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JUSTIÇA GRATUITA
I. DOS FATOS
O Requerente e a Requerida mantiveram relacionamento amoroso por aproximadamente X
anos, tendo chegado a morar juntos por certo período de tempo, sendo que, desse
relacionamento houve o nascimento do menor ..............................( nome do menor), hoje
com ................... de idade.
O Requerente e a Requerida nã o residem mais juntos, ao passo que o Autor pretende obter
a guarda compartilhada do menor bem como ofertar alimentos ao infante, cumprindo seu
dever de pai, mas também podendo exercer seu direito de visitas, ou seja, o direito de
poder conviver com seu filho.
O ajuizamento da presente açã o se faz necessá rio pelo fato de que a Requerida vem criando
obstá culos ao direito de visitas do Requerente, nã o deixando este visitar seu filho,
impedindo-o de exercer de pai, bem como impedindo o filho de conviver com seu genitor.
A Requerida está impedindo o Requerente de ver o filho porque deseja receber um valor
alto de pensã o, maior do que as possibilidades do Requerente. Inclusive o Requerente
ofertou um valor para a Requerida, a título de pensã o alimentícia para o filho, mas esta nã o
aceitou a quantia ofertada, alegando que nã o precisa de migalhas, que se nã o for um valor
maior nã o precisa ser nada, como se o direito aos alimentos fosse dela e nã o do filho.
A Requerida ainda afirmou que em caso de ajuizamento de açã o judicial por parte do Autor
continuará nã o deixando ele visitar o filho, o que demonstra que a Requerida possui a
intençã o de prejudicar os interesses tanto do Requerente quanto do filho.
Vale ressaltar que ainda que a Requerida nã o tenha aceitado um valor mensal a título de
pensã o, o Requerente paga todos os meses o plano de saú de do menor .......................................
(nome do menor), no valor de R$ .................., bem como ajuda nas despesas do infante,
como roupas e medicamentos. No entanto, ajuíza a presente açã o para que seja arbitrado
um valor judicial a título de pensã o alimentícia, bem como para que seja garantido o direito
de visitas do Autor, para que possa conviver com seu filho, participar de seu crescimento,
criar laços afetivos, etc.
Quanto ao plano de saú de, o Autor vai entrar em contato com o RH de sua empresa
empregadora para que possa incluir o menor no plano de saú de da empresa, de forma a dar
ainda mais garantia para o infante.
Em nenhum momento o Autor quis fugir de suas responsabilidades de pai, tanto que
extrajudicialmente ofertou pensã o alimentícia, o que foi recusado pela Requerida, mas
também quer exercer seus direitos.
Assim, ajuíza a presente açã o para que, ao final, Vossa Excelência reconheça como correto o
valor ofertado pelo Autor a título de pensã o alimentícia, bem como defina a guarda
compartilhada do menor entre as partes, para que fique regulamentado, ainda, o direito de
visitas.
II. DO DIREITO
II.I - DA JUSTIÇA GRATUITA
O Requerente nã o possui no momento condiçõ es para arcar com o pagamento das custas e
despesas processuais sem prejuízo do pró prio sustento e do sustento de sua família.
É bem verdade que o patrono desta açã o é advogado particular, porém isso não
desconfigura sua insuficiência de recursos, conforme preceitua o art. 99, § 4º, do CPC.
Pelo exposto, junta declaraçã o de hipouficiência econô mica para fins judiciais e pleiteiam o
deferimento dos benefícios da justiça gratuita assegurados pelo Art. 5º, LXXIV, CRFB/88, e
pelo Art. 98 e ssss., do CPC, uma vez que, se indeferido o pedido, restará prejudicado o
acesso ao Poder Judiciá rio, ferindo as disposiçõ es contidas na alínea a, do inciso XXXIV, do
Art. 5º, da Constituiçã o da Republica Federativa do Brasil.
Conforme descriçã o dos artigos acima, há possibilidade de a guarda dos filhos ser
compartilhada entre ambos os genitores, de forma que o tempo de convívio com os filhos
deva ser dividido de forma equilibrada entre ambos.
O Autor tem plena ciência das obrigaçõ es que a guarda compartilhada lhe traz e tem plenas
condiçõ es de exercer o encargo, de poder passar mais tempo com seu filho, de acompanhar
seu crescimento, participar de sua educaçã o, etc.
Nã o pode a Requerida, sem justo motivo, impedir que o Requerente exerça seu direito de
guarda do filho, de visita-lo e de estar com ele. Esse é um direito tanto do Requerente, na
condiçã o de pai do menor, quanto do menor, na condiçã o de filho.
Acerca do dever dos pais para com relaçã o aos filhos cumpre ainda mencionar que, de
acordo com o art. 229, 1ª parte, da Constituiçã o Federal dispõ e que “os pais têm o dever de
assistir, criar e educar os filhos menores”. No mesmo sentido sã o as disposiçõ es da Lei
8.069/90, em seu art. 22, que assevera que “aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir
e fazer cumprir as determinações judiciais”. Frisa-se que é justamente isso que o Requerente
deseja, participar de todo o processo de criaçã o e educaçã o de seu filho.
O Requerente possui direito de estar com seu filho tal como o filho possui direito de estar
com seu genitor, vez que isso é importante para a criaçã o de laços afetivos entre pai e filho.
O fato de a criança estar ainda com poucos meses de vida nã o é justificativa há bil para que
a Requerida impeça o Autor de visitar seu filho ou de passar alguns dias com ele. Da mesma
forma que a Requerida cuida da criança o Requerente também irá cuidar. Inclusive quando
ainda moravam juntos o Requerente sempre ajudou a cuidar do menor.
Da mesma forma que o Requerente cumpre seus deveres que poder exercer seus direitos,
conviver com o filho, dar amor, carinho e educaçã o. É um direito que nã o lhe deve ser
tirado sem justificativa plausível.
Urge salientar que nã o mais se pode aceitar o conceito atrasado e generalizado de que “o
pai paga pensã o e a mã e cuida”. De fato, há inú meros pais que sequer pagam pensã o
alimentícia, quem dirá querer visitar os filhos. Mas esse tipo de pai nã o representa o Autor.
Este, além de já pagar o plano de saú de do menor e de ajudar nas demais despesas, vem
ofertar alimentos, porque sabe que é seu dever contribuir para o sustento do menor, e
também quer o direito de convivência com seu filho.
Vejamos o entendimento de alguns tribunais sobre a guarda compartilhada:
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA. GUARDA COMPARTILHADA. REGRA DO SISTEMA. ART. 1.584, § 2º, DO
CÓDIGO CIVIL. CONSENSO DOS GENITORES. DESNECESSIDADE. ALTERNÂNCIA DE RESIDÊNCIA DA CRIANÇA.
POSSIBILIDADE. MELHOR INTERESSE DO MENOR. 1. A instituição da guarda compartilhada de filho não se sujeita à
transigência dos genitores ou à existência de naturais desavenças entre cônjuges separados. 2. A guarda
compartilhada é a regra no ordenamento jurídico brasileiro, conforme disposto no art. 1.584 do Código Civil, em
face da redação estabelecida pelas Leis nºs 11.698/2008 e 13.058/2014, ressalvadas eventuais peculiariedades do
caso concreto aptas a inviabilizar a sua implementação, porquanto às partes é concedida a possibilidade de
demonstrar a existência de impedimento insuperável ao seu exercício, o que não ocorreu na hipótese dos autos. 3.
Recurso especial provido. (STJ - REsp: 1591161 SE 2015/0048966-7, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, Data de Julgamento: 21/02/2017, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/02/2017) – grifos
acrescidos.
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. GUARDA. SENTENÇA QUE ESTABELECEU A GUARDA EM FAVOR DO
GENITOR. INSURGÊNCIA DA AUTORA. FIXAÇÃO DA GUARDA NA FORMA COMPARTILHADA. RESIDÊNCIA DO PAI
ESTABELECIDA COMO MORADIA PRINCIPAL DO FILHO. ESTUDO SOCIAL COMPATÍVEL COM O EXERCÍCIO DA
GUARDA POR AMBOS OS GENITORES RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. A guarda compartilhada
tornou-se uma alternativa jurídica para minimizar o sofrimento dos filhos em decorrência da separação dos pais.
Visa-se preservar o convívio sadio e menos beligerante possível para os menores em relação aos genitores,
objetivando que os tumultos conjugais não interfiram na relação pais-filhos-família. E mais, que o
comprometimento parental permaneça intocável preservando também o núcleo familiar que não se desfaz pela
separação do casal, visto que desta forma traz muito menos malefícios à prole do que quando regulada
minuciosamente as visitas. (TJ-SC - AC: 00126829120128240011 Brusque 0012682-91.2012.8.24.0011, Relator:
Sebastião César Evangelista, Data de Julgamento: 10/08/2017, Segunda Câmara de Direito Civil) – grifos acrescidos.
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL. AÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO DE GUARDA. DEFINIDA A GUARDA
COMPARTILHADA POR SER A REGRA ATUAL. NÃO COMPROVADA A INAPTIDÃO DO GENITOR. SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. 1. A redação atual do artigo 1.584, § 2º Código Civil (introduzido pela Lei
13.058/14) dispõe que a guarda compartilhada é a regra e há ser aplicada, mesmo em caso de dissenso entre o
casal, somente não se aplicando na hipótese de inaptidão por um dos genitores ao exercício do poder familiar
ou quando algum dos pais expressamente declarar o desinteresse em exercer a guarda. 2. A chamada guarda
compartilhada não consiste em transformar o filho em objeto, que fica à disposição de cada genitor por um
determinado período, mas uma forma harmônica ajustada pelos genitores, que permita à criança desfrutar tanto
da companhia paterna como da materna, num regime de visitação bastante amplo e flexível, mas sem que ele
perca seus referenciais de moradia. 3. Nos termos do voto do relator, recurso conhecido e desprovido. (TJ-PA -
APL: 00359433320138140301 BELÉM, Relator: LEONARDO DE NORONHA TAVARES, Data de Julgamento:
26/06/2017, 1ª TURMA DE DIREITO PRIVADO, Data de Publicação: 30/06/2017) – grifos acrescidos.
Nos termos da jurisprudência pode o genitor ter seu direito de visitas ampliados se isso
nã o prejudicar o melhor interesse do filho menor. No caso destes autos, nã o há nada que
possa impedir que o Requerente passe mais tempo com seu filho. Esse convívio por um
período maior é primordial para a criaçã o de laços afetivos na relaçã o de pai e filho.
Dessa forma, requer que, além dos dias estabelecidos para que o Requerente possa levar
seu filho para sua casa (finais de semana alternados), que possa ter o direito de visitar o
filho na casa da Requerida ou que possa pegá -lo mais vezes durante o mês.
De igual maneira, quando o Requerente estiver de férias de seu emprego, deseja passar
mais tempo com o filho em sua residência, bem como nos dias de feriado em que nã o
estiver trabalhando.
Requer, ainda, o direito de estar com seu filho no dia dos pais e no dia de seu aniversá rio,
além de estar com o filho no natal ou ano novo, de maneira revezada ao longo dos anos, o
que espera seja deferido por Vossa Excelência.
Pelas disposiçõ es supra, no momento em que o genitor, ora Requerente, é privado de poder
visitar seu filho e de com ele estar, o mais prejudicado é o menor, que está tendo ferido seu
direito de convivência com seu genitor, direito este que, por mais que a criança possua
poucos meses, é de suma importâ ncia para a criaçã o de laços afetivos entre pai e filho.
Vale mencionar ainda que o art. 1.589 do Có digo Civil dispõ e que o pai ou a mã e que nã o
esteja com a guarda dos filhos poderá visita-los e tê-los em sua companhia, bem como
fiscalizar sua manutençã o e educaçã o, ou seja, considerando que a guarda de fato encontra-
se com a Requerida, possui o Requerente o direito de estar com seu filho conforme Vossa
Excelência determinar.
Acerca da tutela de urgência pleiteada, o art. 300, do CPC, dispõ e que, “a tutela de urgência
será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”, bem como quando nã o houver
perigo de irreversibilidade da decisã o (art. 300, § 3º, CPC).
No caso destes autos a probabilidade do direito do Autor vem demonstrada pela certidã o
de nascimento em anexo que comprova que o menor ........................... (nome do filho) é seu
filho, de modo que este fato, por si só , garante o direito de visitaçã o e convívio com o
menor, vez que nã o há nenhuma justificativa plausível para que a Requerida possa impedir
ou dificultar o exercício desse direito.
Quanto ao perigo de dano este ocorre dia apó s dia, pois a cada dia que o genitor é privado
de estar com seu filho os laços de afinidade vã o diminuindo. Nã o pode o Requerente
aguardar o julgamento da presente açã o para só entã o poder exercer seu direito previsto
em lei, pois a depender da demora do julgamento seu filho pode nem o reconhecer mais,
passando a estranhar sua companhia, o que irá dificultar na convivência entre pai e filho.
Por todo o exposto, requer seja deferido liminarmente o direito de visitaçã o do Autor, em
finais de semana alternados, podendo o Autor pegar seu filho para com ele passar o final de
semana e, ainda, que possa visita-lo na casa da Requerida em outros dias da semana, ainda
que por poucos minutos, pois o convívio de pai e filho é muito importante para o bom
desenvolvimento do menor.
Cidade/UF, data
______________________________________
ADVOGADO
OAB/UF: .........
[1] DIAS Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, 2011, p. 447.