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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA TURMA RECURSAL MISTA DOS


JUIZADOS ESPECIAIS DE MATO GROSSO DO SUL

Para acessar os autos processuais acesse o site https://esaj.tjms.jus.br/esaj/portal.do?servico=920100, informe o processo 0807907-12.2021.8.12.0110 e o código 4C2A280.
Autos nº.: 0807907-12.2021.8.12.0110/50000

HELENA BORGES MARTINS já qualificada nos autos em

epígrafe, por intermédio por seu advogado abaixo subscrito, vem, respeitosamente

a presença de V. Exa., interpor RESPOSTA AO INCIDENTE DE

UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA, pelos seguintes termos:

O presente pedido de Uniformização de Interpretação de Lei

Este documento é copia do original assinado digitalmente por [DANILO FERRO CAMARGO, protocoladora tjms 1].
se trata de um sucedâneo processual restrito, ou seja, é cabível somente quando

houver divergência entre decisões sobre questões de direito material proferido por

turmas recursais na interpretação da lei.

A mera alegação de que as decisões anteriores foram injustas

não servem para fundamentar a estreita via do Pedido de Uniformização de

Protocolado em 10/06/2022 às 11:33:00, sob o número WTRM22042052302.


Jurisprudência.

Por tais razões que a não observância dos requisitos de

admissibilidade deve conduzir ao não conhecimento do presente pedido.

O Recorrente traz uma coletânea de decisões paradigma

acerca da interpretação do artigo 17 da Lei Federal nº 8.177/1991 e ao artigo 22 da

Lei Federal nº 8.036/1990 e do Julgado de 731.

Em outras palavras, não basta que o Recorrente aponte uma


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divergência indicando a existência de julgados divergentes, sem a demonstração

expressa do cotejo entre os tópicos do acórdão recorrido com o acórdão


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paradigma. É preciso esclarecer que o questionamento do Estado Recorrente nada

condiz com o presente Feito.

De acordo com o tema 810 do STF, encontra-se pacificado o

entendimento de que o índice de correção para o caso telado deverá ser o IPCA-E.

Para acessar os autos processuais acesse o site https://esaj.tjms.jus.br/esaj/portal.do?servico=920100, informe o processo 0807907-12.2021.8.12.0110 e o código 4C2A280.
Outrossim, com o entendimento do STF, por maioria de votos, a tese prevalecente

foi acerca da inconstitucionalidade da correção monetária pela TR.

Abaixo, explicarei alguns dos entendimentos.

O STF entendeu que referido índice não reflete a

desvalorização da moeda ocasionada pela inflação, uma vez que traz

vantagem indevida para a Fazenda Pública e prejuízo ao cidadão.


Isto porque, poderia intencionalmente deixar de pagar os

valores por ela devidos e tirar vantagem de referida situação, já que, com o

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passar do tempo, referidos valores teriam menor poder de compra do que

possuíam quando da constituição do crédito.

Nesse sentido a manifestação do Ministro Edson Fachin, in

verbis:

“O que se revela fundamental neste caso é observar a necessidade de

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preservação do direito de propriedade, em cuja essência está a manutenção do

seu valor real.”

Assim, com relação à correção monetária, a decisão do STF foi

no sentido de ser inconstitucional a forma de correção prevista no art. 1º da Lei nº

9.494/1997, “TR – Taxa Referencial” uma vez que não se qualifica como medida

adequada a capturar a variação de preços da economia, devendo ser mantida a


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sentença que determinou como índice de correção do IPCA-E para a atualização

de débitos judiciais das Fazendas Públicas.


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Cumpre aqui esclarecer, mais uma vez, que o Estado

Recorrente deseja, a qualquer custo, protelar a satisfação do direito

da ora Recorrida.

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E para isso, alega que o TR é o índice de correção monetária a

ser utilizado na remuneração das contas vinculadas ao FGTS, com necessidade de

observância do Tema 731.

Ao compulsar o voto do. Min. Benedito Gonçalves, denota-se

que a tese firmada pelo STJ no Tema 731 diz respeito aos depósitos efetuados na

forma do art. 2º da Lei 5.107/1966, o qual possui a seguinte redação:

Art 2º - Para os fins previstos nesta Lei, todas as empresas sujeitas

à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ficam obrigadas a depositar, até o dia 20 (vinte)

de cada mês, em conta bancária vinculada, importância correspondente a 8% (oito por

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cento) da remuneração para no mês anterior a cada empregado, optante ou não, excluídas

as parcelas não mencionadas nos arts. 457 e 458 da CLT.

Portanto, a tese firmada pelo STJ determina a correção do

saldo de FGTS depositado em conta bancária aberta individualmente em nome do

empregado ou da empresa.

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Isso porque, a Lei n. 5.107/66 foi suficientemente clara em

determinar os depósitos efetuados na forma do art. 2º, estão sujeitos à correção

monetária de acordo com a legislação específica.

Insta salientar que o REsp n. 1.641.874/SC é oriundo de

recurso interposto pelo Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio

Ambiente do Estado de SC contra a Caixa Econômica Federal, pretendendo a

correção dos saldos de FGTS DEPOSITADOS nas contas individuais dos


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trabalhadores.
(e-STJ Fl.184)

O Tema 731 do STJ trata de correção monetária de saldo de

depósito de FGTS, enquanto que o caso dos autos de condenação imposta à

Fazenda Pública de recolhimento do FGTS.

Assim, no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o caso não

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se submete ao Tema 731, mas sim a tese firmada no Tema 905, já que versa a

presente sobre condenação imposta à Fazenda Pública.

Colocando uma pá de cal na referida discussão, tem-se que,

conforme entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal no Tema 810, é

inconstitucional a aplicação da TR nas condenações impostas à Fazenda Pública,

devendo, pois, aplicar o IPCA-E, conforme assim constou no v. Acórdão

objurgado.

Nesta seara o Egrégio Tribunal de Justiça do Mato Grosso do

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Sul já firmou entendimento – em decisão recente – conforme se comprova pelo

aresto abaixo:

AGRAVO INTERNO EM REEXAME NECESSÁRIO DE SENTENÇA -


AÇÃO DE COBRANÇA DE FGTS - INAPLICABILIDADE DO TEMA
731 DO STJ - CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA -
CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS NOS MOLDES DOS TEMAS
810 DO STF E 905 DO STJ - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
A tese firmada pelo STJ no Tema 731, determina a correção dos depósitos

Protocolado em 10/06/2022 às 11:33:00, sob o número WTRM22042052302.


efetuados na forma do art. 2º da Lei 5.107/1966, ou seja, de saldo de FGTS
depositado em conta bancária aberta individualmente em nome do
empregado ou da empresa. A despeito de se tratar FGTS, as situações são
diversas. O Tema 731 do STJ trata de correção monetária de saldo de
depósito de FGTS, enquanto que o caso dos autos de condenação
imposta à Fazenda Pública de recolhimento do FGTS. Assim, o caso não
se submete ao Tema 731, mas sim a tese firmada pelo STJ no Tema 905 e
pelo STF no Tema 810, já que versa a presente sobre condenação imposta
à Fazenda Pública. Precedentes deste Tribunal e do próprio STJ. Recurso
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conhecido e improvido. (TJ-MS- AGT: 08002981520218120033 MS


0800298-15.2021.8.12.0033, Relator: Juiz Luiz Antônio Cavassa de
Almeida, Data de Julgamento: 19/11/2021, 4ª Câmara Cível, Data de
Publicação: 23/11/2021).
(e-STJ Fl.185)

RESTA DEVIDAMENTE DEMONSTRADO E

COMPROVADO, EXCELÊNCIA, QUE O ÍNDICE A SER ADOTADO NO

PRESENTE FEITO É O IPCA-E e não há divergência sobre isso.

Além disso é indispensável que junto à demonstração da

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divergência, venham articuladas as razões jurídicas que justificam dar prevalência

ao conteúdo do acórdão paradigma face à decisão recorrida e que estejam

relacionadas à matéria ventilada no recurso.

Portanto, o presente pedido de uniformização não merece ter

seguimento, por contrariar um requisito básico de admissibilidade, conforme

previsto no artigo 14 da Resolução CJF 586/2019:

Artigo 14: V – Não admitir o pedido de uniformização de interpretação de lei

federal, quando desatendidos os seus requisitos, notadamente se: (...)

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c) não demonstrada a existência de similitude, mediante cotejo analítico dos

julgados;

Nesse sentido é o teor da Questão de Ordem do TNU:

Questão 22 – É possível o não-conhecimento do pedido de uniformização por

decisão monocrática quando o acórdão recorrido não guarda similitude e

jurídica com o acórdão paradigma.

Protocolado em 10/06/2022 às 11:33:00, sob o número WTRM22042052302.


Assim, requer que seja negado seguimento ao pedido e

arbitrada multa por protelação, caso assim não seja, requer que suba as presentes

contrarrazões para ao final, o pedido seja julgado totalmente improcedente e

arbitrada multa por protelação.

Nestes termos, pede deferimento.

Campo Grande/MS, 10 de junho de 2022.


Documento recebido eletronicamente da origem

DANILO FERRO CAMARGO


OAB/MS 15.105

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