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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO __ JUIZADO


ESPECIAL FAZENDARIO DA COMARCA DA CAPITAL - RJ

QUALIFICAÇÃO PACIENTE, neste ato representado


QUALIFICAÇÃO REPRESENTANTE seu/sua **relação** filho
QUALIFICAÇÃO ADVOGADO, com fulcro no art.272 §2º do NCPC e
103 do mesmo diploma, vem dizer que é a presente para
propor

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA DE URGENCIA

Em face de **QUALIFICAÇÃO ENTE PUBLICO*** pelos


motivos de fato e de direito a seguir expostos:

PRELIMINARMENTE

DA REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL DO AUTOR

O Autor está internado NA UPA DE CABO FRIO em


CABO FRIO - RJ, em precário estado de saúde,
impossibilitado de se locomover e providenciar os trâmites
indispensáveis à propositura da presente demanda.

Dessa forma, é necessária a nomeação de seu


filho, *****, como seu representante para o ato/curador,
para que a represente no feito, na forma dos arts. 40 ,
III, e 1767, I, do Código Civil.

DOS FATOS

O Autor atualmente esta internado na UPA –


UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO DE CABO FRIO, localizada na
Av. Vítor Rocha, 410 - Parque Burle, Cabo Frio - RJ, 28913-
000,M SOB O NUMERO DE REGISTRO 2967649, desde 30/08/2020
onde apresenta grave quadro de saúde e conforme laudo
medico necessita de remoção para CTI/UTI:

Ocorre que o mesmo aguarda vaga pelo sistema


regulatório do Estado do Rio de Janeiro desde 31/08/2020
sem resultado.
2

Cabe destacar que o Autor possui domicilio do


município do Rio de janeiro, desta forma requer a sua
transferência para unidade deste município, seja Estadual,
municipal ou paticular.

Como se vê, o paciente apresenta quadro clinico


gravíssimo, e, caso não seja transferido para um CENTRO DE
TERAPIA INTENSIVA (UTI/UCTI) e não receba o tratamento
adequado de forma imediata poderá vir a óbito.

Ora, a vida e a saúde do Autor não podem


esperar. Ainda que ponderados os interesses em jogo, só há
uma saída admissivel: a pró-cidadão, pró-vida, pró-
dignidade humana (arts. 1°, III, e 5° da CRFB/88). No
entanto, a despeito da gravidade do quadro, do direito
fundamental à saúde e do correlato dever jurídico do Estado
de prestá-la, com a máxima eficiência e efetividade, o
Autor não foi, até o presente momento, internada em local
adequado.

O UPA – UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO DE CABO


FRIO , não possui a estrutura e o aparato necessários ao
tratamento de sua saúde, e de outro lado, os entes públicos
réus não transferiram O Autor para um CENTRO DE TERAPIA
INTENSIVA (UTI/UCTI) de um hospital público ou privado para
realização do procedimento (a expensas do erário) que o
possuísse. Nada, absolutamente nada foi feito para
preservar a saúde e a própria vida do Autor.

E é certo que tal postura, diante do quadro de


urgência narrado, configura grave e inaceitável violação
negativa à Constituição, norma fundamental do Estado. Desta
forma, não resta outra saída ao Autor senão provocar o
Poder Judiciário para que os entes públicos réus cumpram o
seu compromisso constitucional, para que seja internado em
um CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA (UTI/UCTI), de um dos
hospitais da rede pública ou privada, a expensas do erário,
adequado ao tratamento de seu quadro clínico e
restabelecimento de sua saúde.

Alem de claro, para que compensem todos os danos


morais a ela acarretados. Por fim, a urgência do caso, que
implica risco imediato de lesões irreparáveis para o Autor,
justifica a atuação desse d. Juízo em regime especial, que,
no terna, é de se reconhecer, possui papel único e
enobrecedor.

DA TUTELA DE URGENCIA
3
Estando presentes os pré-requisitos
autorizadores da liminar, requer sua concessão com base no
Art. 300 do CPC para determinar que os Réus transfiram,
imediatamente, o Autor, em transporte adequado a seu quadro
clínico (UTI/CTI móvel), (i) para internação em um CENTRO
DE TERAPIA INTENSIVA (UTI/UCTI) da rede pública municipal
ou estadual de saúde, adequado para a recuperação do Autor,
bem como forneçam todo o tratamento, exames, procedimentos
e medicamentos necessários ao restabelecimento de sua
saúde, e, (ii) em caso de inexistência de vagas ou de
qualquer outro fator que inviabilize a remoção para a rede
pública, para qualquer hospital particular, a expensas dos
Réus, apto a prestar o tratamento adequado para a
recuperação do Autor até o seu completo restabelecimento,
sob pena de imposição de multa cominatória horária, no
valor de R$ 1.000,00 (mil reais), nos termos do art. 297,
500 e 537 do NCPC, os quais desde iá se indica: ii.1) CASA
DE SAÚDE NOSSA SENHORA DO CARMO, localizado na Rua
Jaquaruna, n° 105, Campo Grande, Rio de Janeiro, RJ, CEP
23.080-160, telefone: 3316-2900; ii.2) HOSPITAL
PRÓCARDIACO, localizado na Rua General Polidor°, n° 192,
Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 22280-003, telefones:
(21) 2131-1400, (21) 2528-1442 e (21) 2527-6060;
il3)FUNDACOR - FUNDAÇÃO PRÓ-CORAÇÃO, localizado na Rua das
Laranjeiras, n° 374, Laranieiras, Rio de Janeiro, RJ, CEP:
22240-006, telefone: (21) 2265-5210, requerendo-se,
outrossim, a verificação in locu por Oficial de Justiça
quanto à existência e reserva leitos disponíveis para a
internação da Autora sob pena de prisão por crime de
desobediência do representante legal ou Diretor da Unidade
Hospitalar, multa diária de R$ 10.000,00 (dez mil reais),
sem prejuízo da indicação de outros hospitais particulares
até a efetividade do provimento lurisdicional;

Diante da situação ora exposta, no caso da ausência


imediata de um provimento antecipado, ante o evidente
percurso temporal suficiente até o deslinde do processo,
corre o risco de ser inócua a prestação jurisdicional ao
final deferida. O(A) requerente não poderá suportar por
muito tempo a ausência do tratamento em local adequado,
qual seja, um leito em uma Unidade de Terapia Intensiva,
razão pela qual sua internação torna-se premente.

De outro lado, inegável a existência do


periculum in mora, respaldada nos documentos acostados
nesta peça exordial. Encontra-se comprovado que o(a)
requerente, é acometido de vários problemas de saúde,
4
aguarda vaga em leito, com possibilidade de danos
irreparáveis à sua saúde, conforme se depreende do
receituário em anexo.

Conforme relatado alhures, é reconhecido o


direito à saúde como direito fundamental e indisponível da
pessoa humana, a ser assegurado com absoluta prioridade
pelo poder público. O direito de acesso às ações e serviços
de saúde é consagrado como direito público subjetivo.

Logo, os pressupostos necessários à


procedência da tutela antecipada ora defendida estão
preenchidos, tendo em vista que os requisitos exigidos pelo
art. 273, I e II do CPC são alternativos, isto é: pode
haver periculum in mora ou ocorrência de manifesta intenção
protelatória do réu. No presente caso, a primeira
alternativa (periculum in mora) é perfeitamente aplicável.

É possível, na atualidade, fazer valer o


direito à saúde, em algumas situações específicas, através
do Poder Judiciário. Tratam-se daquelas situações em que a
doença está devidamente diagnosticada e está atestada a
necessidade de um determinado medicamento ou procedimento
médico indispensável para o controle ou tratamento da
doença. Em outras palavras, são aquelas situações em que a
proteção do direito à saúde não poder ser desvinculada da
proteção do próprio direito à vida ou do direito a uma
existência digna.

A jurisprudência assim vem se firmando:

TUTELA ANTECIPATÓRIA – Faculdade do Juiz –


Verossimilhança do pedido tutelar com o
inicial – Deferimento que se deve embasar
no fundado receio de dano irreparável ou de
difícil reparação – Inteligência do art.
273 do CPC. O art. 273 do CPC, com redação
dada pela Lei 8.952/94, expressamente
5
faculta ao Juiz, a requerimento da parte,
antecipar, total ou parcialmente, os
efeitos da tutela pretendida no pedido
inicial, desde que, existindo prova
inequívoca, se convença da verossimilhança
da alegação e haja fundado receio de dano
irreparável ou de difícil reparação, sendo
que essa tutela antecipada poderá ser
revogada ou modificada a qualquer tempo, em
decisão fundamentada, prosseguindo o
processo até final julgamento, concedida ou
não tal antecipação. (RT 736/252)

Em trato de concessão de tutela antecipada


de provimento jurisdicional, mister se faz
que o Juiz, dentro da esfera de sua
discricionariedade judicial, proceda a
prudente e cuidadosa análise, porquanto
pode haver situação emergencial que a
reclame, desde que haja prova inequívoca do
alegado e se convença de sua
verossimilhança. (RT 736/256) (sem grifo no
original)

A previsão legal esta no Art. 300 do NCPC:

Art. 300.  A tutela de urgência será


concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de
urgência, o juiz pode, conforme o caso,
exigir caução real ou fidejussória idônea
para ressarcir os danos que a outra parte
possa vir a sofrer, podendo a caução ser
dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser
concedida liminarmente ou após justificação
prévia.
6
§ 3o A tutela de urgência de natureza
antecipada não será concedida quando houver
perigo de irreversibilidade dos efeitos da
decisão.
Desta forma esta justificada e comprovada a
necessidade de concessão de antecipação de tutela
especifica no caso em tela
DO DIREITO
A Constituição Federal de 1988, no capítulo
inerente aos Direitos Sociais, estabelece o seguinte:

“Art. 6.º São direitos sociais a educação,


a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção
à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma desta
Constituição.” (destaques inovados)

Reza o artigos 196, da mesma Carta Magna:

“Art. 196, A saúde é direito de todos e


dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação.” (negritos
aditados)

Ressalte-se, ainda, os artigos 245, 248,


III, da Constituição do Estado do Ceará, a seguir
transcritos in verbis:

“Art. 245. A saúde é direito de todos e


dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à
eliminação de doenças e outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às suas
ações e serviços.”

“Art. 248. Compete ao sistema único


estadual de saúde, além de outras
7
atribuições:

III – prestar serviços de saúde, de


vigilância sanitária e epidemiológica, e
outros necessários ao alcance dos objetivos
dos sistemas, em coordenação com os
sistemas municipais;” (negritos nossos)

Diante dos princípios insculpidos na


Constituição Federal sobre a saúde, Excelência, resta ao
Judiciário atuar no caso em epígrafe para dar eficácia aos
mandamentos da Carta Magna. Desse modo, em casos análogos,
o Supremo Tribunal Federal decidiu de maneira a resguardar
tal direito fundamental. Veja-se:

"EMENTA: PACIENTE COM HIV/AIDS - PESSOA


DESTITUÍDA DE RECURSOS FINANCEIROS -
DIREITO À VIDA E À SAÚDE - FORNECIMENTO
GRATUITO DE MEDICAMENTOS - DEVER
CONSTITUCIONAL DO PODER PÚBLICO (CF, ARTS.
5º, CAPUT, E 196) - PRECEDENTES (STF) -
RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. O DIREITO À
SAÚDE REPRESENTA CONSEQÜÊNCIA
CONSTITUCIONAL INDISSOCIÁVEL DO DIREITO À
VIDA. - O direito público subjetivo à saúde
representa prerrogativa jurídica
indisponível assegurada à generalidade das
pessoas pela própria Constituição da
República (art. 196). Traduz bem jurídico
constitucionalmente tutelado, por cuja
integridade deve velar, de maneira
responsável, o Poder Público, a quem
incumbe formular - e implementar -
políticas sociais e econômicas idôneas que
visem a garantir, aos cidadãos, inclusive
àqueles portadores do vírus HIV, o acesso
universal e igualitário à assistência
8
farmacêutica e médicohospitalar.

- O direito à saúde - além de qualificar-se


como direito fundamental que assiste a
todas as pessoas - representa conseqüência
constitucional indissociável do direito à
vida. O Poder Público, qualquer que seja a
esfera institucional de sua atuação no
plano da organização federativa brasileira,
não pode mostrar-se indiferente ao problema
da saúde da população, sob pena de incidir,
ainda que por censurável omissão, em grave
comportamento inconstitucional. A
INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROGRAMÁTICA NÃO
PODE TRANSFORMÁ-LA EM PROMESSA
CONSTITUCIONAL INCONSEQÜENTE.

- O caráter programático da regra inscrita


no art. 196 da Carta Política - que tem por
destinatários todos os entes políticos que
compõem, no plano institucional, a
organização federativa do Estado brasileiro
- não pode converter-se em promessa
constitucional inconseqüente, sob pena de o
Poder Público, fraudando justas
expectativas nele depositadas pela
coletividade, substituir, de maneira
ilegítima, o cumprimento de seu
impostergável dever, por um gesto
irresponsável de infidelidade governamental
ao que determina a própria Lei Fundamental
do Estado. alternativa RE nº 271.286-AgR,
rel. Min. CELSO DE MELLO

Portanto, Ex.ª, vida e saúde são direitos


subjetivos inalienáveis. Ao Estado compete a proteção da
saúde aos cidadãos, incluindo-se na obrigação realizar
9
cirurgias necessárias ao tratamento dos menos favorecidos.

Cumpre reiterar que a presente demanda visa


proteger a própria dignidade humana do(a) autor(a) que não
pode ficar sem fraldas por falta de condições financeiras.
Sobre o princípio da dignidade da pessoa humana, fiquemos
com as preciosas considerações de Daniel Sarmento:

“Na verdade, o princípio da dignidade da


pessoa humana exprime, em termos jurídicos,
a máxima kantiana, segundo a qual o Homem
deve sempre ser tratado como um fim em si
mesmo e nunca como um meio. O ser humano
precede o Direito e o Estado, que apenas se
justificam em razão dele. Nesse sentido, a
pessoa humana deve ser concebida e tratada
como valor-fonte do ordenamento jurídico,
como assevera Miguel Reale, sendo a defesa
e promoção da sua dignidade, em todas as
suas dimensões, a tarefa primordial do
Estado Democrático de Direito”. (SARMENTO,
Daniel. A ponderação de Interesses na
Constituição. Rio de Janeiro: Lúmen Júris,
2000, p.59).

O(A) requerente tem direito inalienável e


indispensável à saúde e, em consequência, à vida, essas
ameaçadas em razão da moléstia que a afeta e, garantindo o
ordenamento jurídico do país a prestação e a oferta
regulares dos serviços de saúde, de previdência e
assistência social a todos quantos deles necessitem, nada
mais justo do que a prestação dos serviços.

Conforme a Lei Orgânica do Sistema Único de


Saúde (SUS) - Lei n.º 8.080/90 - as políticas públicas de
saúde são sistematizadas por meio de descentralizações de
ações envolvendo as três esferas governamentais (União,
Estados e Municípios) que possuem atribuições exclusivas,
10
concorrentes e complementares.

Os aludidos entes federativos participam do


Sistema Único de Saúde, esse estruturado pela Lei n. 8.080,
de 19 de setembro 1990 (Lei Orgânica da Saúde) e, tanto em
decorrência dessa Lei como por força dos dispositivos
insertos nas Constituições da República e Estadual, são
irremediavelmente obrigados a amparar a população no que
tange a garantia de sua saúde.

Com efeito, a própria LEI FEDERAL N.º


8.080, de 19 de setembro de 1990 (Lei Orgânica da Saúde),
que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes, estruturando o Serviço Único de
Saúde, dispõe em seu artigo 2.o, § 1.o, que:

Art. 2º. A saúde é um direito fundamental


do ser humano, devendo o Estado prover as
condições indispensáveis ao seu pleno
exercício.

§ 1º. O dever do Estado de garantir a saúde


consiste na formulação e execução de
políticas econômicas e sociais que visem à
redução de riscos de doenças e de outros
agravos e no estabelecimento de condições
que assegurem acesso universal e
igualitário às ações e aos serviços para a
sua promoção, proteção e recuperação.

Em seu artigo 7º, a Lei Federal n.º 8.080,


de 19 de setembro de 1990 (LEI ORGÂNICA DA SAÚDE),
estabelece como diretriz:

Art. 7º As ações e serviços públicos de


saúde e os serviços privados contratados ou
conveniados que integram o Sistema Único de
Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo
11
com as diretrizes previstas no art. 198 da
Constituição Federal, obedecendo ainda aos
seguintes princípios:

I - universalidade de acesso aos serviços


de saúde em todos os níveis de assistência;

II - integralidade de assistência,
entendida como um conjunto articulado e
contínuo das ações e serviços preventivos e
curativos, individuais e coletivos,
exigidos para cada caso em todos os níveis
de complexidade do sistema;

...........................................
...........................................
.......

IV - igualdade da assistência à saúde, sem


preconceitos ou privilégios de qualquer
espécie.

Aliás, se não é dever do Poder Público


prover a saúde, educação e segurança dos indivíduos, pouca
coisa lhe resta a fazer.

O direito fundamental à saúde insere-se no


contexto do princípio da dignidade da pessoa humana, tendo
em vista que não há que se falar em existência digna sem
que a pessoa tenha direito à saúde, inclusive através de
políticas públicas de atendimento àqueles que não dispõem
de renda para custear uma UTI em hospital particular.

Na visão sistemática, cabe-nos ratificar a


aplicabilidade imediata do direito à saúde, art. 196 e ss.
da Constituição Federal. A recusa do Requerido em
disponibilizar vaga em UTI ao substituído caracteriza a
liquidez do direito em comento. Nessa esteira, cabem os
escólios de Paulo Bonavides:
12
Mas passaram [os direitos sociais] primeiro
por um ciclo de baixa normatividade ou
tiveram eficácia duvidosa, em virtude de
sua própria natureza de direitos que exigem
do Estado determinadas prestações materiais
nem sempre resgatáveis por exiguidade,
carência ou limitação essencial de meios e
recursos.

De juridicidade questionada nesta fase,


foram eles remetidos à chamada esfera
programática (…). Atravessaram, a seguir,
uma crise de observância e execução, cujo
fim parece estar perto, desde que recentes
Constituições, inclusive a do Brasil,
formularam o preceito da aplicabilidade
imediata dos direitos fundamentais.

De tal sorte que os direitos fundamentais


da segunda geração tendem a tornar-se tão
justificáveis quanto os de primeira; pelo
menos esta é a regra que já não poderá ser
descumprida ou ter sua eficácia recusada
com aquela facilidade de argumentação
arrimada no caráter programático da norma.
Grifo nosso. (BONAVIDES, Paulo. Curso de
direito constitucional, p. 564).

O Requerido confessa sua ineficiência ou


ausência de estrutura física ao não disponibilizar leitos
em UTI suficientes a atender a toda a população, a qual
sucumbirá inexoravelmente na espera, a manter-se o quadro
atual de inércia do gestor público.

Ademais, o Tribunal de Justiça do Distrito


Federal e Territórios, assim como vários outros tribunais
do país, em julgamento de questão análoga à aqui discutida,
vem decidindo favoravelmente ao fornecimento de vaga em UTI
13
ao paciente. Vejamos:

CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. REMESSA


OFICIAL. AÇÃO COMINATÓRIA. INTERNAÇÃO EM
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI). DIREITO
FUNDAMENTAL À VIDA E À SAÚDE. PRINCÍPIOS DA
MÁXIMA EFETIVIDADE E DA FORÇA NORMATIVA DA
CONSTITUIÇÃO. EFICÁCIA IMEDIATA. ARTIGO 5º,
§1º, CF/88. LIMITAÇÃO DE CUSTOS. SISTEMA
ÚNICO DE SÁUDE (SUS). IMPOSSIBILIDADE.
LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. HOSPITAL
PRIVADO. NÃO CONFIGURAÇÃO.

1. Não há falar em litisconsórcio passivo


necessário que alcance a instituição
hospitalar privada, por ausência dos
requisitos do Art. 47 do Código de Processo
Civil.

2. As normas definidoras de direitos


fundamentais, como se qualificam o direito
à vida e à saúde, gozam de eficácia
imediata e não demandam como pressuposto de
aplicação a atuação do legislador
infraconstitucional, consoante o disposto
no artigo 5º, §1º, da Constituição Federal,
em nome da máxima efetividade e da força
normativa da Constituição. Precedentes
específicos do Supremo Tribunal Federal.

3. Nesse contexto, impõe-se a procedência


do pedido formulado pelo autor para obrigar
o Distrito Federal a promover a sua
necessária internação em Unidade de Terapia
Intensiva da rede pública ou, não sendo
possível, da rede hospitalar privada,
arcando, neste caso, com os custos
respectivos, não sendo o caso de limitarem-
14
se esses à tabela do Sistema Único de Saúde
(SUS).

4. Remessa oficial não provida. Sentença


confirmada.

(20090111449213RMO, Relator CRUZ MACEDO, 4ª


Turma Cível, julgado em 22/09/2010, DJ
05/10/2010 p. 128)

Assim, verificado o não fornecimento, até a


presente data, da vaga em UTI para o(a) Requerente, deixa o
Impetrado de cumprir o seu desiderato funcional-legal,
restando caracterizado o abuso de autoridade por omissão.

DO MÍNIMO EXISTENCIAL E DA RESERVA DO POSSÍVEL

Entende-se por mínimo existencial o


conjunto de bens e utilidades indispensáveis a uma
existência humana digna. Segundo preleciona Luiz Roberto
Barroso, o mínimo existencial previsto no ordenamento
jurídico pátrio abrange os direitos à Saúde, à Educação
Fundamental e à Moradia – este último acrescentado pela
Emenda Constitucional nº 26/2000.

A Reserva do possível são as limitações


orçamentárias que o Estado possui e que muitas vezes
impedem o atendimento de uma determinada demanda por
direitos sociais. A definição de políticas públicas, em
princípio, cabe ao legislador e ao administrador,
democraticamente eleitos para essa finalidade.

Ao Poder Judiciário só é cabível intervir


diante do propósito deliberado da autoridade em descumprir
a Constituição Federal. Mister transcrever decisão do Min.
Celso de Mello na Argüição de Descumprimento de Preceito
Fundamental nº 45, publicada no DJ de 04/05/2004:

"(...) conclui-se, desse modo, que o


objetivo perseguido na presente sede
15
processual foi inteiramente alcançado com a
edição da lei nº 10.777, de 24/11/2003,
promulgada com a finalidade específica de
conferir efetividade à EC 29/2000,
concebida para garantir, em bases adequadas
- e sempre em benefício da população do
país - recursos financeiros mínimos a serem
necessariamente aplicados nas ações e
serviços públicos de saúde. (...) sendo
assim, tendo em consideração as razões
expostas, julgo prejudicada a presente
argüição de descumprimento de preceito
fundamental, em virtude da perda
superveniente de seu objeto."(grifo nosso)

O mesmo insigne Ministro Celso de Mello,


julgando o recurso extraordinário 436.996-6/São Paulo,
publicado no DJ 07/11/2005 PP-00037, RDDP n. 34, 2006, p.
188-193, asseverou que:

“Cumpre advertir, desse modo, que a


cláusula da ‘reserva do possível’ -
ressalvada a ocorrência de justo motivo
objetivamente aferível - não pode ser
invocada, pelo Estado, com a finalidade de
exonerar-se, dolosamente, do cumprimento de
suas obrigações constitucionais,
notadamente quando, dessa conduta
governamental negativa, puder resultar
nulificação ou, até mesmo, aniquilação de
direitos constitucionais impregnados de um
sentido de essencial fundamentalidade”.
(destaque nosso)

Assim é que a reserva do possível só pode


ser invocada pelo Estado se houver um motivo justificável
objetivamente aferível, confrontando-se a razoabilidade da
16
pretensão com a disponibilidade orçamentária. Destarte,
dentro dos direitos sociais há o mínimo existencial,
direito este que constitui meta prioritária do Estado e
necessita de maior efetividade, sobre o qual jamais se
poderá invocar a reserva do possível.

DA POSSIBILIDADE DO SEQUESTRO DE VERBAS PÚBLICAS

O STJ vem entendo cabível o bloqueio de


valores em contas públicas em algumas situações, como a
necessidade imediata de preservação da saúde humana,
mediante o fornecimento de medicamentos em caráter de
urgência.

Tem-se o bloqueio de valores em contas


públicas é mais uma forma de realizar a tutela específica,
haja vista que o art. 461, § 5º, não é taxativo, pois
permite interpretação analógica, uma vez que contém a
expressão geral “tais como”.

Submeter à presente antecipação de tutela


ao regime dos precatórios seria o mesmo que negar a
antecipação da tutela contra o poder público em casos não
incluídos na vedação inserida no art.1º da Lei 9.494/97.

O Superior Tribunal de Justiça assim


decidiu, verbis:

ADMINISTRATIVO. CUSTEIO DE TRATAMENTO


MÉDICO. BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS.
POSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO A DISPOSITIVOS
CONSTITUCIONAIS. APRECIAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. I - O atual entendimento
desta Colenda Primeira Turma é no sentido
da possibilidade do bloqueio de valores em
contas públicas para garantir o custeio de
tratamento médico ou fornecimento de
medicamentos indispensáveis à manutenção da
17
saúde e da vida. Precedentes: EREsp nº
770.969/RS, Rel. Min. JOSÉ DELGADO,
Primeira Seção, DJ de 21.08.2006; EREsp nº
787.101/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira
Seção, DJ de 14.08.2006; REsp nº
832.935/RS, Rel. Min. TEORI ALBINO
ZAVASCKI, DJ de 30.06.2006. II - Inviável a
apreciação dos fundamentos adotados pelo
STF na apreciação da Suspensão de Tutela
Antecipada - STA 91, seja porque tal
argumentação fora trazida apenas nesta sede
regimental como verdadeira emenda à petição
de recurso especial, afrontando os
Princípios da Preclusão, da Eventualidade e
da Complementaridade, seja porque tais
fundamentos são de ordem eminentemente
constitucional, cujo exame é reservado ao
Supremo Tribunal Federal, não podendo esta
Corte nesta sede especial sobre eles se
manifestar sequer a título de
prequestionamento. III - Agravo regimental
improvido.(STJ; AgRg no REsp 920468 / RS ;
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL
2007/0017261-9; Ministro FRANCISCO FALCÃO;
T1 - PRIMEIRA TURMA; Data do Julgamento:
17/05/2007; Data da Publicação/Fonte: DJ
31.05.2007 p. 408).

ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM


RECURSO ESPECIAL. PRESERVAÇÃO DA SAÚDE E
FORNECIMENTO DE REMÉDIOS. BLOQUEIO DE
VERBAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. ART. 461, §
5º, DO CPC. INEXISTÊNCIA DO APONTADO
DISSENSO PRETORIANO. PRECEDENTES. EMBARGOS
DE DIVERGÊNCIA NÃO-PROVIDOS. 1. Em exame
embargos de divergência manejados pelo
18
Estado do Rio Grande do Sul, em impugnação
a acórdão que entendeu cabível o bloqueio
de verbas públicas em situações
excepcionais, tais como a necessidade
imediata da preservação da saúde da pessoa
humana, mediante o fornecimento de
medicação em caráter de urgência, sob risco
de óbito do suplicante. O aresto embargado,
proferido pela 2ª Turma, tem a ementa
seguinte (fl. 111): "ADMINISTRATIVO
PROCESSUAL CIVIL. CUSTEIO DE TRATAMENTO
MÉDICO. MOLÉSTIA GRAVE. BLOQUEIO DE VALORES
EM CONTAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. ART.
461, CAPUT E § 5º DO CPC. 1. Além de prever
a possibilidade de concessão da tutela
específica e da tutela pelo equivalente, o
CPC armou o julgador com uma série de
medidas coercitivas, chamadas na lei de
"medidas necessárias", que têm como escopo
o de viabilizar o quanto possível o
cumprimento daquelas tutelas. 2. As medidas
previstas no § 5º do art. 461 do CPC foram
antecedidas da expressão "tais como", o que
denota o caráter não-exauriente da
enumeração. Assim, o legislador deixou ao
prudente arbítrio do magistrado a escolha
das medidas que melhor se harmonizem às
peculiaridades de cada caso concreto. 3.
Submeter os provimentos deferidos em
antecipação dos efeitos da tutela ao regime
de precatórios seria o mesmo que negar a
possibilidade de tutela antecipada contra a
Fazenda Pública, quando o próprio Pretório
Excelso já decidiu que não se proíbe a
antecipação de modo geral, mas apenas para
resguardar as exceções do art. 1º da Lei
19
9.494/97. 4. O disposto no caput do artigo
100 da CF/88 não se aplica aos pagamentos
de obrigações definidas em lei como de
pequeno valor, de modo que, ainda que se
tratasse de sentença de mérito transitada
em julgado, não haveria submissão do
pagamento ao regime de precatórios.5. Em
casos como o dos autos, em que a efetivação
da tutela concedida está relacionada à
preservação da saúde do indivíduo, a
ponderação das normas constitucionais deve
privilegiar a proteção do bem maior que é a
vida.

6. Recurso especial improvido." (REsp


770.969/RS, DJ 03/10/2005, 2ª Turma, Rel.
Min. Castro Meira) A título de paradigma, o
Estado requerente indicou o Resp
766.480/RS, o qual, segundo alega, dispõe
não ser possível o seqüestro de dinheiro ou
de outros bens públicos. Confira-se:
"PROCESSUAL CIVIL. TUTELA ANTECIPADA. MEIOS
DE COERÇÃO AO DEVEDOR (CPC, ARTS. 273, §3º
E 461, §5º). FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS
PELO ESTADO. BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS.
IMPOSSIBILIDADE. 1. É cabível, inclusive
contra a Fazenda Pública, a aplicação de
multa diária (astreintes) como meio
coercitivo para impor o cumprimento de
medida antecipatória ou de sentença
definitiva de obrigação de fazer ou
entregar coisa, nos termos dos artigos 461
e 461A do CPC. Nesse sentido é a
jurisprudência do STJ, como se pode
verificar, por exemplo, nos seguintes
precedentes: AgRg no Ag 646240/RS, 1ª T.,
20
Min. José Delgado, DJ de 13.06.2005; RESP
592132/RS, 5ª T., Min. José Arnaldo da
Fonseca, DJ de 16.05.2005; AgRg no RESP
554776/SP, 6ª T., Min. Paulo Medina, DJ de
06.10.2003; AgRg no REsp 718011/TO, 1ª
Turma, Min. José Delgado, DJ de 30.05.2005.

2. Todavia, não se pode confundir multa


diária (astreintes), com bloqueio ou
seqüestro de verbas públicas. A multa é
meio executivo de coação, não aplicável a
obrigações de pagar quantia, que atua sobre
a vontade do demandado a fim de compeli-lo
a satisfazer, ele próprio, a obrigação
decorrente da decisão judicial. Já o
seqüestro (ou bloqueio) de dinheiro é meio
executivo de sub-rogação, adequado a
obrigação de pagar quantia, por meio do
qual o Judiciário obtém diretamente a
satisfação da obrigação, independentemente
de participação e, portanto, da vontade do
obrigado. 3. Em se tratando da Fazenda
Pública, qualquer obrigação de pagar
quantia, ainda que decorrente da conversão
de obrigação de fazer ou de entregar coisa,
está sujeita a rito próprio (CPC, art. 730
do CPC e CF, art. 100 da CF), que não
prevê, salvo excepcionalmente (v.g.,
desrespeito à ordem de pagamento dos
precatórios judiciários), a possibilidade
de execução direta por expropriação
mediante seqüestro de dinheiro ou de
qualquer outro bem público, que são
impenhoráveis. 4. Recurso especial
parcialmente conhecido e, nesta parte,
provido." (REsp 766.480/RS, DJ 03/10/2005,
21
1ª Turma, Rel. Min. Teori Zavascki) 2. Em
situações reconhecidamente excepcionais,
tais como a que se refere ao urgente
fornecimento de medicação, sob risco de
perecimento da própria vida, a
jurisprudência deste Superior Tribunal de
Justiça é reiterada no sentido do cabimento
do bloqueio de valores diretamente na conta
corrente do Ente Público. 3. Com efeito, o
art. 461, § 5º, do CPC ao referir que o
juiz poderá, de ofício ou a requerimento da
parte, para a efetivação da tutela
específica ou para obtenção do resultado
prático equivalente, “determinar as medidas
necessárias, tais como a imposição de multa
por tempo de atraso, busca e apreensão,
remoção de pessoas ou cousas, desfazimento
de obras e impedimento de atividade nociva,
se necessário com requisição de força
policial”, apenas previu algumas medidas
cabíveis na espécie, não sendo, contudo,
taxativa a sua enumeração. De tal maneira,
é permitido ao julgador, à vista das
circunstâncias do caso apreciado, buscar o
modo mais adequado para tornar efetiva a
tutela almejada, tendo em vista o fim da
norma e a impossibilidade de previsão legal
de todas as hipóteses fáticas. É possível,
pois, em casos como o presente, o bloqueio
de contas públicas. 4. Tal como se
evidencia, não há divergência
jurisprudencial a ser dirimida, ao
contrário, como restou demonstrado, o
acórdão embargado está em absoluta sintonia
com o entendimento aplicado à questão por
este Superior Tribunal de Justiça, que
22
admite, em situações excepcionais, o
bloqueio direto de verbas públicas. 5. No
caso, a autorização excepcional para o
bloqueio de valores públicos objetivou o
fornecimento de medicação, em caráter de
urgência, à parte suplicante, sob pena de
comprometimento da própria vida.6. Embargos
de divergência não-providos.(STJ; EREsp
770969 / RS ; EMBARGOS DE DIVERGENCIA NO
RECURSO ESPECIAL2005/0190161-9; Ministro
JOSÉ DELGADO; Órgão Julgador: S1 - PRIMEIRA
SEÇÃO; Data do Julgamento: 28/06/2006; Data
da Publicação/Fonte: DJ 21.08.2006 p. 224).
(grifo nosso).

Incumbe ainda examinar que não há que se


confundir multa diária com o sequestro de contas públicas,
pois enquanto no primeiro caso é meio de coerção indireta
onde se busca a tutela específica; no segundo há meio
executivo por sub-rogação. Neste último caso, o Judiciário
obtém diretamente a satisfação total ou parcial da
obrigação, independentemente da vontade do obrigado.

Destarte, in casu, surge a necessidade do


sequestro de contas públicas, como medida de emergência,
com o escopo de garantir imediatamente a vaga em leito de
UTI necessária para manter a saúde e vida do(a) autor(a),
bem como a imprescindibilidade das astreintes, como forma
de impulsionar o Estado a prestar continuadamente a vaga de
UTI.

DO DANO MORAL
Deve ser reconhecido ao(a) autora o direito
ao ressarcimento pelos danos morais sofridos, uma vez que
houve injusta e abusiva recusa de disponibilizar uma UTI,
ora pleiteado, extrapolando o mero aborrecimento.

O dano moral, como se sabe, é um dano


23
pessoal não econômico. No sentido da presente quizila,
transmuda-se no sentimento de impotência do(a) autor(a), na
sua angústia de não ter uma vaga de UTI, de imediato.

A avaliação do dano moral, por sua vez,


requer a convergência de duas forças: a punitiva, para que
o causador do dano sofra as consequências de seu ato e, em
tese, o desestimule a que assim haja em casos futuros; e a
compensatória, correspondente ao pagamento de uma
indenização aos requerentes, face ao mal sofrido, embora se
saiba que a moral não tem preço.

Ressalte-se que, no âmbito do Direito


Administrativo, a responsabilidade civil prescinde do
elemento culpa, inserindo-se como pressupostos do dever de
indenizar: a) conduta humana, b) nexo de causalidade e c)
dano ou prejuízo.

A responsabilidade do Estado ou
responsabilidade da Administração Pública, conforme a
denominação de parte da doutrina, encontra guarida
constitucional, em especial, na disposição do art. 37, §
6º, da Constituição Federal de 1988. Entendemos mais
acertada a denominação responsabilidade do Estado,
porquanto ainda que na maioria das vezes o Estado responda
por sua atuação administrativa, por atos da Administração,
do Poder Executivo, casos há em que haverá sua
responsabilização por atos judiciais e legislativos.

Conforme salientado, mister trazer à


colação a dicção do art. 37, da CF/88:

Art. 37. A administração pública direta e


indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao
24
seguinte: (Redação da EC n. 19/98)

[...];

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito


público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos
de dolo ou culpa.

A doutrina afirma que a responsabilidade do


Estado será sempre objetiva, ainda no que tange aos atos
omissivos, sob o pálio da isonomia e da busca de igualdade
de todos frente aos ônus do Estado. Aqui, encontramos Hely
Lopes Meirelles, Celso Ribeiro Bastos, Yussef Said Cahali,
entre outros. Para esses autores, a Constituição Federal
não fez qualquer ressalva ao artigo 37, § 6º, quando da
utilização do verbo “causarem”, pelo que indissociável,
também, das condutas omissivas. Aduzem, ademais, que
entender o contrário vai de encontro à evolução da
responsabilidade civil do Estado tendente à objetivação,
configurando um verdadeiro e inaceitável retrocesso.

Na mesma trilha, rechaçam os argumentos


da Teoria Subjetiva da Responsabilidade por atos omissivos,
afirmando que a conduta omissiva é, também, do ponto de
vista jurídico, causa do dano e não apenas sua condução.
Salientam, ademais, que a conduta omissiva é sempre
contrária à lei, e em face de sua gravidade necessária a
responsabilização objetiva do Estado, porquanto imperiosa à
manutenção da ordem pública e da paz social.

No mesmo sentido é como não poderia deixar


de ser o entendimento de nossos Tribunais a exemplo das
decisões a seguir transcritas:

REMESSA NECESSÁRIA, APELAÇÃO CÍVEL E


25
RECURSO ADESIVO EM AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS E MATERIAIS - PACIENTE EM
ESTADO GRAVÍSSIMO - NECESSIDADE DE
INTERNAÇÃO EM UTI E DE NUTRIÇÃO PARENTAL -
FALTA DE VAGA E DA ALIMENTAÇÃO ESPECIAL -
OMISSÃO NA PRESTAÇÃO DE ATENDIMENTO À SAÚDE
- VIOLAÇÃO AO ART. 196 DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL - PRESENÇA DOS REQUISITOS DO DEVER
DE INDENIZAR - DANOS MATERIAIS NÃO
COMPROVADOS - DANOS MORAIS EVIDENCIADOS -
Redução do valor da compensação para valor
condizente à extensão do dano.
Complementação da sentença em relação ao
termo inicial dos juros de mora e da
correção monetária. Conhecimento da remessa
e dos recursos voluntários. Provimento
parcial do recurso oficial e do apelo e
desprovimento do recurso adesivo. (TJRN -
RN-AC-RA 2011.002190-5 - 1ª C.Cív. - Relª
Juíza Conv. Fátima Soares - DJe 25.01.2013
- p. 13)

APELAÇÃOES CÍVEIS - CONSTITUCIONAL,


ADMINISTRATIVO E CIVIL - REALIZAÇÃO DE
CIRURGIA - TEMPO DE ESPERA PELO
PROCEDIMENTO - DANOS MORAIS -
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA UNIÃO, ESTADO
E MUNICÍPIO - ART. 198 DA CRFB/88 -
RECURSOS IMPROVIDOS - 1- Cuida-se de
apelações cíveis interpostas pelo Estado do
Rio de Janeiro, pela União e pelo Município
de Duque de Caxias em face da r. sentença,
originária do Juízo da 2.ª Vara Federal da
Subseção Judiciária de Duque de Caxias-RJ,
prolatada Nos autos da ação de
conhecimento, sob o procedimento comum
26
ordinário, através da qual pretende o autor
a condenação dos réus na obrigação de
fazer, consistente na realização de
cirurgia ortopédica, bem assim na de
reparar os danos morais decorrentes do
excessivo tempo de espera pelo procedimento
cirúrgico. 2- A União, os Estados e o
Município são responsáveis solidários pela
saúde frente aos indivíduos, sendo, pois,
os legitimados passivos nas ações cuja
causa de pedir é o fornecimento de
medicamentos e/ou leitos aos necessitados,
como no caso em tela. 3- A solidariedade
passiva destes entes públicos encontra-se
disposta no art. 198, caput e parágrafo
único, da Constituição Federal , em que
afirma que "as ações e serviços públicos de
saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema
único" e que o sistema único de saúde será
financiado com recursos do orçamento da
"seguridade social, da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, além
de outras fontes". 4- A atuação da
Administração Pública é pautada pelo
princípio da eficiência, baseando-se na
desburocratização e na melhor utilização
possível dos recursos públicos, visando à
satisfação ampla do bem comum. 5- Em
oposição a esta tese da "reserva do
possível", temos a adoção pelo Supremo
Tribunal Federal da preservação do núcleo
consubstanciador do "mínimo existencial". A
Corte vem aceitando a denominada "dimensão
política de jurisdição constitucional", que
permite o exercício do controle judicial em
27
tema de implementação de políticas públicas
para garantir o "mínimo existencial". 6- O
STF só vem aceitando a aplicação da
cláusula da "reserva do possível" quando a
Administração Pública comprovar, de forma
objetiva, no caso concreto, sua
incapacidade econômica para implementação
de determinada política pública. Esse
entendimento da Suprema Corte está resumido
no voto do Ministro Gilmar Mendes, Relator
do STA 175 - Agr/CE (Informativo nº 582 de
2010). 7- In casu, cumpre consignar que,
muito embora o demandante não seja pessoa
idosa, não se mostra razoável exigir a
espera de 4 (quatro) anos para ser operado,
se há indicação médica para a sujeição ao
procedimento cirúrgico, inclusive já tendo
sido o autor encaminhado para a realização
dos exames pré-operatórios. Demais, disso,
salientese que os apelantes não comprovaram
de forma objetiva a ausência de recursos
para a realização da cirurgia, devendo ser
afastada a alegação da "reserva do
possível", conforme entendimento do Supremo
Tribunal Federal. 8- A Constituição Federal
de 1988 consagrou a teoria da
responsabilidade civil objetiva do Estado
(art. 37, § 6º), a qual se funda no risco
administrativo, ou seja, para a aferição da
responsabilidade civil do Estado e o
conseqüente reconhecimento do direito à
reparação pelos prejuízos causados, é
suficiente que se prove o dano sofrido e o
nexo de causalidade entre a omissão/conduta
atribuíveis ao Poder Público, ou aos que
agem em seu nome, por delegação, e o
28
aludido dano. De todo modo, é permitido ao
Estado afastar a sua responsabilidade nos
casos de exclusão do nexo causal fato
exclusivo da vítima, caso fortuito, força
maior e fato exclusivo de terceiro-. 9- A
reparação civil do dano moral, diversamente
do que se verifica em relação ao dano
patrimonial, não visa a recompor a situação
jurídicopatrimonial do lesado, mas sim à
definição de valor adequado, em razão de
alguma das violações às dimensões da
dignidade da pessoa humana, como a
liberdade, a integridade físico-psíquica, a
solidariedade e a isonomia, pois o fim da
teoria em análise não é apagar os efeitos
da lesão, mas reparar os danos. 10- A
configuração do dano moral, em várias
situações, decorre apenas da prática do ato
com repercussão na vítima, tratando-se de
hipótese que independe de comprovação de
abalo a bem jurídico extrapatrimonial. 11-
Conforme atesta a doutrina de direito
civil, os danos morais, ao contrário dos
materiais, decorrem da lesão a algum dos
aspectos atinentes à dignidade humana. A
repercussão de tais lesões na personalidade
da vítima nem sempre é de fácil liquidação.
Contudo, tal é a gravidade da lesão à
dignidade, segundo a ordem constitucional,
que se admite presumível o dano moral pelo
simples fato da lesão, independentemente da
sua efetiva comprovação. 12- "Não obstante,
não caiba ao Poder Judiciário se imiscuir
nas escolhas do Administrador no que
concerne à gestão dos recursos públicos e,
portanto, no que concerne aos critérios por
29
ele eleitos à prestação da saúde, não se
pode entender condizente com o atendimento
digno a garantia constitucional do direito
à saúde uma espera de mais de 3 (três) anos
para realização por procedimento cirúrgico
pelo Estado (em sentido lato). Tal demora,
sem dúvida, fere a dignidade da pessoa
humana, princípio fundamental da nossa
República ( art. 1º, III, CR/88 ), direito
fundamental e nviolável cuja salvaguarda
pode, sim, e deve ser diligenciada pelo
Poder Judiciário. Vê-se que a parte autora
tem sua vida estagnada enquano espera ´a
chegada de sua vez´, padecendo de dor que,
embora seja subjetiva, é aferível in re
ipsa, e potencializada pela dor concreta,
física, minimamente amenizada pelso
remédios que tem que ingerir enquanto não
recebe a prestação (cirurgia) do Estado
compatível com sua real necessidade." 13-
Apelaçoes improvidas. Sentença mantida.
(TRF-2ª R. - AC 2011.51.68.003085-9 - Rel.
Guilherme Calmon Nogueira da Gama - DJe
17.07.2012 )

ESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO AÇÃO CIVIL


PÚBLICA DEMORA NO FORNECIMENTO DE
MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS PRETENSÃO
INDENIZATÓRIA LEGITIMIDADE ATIVA DO
MINISTÉRIO PÚBLICO TUTELA DE INTERESSES
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS PRESENÇA DE
RELEVANTE INTERESSE SOCIAL INTERESSE
PROCESSUAL VERIFICAÇÃO DE CONFLITO DE
INTERESSES UTILIDADE DO PROVIMENTO
PRETENDIDO AOS BENEFICIÁRIOS POSSIBILIDADE
30
JURÍDICA DO PEDIDO CONDENAÇÃO GENÉRICA
AUTORIZADA POR LEI APLICABILIDADE DO ART.
95 DO CDC LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO
ENTRE UNIÃO, ESTADO E MUNICÍPIOS ALEGAÇÃO
AFASTADA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
LEGÍTIMA A PROPOSITURA CONTRA APENAS UM DOS
CO-RESPONSÁVEIS AGRAVO RETIDO DESPROVIDO
RESPONSABILIDADE OBJETIVA OMISSÃO
ESPECÍFICA DE DEVER ESTATAL MAU
GERENCIAMENTO DA POLÍTICA PÚBLICA DE
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS DANOS
MATERIAIS (DANOS EMERGENTES E LUCROS
CESSANTES) E MORAIS EVIDENTES E NOTÓRIOS
RECURSO DE APELAÇÃO PROVIDO - Recurso de
agravo retido desprovido e recurso de
apelação cível provido. (TJPR - AC 0771181-
9 - 2ª C.Cív. - Rel. Des. Eugenio Achille
Grandinetti - DJe 16.11.2011 - p. 348)

A angústia e o sofrimento podem não ser


erradicados totalmente, mas há um lenitivo amenizador, de
vez que o passado não pode ser extinto, porém o futuro pode
ser melhorado. Ademais, se o dano não pode deixar de ser
ressarcido, sempre haverá uma solução, que, embora não seja
a ideal, pode, entrementes, concorrer muito para levantar a
moral do atingido.

A prestação pecuniária, cuja função seria


satisfatória, não pretende refazer o patrimônio, mas
proporcionar ao lesado uma compensação, devida pelo que
este sofreu, amenizando as agruras oriundas do dano extra
patrimonial.

De salientar, ainda, que, para a doutrina e


a jurisprudência, o dano moral existe tão somente pela
ofensa sofrida e dela é presumido, sendo bastante para
justificar a indenização, não devendo ser simbólica, mas
31
efetiva, dependendo das condições socioeconômicas do(a)
autor(a). É corrente majoritária, portanto, em nossos
tribunais a defesa de que, para a existência do dano moral,
não se questiona a prova do prejuízo, e sim a violação de
um direito constitucionalmente previsto.

Trata-se do denominado dano moral puro, o


qual se esgota na própria lesão à personalidade, na medida
em que estão ínsitos nela. Por isso, a prova destes danos
restringir-se-á à existência do ato ilícito, devido à
impossibilidade e à dificuldade de realizar-se a prova dos
danos incorpóreos. Não é sem razão que os incisos V e X do
artigo 5º da CF/88 asseguram com todas as letras a
reparação por dano moral, senão vejamos:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei,


sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta,


proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida


privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua
violação;”

A reparação do dano moral não visa reparar


a dor no sentido literal, mas sim, aquilatar um valor
compensatório que amenize o sofrimento provocado por aquele
dano, sendo a prestação de natureza meramente satisfatória.

No concernente à necessidade de prova deste


32
tipo de abalo, o Pretório Excelso proclama que:

“A indenização a título de dano moral não


exige comprovação de prejuízo” (RT
614/236), por ser este uma consequência
irrecusável do fato e um “direito subjetivo
da pessoa ofendida” (RT 124/299).

Também o STJ tem entendido que:

“em se tratando de dano moral puro, não há


falarem prova do dano moral, mas sim, na
prova do fato que gerou a dor, o
sofrimento, sentimentos íntimos que o
ensejam, para gerar o dever de indenizar”.
(Ac. 4ª T do STJ no AgRg 701.915-SP, Rel.
Min. Jorge Scartezzinni, j. 25-10-05).

Pelo que se vê, insigne judicante, a única


prova que se concebe nas ações indenizatórias é a da
existência dos fatos colacionados na peça prefacial.
Incontroversos os fatos, ou devidamente provados na fase
instrutória do processo, resta para se caracterizar a
existência de dano moral apenas o estabelecimento do nexo
causal entre o ato ilícito praticado pelo agente e os fatos
narrados pelo autor.

No que se refere à fixação do quantum a


título de dano moral, a boa doutrina e a jurisprudência
majoritária têm entendido que o montante fica ao prudente
arbítrio do juiz, mas devendo-se levar em conta os fatos, à
reprimenda ao ofensor como forma de se dissuadir ao
cometimento de novos atentados ao patrimônio de outrem, à
capacidade financeira do ofensor e a amenização da situação
imposta à requerente.

Justa e devida, portanto, a indenização a


título de danos morais ao suplicante, porquanto dotada de
respaldo legal, a ser arbitrada em função da dor física e
33
moral que experimentou por culpa exclusiva do Estado.
Apenas para supedanear a decisão meritória, o parâmetro que
entende razoável a requerente é o de que o valor
R$62.700,00 (sessenta e dois mil e setecentos reais) ou 60
salarios mínimos.

DO PEDIDO

Ex positis, requerer os Autor:

A) A concessão do beneficio da gratuidade de justiça;

b) A nomeação de Seu filho, ***, como curador para o fim de


representar o Autor na presente demanda, na forma dos arts.
4°, III, e 1767, 1, do Código Civil;

c) A concessão, inaudita altera parte e com fulcro no


artigo 300 do Novo Código de Processo Civil, da antecipação
dos efeitos da tutela pretendida, para determinar que os
Réus transfiram, imediatamente, o Autor, em transporte
adequado a seu quadro clínico (UTI/CTI móvel), (i) para
internação em um CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA (UTI/UCTI) da
rede pública municipal ou estadual de saúde, adequado para
a recuperação do Autor, bem como forneçam todo o
tratamento, exames, procedimentos e medicamentos
necessários ao restabelecimento de sua saúde, e, (ii) em
caso de inexistência de vagas ou de qualquer outro fator
que inviabilize a remoção para a rede pública, para
qualquer hospital particular, a expensas dos Réus, apto a
prestar o tratamento adequado para a recuperação do Autor
até o seu completo restabelecimento, sob pena de imposição
de multa cominatória horária, no valor de R$ 1.000,00 (mil
reais), nos termos do art. 297, 500 e 537 do NCPC, os quais
desde iá se indica: ii.1) CASA DE SAÚDE NOSSA SENHORA DO
CARMO, localizado na Rua Jaquaruna, n° 105, Campo Grande,
Rio de Janeiro, RJ, CEP 23.080-160, telefone: 3316-2900;
ii.2) HOSPITAL PRÓCARDIACO, localizado na Rua General
Polidor°, n° 192, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 22280-
003, telefones: (21) 2131-1400, (21) 2528-1442 e (21) 2527-
6060; il3)FUNDACOR - FUNDAÇÃO PRÓ-CORAÇÃO, localizado na
Rua das Laranjeiras, n° 374, Laranieiras, Rio de Janeiro,
RJ, CEP: 22240-006, telefone: (21) 2265-5210, requerendo-
se, outrossim, a verificação in locu por Oficial de Justiça
quanto à existência e reserva leitos disponíveis para a
internação da Autora sob pena de prisão por crime de
desobediência do representante legal ou Diretor da Unidade
Hospitalar, multa diária de R$ 10.000,00 (dez mil reais),
sem prejuízo da indicação de outros hospitais particulares
até a efetividade do provimento lurisdicional;
34
d) Não cumprida a obrigação de fazer, (i) a fixação de
multa dirigida ao Secretário de Saúde do ****, na forma do
artigo 77, §2°, do NCPC, por ato atentatório ao exercício
da jurisdição; e (ii) com fulcro nos artigos 297 e 536,
§1°, do NCPC, a imediata retirada do valor necessário ao
custeio da internação e de todos os procedimentos
indispensáveis à efetivação da tutela diretamente dos
cofres estaduais e municipais, podendo o oficial de justiça
se valer de arrombamento e de força policial se necessário
for, ou o bloqueio, via penhora online, do valor
correspondente diretamente dos fundos Estadual e Municipal
de saúde, sob pena de prisão imediata da autoridade
responsável;

e) A citação do *****, na pessoa de seus representantes


legais, para responderem a presente, sob pena de revelia;

f) A intimação da central reguladora de leitos do Estado do


Rio de Janeiro e do Município do Rio de janeiro;

G) pagamento de indenização por danos morais no valor


equivalente na data de hoje a R$62.700,00 (sessenta e dois
mil e setecentos reais), devendo pesar sobre o bolso da
ofensora como um fator de desestímulo a fim de que não
reincida na ofensa.

H) Seja a Tutela Antecipada convertida em definitiva.

i) A condenação dos Réus ao pagamento de custas judiciais,


despesas processuais e honorários advocatícios, na razão de
20% sobre o valor da causa na forma do Art. 85 e SS do
NCPC;

DAS PROVAS

Além dos documentos probantes que instruem a


inicial, protesta a Autora, pela produção de todos os meios
de provas admitidas, Art.369 do NCPC, sob. pena de
confesso, e a produção de prova documental supletiva, se
necessário.

DA MEDIAÇÃO

O Autor dispensa o instituto da mediação.

DO VALOR DA CAUSA

Dar-se a causa o valor de R$62.700,00 (sessenta e dois mil


e setecentos reais).

Termos em que,
35
Pede deferimento.

Rio de janeiro 02 de Setembro de 2020

NOME ADV E OAB

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