitos, o que inocorre in casu, onde há intenso grau
de beligerância existente entre as parte, inclusive com a existência de medida protetiva imposta, na qual
o demandado está proibido de se aproximar da ora recorrente. 4. Oportunamente deverá ser realizado
estudo social na casa dos litigantes, bem como avaliação psicológica nas partes envolvidas, a fim de
encontrar a solução que melhor atenda os interesses da criança, que poderá ser, inclusive, a guarda
compartilhada. Recurso provido. (Agravo de Instrumento Nº 70075821678, Sétima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 25/04/2018)

WALDYR GRISARD FILHO em sua obra “Guarda Compartilhada”, Ed. RT, p. 174,
escreveu que:
Pais em conflito constante, não cooperativos, sem diálogo, insatisfeitos, que agem em paralelo um ao
outro, contaminam o tipo de educação que proporcionam a seus filhos, e, nesses casos, os arranjos da
guarda compartilhada podem ser muito lesivos aos filhos.

Na realidade a guarda do menor deve ficar com a mãe, levando-se em


consideração sua própria idade, não se justificando a sua forma
compartilhada.
O TJMG em acó rdã o inserido na RT 733, à p. 333, entendeu que:
MENOR – GUARDA – PAIS SEPARADOS – CUSTÓDIA ALTERNADA SEMANALMENTE – INCONVENIÊNCIA –
PERMANÊNCIA SOB A GUARDA DA MÃE – DIREITO DE VISITA DO PAI - É inconveniente à boa formação
da personalidade do filho ficar submetido à guarda dos pais separados, durante a semana,
alternadamente; e se estes não sofrem restrições de ordem moral, os filhos, principalmente durante a
infância, devem permanecer com a mãe, por razões óbvias, garantindo ao pai, que concorrerá para as
suas despesas dentro do princípio da necessidade-possibilidade, o direito de visita.

Assim, nã o existe motivos plausíveis que justifiquem a guarda compartilhada no


caso em espécie. O menor está sendo muito bem cuidado pela mã e, ora contestante
e tal situaçã o é a melhor para o pró prio bem estar da criança.
Assim, impõ e-se seja julgada como improcedente a guarda compartilhada
pretendida pelo pai, o que se pede por ser medida de Direito e de Justiça,
condenando-o nos efeitos sucumbenciais.
b) DA CONVIVÊNCIA
Conforme dito, o Autor, de forma descabida, confunde a guarda compartilhada com
guarda alternada, impugnando a Requerida, assim, a linha de “convivência” que
quer o Autor estabelecer.
c) DA PRETENDIDA EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS EM RAZÃO DA GUARDA
COMPARTILHA
Aqui Excelência, está mais do que visto a intenção do Autor com todo este
processo: QUER SE LIVRAR DO PAGAMENTO DE PENSÃO E PARA ISSO
MANEJA, SEM A QUALQUER CAPACIDADE, UM PEDIDO DE GUARDA
COMPARTILHADA, o que não pode ser aceito por este judiciário.
Desta forma, pede-se esclarecimento por parte do requerente: Ele objetiva
compartilhar a guarda da criança para dar-lhe carinho e amor necessá rios a seu
desenvolvimento, ou para não precisar mais contribuir para sua subsistência
de forma digna?
Uma vez demonstrado acima a total incapacidade para fixaçã o de qualquer tipo de
guarda em favor do Autor, devendo a guarda ser mantida como está , com a
Requerida, genitora do menor, é totalmente descabido, de plano, o pedido do
Autor.
Porém, ainda que assim nã o o fosse, o pedido de exoneraçã o se faz descabido, pelos
seguintes argumentos:
Destaca-se, entendimento do Egrégio Tribunal de Minas Gerais, onde nã o exclui o
dever de alimentos devido ao compartilhamento de guarda:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DIVÓRCIO CONSENSUAL. ALIMENTOS PARA OS FILHOS. GUARDA
COMPARTILHADA. REDUÇÃO. A guarda compartilhada não exclui o pagamento de pensão alimentícia,
pois o que se compartilha é apenas a responsabilidade pela formação, saúde, educação e bem estar dos
filhos, e não a posse dos mesmos. Não atendido o binômio necessidade - possibilidade que trata o § 1º
do art. 1.694 do CCB/02, devem ser alterados os alimentos fixados em primeiro grau, cabendo a sua
redução, quando o alimentante demonstrar a impossibilidade de prestá-los. Recurso conhecido e
provido. Número do processo Relator: Des.(a) ALBERGARIA COSTA Data do Julgamento: 20/08/2009

Neste prisma, deve ser feito estudo social através de equipe interdisciplinar
(assistente social, psicó logo dentre outros profissionais) com o fito de demonstrar
a ausência de condiçõ es para a guarda compartilhada.
Diante o exposto, resta evidente o descabimento do pedido de exoneraçã o da
pensã o alimentícia em razã o de eventual guarda compartilhada.
3. DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
A Requerida é pessoa pobre na acepçã o do termo e nã o possui condiçõ es
financeiras para arcar com as custas processuais e honorá rios advocatícios sem
prejuízo do pró prio sustento, razã o pela qual desde já requer o benefício da
Gratuidade de Justiça, assegurados pela Lei nº 1060/50 e consoante o art. 98,
caput, do novo CPC/2015, verbis:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar
as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na
forma da lei.

Mister frisar, ainda, que, em conformidade com o art. 99, § 1º, do novo CPC/2015, o
pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado por petiçã o simples e durante
o curso do processo, tendo em vista a possibilidade de se requerer em qualquer
tempo e grau de jurisdiçã o os benefícios da justiça gratuita, ante a alteraçã o do
status econô mico.
Assim, sendo, resta evidente que a concessã o do benefício é medida necessá ria e
amparada pela Lei e Jurisprudência.
4. DA RECONVENÇÃO
A) DA NECESSIDADE DE VISITAS ASSISTIDAS
Veja que, diante de todo o narrado, percebe-se que o Reconvindo é pessoa
desequilibrada, agressiva, psicó tica, sendo que nã o pode mais permanecer
visitando o menor sozinho, sob pena de colocar a vida do menor em risco, e ferir
sua integridade física e mental.
Aqui, deverá reinar o bom senso, e o bom senso recomenda que se sobreleve o
interesse da criança acima de qualquer outro.
Nesse sentido destaca-se do texto Constitucional:
"Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão".

Balizado neste amplo preceito constitucional, o Estatuto da Criança e do


Adolescente (Lei n. 8.069/90) dispõ e em seus arts. 3º e 4º, verbis:
"Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,
sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros
meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental,
moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária".

E ainda, na interpretaçã o do referido Estatuto, levar-se-ã o em conta os fins sociais


a que ele se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e
coletivos, e a condiçã o peculiar da criança e do adolescente como pessoas em
desenvolvimento (ECA, art. 6º).
Nesse sentido, é a liçã o de Sílvio Neves Baptista (in A Família na Travessia do
Milênio, Anais do II Congresso Brasileiro de Família, IBDFAM, 2000, pg. 294):

O direito de visita - melhor seria direito à visita – consiste no direito de ser visitado, e não no direito
de ir visitar o outro. A expressão ‘direito de visita’ deve ser interpretada como a faculdade que alguém
tem de receber visita, quer de pais, quer de parentes e amigos. Não é, pois, um direito do pai em
relação ao filho, de acordo com o generalizado entendimento, mas um direito do filho em relação ao
pai que não tem a guarda, ou em relação a toda e qualquer pessoa cuja conveniência lhe interessa. Não
pode assim ser entendido como uma extensão do poder parental.”

É cediço que o direito de visita deve sempre ser estimulado, visando manter acesso
ao vínculo da paternidade, pois tais contatos contribuem em muito para que os
filhos superem a situaçã o dos pais separados, amenizando as sequelas que sã o
deixadas, e evitando que tenham problemas de ordem emocional e psicoló gica.
CONTUDO, DIANTE DA SITUAÇÃ O PERPETRADA REITERADAMENTE PELO
RECONVINDO, QUE MINA A CONVIVÊ NCIA PACÍFICA ENTRE O EX-CASAL, E AINDA
COLOCA A VIDA DA MENOR EM RISCO, NO CASO EM APREÇO, MERECE QUE SEJA
PERMITIDA SOMENTE A VISITA DE FORMA ASSISTIDA.
Prescreve o art. 1.589 do Có digo Civil:"O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam
os filhos, poderá visitá-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro
cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação”.
Indiscutível o poder discricioná rio do magistrado de interferir na regulamentaçã o
de visitas ou guarda dos filhos, quando evidenciada, de forma consistente, a falta
de proteçã o ou motivos graves em prejuízo do menor.
Nesse caso nã o poderia ser diferente, eis em face da circunstâ ncia fá tica narrada, é
necessá rio a intervençã o do magistrado, para revisar os termos de visita, de modo
que o reconvindo somente possa fazê-las quando assistido. Veja, aqui não se
requer a suspensão do direito de visitas, que é ato extremo!! Apenas se
requer, para melhor interesse da criança, segurança e felicidade psicológica,
que as visitas do Reconvindo sejam feitas quando este estiver assistido
apenas.
Yussef Said Cahali ensina que"o interesse juridicamente protegido e o
absolutamente determinante, será sempre o do incapaz, credor de uma prestação de
companhia: a este deve ceder, por inteiro, o dos pais que, devedores dessa prestação,
freqüentemente se reveste de feição apenas apetitiva: satisfazer sua própria
necessidade de afeto ” ( Divórcio e separação , RT, 6ª ed., tomo II, p. 979).
Ademais,"o direito de visitaçã o entre o filho e o genitor nã o é prerrogativa deste.
Ao contrá rio, é a um só tempo direito do menor e dever do pai, no interesse
daquele"(TJSC, Agravo de Instrumento n. , de Ibirama, rel. Des. Mazoni Ferreira).
Direito este que é chancelado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê
que toda criança deve ter convívio com os pais.
O menor sofre com o Reconvindo. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, de modo que, é
latente e, em diversos casos aná logos, quando constatadas tais situaçõ es, a visita
assistida é a melhor opçã o, pois preserva o vínculo paterno com a criança, mas
também assegura uma condiçã o de visitaçã o sadia, que atende ao melhor interesse
da menor. Nesse sentido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO DE DIVÓRCIO CUMULADA COM GUARDA E
VISITAS. MENOR DE TENRA IDADE. Afastada a alegada nulidade, ausente prejuízo. 2. Mantidas as visitas
assistidas, preservando-se, assim, os interesses da menor, determinação que, no entanto, não acarreta
qualquer perigo de rompimento do vínculo afetivo entre o menor e o genitor. Reduzidas, porém, as
visitas, que serão quinzenalmente. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJRS, Agravo de Instrumento Nº
70056614100, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro,
Julgado em 23/09/2013)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. REGULAMENTAÇÃO DE GUARDA E VISITAS. A guarda, de fato, é exercida
pelo pai, razão pela qual deve ser assim mantida. Refiro que a alteração de guarda em antecipação de
tutela somente se justifica quando há razões para o juízo desconfiar que a criança não esteja bem
atendida em suas necessidades ou sofrendo algum risco e este não é o caso dos autos. VISITAÇÃO
MATERNA ASSISTIDA. MANUTENÇÃO. As visitas devem ser assistidas até que se façam as avaliações
psicológicas necessárias. Contudo, outra pessoa deve ser indicada para acompanhamento porque há
litígio instaurado entre a mãe e a avó paterna. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO AGRAVO DE
INSTRUMENTO, VENCIDO EM PARTE O DES. RELATOR QUE O PROVIA EM MAIOR EXTENSÃO. (TJRS,
Agravo de Instrumento Nº 70060837887, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alzir
Felippe Schmitz, Julgado em 02/10/2014)

Portanto, requer sejam as visitas deferidas somente na forma assistida, o que


poderá ser comprovado através de estudos com laudos médicos psiquiá tricos,
sociais e outros que Vossa Excelência entender por oportuno.
B) DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA DA RECONVINTE
A Reconvinte requer seja deferido AJD em seu favor também na reconvençã o, uma
vez que é pessoa pobre na acepçã o do termo e nã o possui condiçõ es financeiras
para arcar com as custas processuais e honorá rios advocatícios sem prejuízo do
pró prio sustento, razã o pela qual desde já requer o benefício da Gratuidade de
Justiça, assegurados pela Lei nº 1060/50 e consoante o art. 98, caput, do novo
CPC/2015, verbis:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar
as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na
forma da lei.

Mister frisar, ainda, que, em conformidade com o art. 99, § 1º, do novo CPC/2015, o
pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado por petiçã o simples e durante
o curso do processo, tendo em vista a possibilidade de se requerer em qualquer
tempo e grau de jurisdiçã o os benefícios da justiça gratuita, ante a alteraçã o do
status econô mico.
Assim, sendo, resta evidente que a concessã o do benefício é medida necessá ria e
amparada pela Lei e Jurisprudência.

3. DOS PEDIDOS
Diante o exposto, requer à Vossa Excelência:
a) Na ação principal:
i. Que sejam acolhidas as preliminares de mérito, com a extinçã o do feito sem
resoluçã o de mérito nos termos dos fundamentos acima transcritos;
ii. Alternativamente, acaso nã o seja este o entendimento de Vossa Excelência,
requer seja julgada improcedente a açã o por inteiro;
iii. Protesta-se provar por todo o meio de prova em direito admitidas, em especial a
documental e pericial (laudos psicoló gicos, sociais, etc);
iv. Impugna-se a AJG do Autor, devendo ser o mesmo condenado ao pagamento de
custas e despesas processuais;
v. Requer a concessã o de AJG a Requerida;
b) Na Reconvenção:
i. Seja o Reconvindo citado, para querendo, apresentar defesa, sob pena de revelia
e confissã o;
vi. Protesta provar o alegado mediante todas as provas em direito admitidas, em
especial a documental e pericial (laudos psicoló gicos, sociais, etc);
ii. Requer a concessã o de AJG a Reconvinte;
iii. Ao final, a procedência da reconvençã o, para determinar visitas somente
assistidas do Reconvindo ao menor;
iv. A condenaçã o do reconvindo ao pagamento de custas e despesas processuais.
v. Dá -se a reconvençã o o valor de R$ 1.000,00 apenas à fins fiscais;
Cidade, Data.
Advogado
OAB/XX

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[1] “A alegaçã o da parte nã o faz Direito”.

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