O documento é uma contestação à ação de alimentos movida pelo neto contra a avó paterna. A avó alega que a genitora do autor não está impossibilitada de sustentar o menor e que não foram esgotados os meios para obrigar o pai ao pagamento de pensão antes de recorrer à avó. Defende que a obrigação dos avós é subsidiária e só ocorre quando comprovada a impossibilidade dos pais.
O documento é uma contestação à ação de alimentos movida pelo neto contra a avó paterna. A avó alega que a genitora do autor não está impossibilitada de sustentar o menor e que não foram esgotados os meios para obrigar o pai ao pagamento de pensão antes de recorrer à avó. Defende que a obrigação dos avós é subsidiária e só ocorre quando comprovada a impossibilidade dos pais.
O documento é uma contestação à ação de alimentos movida pelo neto contra a avó paterna. A avó alega que a genitora do autor não está impossibilitada de sustentar o menor e que não foram esgotados os meios para obrigar o pai ao pagamento de pensão antes de recorrer à avó. Defende que a obrigação dos avós é subsidiária e só ocorre quando comprovada a impossibilidade dos pais.
Excelentssima Senhora Doutora Juza de Direito da 1 Vara Cvel
de ...............
......................, j qualificada nos autos da AO DE ALIMENTOS em epgrafe, que lhe move seu neto ..................., representado por sua genitora, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelncia, por seu advogado abaixo assinado, instrumento de procurao em anexo, apresentar CONTESTAO, e, para tanto, aduzir o que segue:
Cuida-se de ao de alimentos proposta por ............, representado por sua me, contra sua av paterna, ....................., na qual o autor pleiteia o pagamento de penso mensal em seu favor, na base de 30% do salrio mnimo.
O autor alega que no acordo de separao de seus genitores, ficou estabelecido que caberia ao pai o pagamento, a ttulo de penso alimentcia, o valor equivalente a 35% do salrio mnimo vigente nacional, at o dia 1 de cada ms, mencionando que h longo tempo o acordado no est sendo cumprido.
Alega, tambm, que ingressou em juzo com ao de execuo dos ltimos meses de pensionamento, requerendo a citao do alimentante na cidade de .........../..., onde o mesmo no foi encontrado, afirmando, por isso, ser o paradeiro de seu genitor desconhecido, o que motivou o ingresso com a presente ao em face da av paterna.
Excelncia!
O autor to somente deduziu as ponderaes supra sem juntar aos autos qualquer prova cabal capaz de embasar sua pretenso. To somente afirma que sua genitora no possui condies de arcar sozinha com seu sustento e que o pai no paga as penses em atraso. Tais motivos, data venia, no so ensejadores do pagamento de penso pela av.
O fato que a genitora do autor, ao invs de estar impossibilitada de arcar com o sustento do menor, demonstra, para os que a conhecem, sinais externos de riqueza, pois dispe de regalias que no cabem aos que se dizem necessitados. Omite intencionalmente a verdade, pois deixa de mencionar que tem uma casa completamente mobiliada na cidade de Sobradinho, onde residia com seu ex-marido, a qual abandonou, sem levar sequer suas prprias roupas.
Ora, se fosse to necessitada assim, acaso deixaria para trs, abandonada, uma casa com toda a moblia dentro, inclusive com suas roupas? A casa est l, se deteriorando com o tempo, bem como todos seus utenslios. Acaso a venda dos mveis e eletrodomsticos abandonados, como geladeira, fogo, etc., no seria de bom grado para sustentar o menor at a localizao do paradeiro de seu genitor, na forma da lei?
Nota-se da leitura da inicial que no nega o autor que seu genitor no contribua com o pagamento das penses acordadas, pois, como diz, devedor de penses em atraso, cujas justificativas para o inadimplemento no repousam nos autos. Ao que parece, o fato no tem natureza de necessidade, mas mais prximo s questinculas familiares, cuja ao com mais conotao de vingana.
Tem o autor todos os recursos em seu prol, dentre os quais medidas rigorosas como a prpria priso civil, por isso, curioso e insustentvel que seja decretado um pagamento de penso alimentcia a uma av, com mais de setenta anos, viva, doente, com filhos deficientes para sustentar, sem antes terem esgotados todos os meios cabveis para exigir o pagamento pelo prprio pai do demandante.
Isso mesmo. Como se l da prpria inicial, no foram esgotados todos os meios para localizao do devedor dos alimentos. Nesse aspecto, tem tambm o autor vrios meios para conseguir rapidamente sua localizao, como, por exemplo, requerer naqueles autos a expedio de ofcio ao Cartrio Eleitoral de ............., para saber o paradeiro de seu pai.
Porm, salienta-se que isso no se faz necessrio. A contestante entrou em contato por telefone com seu filho, pessoa bem sucedida financeiramente, proprietrio de uma fbrica de plsticos, o qual se comprometeu ao pagamento, necessitando, contudo, entrar em contato com a genitora do autor, da qual se ignora o nmero telefnico.
Faz-se necessrio salientar que a contestante percebe mensalmente a importncia de dois salrios mnimos, um em decorrncia da penso por falecimento de seu esposo, e outro, em decorrncia de sua aposentadoria. Porm, tais rendimentos no so suficientes, sequer para arcar com as despesas do lar, porquanto a mesma sustenta trs filhos doentes e mais duas netas, sendo que todos moram juntos na mesma residncia. Tais alegaes so provadas por toda a documentao inclusa.
A par dos fatos, como dita o direito e lecionam os Pretrios superiores, a obrigao avoenga tem natureza supletiva, e existe desde que comprovada a impossibilidade financeira dos genitores, sob pena de onerar-se indevidamente terceiros estranhos relao.
Merece realce no presente caso a brilhante lio proferida pelo Eminente Desembargador Srgio Fernandes de Vasconcellos Chaves, relator do Agravo de Instrumento no. 70010874964, da Stima Cmara Cvel do TJRS, julgado em 23.03.2005:
Constitui dever legal dos pais prestar o sustento e tambm assegurar a plena educao aos filhos menores, sendo que a obrigao alimentar dos avs mera decorrncia do dever de solidariedade familiar, tendo seu substrato legal na regra do art. 1.694 do Cdigo Civil.
Ou seja, em primeirssimo lugar, o encargo deve ser estabelecido entre pais e filhos. Isto , cabe ao pai e me o dever de sustentar a prole comum. Caso um dos genitores no possa atender o sustento dos filhos, seja por no dispor de recursos econmicos, seja por ter falecido ou por qualquer outra razo, o dever de sustento da prole recai sobre o outro genitor.
Assim, somente quando nem o pai, nem a me possam atender as necessidades dos filhos, que cabe o chamamento dos ascendentes para faz-lo. E isso que dispe o art. 1.698 do CC, in verbis:
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar no estiver em condies de suportar totalmente o encargo, sero chamados a concorrer os de grau imediato; sendo vrias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporo dos respectivos recursos e, intentada ao contra uma delas, podero as demais ser chamadas a integrar a lide.
Essa disposio legal mostra que, no tendo os pais condies de prover o sustento dos filhos, os ascendentes podem ser chamados para prover o sustento do descendente necessitado.
Como se v, existe obrigao dos avs, bisavs e, hipoteticamente, tambm dos demais ascendentes, de concorrerem para o sustento do descendente necessitado. Mas essa obrigao residual, em razo do dever de solidariedade familiar, j que a obrigatoriedade , primeiramente, dos genitores, isto , dos pais, pai e me, e pai ou me, um na falta do outro.
Alis, YUSSEF SAID CAHALI (in Dos Alimentos, 3 ed., RT, 1999, p. 704/709) adverte, de forma incisiva, que somente aps demonstrao da inexistncia ou da impossibilidade de um dos parentes de determinada classe em prestar alimentos que se pode exigir penso alimentcia de parentes pertencentes s classes mais remotas.
E remata o eminente jurista, com preciso, que o alimentando no pode, sob pena de subverter toda a sistemtica do direito-dever de alimentos, eleger, discricionariamente, os ascendentes que devem socorr-lo.
No caso em tela, no h nos autos qualquer prova no sentido de indicar que a obrigao alimentar dos recorridos no est sendo atendida pelo genitor, nem mesmo qualquer notcia acerca da situao financeira do pai dos alimentandos. Assim, necessrio que primeiramente seja ajuizada demanda contra o genitor, no sendo possvel a imposio do nus ao av.
Por isso, repisando no crvel que se estabelea obrigao alimentar da av para o autor, sem antes esgotar as tentativas de fazer com que o pai cumpra com o acordado nos autos da separao, mormente pelo fato de no ter sido comprovada a impossibilidade dos genitores de o fazerem, com base no fato de ser o auxlio avoengo excepcional, complementar e subsidirio, conforme mencionado.
Confortando a tese da contestante, colhem-se lies jurisprudenciais emanadas do E. TJRS, abaixo colacionadas:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. FIXACAO DE ALIMENTOS PROVISRIOS A SEREM PAGOS POR AV. DESCABIMENTO. A morte do pai e o desemprego da me dos agravados, por si s, no obriga o av a pagar alimentos aos netos. A obrigao dos avs complementar e admitida quando comprovada a impossibilidade ou insuficincia do atendimento pelos pais. Mesmo desempregada, a me no incapaz e tem a obrigao de sustentar os filhos sem recorrer aos avs. At porque o av paterno, ora agravante, percebe ganho irrisrio, idoso e sua sade delicada. Isto , teve quadro de AVC recente, diabtico e portador de hipertenso arterial, necessitando de medicao continuada. Em vista disso e considerando que sua obrigao para com os netos no de mesma intensidade daquela existente por parte dos genitores, no est obrigado a sacrificar seu prprio sustento para aliment-los. DERAM PROVIMENTO AO RECURSO. (Agravo de Instrumento no. 70013489166, Stima Cmara Cvel, TJRS, Relator Ricardo Raupp Ruschel, Julgado em 05/04/2006).
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS PROVISRIOS. OBRIGAO AVOENGA. A prestao de alimentos pelo av excepcional e subsidiria, dependendo da prova de suas possibilidades, das necessidades do neto e da impossibilidade de os genitores arcarem com o sustento do menor. Ante a falta de elementos acerca destes requisitos, cabvel a suspenso da obrigao provisria fixada at que melhor se instrua o feito. Deram provimento ao agravo. Unnime. (Agravo de Instrumento no. 70014135222, Oitava Cmara Cvel, TJRS, Relatora Walda Maria Melo Pierro, Julgado em 09/03/2006).
EMENTA: ALIMENTOS PROVISRIOS. AV PATERNO. INDEFERIMENTO. SOMENTE DEPOIS DE COMPROVADO NOS AUTOS QUE O GENITOR NO TEM CONDIES ECONMICAS DE MANTER O FILHO, E QUE A SUPLEMENTAO PELO AV CABVEL E DEVIDA, CONFORME PRECEDENTES DA CMARA. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento no. 70001443316, Oitava Cmara Cvel, TJRS, Relator Jos Atades Siqueira Trindade, Julgado em 19/10/2000).
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS PROVISRIOS. AV PATERNO. Descabe a fixao de alimentos provisrios a serem prestados pelo av paterno ao neto, se no h qualquer adminculo de prova das possibilidades dele, bem como da ausncia de condies da genitora em sustentar o filho. Agravo de instrumento desprovido. (Agravo de Instrumento no. 70013397187, Oitava Cmara Cvel, TJRS, Relator Jos Atades Siqueira Trindade, Julgado em 22/12/2005).
Diante do exposto, por todos os fundamentos retro apontados, mais a documentao comprobatria que se junta, salientando-se novamente que o genitor do autor bem sucedido financeiramente, no tendo sido esgotados os meios para sua localizao a fim de que pague o pensionamento, motivo pelo qual no pode ser estabelecida a obrigao alimentar em face da av, requer o julgamento de improcedncia da ao e o deferimento do benefcio da assistncia judiciria gratuita, consoante declarao de pobreza em anexo.
Termos em que Pede deferimento. XXXXXXXXXXXXXX, XX de XX de XXXX.
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