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Turma: A1/B1 e C1
Sala: B.2.3
Lição nº
Tema: As Coisas
a) Sentido corrente e amplo: entende-se por coisa tudo o que pode ser pensado,
ou concedido pelo espírito humano, ainda que não tenha existência real e
presente. Ex: a lua, o ar, uma prestação, um evento, uma ideia, um terreno, etc.
b) Sentido físico: coisa é tudo o que tem existência corpórea, ou pelo menos, é
susceptível de ser captado pelos sentidos.
d) Coisa em sentido gramatical: significa tudo o que existe, tudo o que tem
existência;
f) Em sentido jurídico lato: é tudo o que pode ser útil a todos os homens em
geral;
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É a palavra originária no léxico latino, e que corresponde à actual coisa (res).
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2. Características que as coisas devem apresentar
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aquelas que têm mera existência social entre elas se incluindo os bens
intelectuais (obras literárias e artísticas, invenções e marcas).
As coisas fora do comércio são aquelas que não podem ser objecto de direitos
privados como as coisas que se encontram no domínio público, artigo 95.º da
CRA, al d) e artigo 29.º, n.º 1 da Lei n.º 9/04, Lei de Terras e as que são, por
natureza, insusceptíveis de apropriação individual (o ar, os oceanos, os
planetas e as estrelas). As coisas fora do comércio não podem ser
consequentemente objecto de direitos reais.
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WALDECK, define as coisas móveis, aquelas que, salvo a sua substância, podem
deslocar-se de um lugar para o outro, e imóveis, aquelas que salva substância, não
podem ser deslocadas. De entre estas, isto é, de entre as coisas imóveis, umas
são tais por natureza, por exemplo, as coisas do solo; outras por direito, aqui
pertencem todas as coisas que ou fazem parte dos imóveis (edifícios) ou se
encontram na coisa imóvel (edifício) por causa do uso perpétuo. Portanto, as
coisas são imóveis por sua natureza ou por disposição da lei. Por natureza, as
coisas que pertencem ao solo, ou simplesmente coisas do solo; são imóveis por
disposição da lei devido à sua aderência ou uso perpétuo das coisas imóveis. Caso
de uma porta, uma janela, uma coluna, etc.
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nos termos do artigo 204.º será considerado coisa móvel. Este preceito criou um
problema.
Dentro do seu elenco não se encontram coisas que não podem deixar de ser
imóveis. As estradas e auto-estradas, os monumentos, as fontes, os pelourinhos,
as estátuas, as pontes, etc. a fim de evitar um resultado manifestamente contrário
à teleologia do sistema, a única solução é a de considerar não taxativo o elenco
contido no artigo 204.º do CC. Assim, só podemos considerar coisas móveis,
aquelas que, não estando elencadas no artigo 204.º, não devem ser
consideradas imóveis de acordo a teleologia deste preceito.
A ideia de que as coisas imóveis são aquelas que permanecem sempre no mesmo
local e as móveis as que podem ser deslocadas ou transportadas de um sítio para
outro, hoje não serve para explicar a classificação de coisas em análise. A
susceptibilidade de deslocação de uma coisa pode existir e a coisa ser imóvel.
Assim, um leito de um rio pode ser deslocado e movido com ele o curso das águas,
que nem por isso estas deixam de ser um imóvel no sentido da lei, alínea b) do n.º
1 do artigo 204.º do CC. Uma coisa é imóvel ou móvel em face do Direito de cada
ordem jurídica.
As terras
As terras são uma subespécie dentro da espécie dos imóveis, não
representando qualquer terceira espécie que acresça à contraposição
dicotómica das coisas em imóveis e móveis.
Vide artigo 1.º, al. j), k), h) e i). Destes preceitos podemos observar que as
terras representam, deste modo, prédios rústicos, sem nenhuma construção, ou
com ela, contando que, neste último caso, a construção não afecte a natureza
rústica do imóvel.
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Artigo 204.º, n.º 22 do CC. As construções que não tenham autonomia económica
não mudam a natureza do prédio rústico. Um armazém para guardar maquinaria
agrícola, sementes ou outro material da lavoura, um estábulo, um cercado para
animais, um dormitório para trabalhadores agrícolas e outras construções do
género não originam um prédio urbano. Por outro lado, não basta assentar uma
construção, mesmo com autonomia económica, sobre o solo do imóvel. O n.º 2, do
artigo 204.º fala em incorporação, o que sugere uma ligação material ao solo. O n.º
3, do mesmo artigo, acrescenta o carácter de permanência. Uma casa pré-
fabricada, assente meramente no solo, uma tenda, uma barraca de madeira, não
transforma um prédio rústico num prédio urbano.
a) Teoria do valor: pondera o valor relativo de uma das partes sobre a outra. Se a
construção vale mais do que o solo, o prédio é urbano, sendo rústico na
hipótese inversa. (Castro Mendes)
c) Teoria do fraccionamento:
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Logradouro é a parte adjacente ao edifício que serve de apoio a este, para pátio, jardim, parque de estacionamento
ou outro fim. O logradouro constitui uma parte de um prédio urbano, o qual pode, pois, incluir uma porção não
construída de terreno ou, pelo menos, não ocupada pelo edifício propriamente dito.
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reconhecendo que, cabe ao Direito, em última análise, determinar a natureza
rústica ou urbana de um prédio.
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9. Coisas principais, coisas acessórias3 e pertenças4 do CC
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A coisa que, não obstante estar funcionalmente ligada ao serviço ou ornamentação de uma coisa principal, possa ser
usada independentemente desta, isoladamente ou com outra coisa principal.
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A coisa que não tem valor autónomo quando desligada da coisa principal, porque não pode ser usada sem ela, é, em
rigor, uma pertença.
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Esta questão só deve ser colocada quando a coisa principal e a coisa acessória ou
pertença caibam ao mesmo proprietário. O artigo 210.º, n.º 2 do CC dá a resposta,
ou seja, o acessório não segue o principal.
Os direitos reais só podem incidir sobre coisas presentes. O objecto do direito real
é, por isso, sempre uma coisa presente; não sendo admitidos direitos reais sobre
coisas futuras.
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vez indivisíveis por se verificar diminuição do seu valor os livros e os quadros.
Finalmente, são indivisíveis, dado que a divisão prejudica o seu uso, os automóveis
e as televisões.
Uma das hipóteses mais frequentes de divisão das coisas corresponde à situação
da comunhão nos direitos reais, dado que os co-titulares não são, em princípio,
obrigados a permanecer na indivisão, artigo 1412.º, n.º 1 do CC. A divisão da coisa
pode ser feita amigavelmente ou nos termos da lei do processo, artigo 1413.º, n.º 2
do CC.
Mesmo que a coisa seja divisível, a lei e as partes podem estabelecer limites à sua
divisibilidade. Existem limites legais à divisibilidade dos prédios rústicos, que não
podem ser fraccionados em parcelas de área inferior à unidade de cultura, artigo
1376.º, n.º 1 do CC. Em relação à comunhão de direitos reais, o artigo 1412.º do
CC, admite igualmente a possibilidade de se convencionar que a coisa
permanecerá indivisa por um prazo não superior a cinco anos, o qual pode ser
renovado, uma ou mais vezes, por nova convenção.
As coisas fungíveis são aquelas que apenas estão determinadas pelo seu género,
qualidade e quantidade, artigo 207.º do CC. As coisas infungíveis são aquelas que
estão individualmente determinadas. Trata-se, porém, de um atributo jurídico e não
físico, dado que as mesmas coisas poderão ser fungíveis ou infungíveis consoante
o negócio em questão.
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Se não estiverem totalmente determinadas, as coisas não podem ser objecto de
direitos reais, mas apenas de direitos de crédito, razão pela qual o artigo 408.º, n.º
2 do CC, estabelece que, caso o contrato verse sobre coisa indeterminada, o
direito só se transfere quando a coisa for adquirida pelo alienante. Inversamente,
também quando alguém faz uma dação de coisas fungíveis, a propriedade das
mesmas transfere-se para o receptor dessas coisas, ficando o autor da dação
apenas com um direito de crédito a receber outro tanto do mesmo género e
qualidade, artigo 1144.º do CC, para o Mútuo e artigo 1454.º, n.º 1, in fine, para
usufruto de coisas consumíveis.
Ao contrário do que sucede nas coisas consumíveis, no caso das coisas não
consumíveis incidirem direitos reais menores ou direitos pessoais de gozo sobre
coisas deterioráveis, o titular do direito não é obrigado no fim do contrato a restituir
o valor das coisas ou entregar coisas idênticas, bastando-lhe restituí-las no estado
em que se encontrarem, artigos 1452.º, n.º 1, 1038.º, al i), 1043.º, n.º 1 e 1135.º, al
i) todos do CC. Em consequência, esse titular é sujeito a obrigações específicas
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relativas ao uso da coisa para o fim que lhe é próprio e de uma forma prudente,
artigo 1452.º, n.º 1 in fine, 1038.º, al c) e d), sob pena de responder pelos danos
causados, artigos 1468.º, al b) in fine, 1044.º e 1136.º todos do CC.
15. Frutos
A lei distingue entre frutos naturais e frutos civis. Consideram-se frutos naturais
todos os que provêm directamente da coisa, compreendendo não apenas os frutos
orgânicos da coisa, como frutos das árvores, a erva, os ramos, as matas, e as
próprias árvores de corte, mas também os frutos inorgânicos, como as pedras e o
minério retirado de pedreiras e minas, em que ocorre destruição da sua substância,
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mas lenta e em períodos longos, não se podendo por isso considerar que a mesma
fique prejudicada.
Já em relação aos frutos civis, estão em causa as rendas e interesses que a coisa
produz em virtude de uma relação jurídica, abrangendo assim a fruição indirecta da
coisa resultante da percepção de quantias periódicas em resultado da constituição
de um direito real (usufruto e superfície) ou pessoal de gozo (locação) sobre aquele
bem. Distingue-se ainda entre frutos a produzir, frutos pendentes, frutos separados,
frutos percebidos e frutos percipiendos.
Frutos a produzir: são aqueles que podem ser produzidos pela coisa num certo
lapso de tempo, correspondendo assim a coisas futuras;
Frutos pendentes: são aqueles que já foram produzidos pela coisa, mas que
ainda não foram separadas desta, pelo que nela se integram, pertencendo a quem
for proprietário da coisa principal;
Frutos separados: são aqueles que já se autonomizaram da coisa, quer por acção
humana, quer por factos naturais;
Frutos percebidos: são aqueles que foram separados da coisa por acção
humana, distinguindo-se neste caso ainda entre frutos estantes, se ainda se
encontrarem no património do autor da colheita, e frutos consumidos, se já foram
objecto de alienação ou destruição e;
Frutos percipiendos: são aqueles que poderiam ter sido percebidos, mas não
foram.
A lei estabelece um regime geral relativo à atribuição dos frutos. Nos termos do
artigo 213.º, n.º 1 do CC, os que têm direito aos frutos naturais até um momento
determinado ou a partir de certo momento fazem seus todos os frutos percebidos
durante a vigência do seu direito, sendo que, quanto aos frutos civis, a partilha faz-
se proporcionalmente à duração do direito, artigo 213.º, n.º 2 do CC. Mas quem
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colher prematuramente frutos naturais é obrigado a restituí-los, se vier a extinguir-
se o seu direito antes da época das colheitas, artigo 214.º do CC.
O artigo 215.º. n.º 1 do CC, estabelece que quem for obrigado por lei à restituição
de frutos percebidos tem direito a ser indemnizado das despesas de cultura,
sementes e matérias-primas e dos restantes encargos de produção e colheita,
desde que não sejam superiores ao valor desses frutos. Já quando se trate de
frutos pendentes, o que é obrigado à entrega da coisa não tem direito a qualquer
indemnização, salvo nos casos especialmente previstos na lei, artigo 215.º, n.º 2 do
CC.
16. Benfeitorias
Benfeitorias úteis, artigo 216.º, n.º 3 B. Se não estava em causa nem a perda
nem a deterioração da coisa, mas a benfeitoria trouxe-lhe um acréscimo de valor
objectivo. Estão neste caso as obras de beneficiação, destinadas a valorizar o
objecto ou aumentar o seu rendimento, e as despesas relativas à extinção de ónus
ou encargos que incidem sobre a coisa;
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As benfeitorias não são coisas, tão-pouco partes de coisas. Contudo, porque as
benfeitorias são levadas a cabo em coisas corpóreas, o legislador aproveitou este
nexo para contemplar a figura no contexto do regime jurídico daquelas. O artigo
216.º do CC, não contém, todavia, mais do que a definição legal de benfeitoria e a
classificação tradicional de benfeitorias, definindo cada um dos termos da
tripartição.
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