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E. C. , brasileira, viúva, pensionista, residente e domiciliada na Av., n. , Bairro dos ...., João
Pessoa/PB, inscrita no CPF (MF) sob o nº. e portadora do RG: ........., por intermédio da advogada, adiante
assinada – instrumento procuratório acostado com endereço eletrônico e profissional inserto na referida
procuração, o qual, em obediência à diretriz fixada no art. 106, inc. I c/c art. 287, ambos do CPC, indica-o para
as intimações que se fizerem necessárias, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, ajuizar a
presente,
em face do FUSEX – FUNDO DE SAÚDE DO EXÉRCITO, situada na Av. Pres. Epitácio Pessoa, 2121 - Estados, João
Pessoa - PB, em razão das justificativas de ordem fática e de direito abaixo evidenciadas.
A Autora não tem condições de arcar com as despesas do processo, uma vez que são insuficientes seus
recursos financeiros para pagar todas as despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais, haja
vista que é pensionista.
Destarte, a Demandante ora formula pleito de gratuidade da justiça, o que faz por declaração de seu
patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105, in fine, ambos do CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta
no instrumento procuratório acostado e ademais resta por si declarado sua afirmação nos termos do
instrumento de mandado que instrui a demanda.
( b ) Quanto à audiência de conciliação (CPC, art. 319, inc. VII)
A Promovente opta pela realização de audiência conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII), razão qual requer
a citação da Promovida, por carta (CPC, art. 247, caput) para comparecer à audiência designada para essa
finalidade (CPC, art. 334, caput c/c § 5º), antes, porém, avaliando-se o pleito de tutela de urgência aqui
almejada.
A Autora, em face do que dispõe o Código de Processo Civil, assevera que é portadora de doença grave
– documento comprobatório anexo e ainda é maior de 60 anos.
A previsão legal que assegura prioridade processual nas demandas judiciais tem como escopo
possibilitar a parte possibilidade de conhecer e usufruir da decisão do Poder Judiciário de modo efetivo e célere.
Desta feita, requer-se que V.Exa. determine:
I) Prioridade na tramitação de todos os atos e diligências do presente processo.
II) Que o cartório observe rigorosamente a concessão do benefício.
I – CONSIDERAÇÕES FÁTICAS
Ocorre que o Fusex – Fundo de Saúde do Exército, plano cuja promovente é conveniada, negou cobertura
à prestação da Radioterapia recomendada pelo médico responsável pelo tratamento, sob a alegação de que o
referido tratamento não possui previsão na lista da ANS.
Registre-se também, que o medicamento quimioterápico (TEMODAL 130 mg) referente ao primeiro ciclo de 42
dias até a presente data ainda não foi liberado o seu fornecimento pelo promovido para a promovente.
O promovido autorizou para o tratamento da doença um outro tipo de radioterapia, não recomendada
como a mais adequada e eficaz para o tratamento da promovente, corroborando assim a urgência e
imprescindibilidade de realização do tratamento.
Anote-se que providenciado o encaminhamento do início do tratamento junto a empresa ONCOVIDA
localizada em João Pessoa-PB (conveniada ao FUSEX), a Promovente foi surpreendida com a NEGATIVA DE
AUTORIZAÇÃO por parte do plano de saúde, ora promovido, sob o argumento de que o procedimento requerido
pelo médico não integra o rol da ANS.
Diante da negativa do Promovido, a Autora procurou saber da clínica quanto seria o custo do
procedimento de aplicação da Radioterapia de Intensidade Modulada necessária e indispensável para
tratamento de sua enfermidade, e, conforme demonstra-se através do orçamento colacionado que referido
procedimento alcança à soma de R$ 22.000,00 (Vinte e dois mil reais), nesse primeiro ciclo.
O valor do procedimento ultrapassa em muito a capacidade econômica da Promovente, visto que é
pensionista e percebe mensalmente o suficiente para o seu sustento e custeio de medicamentos.
Como dito em linhas outras a promovente já é beneficiária do plano de saúde de seu falecido esposo,
fazendo uso de medicamentos, agora de uso contínuo, como (Decadron, Hidantal, exodus, codein, pantoprazol),
faz uso também de suplementos alimentares sustein por recomendação médica para restabelecer-se do
procedimento cirúrgico a que se submeteu.
Sendo, beneficiária do plano de saúde e estando regularmente em dia com sua obrigação contratual
(pagamento das mensalidades e coparticipação), viu-se a Promovente em risco grave de morte, abalada
psicologicamente com tal episódio, tendo cada dia que passa uma esperança a menos no combate ao
glioblastoma, grau 4 (escala de 1 a 4) – TUMOR CEREBRAL.
Sem olvidar que toda esta situação porque passa a Promovente vem causando-lhe intensa dor e
sofrimento, por se tratar de pessoa idosa e com saúde frágil, a não execução do tratamento correto e mais
adequado provocou-lhe um intenso abalo psicológico, pois credita que a negativa do plano de saúde dar-se ao
fato de que nada mais pode ser feito para controle de sua patologia.
II – DO DIREITO
A recusa da Ré é alicerçada conforme se expressou a Promovida à empresa Solicitante do Procedimento,
doc. anexo a exordial (Doc. 01 - RELATÓRIO MÉDICO com parecer de acordo com indicação de radioterapia
diversa da recomendada FORNECIDO PELO FUSEX)
Observa-se com isso que o Promovido desconsiderou a natureza vital da demanda e a extrema
significância da observância do procedimento sob o falacioso argumento de que: a técnica de IMRT
(Radioterapia com incidência modulada) não está no Rol dos procedimentos da ANS. Assim a conduta da
Promovida NÃO TEM ABRIGO LEGAL, conforme se demonstra ao longo desta exordial.
Em verdade, o procedimento de radioterapia com intensidade modulada já está previsto no rol, mas
apenas para os casos de câncer na região da cabeça e pescoço, conforme configura o presente caso, em anexo,
Resolução Normativa 428, Anexo I, página 92 do rol de procedimentos 2018 da ANS.
Antes de mais nada, impõe-se registrar que há risco na demora em iniciar o procedimento, haja vista a
possibilidade de agravamento do problema, em razão da agressividade do patologia como também pela idade
da Autora (74 anos).
A ANS estabelece para o cumprimento por parte das operadoras de Plano de Saúde é o mínimo e o rol
de coberturas não é taxativo, posto que a medicina avança em passos largos e não sendo o tratamento ou
exame, ilegal, antiético ou não recomendado pela ANVISA, a operadora tem a obrigação de disponibilizar ao
consumidor paciente, que paga mensalidade para ter a sua disposição melhor diagnóstico e tratamento
servindo-se dos meios mais adequados solicitados pelo profissional competente. Este é o entendimento
reinante em nossos tribunais.
Nesse pensar tem-se outrossim, que as cláusulas contratuais atinentes aos planos de saúde devem ser
interpretadas em conjunto com as disposições do Código de Defesa do Consumidor, de sorte a alcançar os fins
sociais preconizados na Constituição Federal.
Por apropriado, destacamos o entendimento do STJ, por meio da Súmula nº 469 – Aplica-se o Código de
Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde.
Nesse sentido, Superior Tribunal de Justiça entende abusiva a cláusula que exclui a cobertura para
tratamento da saúde, conforme os precedentes a seguir transcritos:
Isso porque negar autorização para a realização de exame ou procedimento de saúde fere a finalidade
básica do contrato, colocando o usuário em posição de intensa desvantagem. Acerca desta questão, assim têm
decidido os Tribunais Federais:
E mesmo caso se entenda não constar no aludido rol, entende-se que a lista de procedimentos da ANS
prevê apenas a cobertura mínima obrigatória, constando rol exemplificativo, sua leitura deve ser conjugada
com os princípios do CDC e da Lei 9656/98.
Além do mais, sabe-se que o rol de procedimentos da ANS, não é atualizado com a mesma velocidade
que surgem os avanços tecnológicos da medicina moderna, de forma que sempre existe uma defasagem, que
não pode ser desconhecida, sob pena de se desnaturar a obrigação ajustada, impedindo-se o consumidor de
ter acesso às evoluções médicas.
Nesse sentido, a Lei nº 9.656/98, que trata dos Planos Privados de Saúde, é expressa em estabelecer,
como exigência mínima de tais contratos, a previsão de cobertura “exames complementares indispensáveis
para o controle da evolução da doença e elucidação diagnóstica”, conforme se observa na redação dada pela
Medida Provisória nº 2.177-44, de 2001.
Vale ressaltar ainda que o fornecimento do exame é acessório do principal – o diagnóstico – sem o qual
se tornaria inócuo o tratamento, cabendo somente ao médico, exímio conhecedor da patologia, ministrar os
meios mais adequados ao caso. No caso em comento, colaciona-se uma justificativa exarada pelo médico que
acompanha a paciente/Autora desde o início do tratamento da patologia no qual este evidencia a
IMPRESCINDIBILIDADE da realização da técnica IMRT (Radioterapia de intensidade moderada) para evitar
sequela irreversíveis que comprometam visão, locomoção, etc.
Nesse sentido, o Egrégio Superior Tribunal de Justiça em voto condutor da Ministra Nancy Andrighi
emanou o seguinte entendimento:
Desta feita, observa-se, que não cabe à operadora do plano de saúde negar cobertura a exame destinado
ao combate do tumor cerebral em busca da cura da paciente, do contrário, estaria autorizada a determinar o
tratamento a que será submetido o consumidor. Visto que interpretação diversa acabaria por atribuir às
seguradoras e planos de saúde o poder de questionar os métodos a serem empregados pelo médico para o
tratamento da doença, cuja cobertura está abrangida pelo contrato.
Não se duvida que as empresas que oferecem planos de assistência à saúde podem estabelecer quais
patologias não são cobertas pelo seguro e inserir tal previsão no instrumento contratual. No entanto, não lhes
cabe eleger os tipos de exames ou de tratamentos que lhes sejam mais convenientes.
Como já referido, em relatório exarado pelos auditores do Fusex, a justificativa para a negativa do
procedimento é que a IMRT (Radioterapia de intensidade modulada) não se encontra no rol da ANS. Em anexo
cópias da negativa pelo promovido.
Limitações desse tipo devem ser coibidas, pois constituem práticas eivadas de ilegalidade, baseadas no
abuso do poder econômico, em detrimento da defesa e do respeito ao consumidor. Constata-se, portanto, com
clareza meridiana que a negativa do plano de saúde constitui ato abusivo, contrário a lei e aos mais comezinhos
princípios que regulam as relações de consumo, que vai de encontro à jurisprudência recente, como se infere,
verbis:
“CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PLANO DE SAÚDE.
NEGATIVA DE COBERTURA. RECUSA ABUSIVA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. DANO
Evidencia-se, portanto, que a limitação imposta atinge a lealdade contratual, pois impede que o
aderente tenha a plena consecução do diagnóstico de sua doença, o que fere diretamente a sua saúde e
dignidade.
À luz do disposto no Código de Defesa do Consumidor, em especial nos art. 51, inc. IV c/c o § 1ºdesse
mesmo artigo, a restrição imposta é nula devendo ser afastada à vista de se preservar o direito daquele que
contratou seguro-saúde com o propósito de melhor cuidar de um bem da vida, diga-se, o mais necessário de
todos.
Além do mais, ainda que houvesse cláusula expressa prevendo a exclusão de cobertura para
procedimentos e/ou tratamentos não previstos no rol da ANS, seria nula de pleno direito, conforme determina
o Código de Defesa do Consumidor:
“Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas
ao fornecimento de produtos e serviços que: (...) IV – estabeleçam obrigações
consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem
exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade”.
Afirma-se isto porque tal cláusula implicaria em se suprimir procedimentos que podem ser mais
adequados ao controle ou cura da enfermidade, desnaturando o próprio objetivo do contrato de prestação de
serviço de saúde. Haja vista que considerando o quadro clínico da Promovente/autora, e diante da justificativa
médica apresentada ao caso, restando nítida a necessidade de tratamento, a conduta abusiva e atentatória
contra o princípio da dignidade da pessoa humana poderá ensejar reparação por danos morais. A propósito, eis
aresto do Superior Tribunal de Justiça:
Ademais a doutrina aqui representada por Cláudia Lima Marques, professa no tocante ao assunto
supraabordado, que:
Desse modo a exclusão imposta pela Promovida não deve prosperar, para tanto basta que se observe
de maneira concreta que a natureza da relação ajustada entre as partes e os fins do contrato celebrado não
podem ameaçar o objeto da avença.
Contudo, percebe-se, que a Promovente deve ser beneficiada pela inversão do ônus da prova, pelo que
reza o inciso VIII do artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que a narrativa dos fatos
encontra respaldo nos documentos anexos, que demonstram a verossimilhança do pedido, conforme
disposição legal:
Diante dos fatos narrados, bem caracterizada a urgência da realização do tratamento Radioterapia de
intensidade modulada – IMRT, requisitado pelo médico da Promovente, credenciado junto ao Fusex, ora
Promovido, especialmente tendo em vista se tratar a Promovente de paciente com risco de vida em face do
tratamento negado. Por esse senda, não resta outra alternativa senão requerer à antecipação provisória da
tutela preconizada em lei.
No que concerne à tutela, especialmente para que o Promovido seja compelido a autorizar de modo
imediato a realização do tratamento na Clínica credenciada ao FUSEX e única em João Pessoa – PB que dispõe
de aparelhamento apto a aplicação da RADIOTERAPIA DE INTENSIDADE MODULADA RECOMENDADA
(ONCOVIDA) buscado e arcar com as suas despesas, justifica-se a pretensão pelo princípio da necessidade.
O Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a tutela de urgência quando “probabilidade do
direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”:
Art. 300 – A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem
a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
No presente caso, estão presentes os requisitos e pressupostos para a concessão da tutela requerida,
existindo verossimilhança das alegações, além de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação,
mormente no tocante à necessidade de a Promovente ter o amparo do plano de saúde contratado.
O fumus boni juris se caracteriza pela própria indicação do tratamento prescrito e justificativa efetuada
por médico cadastrado junto à Promovida. Evidencia o caráter indispensável do exame, sua necessidade e
urgência para possibilitar o adequado tratamento radioterápico para tratar a doença que acomete a
Promovente.
A reversibilidade da medida também é evidente, uma vez que a Promovida, se vencedora na lide, poderá
se ressarcir dos gastos que efetuou, mediante ação de cobrança própria.
Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os elementos indicativos de ilegalidades contido na
prova ora imersa traz à tona circunstâncias de que o direito da Promovente existe.
Acerca do tema do tema em espécie, Nélson Nery Júnior, delimitando comparações acerca da
“probabilidade de direito” e o “fumus boni iuris”, assevera in verbis:
“Requisitos para a concessão da tutela de urgência: fumus boni iuris: Também é preciso
que a parte comprove a existência da plausibilidade do direito por ela afirmado (fumus
boni iuris). Assim, a tutela de urgência visa assegurar a eficácia do processo de
conhecimento ou do processo de execução…” (NERY JÚNIOR, Nélson. Comentários ao
código de processo civil. – São Paulo: RT, 2015, p. 857-858)
Essa droga não é contemplada pela APAC do SUS e não existe outra medicação
que a substitua nesta linha de tratamento.
Diante disso, a Autora vem pleitear, sem a oitiva prévia da parte contrária (CPC, art. 9º, parágrafo único,
inc. I, art. 300, § 2º c/c CDC, art. 84, § 3º), independente de caução (CPC, art. 300, § 1º), tutela de urgência
antecipatória no sentido de:
a) Seja deferida tutela provisória inibitória positiva de obrigação de fazer (CPC, art. 497 c/c art.
537), no sentido de que o Promovido, de imediato, autorize e/ou custeie o tratamento de RADIOTERAPIA
DE INTENSIDADE MODULADA na ONCOVIDA e o FORNECIMENTO IMEDIATO DO MEDICAAMENTO
TEMODAL conforme prescrição médica, descrito nesta peça inicial, sob pena de imposição de multa diária
de R$ 1.000,00 (mil reais), determinando-se, igualmente, que o meirinho cumpra o presente mandado em
caráter de urgência;
V – DA REPARAÇÃO DE DANOS
O Promovido, deve ser condenado a reparar os danos sofridos pela Promovente. Haja vista que está fora
tomada de angustia ao saber que o tratamento não seria realizado, em face da absurda negativa sob pretensa
alegação de não constar esse tratamento em rol da ANS. Como se observa do laudo fornecido pelo médico, a
paciente (ora Promovente) se encontra acometida de um câncer em estado avançado, e em mais alto grau de
agressividade, tendo se submetido a cirurgia e agora recomendada a iniciar tratamento quimioterápico e
radioterápico de intensidade modulada concomitantes, vê-se impedida de fazer. A Promovente encontra-se
extremamente nervosa, desestabilizada emocionalmente, tendo sido, inclusive sedada para conter o desespero,
com sua situação de grave risco de vida, tudo por conta da absurda e negligente recusa.
Art. 187 – Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.
Para afirmar e defender tal entendimento, colaciona-se jurisprudência produzidas nos Tribunais de
Justiça e Turmas recursais de diversos estados brasileiros que vão ao encontro do entendido do STJ, in verbis:
Desta forma, torna-se demasiadamente crível o sofrimento, a aflição, o desalento da Promovente, que
em todos os meses do ano tem por observado a cobrança da mensalidade do plano de saúde, que é paga sempre
rigorosamente, mas quando realmente necessita usá-lo, vê-se desamparada. De que adianta garantir a
cobertura da doença se o tratamento adequado é negado???
Resta demonstrada, assim, a relação de causalidade entre a negativa injustificada de atendimento por
falha na prestação do serviço contrato e o sofrimento experimentado pela Promovente, de tal modo que o
Promovido tem o dever de indenizar o dano moral provocado.
Os danos morais suportados pela Promovente tornam-se evidentes diante dos fatos que deram origem
a presente ação. Eles decorrem, pois, da injustificada ausência de prestação dos serviços de saúde contratados
pela Promovente no momento em que esta necessitou do atendimento e foi obstada de realizar o tratamento
radioterápico recomendado que se mostra imprescindível para avaliação diagnóstica e terapêutica da patologia
(câncer de cabeça) e a demora em fornecer o medicamento quimioterápico (TEMODAL 130 mg)
contratualmente prevista e coberta pelo plano de saúde, ora Promovido.
Tal falha na prestação dos serviços é causa de danos morais porque abala diretamente o estado
psicológico causando grande aflição e angústia à Promovente, não restando dúvidas que padece com os abalos
psíquicos em razão de todo o ocorrido, ante a premente necessidade do atendimento no tratamento tolhido.
VI – DO QUANTUM CONDENATÓRIO A TITULO DE DANO MORAL
Notória ainda a responsabilidade objetiva da Promovida, a qual independe do seu grau de culpabilidade,
uma vez que incorre em lamentáveis falhas, gerando o dever de indenizar, pois houve defeito relativo à
prestação de serviços. O Código de Defesa do Consumidor consagra a matéria em seu artigo 14, dispondo que:
Com relação ao dano moral puro, resta igualmente comprovado que a Promovida, com sua conduta
negligente, violou diretamente direito da Promovente, qual seja, de ter sua paz interior e exterior inabalada por
situações com ao qual não concorreu. Trata-se do direito da inviolabilidade à intimidade e à vida privada.
A indenização dos danos puramente morais deve representar punição forte e efetiva, bem como,
remédio para desestimular a prática de atos ilícitos, determinando, não só à requerida, mas também a outras
empresas, a refletirem bem antes de causarem prejuízo a outrem.
Imperativo, portanto, que a Promovente seja indenizada pelo abalo moral em decorrência dos atos
ilícitos, em razão de ter sido vítima de completa e total falha e negligência da demandada.
A análise quando da fixação do quantum indenizatório deve observar ainda outros parâmetros,
destacando-se o poderio financeiro da parte culpada, com o objetivo de desestimular a prática dos atos abusivos
e ilegais. A Promovente por sua vez, será ressarcida de forma que amenize o prejuízo, considerando-se o seu
padrão sócio econômico.
O dano moral prescinde de prova, dada a sua presunção, isto é, a simples ocorrência do fato danoso, já
traduz a obrigação em indenizar. O fato que originou todo este constrangimento não tem nenhuma justificativa
plausível por parte da Promovida, tendo trazido toda sorte de transtornos à Promovente, que se sente lesada e
humilhada.
Para o arbitramento do valor da indenização por danos morais, devem ser levados em consideração o
grau de lesividade da conduta ofensiva e a capacidade econômica da parte pagadora, a fim de se fixar uma
quantia adequada.
O quantum indenizatório fixado a título de danos morais deve atender aos princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, considerando, no caso concreto, a extensão e a gravidade do dano, a capacidade econômica
do agente, além do caráter punitivo-pedagógico da medida.
7.2. Pedidos:
Requer sejam JULGADOS PROCEDENTES todos os pedidos formulados nesta demanda, declarando nulas
todas as cláusulas contratuais que prevejam a limitação de tratamentos/procedimento de radioterapia de
intensidade modulada, tornando definitiva a tutela provisória de urgência antes concedida e, além disso:
7.2.1. Solicita que o requerido seja condenado, por definitivo, a custear e/ou autorizar a
realização do tratamento de radioterapia de intensidade modulada (IMRT) conforme indicação e na
quantidade indicada pelo profissional de medicina que acompanha e trata da Promovente;
7.2.2. Solicita que seja fornecido o medicamento quimioterápico TEMODAL 130 mg,
conforme prescrito e pelo tempo necessário para tratamento da promovente;
Dá-se à causa o valor da pretensão condenatória de R$ 90.000,00 (noventa mil reais). (CPC, art. 292, inc.
V) Respeitosamente, pede e espera deferimento.
DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS PARA FINS DE ESTUDOS NO UNIPÊ, NÃO AUTORIZADA A DIVULGAÇÃO OU
REPRODUÇÃO EM QUALQUER OUTRO MEIO.
1 Súmula 43 do STJ – Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo.
2 Súmula 54 do STJ – Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual